quinta-feira, 8 de setembro de 2011

CONHEÇA UM POUCO SOBRE A ALEMANHA

O PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO DA ALEMANHA
  De 1815 a 1871 a Alemanha foi uma confederação composta de 39 unidades políticas independentes (Estados, reinos, ducados, principados e cidades-Estado). Em 1861, sob o comando de Otto Von Bismarck, chanceler da Prússia, o Estado mais poderoso da confederação germânica, iniciou-se o processo de unificação política marcado por diversas guerras contra seus vizinhos. A Alemanha entrou em guerra contra a Dinamarca, a Áustria e a França. Venceu todas, inclusive seu vizinho mais poderoso, de quem tomou os territórios da Alsácia e Lorena ao final da Guerra Franco-Prussiana (1870-71).
Otto Von Bismarck - responsável pela unificação da Alemanha
  Após esse período de guerras, o país completou o seu processo de unificação político-territorial. A partir daí houve uma aceleração do processo de industrialização e a Alemanha, em fins do século XIX, já tinha uma economia mais forte que a do Reino Unido e a da França, além de ter liderado, com os Estados Unidos, os avanços tecnológicos da Segunda Revolução Industrial.
  A unificação político-territorial de 1871 tornou a Alemanha não só um único Estado, mas também um único mercado. Entretanto, o processo de unificação econômica já havia começado com a criação do Zollverein (união aduaneira estabelecida em 1834 entre os Estados alemães), o que estimulou desde aquela época o comércio e, portanto, o desenvolvimento industrial.
Mapa do Zollverein - união aduaneira estabelecida entre os Estados alemães
  Com a unificação política, consolidou-se a integração econômica: instituição de uma moeda única, padronização das leis e constituição de um amplo mercado interno, que ampliou as possibilidades de acumulação de capitais. Em consequência disso a Alemanha tornou-se uma potência econômica e militar, mas, como não tinha colônias, se envolveu em mais guerras com o objetivo de conquistar novos territórios.
Momento em que o Rei Napoleão III se rende a Otto Von Bismarck pondo fim à Guerra Franco-Prussiana
  Ao longo dos séculos XIX e XX, muitas indústrias se concentraram na confluência dos rios Ruhr e Reno, quase na fronteira com os Países Baixos, graças à disponibilidade de grandes jazidas de carvão mineral (a hulha da bacia do Ruhr) e à facilidade de transporte hidroviário. Desde o final da Idade Média o vale do Reno foi uma das principais rotas do comércio, ligando o norte da Itália aos Países Baixos. Assim, desde então houve uma significativa concentração de capitais na região e os grandes proprietários de terras e os banqueiros passaram a investir cada vez mais na indústria que ali se instalava.
Centro Industrial de Duisburgo no Vale do rio Ruhr
  Gradativamente, a população que vivia no campo migrou para as cidades, empregou-se como mão de obra assalariada e contribuiu para a ampliação do mercado consumidor. Além desses fatores, a França, derrotada na guerra de 1871, foi obrigada a ceder à Alemanha as províncias da Alsácia e da Lorena, ricas em carvão e minério de ferro, e a pagar uma pesada indenização aos alemães. Isso significou mais recursos e acesso a novas fontes de energia e de matérias-primas. A soma desses fatores explica a intensa industrialização da Alemanha a partir de então, mas o país enfrentou problemas para sustentar seu crescimento econômico.
Mapa da Alemanha e da França destacando a região da Alsácia-Lorena
  Pelo fato de ter-se unificado tardiamente, a Alemanha perdeu a fase mais importante da corrida colonialEmbora tenha se apropriado de algumas colônias na partilha da África durante o Congresso de Berlim (1884-1885), e também algumas ilhas no Pacífico, não obteve muitas vantagens econômicas. Esses territórios eram limitados em recursos naturais e o país se viu privado do acesso aos mercados consumidores, às reservas de matérias-primas e às fontes de energia, fatores que poderiam acelerar sua expansão industrial. Esse conjunto de fatores levou a Alemanha a um enfrentamento bélico com o Reino Unido e a França, as duas principais potências coloniais da época, que depois envolveu outros países e resultou na Primeira Guerra Mundial (1914-1918).
Mapa da Europa antes da Primeira Guerra Mundial 
GUERRAS, DESTRUIÇÃO E RECONSTRUÇÃO
  Na Primeira Guerra, a Tríplice Aliança, formada inicialmente por Alemanha, Áustria-Hungria e Itália (os italianos saíram em 1915) saiu derrotada pela Tríplice Entente, composta por Reino Unido, França e Rússia. Os vitoriosos impuseram  uma série de sanções à Alemanha por meio do Tratado de Versalhes: pesadas indenizações financeiras, grandes restrições militares e significativas perdas territoriais. Além de perder as poucas colônias ultramarinas que possuía, a Alemanha teve de devolver as províncias da Alsácia e da Lorena à França e perdeu territórios para a Polônia. Porém, a situação da Áustria-Hungria foi pior: o antigo império se fragmentou, dando origem a novos países na Europa Central.
Império Austro-Húngaro
  As sanções impostas pelo Tratado de Versalhes e a crise de 1929 conduziram a Alemanha a uma profunda crise social e econômica que criou as condições políticas  para a ascensão de Adolf Hitler ao poder. Assim que assumiu o posto de chanceler, em 1933, Hitler dissolveu o parlamento e convocou novas eleições, vencidas esmagadoramente pelo partido nazista. Com os nazistas no poder, o país transformou-se numa ditadura na qual Hitler era o Führer ("líder" em alemão), e iniciou-se o Terceiro Reich, que se estendeu até 1945.
Adolf Hitler - ditador e chanceler alemão
  Assim como no século anterior, nesse período o Estado alemão lançou-se à conquista dos territórios considerados vitais para sua expansão econômica. O general Karl Haushofer, conselheiro geopolítico e amigo pessoal de Hitler, inspirou-se nas ideias do geógrafo Friedrich Ratzel (1844-1904) para justificar o novo expansionismo alemão. Ratzel formalizou o conceito que chamou de espaço vital e seu pensamento já tinha servido para justificar o expansionismo alemão que resultou na Primeira Guerra.
  Em 1938 a Alemanha anexou a Áustria, com o argumento de que os dois países eram habitados por povos germânicos, e no ano seguinte, a Tchecoslováquia, onde havia minorias alemãs. Em setembro de 1939, após a invasão da Polônia por tropas alemãs, Grã-Bretanha e França declararam guerra à Alemanha, dando início à Segunda Guerra Mundial. Em 1941 os Estados Unidos e a União Soviética saíram da neutralidade e também entraram na guerra contra a Alemanha. Em 1945, o país estava mais uma vez derrotado: além das perdas humanas e da destruição material, sofreu perdas territoriais e fragmentação política.
Berlim após bombardeio feito pelas tropas britânicas em 1945
  Ao terminar a Segunda Guerra, a Alemanha teve seu território partilhado pelos países vitoriosos em quatro zonas de ocupação, segundo tratado firmado na cidade de Potsdam em 1945, e ainda perdeu territórios para a Polônia e a União Soviética.
Divisão da Alemanha feita na Conferência de Potsdam
  Posteriormente, em 1949, o país foi dividido em dois: as zonas de administração americana, britânica e francesa foram unificadas e constituíram a República Federal da Alemanha (RFA), com capital em Bonn (Berlim Ocidental também ficou sob o controle desses três países). Como resposta os soviéticos criaram, em sua zona de ocupação, a República Democrática Alemã (RDA), com capital em Berlim Oriental.
Alemanha dividida
  Com a divisão, dois modelos sociais políticos e econômicos foram implantados, um em cada lado da fronteira. Na Alemanha Ocidental, influenciada pelos Estados Unidos, passou a vigorar uma economia de mercado, assentada na propriedade privada dos meios de produção, na livre iniciativa e na concorrência de mercado. Politicamente o país se organizou como uma democracia pluripartidária sob a forma republicana de governo e estruturou o Estado do bem-estar social. Aliada a uma elevação significativa da produtividade e, portanto, dos salários, houve uma melhoria considerável da capacidade de consumo e da qualidade de vida da população. Era no território da Alemanha Ocidental que ficava as regiões industriais mais importantes do país, entre as quais o Vale do Ruhr.
Bonn - antiga capital da Alemanha Ocidental
  Em contrapartida, sob a influência da União Soviética, na Alemanha Oriental passou a vigorar uma economia planificada, na qual os meios de produção eram quase integralmente controlados pelo Estado. Estruturou uma ditadura de partido único, o Partido Socialista Unificado, criado em 1946, nos moldes do Partido Comunista da União Soviética. Havia, portanto, um monopólio político e econômico por parte do Estado. A produtividade crescia lentamente e os parques industrial aos poucos foi se defasando tecnologicamente. O padrão de vida e de consumo não acompanhou os níveis ocidentais, gerando descontentamento popular que não aflorava por causa da censura e da repressão política.
Rua em Berlim Oriental
  A Alemanha Ocidental, capitalista, organizou-se sob um sistema econômico estruturalmente mais competitivo e dinâmico e beneficiou-se muito na Guerra Fria: recebeu 1,4 bilhão de dólares do Plano Marshall. Esse fato aliado à sua entrada em organizações supranacionais, como a Comunidade Econômica Europeia (atual União Europeia), foi fundamental para sua rápida reconstrução econômica no pós-guerra, o que aprofundou as diferenças entre as duas Alemanhas.
Muro de Berlim - separava o lado Oriental do lado Ocidental da Alemanha
  Ao ocorrer a reunificação política, em 1990, as diferenças sociais, econômicas, políticas e culturais entre os sistemas afloraram claramente. O contraste de padrão de vida, comportamentos, ideias e costumes no novo país revelavam, entre alemães do oeste e do leste, um distanciamento muito maior do que o inicialmente esperado. Entretanto, passados mais de vinte anos da reunificação, apesar das diferenças socioeconômicas que ainda persistem, a Alemanha voltou a ser um único Estado-nação.
Alemães comemoram a queda do Muro de Berlim e a reunificação da Alemanha
DISTRIBUIÇÃO DAS INDÚSTRIAS
  As indústrias alemãs foram reconstruídas basicamente nos mesmo lugares que ocupavam antes da Segunda Guerra. A região de maior concentração continuou sendo a confluência dos rios Ruhr e Reno, pelas mesmas razões do passado: reservas de carvão, facilidade de transporte, disponibilidade de mão de obra e amplo mercado consumidor. Porém, no pós-guerra houve uma rápida modernização do parque industrial e ganhos significativos de produtividade em relação ao parque industrial francês e britânico. Além disso, antes da guerra a Alemanha já possuía mão de obra qualificada e os investimentos em educação contribuíram para elevar ainda mais a produtividade dos trabalhadores.
Área industrial do Vale do Ruhr
  A logística alemã é a terceira melhor do mundo segundo o Relatório de Desenvolvimento Industrial 2009. Uma densa e moderna rede de transportes hidroviários, ferroviários e rodoviários, base de todo o sistema industrial alemão, liga os principais centros produtores aos principais portos do país - Hamburgo e Bremen - e ao porto de Roterdã, nos Países Baixos.
Porto de Hamburgo - principal porto da Alemanha
  Apesar de também ter havido certa dispersão, o parque industrial ainda está fortemente concentrado no Estado da Renânia do Norte-Vestfália. Nessa região estão cidades como Colônia, Essen, Düsseldorf e Dortmund, entre outras, formam uma das maiores concentrações urbano-industriais do mundo.
  Há praticamente todos os ramos industriais na região do Ruhr, mas merecem destaque o siderúrgico, o químico, o eletroeletrônico e o de refino de petróleo. Assim, há uma predominância de indústrias pesadas e de ramos oriundos da Segunda Revolução Industrial. A reconstrução e a diversificação dos trustes, constituídos desde o final do século XIX, possibilitou a formação dos grandes conglomerados que atuam em vários setores. Um desses exemplos, é o grupo Thyssen Krupp, com sede em Düsseldorf, que é um conglomerado que atua nos setores siderúrgico, metalúrgico, mecânico, de construção civil, entre outros, produzindo aço, máquinas industriais, elevadores, autopeças etc.
Mapa das indústrias e dos recursos minerais da Alemanha
  Embora haja forte concentração nas cidades da Renânia do Norte-Vestfália, o parque industrial alemão está bastante espalhado pelo território e algumas cidades de outros estados merecem atenção especial:
Stuttgart (Baden-Wurtemberg): possui uma importante concentração de indústrias mecânicas, principalmente a automobilística; nessa cidade está sediado o Grupo Daimler, terceira maior corporação da Alemanha;
Stuttgart
Hamburgo (Hamburgo): localizada na foz do rio Elba, é o maior porto da Alemanha e concentra, entre outras, importantes indústrias navais e companhias de navegação.
Porto de Hamburgo
Wolfsburg (Baixa Saxônia): localizada próxima à antiga fronteira com a ex-Alemanha Oriental, abriga a sede do Grupo Wolkswagen, a maior corporação alemã e o segundo maior produtor mundial de automóveis.
Sede da Volkswagen em Wolfsburg
  Como a Alemanha é um país que está na vanguarda tecnológica em diversos setores, há diversos tecnopolos em seu território.
PRINCIPAIS TECNOPOLOS ALEMÃES
Munique (Baviera): é um centro industrial antigo e com o tempo se transformou no mais importante parque tecnológico da Alemanha, onde se concentram empresas de alta tecnologia, dos setores eletrônico, de tecnologias de informação (TI), automobilístico, de biotecnologia e aeroespacial. Implantado a partir dos anos 1970, abriga 12 importantes universidades, como a Universidade Técnica de Munique, e centros de pesquisa, entre os quais 13 institutos da Sociedade Max Planck, destacando a área de Física. Aí também se localizam as principais indústrias alemães do setor eletrônico, como Siemens e Robert Bosch, além de filiais de grandes empresas de outros setores.
Sede da BMW em Munique
Chempark: está localizado em Leverkussen (Renânia do Norte-Vestfália). Nele se concentram mais de 70 empresas do setor químico-farmacêutico, que atuam em pesquisa e desenvolvimento, produção industrial e prestação de serviços, destacando-se o grupo Bayer, um dos maiores conglomerados do mundo.
Parque industrial de Chempark - Alemanha
AS INDÚSTRIAS DO LESTE APÓS A REUNIFICAÇÃO
  As indústrias da antiga Alemanha Oriental estão localizadas principalmente em torno das cidades de Leipzig, Desdem e da antiga Berlim Oriental. Elas viveram uma profunda crise após a reunificação política e muitas delas fecharam as portas porque apresentavam grande defasagem tecnológica e não conseguiram concorrer com as indústrias ocidentais, que estão entre as mais modernas e produtivas do mundo.
  O melhor símbolo da defasagem tecnológica e da baixa competitividade das indústrias do leste pode ser resumido numa palavra: Trabant. Mais conhecidas como Trabies, esses carros eram fabricados na antiga RDA. Com a abertura da fronteira, muitos alemães orientais passaram à viajar à RFA dirigindo esses carrinhos antiquados, vagarosos, barulhentos e de baixo rendimento, que "invadiram" o território dos Mercedes, BMW, Audi, Volkswagen etc. Com isso, esses carros foram parar no lixo. Muitos Trabies eram abandonados nas ruas por seus donos, porque os alemães do leste já não queriam mais os produtos tecnologicamente defasados que eles mesmos fabricavam.
Trabie produzido na antiga Alemanha Oriental
  Na economia planificada da Alemanha Oriental havia pleno emprego porque o Estado era o único empregador e as empresas estatais não se orientavam pela concorrência. Após a reunificação, diversas empresas baseadas no oeste compraram fábricas no leste e despediram muitas pessoas para enxugar o quadro de empregados, o que elevou os índices de desemprego e agravou os problemas sociais.
  Para impedir que se agravassem as desigualdades socioeconômicas, a partir da unificação o governo canalizou vultosos recursos para modernizar a infraestrutura da ex-RDA. Esses gastos provocaram um aumento do déficit público, obrigando-o a emitir moeda, o que elevou a taxa de inflação. Tentando minimizar esses problemas, o Bundesbank (o banco central alemão) manteve, ao longo de 1992 e 1993, uma política de altas taxas de juros, medida que causou uma desaceleração do crescimento econômico e levou o país à recessão em 1993, com o consequente aumento do desemprego.
Muro de Berlim no lado Oriental
  Na segunda metade da década de 1990, a gradativa redução da inflação, do déficit público e do desemprego permitiram que a economia alemã retomasse o crescimento, mas o país foi um dos mais atingidos pela crise mundial de 2008, apresentando forte recessão.
VEJA ALGUNS DADOS SOBRE A ALEMANHA
NOME OFICIAL: República Federal da Alemanha
FORMAÇÃO: 
Sacro Império Romano-Germânico: 2 de fevereiro de 962
Unificação: 18 de janeiro de 1871
República Federal: 23 de maio de 1949
Reunificação: 3 de outubro de 1990
LOCALIZAÇÃO: Europa Central
LIMITES: a norte pelo Mar do Norte, Dinamarca e pelo Mar Báltico, a leste pela Polônia e pela República Tcheca, a sul pela Áustria e pela Suíça e a oeste pela França, Luxemburgo, Bélgica e Países Baixos.
CAPITAL: Berlim
Portão de Brandemburgo - Berlim
ÁREA: 357.114 km²  (63º)
POPULAÇÃO (ONU - 2011): 81.757.600  habitantes (16º)

DENSIDADE DEMOGRÁFICA (ONU): 228,9 hab./km² (34°)
CIDADES MAIS POPULOSAS (2010):
Berlim: 3.542.675 habitantes
Berlim - capital e maior cidade da Alemanha
HAMBURGO: 1.874.224 habitantes
Hamburgo - segunda maior cidade da Alemanha
Munique: 1.430.440 habitantes
Munique - terceira maior cidade da Alemanha
LÍNGUA: alemão
IDH (ONU - 2010): 0,885 (10°)
PIB (FMI - 2010): U$ 3,315 trilhões (4°)
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU - 2005/2010): 79,4 anos (23º)
MORTALIDADE INFANTIL (ONU - 2005/2010): 4,3/ mil (14°)
TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA WORLD FACTBOOK - 2008): 74% (45°)
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (PNUD - 2007/2008): 99% (19°)
MOEDA: Euro
RELIGIÃO (2008): sem religião (34,1%), católicos romanos (30%), protestantes (29,9%), islâmicos (4%), cristãos ortodoxos (1,6%), judeus (0,2%), budistas (0,2%).
DIVISÃO: a Alemanha é uma República Federal, constituída por dezesseis unidades federadas, geralmente denominadas Land (Länder no plural). O termo alemão Land designa "país", o termo Bundesland "estado da federação" (Bundesländer no plural). Três cidades (Berlim, Hamburgo e Bremen) possuem estatuto de estado, e são denominadas Stadtstaaten ("cidade-estado"). Os treze estados restantes são designados Flächebländer ("estados territoriais"). As dezesseis unidades federadas são:
1. Baden-Württemberg 2. Baviera 3. Berlim 4. Brandeburgo 5. Bremen 6. Hamburgo 7. Hessen 8. Mecklemburgo 9. Baixa-Saxônia 10. Renãnia do Norte-Vestfália 11. Renânia-Palatinado 12. Sarre 13. Saxônia 14. Saxônia-Anhalt 15. Schleswig-Holstein 16. Turíngia.
FONTE: Sene. Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil, volume 2: espaço geográfico e globalização: ensino médio / Eustáquio de Sene, João Carlos Moreira. São Paulo: Scipione, 2010.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

ASPECTOS DEMOGRÁFICOS E ESTRUTURA DA POPULAÇÃO DO BRASIL

  A população brasileira vem passando por mudanças estruturais em sua composição demográfica, e essa transformação provoca grandes  impactos na sociedade e na economia do país.
CRESCIMENTO VEGETATIVO E TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA
   A sociedade brasileira vem passando por grandes mudanças na taxa de fecundidade (número médio de filhos que uma mulher teria ao final do seu período fértil), o que gera reflexos diretos no crescimento populacional. A redução do número de filhos por mulher foi consequência  de uma série de fatores, destacando-se a urbanização, a melhoria nos índices de educação, maior acesso ao planejamento familiar, maior ingresso das mulheres no mercado de trabalho e mudança nos valores culturais.
  Entre 1950 e 1980, a população brasileira cresceu em média 2,8% ao ano, índice que projetava sua duplicação a cada 25 anos. Em 2008, o crescimento populacional tinha caído para 1,0% ao ano, com a população tendendo a dobrar a cada 64 anos.
  Paralelamente a essa acentuada redução da natalidade, vem aumentando a esperança de vida ao nascer.
  O Brasil está passando por uma transição demográfica que se acelerou bastante a partir do início da década de 1980, reduzindo a participação da população jovem e aumentando a de adultos e idosos no conjunto total da população, o que é fruto da redução na fecundidade e do aumento da esperança de vida.
 
O país possui todo ano um número cada vez maior de idosos
  Essas alterações na composição etária da população mostram que o Brasil ingressou no período de passagem da chamada "janela demográfica", que acontece quando diminui a razão de dependência, ou seja, há redução do peso de crianças de 0 a 14 anos e dos idosos com 65 anos ou mais sobre a população de 15 a 64 anos de idade, que é o intervalo de idades que concentra a PEA.
  Essas mudanças no comportamento demográfico permitem que os governos - federal, estadual e municipal - estabeleçam planos de investimentos em educação e saúde muito mais favoráveis do que na década de 1970, quando o ritmo de crescimento da população beirava os 3% ao ano. O investimento hoje pode priorizar a melhoria da qualidade do serviço prestado e não mais a expansão da rede.
Gráfico mostrando o crescimento da população absoluta do Brasil
  Devido a essa pressão demográfica, a necessidade de aumento acelerado do número de vagas nas escolas e de leitos hospitalares, foi acompanhada de grande deterioração nessas áreas. Os investimentos públicos e as políticas sociais do período não garantiram a qualidade dos serviços prestados. Nessa época, 52% da população tinham menos de 20 anos e o discurso oficial sobre o controle da natalidade chamava as consequências negativas de uma explosão demográfica, que poderia comprometer a possibilidade de melhoria das condições de vida da população.
Precariedade na educação e saúde: um dos grandes males do Brasil
  A redução do número de jovens na população total favorece a criação de oportunidades no sistema público de educação e no mercado de trabalho, para quem está iniciando a vida profissional.
  Na política educacional, a redução relativa da população em idade escolar permite aumento nos recursos destinados à melhoria da qualidade do ensino. Para que isso ocorra, é necessário que se mantenha o mesmo nível percentual de investimentos do PIB no setor e que esses sejam realizados com responsabilidade. Desde 1988, a Constituição obriga os governos a vincularem parte da arrecadação de impostos à educação.
  Se algum governante reduzir esses recursos e a sociedade permitir que isso ocorra, o sistema educacional continuará deficiente e a população de baixa renda continuará enfrentando sérias dificuldades de ascensão socieconômica.
Melhorar o ensino público - uma das prioridades que os governantes devem fazer
  O crescimento da população com idade acima de 60 anos exige maiores investimentos no sistema de saúde, pois os idosos requerem mais cuidados médicos, tanto na medicina preventiva, como na curativa. Além disso, o aumento percentual de idosos em relação à PEA tem provocado desequilíbrios no sistema público de previdência social, já que diminui proporcionalmente, o número de trabalhadores na ativa que deve garantir a arrecadação previdenciária repassada para as aposentadorias.
ESTRUTURA DA POPULAÇÃO BRASILEIRA
  O aumento da expectativa de vida da população brasileira, acompanhada da queda das taxas de natalidade e mortalidade, vem provocando mudança na pirâmide de idades. Está ocorrendo um significativo estreitamento em sua base, que corresponde aos jovens, e um alargamento do meio para o topo, por causa do aumento da participação percentual de adultos e idosos.
  Quanto à distribuição da população brasileira por gênero (homens e mulheres), o país se enquadra nos padrões mundiais: nascem cerca de 106 homens para cada 100 mulheres; no entanto a taxa de mortalidade infantil e juvenil masculina é maior e a expectativa de vida, menor. Assim, embora nasçam mais homens que mulheres, é comum as pirâmides apresentarem uma parcela ligeiramente maior da população feminina. As mulheres têm maior expectativa de vida, além disso, as mortes violentas vitimam mais homens jovens.
Pirâmide etária do Brasil - 2010
A MORTALIDADE DE JOVENS E ADULTOS
  Um aspecto demográfico da população brasileira que vem se tornando cada vez mais preocupante é o aumento da morte de jovens e adolescentes do sexo masculino por causas externas, como assassinatos e acidentes automobilísticos causado por excesso de velocidade, imprudência ou uso de álcool. Isso provoca impactos na distribuição etária da população e na proporção entre os sexos, além de trazer implicações socioeconômicas. Segundo o IBGE, se não ocorresse morte prematura de população masculina, a esperança média dos brasileiros seria maior em dois ou três anos. Como resultado dessa realidade, vem aumentando o predomínio de mulheres na população total.
Acidentes de trânsito - um dos principais causadores de mortes no Brasil
DESNUTRIÇÃO E OBESIDADE
  No Brasil as carências sociais são muito grandes, o que se comprova pelos dados estatísticos sobre renda média da população, condições de habitação, saúde, educação, saneamento e muitos outros indicadores. Embora estes venham melhorando desde a década de 1980, a maioria da população ainda apresenta alguma carência nas condições de vida. Como parte da estratégia de enfrentamento dessa questão, o Governo Federal, assim como os estaduais e municipais, mantém diversos programas compensatórios de distribuição de renda e alimentos, como o Bolsa-Família, o fornecimento de merenda escolar, a aposentadoria rural para quem jamais contribuiu com a Previdência Social, os programas de distribuição de leite e vale transporte, seguro-desemprego, entre outros.
Bolsa-Família - um dos programas sociais do Governo Federal
  Porém, a obesidade é um problema de saúde pública que afeta proporcionalmente mais que o dobro de pessoas que sofrem com desnutrição e fome. Essa realidade tende a aumentar a ocorrência de uma série de doenças associadas ao acúmulo de gordura subcutânea e no sangue, como afetar os sistemas circulatório e respiratório, aumentar a possibilidade de surgimento de diabetes, hipertensão, dores nas articulações e outras.
Obesidade - um dos grandes causadores de doenças em uma população
  A melhoria nas condições de alimentação provocou aumento na altura média dos brasileiros. Segundo a pesquisa Saúde Brasil 2008, do Ministério da Saúde, a população brasileira está ficando mais alta: entre 1994 e 2008 a altura média das mulheres adultas aumentou 3,3 cm (1,55 para 1,58 m) e a dos homens, 1,9 cm (1,68 para 1,70 m).
A melhoria na alimentação é uma das principais causas do aumento médio de uma população
A PEA E A DISTRIBUIÇÃO DE RENDA NO BRASIL
  A PEA (População Economicamente Ativa) no Brasil distribui-se de maneira bastante irregular. Uma parcela significativa da PEA (17,4%) trabalha em atividades agrícolas, o que retrata o atraso de parte da agricultura brasileira. Embora esse número venha diminuindo graças à modernização e à mecanização agrícola em algumas localidades, nas regiões mais pobres do país a agricultura é praticada de forma tradicional e ocupa muita mão de obra.
O atraso econômico em algumas regiões do país contribui para a elevada presença de pessoas na PEA primária do Brasil
  O setor industrial brasileiro, incluindo a construção civil, absorve 22,6% da PEA, valor comparável ao de países desenvolvidos. A partir da abertura econômica que se iniciou na década de 1990 houve grande modernização do parque industrial brasileiro e algumas empresas dos setores petroquímico, extrativo mineral, siderúrgico, máquinas e equipamentos, construção civil, aeronáutico, entre outros, ganharam  projeção internacional. Hoje o Brasil possui multinacionais como a Petrobras, a Vale, a Gerdau, a WEG, a Odebrecht e a Embraer, atuando respectivamente nesses setores.
Construção civil - um dos setores que mais cresce no Brasil
  Já as atividades terciárias apresentam mais problemas, por englobar os maiores níveis de subemprego. No Brasil, 59,7% da PEA exerce atividades terciárias. No entanto, na maioria das vezes, essas pessoas estão apenas em busca de sobrevivência, de complementação da renda familiar, ou  tentando "driblar" o desemprego em atividades informais, como a de camelô, guardador de veículos nas ruas  ou vendedor ambulante, entre outras. Mesmo  no setor formal de serviços (como escolas, hospitais, repartições públicas, transportes etc.), as condições de trabalho e nível de renda são muito contrastantes: há instituições avançadas em termos tecnológicos e administrativos ao lado de outras bastante atrasadas, como o ensino oferecido nas escolas, seja pública ou privada, de qualquer nível.
A precariedade do ensino em muitos lugares do Brasil, contribui para o baixo nível de ensino no país
  Quanto à composição da PEA por gênero, nota-se certa desproporção em 2008: 44,4% dos trabalhadores eram do sexo feminino. Nos países desenvolvidos, a participação é mais igualitária, com índices próximos a 50%. O aumento da participação feminina na PEA ganhou grande impulso com os movimentos feministas das décadas de 1970 e 1980, que passaram a reivindicar igualdade de gênero no mercado de trabalho, nas atividades políticas e demais esferas da vida social. Além disso, a perda de poder aquisitivo dos salários em geral, fez com que as mulheres cada vez mais entrassem no mercado de trabalho para complementar a renda familiar.
Dilma Rousseff - primeira mulher a ocupar o cargo de Presidente do Brasil
  As mulheres, muitas vezes, sujeitam-se a salários menores que os dos homens, mesmo quando exercem função idêntica, com o mesmo nível de qualificação e na mesma empresa. Embora ainda seja minoritária, isso tem feito com que parte dos empresários prefira a mão de obra feminina.
Nas últimas décadas aumentou o número de mulheres no mercado de trabalho
  Quanto à distribuição de renda, o Brasil apresenta um dos piores índices do mundo. A participação dos mais pobres na renda nacional é muito pequena e a dos mais ricos é muito expressiva. Esse mecanismo de concentração de renda, com resultados perversos para a maioria da população, foi construído principalmente no processo inflacionário de preços. Os reajustes da inflação nunca foram totalmente repassados aos salários. Além disso, no sistema tributário brasileiro, a carga de impostos indiretos (como o ICMS, IPI e ISS), que não distinguem faixa de renda, chega a 50% da arrecadação.
Gráfico da distribuição de renda. IBGE: 2010
O ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO (IDH)
  Segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano 2007-2008, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a partir do ano 2005 o Brasil passou a fazer parte dos países com alto desenvolvimento humano, ocupando o último lugar desse grupo (70° lugar, com IDH 0,805). Em 2007, segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano 2009, estava no 75° lugar, com IDH 0,813.
Mapa do IDH
  Das três variáveis consideradas no cálculo do IDH (longevidade, educação e renda), a que apresentou a maior contribuição para a melhora do índice brasileiro foi o avanço na educação. Em contrapartida, a renda foi a variável que menos contribuiu.
Gráfico do ensino no país
  No item longevidade, que permite avaliar as condições gerais de saúde da população, os avanços também foram significativos. Entre 1975 e 2007, a expectativa de vida aumentou de 59,5 anos para 72,2 anos, mas, apesar desse aumento, o Brasil ainda ocupava a 75ª posição num total de 182 países classificados por esse indicador.
Evolução do IDH do Brasil - Fonte: IBGE
FONTE: Sene. Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil, volume 2: espaço geográfico e globalização: ensino médio / Eustáquio de Sene, João Carlos Moreira. São Paulo: Scipione, 2010

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