domingo, 28 de abril de 2019

CONHEÇA UM POUCO SOBRE A REPÚBLICA DOS CAMARÕES

  A República dos Camarões é um país da região ocidental da África Central. Faz fronteira com a Nigéria a nordeste, Chade ao sul, República Centro-Africana a leste, e Guiné Equatorial, Gabão e República do Congo ao sul. O litoral de Camarões encontra-se no Golfo de Biafra, parte do Golfo da Guiné e do Oceano Atlântico. O país é muitas vezes referida como "África em miniatura", pela sua diversidade geológica e cultural. Recursos naturais incluem praias, desertos, montanhas, florestas tropicais e savanas.
  Após a Primeira Guerra Mundial, o território foi dividido entre a França e a Grã-Bretanha como mandatos da Liga das Nações. A União das Populações do Camarões (UPC) é um partido político que defendeu a independência, mas o partido foi proibido pela França em 1950. O país travou uma guerra contra as forças militantes francesas e da UPC até 1971.
  Em comparação com outros países africanos, Camarões goza de estabilidade política e social relativamente alta. Isso permitiu o desenvolvimento da agricultura, estradas, ferrovias e grandes indústrias de petróleo e madeira.
Mapa de Camarões
HISTÓRIA
  Provavelmente, os primeiros habitantes de Camarões foram os Bakas, tribos de pigmeus que ainda vivem nas florestas do sudeste do país, seguido por vários povos que habitavam a África Central. Entre esses povos citam-se em destaque os bantos e os fulas. A língua Bantu teve sua origem nas terras altas dos Camarões, mas muito dos falantes partiram antes da chegada dos primeiros invasores.
  O navegador português Fernão do Pó chegou ao estuário do rio Wouri em 1472 e chamou-o "Rio dos Camarões" devido à abundância de crustáceos da espécie Lepidophthalmus tumeranus na região. Nessa região, desde o século XVI, os portugueses estabeleceram entrepostos de onde os escravos foram vendidos para o Novo Mundo.
  Entre os finais da década de 1770 e início de 1800, os Fula, um povo islâmico, conquistou a maior parte das terras que atualmente constituem o norte de Camarões, subjugando ou desalojando os habitantes, a maioria não muçulmanos.
Maison Musgum, em Kousséri (antiga Fort-Foureau) - com uma população de 435.547 habitantes (estimativa 2019) é a quarta cidade mais populosa de Camarões
  Apesar da chegada dos portugueses à costa de Camarões datar do século XV, a malária impediu os europeus de se instalarem e conquistarem os territórios do interior até o final da década de 1870, quando grande quantidade de quinino se tornaram disponíveis. No início, os europeus estavam sobretudo interessados em comercializar, o que faziam na região costeira, e adquirir escravos. No final do século XIX, missões cristãs instalaram-se em Camarões, as quais continuam a desempenhar um papel importante na vida do país.
Os britânicos foram o primeiro povo a colonizar o interior dos Camarões. Porém, em 1884, pela Conferência de Berlim, a região tornou-se protetorado da Alemanha, passando a ser chamada de Kamerun.
  Em 1916, durante a Primeira Guerra Mundial, os colonizadores alemães foram expulsos pelas tropas francesas e britânicas. Em 1919, França e Reino Unido dividiram Camarões em duas partes: de um lado, as regiões oriental e meridional passaram à jurisdição dos franceses; do outro lado, uma pequena área na região ocidental passou à jurisdição dos britânicos. Em 1922, os dois Camarões forma subordinados à Liga das Nações, que manteve França e Reino Unido como administradores das respectivas áreas. Em 1946, a Organização das Nações Unidas (ONU), transformou em tutela os mandatos francês e britânico nos Camarões.
Mapa de Camarões ao longo do tempo
  Kamerun Alemão
  Camarões Britânicos
  Camarões Franceses
  República de Camarões
  Em 1955, a União do Povo Camaronês (UPC), um grupo rebelde onde os grupos étnicos dominantes eram os Bamikele e os Bassa, iniciaram a luta armada pela independência dos Camarões Franceses. 
  Os Camarões Franceses alcançaram sua independência em 1º de janeiro de 1960. A partir de então, a República dos Camarões foi adotado como nome oficial. Um ano depois, a ONU foi promotora de um plebiscito ocorrido nas regiões norte e sul dos Camarões Britânicos. O assunto do plebiscito foi a incorporação dessas regiões pelo Reino Unido à Nigéria. O norte dos Camarões Britânicos foi elevado à categoria de província da Nigéria com o nome de Sardauna. O sul realizou como escolha a sua união com a República dos Camarões.
Bamenda - com uma população 393.835 (estimativa 2019) é a quinta cidade mais populosa dos Camarões
  O novo país passou por ampliações. O segundo nome oficial dos Camarões foi República Federal dos Camarões. Esse novo país foi dividido em dois estados: Camarões Orientais (ex-Camarões Francês) e Camarões Ocidentais (ex-Camarões Britânicos).
  Ahmadou Ahidjo, um Fula educado na França, foi escolhido para presidente da federação em 1961. Ahidjo, suportado pelas forças de segurança internas, tornou todos os partidos políticos ilegais, à exceção do seu, em 1966. Conseguiu suprimir a rebelião da UPC, sendo a captura do último líder rebelde importante ocorrido em 1970.
  A Constituição promulgada em 1972 declarou extinto o sistema federativo e, segundo a mesma Constituição, o terceiro nome oficial dos Camarões foi República Unida dos Camarões, sendo então o primeiro e último nome oficial desde a independência.
Ahmadou Ahidjo (1924-1989)
  Ahmadou Ahidjo abdicou do cargo de presidente em 1982 e foi sucedido, como indicava a Constituição, pelo seu primeiro-ministro, Paul Biya, um oficial de carreira do grupo étnico Bel-Pahuin. Ahidjo acabou por se arrepender da sua escolha, mas os seus apoiantes não conseguiram derrubar Biya numa tentativa de golpe levada a cabo em 6 de abril de 1984. Biya venceu as eleições, onde era candidato único. Desde então, Biya conseguiu se reeleger em todas as eleições, permanecendo no poder até os dias atuais.
Paul Biya - presidente de Camarões desde 1982
GEOGRAFIA
  Mais de 40% do território camaronês é coberto por florestas tropicais. Ao longo do país existem savanas e formações de origem vulcânica. A paisagem varia grandemente. O sul é composto de planícies litorâneas e de colinas revestidas sob cobertura parcial de florestas. A região central é composta por uma elevação planáltica que possui altitudes variando entre 800 e 1.500 metros. O Planalto Central oferece boas condições para desenvolver a criação de gado. No norte, ocorre o reaparecimento das planícies, que declivam suavemente até a bacia do Lago Chade. O oeste é a parte do país com as maiores elevações, graças à presença de uma cadeia de montanhas onde se encontra o ponto mais elevado do território camaronês, o Monte Camarões, com 4.070 metros acima do nível do mar.
Monte Camarões - ponto mais elevado dos Camarões
  Os dois rios mais importantes dos Camarões são o Benué, tributário do rio Níger, e o Sanaga, que deságua no Oceano Atlântico.
  Devido à proximidade da Linha do Equador, o clima dos Camarões é quente durante o ano todo. A temperatura varia entre 21 ºC a 28 ºC, com exceção das montanhas, onde as temperaturas são mais baixas.
  As chuvas são bastante variáveis entre o norte e o sul. No sul, a média pluviométrica é em torno dos 800 milímetros ao ano; no centro e no norte, a média fica em torno dos 1.500 milímetros. No sul existe duas estações secas: entre dezembro e fevereiro e julho a setembro. No norte, a estação seca dura entre outubro e abril.
Rio Benué
  As diferenças climáticas existentes nos Camarões são refletidas diretamente na vegetação: a floresta pluvial está presente no sul do país; o centro é composto por uma variação de plantas do tipo perenifólia e caducifólia; o norte é dominado pela savana arbórea.
Paisagem no oeste dos Camarões
POPULAÇÃO
  Camarões é o lar de mais de 200 grupos linguísticos diferentes. O país é conhecido por seus estilos musicais nativos, especialmente makosa e bikutsi, e pela bem-sucedida seleção nacional de futebol. O francês e o inglês são as línguas oficiais.
  Os antigos habitantes do território camaronês inclui a civilização Sao, que habita às margens do Lago Chade, e os caçadores-coletores Baka, que residem nas florestas tropicais do sudeste.
  Tanto o casamento monogâmico quanto o poligâmico são praticados, e a família camaronesa, em média, é grande e prolongada. A sociedade camaronesa é dominada por homens, e a violência e a discriminação contra as mulheres é comum.
Principais grupos linguísticos de Camarões e de alguns países vizinhos
CULTURA
  Tanto o francês quanto o inglês são línguas oficiais dos Camarões, porém, mais de 80% dos camaroneses falam o francês. Mais de 230 línguas locais são faladas por mais de 20 milhões de pessoas, o que faz de Camarões o país com a maior diversidade linguística do mundo.
  A culinária camaronesa varia conforme a região, mas uma farta refeição à noite é comum em todo o país. Os pratos típicos costumam ter ingredientes como milho, mandioca, milho-miúdo, banana-comprida, batata-inglesa, arroz, batata-doce ou inhame. Os pratos geralmente são servidos com um molho, sopa ou guisado feito com vegetais, amendoim, óleo de palma ou outros ingredientes. Água, vinho de palma e cerveja são as bebidas mais consumidas nas refeições tradicionais.
  A mais conhecida música dos Camarões é makossa, um estilo popular que tem ganhado adeptos em toda a África, e de relacionadas com a dança craze Bikutsi.
  O país ganhou destaque em 1990 durante a Copa do Mundo por ter sido o primeiro país africano a disputar as quartas de final desse torneio, com destaque para Roger Milla.
Roger Milla, atuando pela Seleção de Camarões na Copa do Mundo de 1990
ECONOMIA
  Devido às suas modestas reservas de petróleo e às condições favoráveis à agricultura, Camarões possui uma das melhores renda per capita dos países da África Subsaariana exportadores de produtos primários. Porém, sua economia é pouco desenvolvida.
  A agricultura baseia-se no cultivo de produtos tropicais, como algodão, café, mandioca, milho, cacau e sorgo. A pecuária e a pesca também são muito importantes para sua economia.
  O petróleo e o calcário são os principais produtos minerais extraídos no solo camaronês. Na indústria destacam-se as indústrias alimentícias, de bebidas, madeireira e petrolífera.
  Os principais parceiros comerciais dos Camarões são: França, Alemanha, Estados Unidos, Bélgica, Luxemburgo, Países Baixos, Itália e Espanha.
Mesquita em Ngaoundéré
ALGUNS DADOS SOBRE CAMARÕES
NOME: República dos Camarões
INDEPENDÊNCIA: da França e do Reino Unido
Da França: 1º de janeiro de 1960
Do Reino Unido: 1º de outubro de 1961
Reunificação: 1º de outubro de 1961
CAPITAL: Iaundé
Centro Comercial de Iaundé
GENTÍLICO: camaronense, camaronês (a)
LÍNGUA OFICIAL: francês e inglês
GOVERNO: República Parlamentarista
LOCALIZAÇÃO: África Central
ÁREA: 475.442 km² (53º)
POPULAÇÃO (ONU - Estimativa para 2019): 24.348.251 habitantes (55°)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 51,21 hab./km² (124°). Obs: a densidade demográfica, densidade populacional ou população relativa é a medida expressa pela relação entre a população total e a superfície de um determinado território.
CRESCIMENTO POPULACIONAL (ONU - Estimativa 2019): 2,00% (52°). Obs: o crescimento vegetativo, crescimento populacional ou crescimento natural é a diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade de uma  determinada população.
CIDADES MAIS POPULOSAS (Estimativa para 2019):
Douala: 1.339.073 habitantes
Douala - maior cidade de Camarões
Iaundé: 1.299.369 habitantes
Iaundé - capital e segunda maior cidade de Camarões
Garoua: 436.899 habitantes
Mercado de Garoua - terceira maior cidade de Camarões
PIB (FMI - 2018): US$ 28,478 bilhões (97º). Obs: o PIB (Produto Interno Bruto), representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região (quer sejam países, estados ou cidades), durante um período determinado (mês, trimestre, ano).
PIB PER CAPITA (FMI 2018): US$ 3.144 (148°). Obs: o PIB per capita ou renda per capita é o Produto Interno Bruto (PIB) de um determinado lugar dividido por sua população. É o valor que cada habitante receberia se toda a renda fosse distribuída igualmente entre toda a população. 
IDH (ONU - 2018): 0,556 (151°). Obs: o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é uma medida comparativa usada para classificar os países pelo seu grau de desenvolvimento econômico e a qualidade de vida oferecida à população. Este índice é calculado com base em dados econômicos e sociais, variando de 0 (nenhum desenvolvimento humano) a 1 (desenvolvimento humano total). Quanto mais próximo de 1, mais desenvolvido é o país. No cálculo do IDH são computados os seguintes fatores: educação (anos médios de estudos), longevidade (expectativa de vida da população) e PIB per capita. A classificação é feita dividindo os países em quatro grandes grupos: baixo (de 0,0 a 0,500), médio (de 0,501 a 0,800), elevado (de 0,801 a 0,900) e muito elevado (de 0,901 a 1,0).
  Muito alto
  Alto
  Médio
  Baixo
  Sem dados
Mapa do IDH
EXPECTATIVA DE VIDA (OMS - 2018): 49,97 anos (185º). Obs: a expectativa de vida refere-se ao número médio de anos para ser vivido por um grupo de pessoas nascidas no mesmo ano, se a mortalidade em cada idade se mantém constante no futuro, e é contada da maior para a menor.
TAXA DE NATALIDADE (ONU - 2018): 35,07/mil (38º). Obs: a taxa de natalidade é a porcentagem de nascimentos ocorridos em uma população em um determinado período de tempo para cada grupo de mil pessoas, e é classificada do maior para o menor.
TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL (CIA World Factbook - 2018): 63,34/mil (189°). Obs: a taxa de mortalidade infantil refere-se ao número de crianças que morrem no primeiro ano de vida entre mil nascidas vivas em um determinado período, e é classificada do menor para o maior.
Mapa da taxa de mortalidade infantil no mundo
TAXA DE FECUNDIDADE (CIA World Factbook - 2018): 4,58 filhos/mulher (24º). Obs: a taxa de fecundidade refere-se ao número médio de filhos que a mulher teria do início ao fim do seu período reprodutivo (15 a 49 anos), e é classificada do maior para o menor.
Mapa da taxa de fecundidade no mundo
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2018): 71,3% (171º). Obs: essa taxa refere-se a todas as pessoas com 15 anos ou mais que sabem ler e escrever.
Mapa da taxa de alfabetização no mundo
TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2018): 57,4% (99°). Obs: essa taxa refere-se a porcentagem da população que mora nas cidades em relação à população total.
Mapa da taxa de urbanização no mundo
MOEDA: Franco CFA
RELIGIÃO: católicos romanos (26,5%), protestantes (21,4%), crenças tradicionais (23,7%), islamismo (21,2%), sem religião (2,4%), bahaísmo (0,4%), outras religiões e ateus (4,4%).
DIVISÃO: Camarões divide-se em dez províncias (o número em negrito corresponde a província no mapa e entre parênteses as capitais das províncias): 1. Adamawa (Ngaounderé) 2. Centre (Iaundé) 3. Est (Bertoua) 4. Extreme-Nord (Maroua) 5. Littoral (Douala) 6. Nord (Garoua) 7. Nord-Ouest (Bamenda) 8. Sud (Ebolowa) 9. Sud-Ouest (Buéa) 10. Ouest (Bafoussam).
Mapa da divisão regional de Camarões
REFERÊNCIA: Lucci, Elian Aliabi
Geografia: homem & espaço, 9º ano / Elian Alabi Lucci, Anselmo Lázaro Branco. -- 27 ed. -- São Paulo: Saraiva, 2015.
Wikipédia

domingo, 7 de abril de 2019

AS PLANÍCIES BRASILEIRAS

  Uma planície é uma grande área geográfica com pouca ou raramente nenhum tipo de variação de altitude, como um deserto ou um pântano. São superfícies com formações relativamente novas, se comparados com outras formas de relevo, e que apresentaram pequenos movimentos na crosta, sendo quase completamente aplainadas. São delimitadas por aclives, e os processos de deposição superam o de desgaste. Podem ser classificadas em planícies costeiras, quando o agente de sedimentação é o mar; fluviais, quando um rio é responsável por sua formação; e planícies de origem lacustre, ou seja, formada pela ação de um lago.
União dos rios Mississipi e Ohio, no estado de Illinois - Estados Unidos
  Uma planície é sempre sedimentar, portanto uma área plana que recebe sedimentos de outra área é, pelas convenções internacionais, uma planície. Os continentes europeu e americano possuem em sua geologia principal uma planície. As planícies carregam sedimentos que vão acumulando até formar uma superfície uniforme. A maioria das planícies está localizada às margens de rios e mares. O nome de algumas planícies brasileiras deixa clara essa relação: planície do Rio Amazonas, planície do rio Araguaia, planície das Lagoas dos Patos e Mirim e planícies litorâneas.
Campos em Biccavolu - planícies da costa oriental de Andhra Pradesh - Índia
  As planícies são as únicas unidades do relevo brasileiro cujo arcabouço consiste em bacias de sedimentação recente, formadas por deposições ocorridas no Período Quaternário. As superfícies apresentam-se notavelmente aplainadas e ainda em processo de consolidação. O Brasil tem como principais planícies: Planície Amazônica, Planície do Pantanal e Planície Litorânea.
PLANÍCIES E TERRAS BAIXAS AMAZÔNICAS
  As Planícies e Terras Baixas Amazônicas, também chamadas Baixos Platôs (ou Tabuleiros) e Planícies da Amazônia, estão localizadas na Região Norte. Embora sejam genericamente conhecidas como Planície Amazônica, a verdadeira planície aparece apenas margeando o rio Amazonas ou em pequenos trechos, em meio a áreas muito altas. Esse compartimento do relevo divide-se em várzeas, tesos ou terraços fluviais e terra firme. Comumente está associada à bacia sedimentar da Amazônia Ocidental. Aroldo Azevedo foi o primeiro a classificar como Planície essa região, porém, o geógrafo e professor Aziz Ab'Saber, discordando de seu professor, considerou tal região apenas com o termo genérico de "terras baixas".
Planície margeando o Rio Negro, no estado do Amazonas
  Além dessas classificações e a do Projeto Radam (reafirmada pelo professor Jurandyr Ross, que nomeia essa bacia sedimentar de Planaltos Rebaixados), há a classificação bastante aceita pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), como "Depressão Periférica", dado então à complexidade de classificar tais relevos, e que, mais tarde, se tornou usualmente utilizada em mapas e cartas. Divide-se em:

  • Várzeas - correspondem às áreas mais baixas, constantemente inundadas pelas cheias do Rio Amazonas e seus afluentes;
  • Tesos ou terraços fluviais - suas altitudes são sempre inferiores a 30 metros, sendo inundados pelas cheias mais fortes;
  • Terra firme - atinge altitudes de até 350 metros, estando livre das inundações. Ao contrário das várzeas e dos terraços fluviais, formados predominantemente pelos sedimentos que os rios depositam, a terra firme é constituída basicamente por arenitos.

Várzea coberta de árvores, no Rio Amazonas
PLANÍCIE DO PANTANAL
  A Planície e Pantanal Mato-Grossense é a mais extensa dessas unidades e constitui parte de uma vasta área rebaixada que se limita, a oeste, pelos contrafortes da Cordilheira dos Andes e, a leste, pelos Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná. Essa área rebaixada é o Chaco Sul-Americano, que abrange terras brasileiras, paraguaias, argentinas e bolivianas, incluindo os pantanais do rio Guaporé. O Chaco funciona como bacia de captação de inúmeros cursos fluviais com nascentes nos planaltos do Brasil ou na vertente oriental andina. As partes mais elevadas do Pantanal são conhecidas pelo nome indevido de cordilheiras e as partes mais deprimidas constituem as baías ou largos. Essas baías, durante as cheias, abrigam lagoas que se interligam através de canais conhecidos como corixos, e é formada por rochas sedimentares.
Paisagem do Pantanal, em Mato Grosso
PLANÍCIES E TABULEIROS LITORÂNEOS
  As planícies e os tabuleiros litorâneos são, na verdade, um conjunto de compartimentos heterogêneos, formados por sedimentos marinhos, fluviais e lacustres do Quaternário. As planícies estendem-se do leste do Pará até o Rio Grande do Sul, exibindo larguras maior ao norte e chegando a desaparecer em trechos da costa sudeste e sul, onde afloram os embasamentos cristalinos e aparecem formas de relevo costeiro com vertente abrupta em contato direto com o mar, as falésias. Na costa nordeste, tabuleiros assentados, em grande parte, em sedimentos datados do Paleogênico e do Neogênico interpõem-se nas planícies e formam falésias voltadas para o mar.
Falésia Barreira do Inferno, localizada no município de Parnamirim - RN
REFERÊNCIA: Os domínios de natureza no Brasil: potencialidades paisagísticas. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
Terra, Lygia. Conexões: estudos de geografia geral e do Brasil / Lygia Terra, Regina Araújo, Raul Borges Guimarães. - 3. ed. - São Paulo: Moderna, 2016.

quarta-feira, 3 de abril de 2019

SAIBA UM POUCO MAIS SOBRE A COLÔMBIA:ÚNICO PAÍS DA AMÉRICA DO SUL BANHADO POR DOIS OCEANOS

  Situada no noroeste da América do Sul, a Colômbia, cujo nome foi dado em homenagem a Cristóvão Colombo, tem dois terços de seu território coberto por florestas tropicais. O país possui uma posição privilegiada em virtude da ligação tanto com o Oceano Pacífico quanto com o Atlântico, pelo Mar do Caribe. Sua localização representa um importante ponto de passagem no continente.
  Antes da chegada dos espanhóis às Américas, a região onde hoje está a Colômbia era habitada por diferentes tribos indígenas. Em 1810, as jurisdições de Nova Granada expulsaram as autoridades espanholas, exceto em Santa Marta, Riohacha e os atuais Panamá e Equador. O levante de Bogotá, de 20 de julho desse ano, é comemorado como a data de independência da Colômbia. A capital colombiana, a essa época, contava com cerca de 50 mil moradores. Havia uma rivalidade entre os grupos que propugnavam uma federação e aqueles que tentavam centralizar a autoridade.
Mapa da Escócia
HISTÓRIA
  Os achados arqueológicos mais antigos foram encontrados nos abrigos na rocha Chiribiquete. Nesse local foram datadas pinturas rupestres de até 19.510 anos Antes do Presente (A.P.). Em Pubenza, no departamento de Cundinamarca, se encontraram oito ferramentas em um nível estratigráfico datada de 16.400 A.P. No sítio El Jordán, no departamento de Tolima, a presença humana tem sido calculada em 12.900 anos A.P. Nos abrigos da rocha El Abra, localizado na Savana de Bogotá, se encontraram instrumentos líticos em 1967, datados de aproximadamente 10.460 a.C. Outros achados paleoíndios se realizaram também em Cundimarca, Antioquia, Popayán, Yondó e Medelim.
Rocha Chiribiquete, Colômbia
  Os primeiros rastros de culturas de  cabaças e do tubérculo ariá, na região, remontam a 10 mil anos a.C. Desde 7 mil anos antes do presente, se desenvolveram as primeiras sociedades sedentárias agrícolas, segundo achado em Porto Formiga, perto da atual Cartagena das Índias. Diversos povos ameríndios, com níveis de desenvolvimento diferentes, ocupavam o território colombiano, sendo que o mais avançado deles na época da conquista espanhola eram os índios muíscas (chibchas). No ano em que a América foi descoberta por Colombo, em 1492, estima-se que a população indígena somava 850 mil pessoas, distribuídas em diversos grupos, muitos deles hábeis artesãos que deixaram a marca de sua existência moldada em ouro.
  Em San Agustín, próximo à nascente do Rio Magdalena, encontraram-se vestígios de uma das mais fascinantes e menos estudadas civilizações do Hemisfério Ocidental, extinta muitos séculos antes da chegada dos europeus.
  Os povos das regiões planas e litorâneas organizavam-se socialmente como confederações de tribos, levavam uma vida muito simples e foram extintos pelos colonizadores espanhóis. Já nas terras andinas, havia culturas mais desenvolvidas, entre as quais se destaca os chibchas, que ocupavam os pontos mais altos da parte central da Cordilheira Oriental, na parte alta do rio Magdalena. De cultura similar à inca, eram exímios agricultores, cultivando milho, batata e algodão. Não chegaram a formar um império unitário, mais apresentavam muitos traços culturais comuns. Atingiram grande densidade populacional na savana de Bogotá. Seu centro mais importante era Bacatá, próximo à posterior capital colombiana.
Reprodução da vida econômica dos chibchas
  Admite-se que o primeiro contato europeu com as terras que hoje correspondem à Colômbia se deu em 1499, quando os navegantes Américo Vespúcio, Juan de la Cosa e Alonso de Ojeda chegaram ao Lago Maracaibo (hoje pertencente à Venezuela) e daí aportaram na Península de Guajira, no Mar do Caribe, que hoje faz parte do território colombiano. Nesse mesmo ano, Alonso de Ojeda dobrou o Cabo de La Vela, na península de La Guajira. Em 1502, durante sua última viagem ao Novo Mundo, Cristóvão Colombo explorou uma parte da costa do Caribe pertencente ao território dos chibchas.
  As primeiras colonizações europeias permanentes foram na costa caribenha, sendo Darién, o primeiro assentamento europeu em território americano, fundado em 1510 por conquistadores espanhóis. Em 1509, o reconhecimento de toda costa sul-americana do Caribe foi feito por Rodrigo de Bastidas que, em 1525, fundou Santa Marta. Após enfrentarem a resistência dos caraíbas no litoral e dos chibchas no altiplano, em 1533, os colonizadores fundaram Cartagena e em seguida, em 1536, no altiplano andino, Santa Fé de Bogotá.
Castelo de São Filipe, em Cartagena
  A região foi inicialmente parte do Vice-reinado do Peru. Bogotá, que antes da conquista era o principal núcleo dos reinos chibchas, transformou-se, em 1550, na audiência de Santa Fé de Bogotá, dependente do Vice-reino do Peru e centro administrativo de uma região que abrangia Nova Granada, Popayán, Antioquia, Cartagena, Santa Maria, Riohacha, os Llanos de Casanare e San Martín.
  A partir de 1564, os presidentes da audiência de Santa Fé gozaram de poderes semelhantes aos dos vice-reis. As populações autóctones diminuíram enormemente, exterminadas pelos novos senhores das terras e por doenças por eles transmitidas, como a epidemia de varíola de 1587-1589.
  As culturas indígenas se transformaram rapidamente em contato com a civilização. O catolicismo foi imposto e predominou sobre as religiões autóctones. No século XVII, o chibcha, língua indígena que tivera o maior número de falantes, havia caído em desuso nas zonas mais povoadas do país, e a miscigenação ganhou forte impulso. Nas planícies do Chocó e na costa do Caribe, foram introduzidas a mão de obra escrava negra, destinada à extração de ouro e ao trabalho nas plantações de cana-de-açúcar.
  Além da exploração de ouro, prata e pedras preciosas - entre elas, esmeraldas -, introduziu-se a agricultura de algodão e tabaco, destinados à exportação, com a utilização da mão de obra escrava africana.
Barranquilla - com uma população de 1.209.115 habitantes (estimativa 2019) é a quarta maior cidade da Colômbia
  A Igreja Católica, com a atuação de missionários franciscanos, dominicanos e jesuítas, desempenhou um importante papel na catequese e na administração. Em 1620, a Inquisição instalou-se em Cartagena, cidade que logo se tornaria um baluarte do império espanhol.
  A dependência administrativa de Lima encerrou-se com a criação do Vice-reino de Nova Granada, vigente primeiro durante um breve período, de 1717 a 1723, e depois, definitivamente, a partir de 1740. O vice-rei estabelecido em Bogotá, tinha autoridade sobre a Venezuela, o Equador e o Panamá, assim como a Colômbia. A superveniência do novo status político representou o início de uma nova era. Nas décadas seguintes, a Coroa espanhola procurou fortalecer o império mediante maior centralização da administração e desenvolvimento do comércio. A população aumentou e começou a consolidar-se uma nova classe social com crescente poder: a dos criollos, descendentes de espanhóis nascidos na colônia.
Ataque espanhol a Cartagena das Índias, em 1553
  De 1785 a 1810, os criollos de Nova Granada não ofereceram resistência às reformas políticas e econômicas. Assim, no Levante dos Comuneros, em 1781, os socorrenses opuseram-se às reformas, mas em 1809, propuseram medidas favoráveis ao sistema de livre comércio e à abolição da escravatura. As reformas educacionais desempenharam papel de relevo nessa modificação de perspectiva dos granadinos. Como vice-rei, o arcebispo Caballero y Góngora (1782-1788) concentrou-se principalmente na educação, modernizando os curriculum e criando uma escola de minas. Nova Granada permaneceu como vice-reinado da Espanha até a Batalha de Boyacá, em 1819, durante as guerras de independência da América do Sul espanhola, quando junto com a Venezuela, recebeu Simón Bolívar o nome de Estados Unidos da Colômbia.
Batalha de Boyacá
  Os excessos fiscais do governo espanhol provocaram, a partir de 1780, movimentos insurrecionais, que, devido às incertezas quanto ao destino do império após a invasão da Espanha pela França em 1808, se transformaram em verdadeiras rebeliões armadas em 1810.
  Inspirada na Revolução Francesa e no movimento de independência das colônias norte-americanas, a população de Nova Granada se uniu à corrente revolucionária para obter a independência.
  Em 1810, as jurisdições de Nova Granada expulsaram as autoridades espanholas, exceto em Santa Marta, Riohacha e os atuais Panamá e Equador. O Levante de Bogotá, de 20 de julho de 1810, é comemorado como a data de independência da Colômbia. A capital colombiana, a essa época, contava com uma população de cerca de 50 mil habitantes. A rivalidade entre os grupos que propugnavam uma federação e aqueles que tentavam centralizar a autoridade dos novos governos provocou uma série de guerras civis, que facilitou a reconquista, pela Espanha, das Províncias Unidas de Nova Granada, entre 1814 e 1816.
  As execuções e castigos praticados pelos espanhóis favoreceram a unidade dos setores libertários. Um grupo de patriotas, chefiado por Francisco de Paulo Santander, iniciou a luta armada, com apoio de Simón Bolívar. Em 1819 realizou-se o Congresso de Angostura (hoje Ciudad Bolívar, na Venezuela) com delegados de Casanare e algumas províncias venezuelanas, no qual foi proclamada a criação da República da Grã-Colômbia, formada pelo que anteriormente fora o vice-reino de Nova Granada. No mesmo ano, Bolívar invadiu Nova Granada e derrotou os espanhóis na Batalha de Boyacá, em 7 de agosto. Seguiram-se a Batalha de Carabobo (Venezuela), em 1821, e a Batalha de Pichincha (Equador), em 1822, também vencidas por Bolívar.
Mapa da Grã-Colômbia, em 1821
  O Congresso de Cúcuta, em 1821, aprovou uma Constituição na qual se estabelecia uma forma republicana de governo e que elegeu Simón Bolívar como o primeiro presidente. Em 1822, sob a liderança de Bolívar, Nova Granada, Panamá, Venezuela e Equador foram unidos como a República da Grande Colômbia, que fracassaria em 1830. Libertado o território colombiano, Bolívar concentrou sua ação no Peru, deixando Santander como vice-presidente da Grande Colômbia. Em 1826, com a expulsão definitiva dos espanhóis do continente, Bolívar regressou a Bogotá, onde suas ideias centralizadoras se chocaram com o federalismo de Santander. Bolívar tornou-se ditador, mas sucessivos atentados e revoltas, além do descontentamento de grande parte de seus antigos partidários, obrigaram-no a renunciar, em 1830. Em poucos meses, o que havia sido o vice-reino de Nova Granada fragmentou-se em três Estados independentes: Venezuela, Equador e a República de Nova Granada, depois Colômbia, na qual estava incluído o território do Panamá. A história política do país foi, desde então, basicamente um registro de conflitos, muitas vezes violentos, entre elementos liberais e conservadores para determinar a política de governo.
Simón Bolívar (1783-1830)
  Em 1832 foi promulgada, por Francisco de Paula Santander, a Constituição de Nova Granada, garantindo os direitos civis e a separação entre Igreja e Estado, sendo emendada em 1858 para permitir a confederação de nove estados dentro de uma república central, agora conhecida como Confederação Granadina.
  A partir da guerra civil de 1840-1842 e de hostilidades entre os partidos Liberal e Conservador, instituiu-se uma federação em que o governo central teve poderes muito reduzidos. A Constituição de 1858 restaurou um govenro nacional forte. A rejeição da Carta pelos liberais levou à chamada "anarquia organizada".
  Depois da vitória dos liberais na guerra civil, na presidência de Tomás Cipriano de Mosquera y Arboleda (1861-1864), os bens do clero foram confiscados e adotou-se uma Constituição Federal (1863), na qual se estabelecia a união dos Estados soberanos nos Estados Unidos da Colômbia.
  Entre 1880 e 1894, os conservadores prevaleceram e retiveram o poder. Um segmento do Partido Liberal, encabeçado pro Rafael Nuñez, passou a defender uma reforma constitucional e aliou-se aos conservadores. Em 1886, proclamou-se uma nova Constituição, de caráter centralizador, que aboliu a soberania dos Estados e estabeleceu o sistema presidencial na então denominada República da Colômbia. A Carta haveria de manter-se, com modificações, durante todo o século seguinte. O presidente Nuñez devolveu à Igreja Católica os privilégios cuja supressão causara uma guerra civil na década anterior (concordata de 1883). Com sua morte, novas discórdias civis ocorreram entre 1884 e 1895.
Rafael Nuñez (1825-1894)
  Anos depois, o país se debateria na mais sangrenta das guerras civis colombianas: a Guerra dos Mil Dias (1899-1903). Em 1903, após várias interferências dos Estados Unidos, o Panamá constituiu-se como país independente, apropriando-se de parte do território colombiano.
  O mandato do general Rafael Reyes na presidência da república (1904-1909) marcou o princípio de uma lenta recuperação econômica, baseada no café e no petróleo. Em 1914, a Colômbia reconheceu oficialmente a independência do Panamá e recebeu uma indenização no valor de 25 milhões de dólares dos Estados Unidos. O aumento do comércio exterior, com a exportação de café e o início de exploração de jazidas, conduziu a um processo de industrialização e prosperidade que seria interrompido pela crise mundial  de 1929. Os preços do café, do petróleo e da banana, os principais produtos de exportação,  caíram vertiginosamente, o que levou à economia do país ao colapso.
Cartagena das Índias - com uma população de 967.704 habitantes(estimativa 2019) é a quinta maior cidade da Colômbia
  O Partido Conservador, no poder desde o final do século XIX, perdeu em 1930 a presidência da república para o Partido Liberal, que se manteve no governo até 1946. Nas eleições realizadas nesse ano, os liberais se dividiram e lançaram dois candidatos, propiciando a vitória do conservador Mariano Ospina Pérez. Em 1948, a Colômbia firmou uma união econômica com a Venezuela e o Equador. Apesar de vitoriosos na eleição, os conservadores só obteriam o controle do Congresso ao impor, em 1949, o estado de sítio, que durou até 1958.
  A violência estourou novamente em 1948 e passou da área urbana para a rural. Em 9 de abril, o político e advogado colombiano Jorge Eliécer Gaitán, líder dos trabalhadores e popular candidato derrotado às eleições presidenciais, foi assassinado em pleno centro de Bogotá. Este acontecimento, que passou para a história do país com o nome de "bogotazo", foi o mote para a maior rebelião da história da Colômbia, que duraria uma década e que levou a mais de 250 mil mortes, precipitando um governo militar entre 1953 e 1958.
Jorge Eliécer Gaitán (1898-1948)
  Em meio a uma verdadeira guerra civil, o candidato conservador Laureano Gómez ganhou as eleições e tomou posse em 1950. Em 1953, o Partido Conservador propôs uma nova Constituição que previa a imposição de um regime totalitário ao estilo do espanhol Francisco Franco. Os liberais e os conservadores moderados se opuseram a esse projeto, e uma junta militar derrubou o governo. Nomeou-se o general Gustavo Rojas Pinilla como presidente provisório. Em 1954, a Convenção Constitucional o elegeu para mais um período de quatro anos e ele governou por meio de decretos. Embora louvado como paladino da justiça, Rojas Pinilla foi ainda mais arbitrário que seu antecessor. Numa tentativa de restauração do poder civil, liberais e conservadores constituíram uma Frente Nacional, alternando-se no poder, enquanto se expandia uma guerrilha de inspiração castrista.
  Um novo golpe de Estado derrotou Rojas Pinilla em 1957 e um plebiscito incorporou os acordos da Frente Nacional à Constituição, para repartir os cargos de governo e alternar os dois partidos hegemônicos na presidência. Uma democracia semi-representativa foi restaurada e chegou-se a um grau de estabilidade política.
Mudanças territoriais desde a independência da Colômbia
  Nos anos seguintes, a impossibilidade de romper esse esquema de alternância no poder levou muitas lideranças da oposição a aderir aos grupos guerrilheiros, que operavam  no país desde o período conhecido como La Violência (1948-1958) e adquiriram definição ideológica de esquerda nos anos 1960, sob a influência da Revolução Cubana.
  Apesar da coalizão liberal-conservadora, o governo caía em períodos de semiparalisia. No ano de 1958, o presidente Alberto Lleras Camargo instituiu a reforma agrária. Em 1960, a Colômbia passou a fazer parte da ALALC (Associação Latino-Americana de Livre Comércio). Em 1962, assumiu a presidência Guillermo León Valencia. O general Rojas Pinilla foi preso em 1963 sob a acusação de conspirar contra o regime. A crise econômica levou o Congresso a conceder poderes extraordinários a Valencia. A situação continuou a agravar-se no plano político, culminando com a reimplantação do estado de sítio em 1965, após distúrbios estudantis.
Cúcuta - com uma população de 632.583 habitantes (estimativa 2019) é a sexta maior cidade da Colômbia
  Em 1966, começou a gestão de Carlos Lleras Restrepo. A economia recuperou-se com base num planejamento correto e em reformas políticas essenciais. Ao final de seu governo, a economia apresentava um crescimento anual de 6,9%. Na eleição de 1970, Misael Pastrana Borrero sagrou-se vencedor, derrotando o ex-ditador Rojas Pinilla. Na eleição de 1974, a presidência passou para Alfonso López Michelsen, também liberal, cujo governo enfrentou problemas econômicos. Em 1978, os liberais venceram por maioria o Congresso e a presidência com Julio Turbay Ayala, mas mantiveram o acordo com a Frente Nacional. Manifestações de descontentamento popular e a violência dos movimentos guerrilheiros de esquerda aliaram-se contra o Presidente eleito. O agravamento da situação provocou a adoção do estado de emergência.
  Durante a década de 1980, a Colômbia obteve crescimento econômico e um bom desempenho na administração da dívida externa, mas o comércio de drogas dominou cada vez mais os assuntos internos e as relações com os Estados Unidos.
Soledad - com uma população de 557.871 habitantes (estimativa 2019) é a sétima maior cidade da Colômbia
  Em 1982, o candidato conservador Belisario Betancur Cuartas ganhou as eleições presidenciais. Neste mesmo ano foram anistiados os presos políticos da guerrilha de esquerda. A campanha de pacificação nacional do presidente Belisario Betancur foi dificultada pelo poder dos traficantes de tóxicos, o chamado Cartel de Medelim, que em 1970 se implantara no país como poder paralelo. O Ministro da Justiça da Colômbia foi assassinado em 1984 por ter dado início à campanha antidroga. Mesmo assim, o presidente em exercício deu um grande impulso a esta campanha que levou ao desaparecimento do seu ministro; entretanto, durante o ano de 1985, as guerrilhas recuperaram a força e a luta contra o narcotráfico foi perdendo o ímpeto. Nesse mesmo ano, o país foi abalado por duas tragédias: a invasão do Palácio da Justiça por sediciosos, com a morte de mais de 90 pessoas entre sequestradores e sequestrados, e a erupção do Nevado del Ruiz, que levou à morte cerca de 25 mil pessoas.
Exército invade o Ministério da Justiça da Colômbia após a invasão por sequestradores
  Em 1986, ocorreu o fim da Frente Nacional. O Partido Liberal venceu as eleições e o presidente Virgílio Barco Vargas declarou uma gigantesca ofensiva contra os traficantes de cocaína do Cartel de Medelim, após os assassinatos de um ministro do Supremo Tribunal e do principal candidato que concorreria à eleição de 1990, Carlos Galán Sarmiento, em 18 de agosto de 1989.
  Depois de uma campanha em que foram assassinados os três candidatos presidenciais, César Garviria Trujillo, do Partido Liberal, foi eleito presidente em 1990. Garviria apoiou a Assembleia Constitucional, que elaborou uma nova Carta, a qual entrou em vigor em 1991. Seguiu-se um acordo com alguns grupos guerrilheiros (principalmente o M-19) para desmobilização, a fim fazerem parte do projeto político, enquanto vários traficantes de drogas foram presos. Em julho de 1991, foi descoberto um grande campo de petróleo.
Erupção do Nevado del Ruiz, em 1985, que levou à morte mais de 25 mil pessoas
  Uma campanha bombista foi levada a cabo pelos barões da droga em retaliação pelo confisco de propriedades e extradição para os Estados Unidos de membros dos cartéis. O presidente dos Estados Unidos, George Bush, foi um dos aliados antidroga na Colômbia, no ano de 1990.  Vários cabecilhas ligados ao tráfico de estupefacientes renderam-se às autoridades e foram presos. Esta onda de prisões, incluiu o líder da cocaína de Medelim, Pablo Escobar, que conseguiu evadir-se da prisão, em julho de 1992, mas foi morto em um tiroteio quando era caçado por soldados e policiais em 1993. O estado de emergência foi declarado um ano depois com o intuito de controlar a situação.
  Em 1994, Ernesto Samper Pizano, do Partido Liberal, foi eleito presidente. Apesar de alguns êxitos parciais na luta contra o narcotráfico, desta vez buscando desmantelar o Cartel de Cali, Samper foi acusado de ter usado dinheiro fornecido por traficantes no financiamento de sua campanha eleitoral. A acusação não foi adiante por falta de provas, mas fez com que o governo dos Estados Unidos negasse a certificação de país aliado na luta contra as drogas à Colômbia e proibisse a entrada de Samper em território norte-americano. Também não tiveram sucesso suas tentativas de iniciar negociações de paz com os movimentos guerrilheiros, que durante o seu governo intensificaram suas ações e ampliaram o controle sobre regiões do interior.
Soldados colombianos comemoram a morte de Pablo Escobar
  Em junho de 1998, foi eleito presidente o conservador Andrés Pastrana, que fez sua campanha prometendo uma profunda reforma das instituições do Estado. Assim que foi empossado, Pastrana conseguiu que os guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) aceitasse sentar à mesa de negociações para discutir a pacificação do país. Para isso, foi necessário aceitar algumas condições, como reconhecer o controle das Farc sobre vários municípios, o que provocou resistências e protestos no seio das forças armadas regulares. Mesmo assim, Pastrana foi adiante e se deixou fotografar no meio da floresta com o veterano líder das Farc, Manuel Marulanda Vélez, conhecido como "Tirofijo" por sua lendária pontaria.
Vídeo sobre a Colômbia
  Em janeiro de 1999, um terremoto de seis graus na escala Richter sacudiu a região centro-oeste, onde se encontram os departamentos de Quindío e Risaralda. O sismo provocou a morte de cerca de 875 pessoas e deixou mais de 3 mil feridos e 400 mil desabrigados. Além das perdas humanas, o terremoto afetou a principal região produtora de café do país. O presidente Pastrana decretou estado de emergência militar para conter saques e violência nas cidades de Armênia e Pereira.
Cidade de Armênia após o terremoto de 1999
  Em 2002, assumiu a presidência Álvaro Uribe. Depois da reforma constitucional, que permite a reeleição presidencial consecutiva, Uribe apresentou sua candidatura para um segundo mandato. Em dezembro de 2003, o governo endureceu sua posição diante da guerrilha (Estatuto Antiterrorista) e para isso obteve o apoio dos demais governos latino-americanos. Em 2004 houve a prisão de um membro do estado-maior das Farc, iniciando-se um processo de paz com os paramilitares. Em 2005, instaurou-se uma crise política com a Venezuela.
  Juan Manuel Santos foi eleito para o período 2010-2014 e reeleito em 2014. Em 12 de setembro de 2012, anunciou o início de diálogos de paz com as Farc, em La Habana. O Acordo para a Terminação Definitiva do Conflito Armado foi assinado em Bogotá em 24 de novembro de 2016.
  Em 04 de julho de 2018, durante um discurso transmitido pela TV, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, sofreu a tentativa de um ataque após a explosão de dois drones perto do local aonde o mesmo se encontrava. Maduro acusou a extrema-direita da Venezuela e o presidente Juan Manuel Santos de estarem por trás desse suposto ataque, aumentando as tensões diplomáticas entre os dois países.
Ibagué - com uma população de 538.790 habitantes (estimativa 2019) é a oitava maior cidade da Colômbia
GEOGRAFIA
  Situada a noroeste da América do Sul, em zona tropical, apenas um pequeno trecho de seu território localiza-se no Hemisfério Sul. O seu ponto extremo sul tem coordenada 4º13' S e o ponto extremo norte, 12º30' N. A área territorial da Colômbia é de 1.138.914 km² - um pouco menor que o estado do Pará (1.247.954,666) -, e em sua porção oeste encontra-se trecho da Cordilheira dos Andes; por isso, o país integra a chamada América Andina.
  Sua costa é banhada, a oeste, pelo Oceano Pacífico e, a noroeste, pelo Mar do Caribe, o que favorece a comunicação do país com outras regiões do mundo.
Mapa com as regiões naturais da Colômbia
Regiões naturais da Colômbia
  Distinguem-se no território colombiano três regiões naturais: as Planícies Costeiras (que é dividida em Pacífico e Caribe), a Região Andina e os Lhanos.
1. As Planícies Costeiras (La Costa)
  Há que se distinguir duas planícies costeiras: a do Oceano Pacífico e a do Mar do Caribe ou das Antilhas. Nas terras baixas das planícies do Oceano Pacífico o clima é quente e úmido - as precipitações médias anuais são superiores a 2.000 milímetros, com trechos em que elas superam 3.000 milímetros -, enquanto que nas planícies do Mar do Caribe, de clima menos úmido, essa médias situam-se entre 600 e 1.000 milímetros, com alguns trechos entre 1.000 e 1.400 milímetros.
  A costa caribenha colombiana é mais conhecida pelas belas praias; cidades como Barranquila, Cartagena e Santa Marta são estações balneárias e atraem muitos turistas. Devido à sua bela arquitetura colonial, Cartagena também foi considerada patrimônio da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
  Quanto ao povoamento, a costa caribenha apresenta, em suas áreas urbanas, densidades demográficas predominantemente entre 50 e 100 hab./km² e mais de 100 hab./km². Entretanto, na costa do Pacífico, vão de menos de 1 a 10 hab./km².
Lago Tota - localizado na região natural de La Costa
2. A Região Andina
  Na Colômbia, a Cordilheira dos Andes se divide em três conjuntos de alinhamento: a Cordilheira Ocidental, mais próxima ao Oceano Pacífico, a Cordilheira Central e a Cordilheira Oriental, onde se situa Bogotá, a capital do país, a 2.630 metros acima do nível do mar.
  Entre as cordilheiras Ocidental e Central estende-se o vale por onde corre o Rio Cauca, com 1.250 quilômetros de extensão, afluente do Rio Magdalena (1.550 km), que, por sua vez, corre entre as cordilheiras Central e Oriental. Esses rios são importantes vias de comunicação, pois colocam em contato o altiplano colombiano e as baixas planícies costeiras do Mar do Caribe.
  Na Região Andina encontra-se o ponto mais elevado do país, o Pico Cristóbal Colón, cerca de 5.700 metros de altitude.
Pico Cristóbal Colón - ponto mais elevado da Colômbia
  A Região Andina é a mais populosa e povoada da Colômbia. Aí se situam as cidades de Bogotá, Cali e Medelim, entre outras de grande importância econômica. Essas terras altas foram o berço dos chibchas, povo pré-colombiano destruído em grande proporção com a chegada dos espanhóis em 1538.
  O clima dessa região varia segundo a altitude. Nos vales com altitudes entre 500 e 2.500 metros, o clima é subtropical; entre 2.500 e aproximadamente 3.000 metros, temperado; entre 3.000 e 4.500 metros, frio de alta montanha; e acima dos 4.500 metros, polar, com cumes montanhosos cobertos de neve.
Tundra alpina, localizada na Região Andina
3. Os Lhanos
  Situados a leste da Cordilheira Oriental, os Lhanos ocupam cerca de dois terços do território colombiano. Cobertos pela Savana e pela Floresta Equatorial - a Floresta Amazônica -, correspondem às vastas planícies onde correm grandes rios que nascem na vertente oriental dos Andes.
  Na sua porção norte, o clima é tropical com menor precipitação anual se comparado à porção sul, onde predomina o clima equatorial quente e úmido. É neste último tipo de clima que se localiza a cidade colombiana de Letícia, que faz fronteira com Tabatinga, no Brasil.
Caño Cristales, na região dos Lhanos
  Há também a região insular, formada pelas ilhas do arquipélago de Santo André, Providência e Santa Catarina, no Mar do Caribe, e as ilhas Malpelo e Gorgona, no Oceano Pacífico, apresentando ecossistema de corais e uma alta diversidade de espécies aquáticas.
Ilha da Providência
  Embora a Colômbia se situe quase inteiramente dentro da faixa tropical, o clima é modificado pela altitude e pela ação dos ventos. Temperaturas altas prevalecem nas áreas mais baixas, caracterizadas pela excessiva umidade e densas florestas. A zona subtropical compreende os vales e encostas entre 450 metros e 1.800 metros de altitude. Daí até os 3 mil metros encontra-se a zona temperada.
Mapa climático da Colômbia
  De modo geral, há duas estações anuais: o inverno úmido e o verão seco. Variam, entretanto, amplamente em época e duração, segundo as diversas regiões. A área mais seca é o extremo norte da península de La Guajira, onde a precipitação média é inferior a 250 milímetros. A área de maior índice pluviométrico, e possivelmente de toda a América do Sul, é a faixa litorânea do Pacífico, sobretudo, perto do divisor de água dos rios San Juan e Atrato, onde a precipitação média excede os 10 mil milímetros e não há estação seca.
Clima desértico, na região de Boyacá
  Os rios mais importantes da Colômbia são o Magdalena e seu tributário, o Cauca, que nascem nos altiplanos dos Andes, próximo ao Equador. O rio Magdalena, nasce no sudoeste da Colômbia e, em seu percurso, atravessa o país do sul ao norte, desaguando no Mar das Antilhas, perto de Barranquila. Aproximadamente na metade do seu curso de 1.528 quilômetros, o Magdalena perde-se numa vasta rede de planaltos (ciénagas), lagos e lagoas.
Rio Magdalena, nos Andes colombianos
  O Cauca, parcialmente navegável, apresenta areias auríferas que são exploradas desde 1909. Nasce no Maciço Colombiano e deságua no rio Magdalena. No seu percurso, banha mais de 180 cidades. Em sua bacia hidrográfica desenvolve-se várias atividades econômicas, principalmente agrícola. É no rio Cauca que se situa a barragem Hidroituango, que em maio de 2018 entrou em grave risco de rompimento, fazendo com que mais de 25 mil pessoas se evadissem de suas casas.
Rio Cauca, perto de Puerto Valdívia
  Outros rios presentes no território colombiano são: o Atrato e o  Sinú (que correm para a costa norte e são ambos navegáveis), os rios Truandó e Salaqui (que são de curta dimensão e deságuam no Pacífico) e os rios das Grandes Planícies Ocidentais, que deságuam no Orinoco e no Amazonas, com destaque para os rios Meta, Guaviare, Vaupés e Caquetá.
Rio Atrato - proporcionalmente ao seu tamanho, é o rio mais caudaloso da Colômbia e do mundo
  A floresta tropical recobre as encostas e vales das cordilheiras, grande parte das planícies da costa norte e a porção meridional das Planícies Orientais. Os produtos florestais constituem um potencial econômico inexplorado, sendo numerosas as espécies de palmeiras e orquídeas. Na zona subtropical há grande variedade de frutas e a zona temperada é a região agrícola do país. Acima dos 3 mil metros a vegetação é de pequeno porte, seguida, mais acima, de espécies alpinas.
Tundra alpina, no Páramo de Sumapaz
ECONOMIA
  A Colômbia apresenta uma economia diversificada - produção e exportação de recursos minerais, incluindo carvão mineral e petróleo, além de certo desenvolvimento industrial. O país apresenta elevada concentração de renda, ocasionando uma situação de pobreza para milhões de pessoas, especialmente camponeses indígenas. Esse é um dos motivos que fazem o país apresentar os maiores índices de conflitos internos da América. Mas, nos últimos anos, a Colômbia tem melhorado seus indicadores sociais e diversificado sua economia, ampliando as exportações.
Bucaramanga - com uma população de 531.886 habitantes (estimativa 2019) é a nona maior cidade da Colômbia
  A economia da Colômbia está voltada para o setor primário. Na agricultura,  predominam as culturas tropicais, com destaque para o cultivo de café, atividade em que o país é o segundo maior produtor mundial, atrás do Brasil. O cultivo do café foi responsável pela ocupação das terras do interior do país. Outros cultivos importantes são o da banana e do cacau, além da cana-de-açúcar, do algodão e do milho.
  No contexto econômico da América do Sul, em termos de capacidade produtiva e geração de PIB, a Colômbia fica atrás apenas do Brasil e da Argentina.
Soacha - com uma população de 472.868 habitantes (estimativa 2019) é a décima maior cidade da Colômbia
  No extrativismo mineral destaca-se a extração de petróleo, gás natural e carvão mineral. Na Colômbia são significativas as reservas de petróleo (20% das exportações do país), gás natural, carvão mineral (40% das reservas conhecidas na América Latina), níquel e ouro. Além disso, 95% das esmeraldas que abastecem o mercado mundial saem desse país.
  Embora o setor petroquímico seja importante, as indústrias são majoritariamente de bens de consumo. Destacam-se as indústrias químicas, têxtil, de alimentos, de couro e de máquinas.
El Cerrejón - a maior mina de carvão em operação da América Latina
  Entre altos e baixos, na última década a Colômbia recuperou a capacidade de fazer a economia crescer, apresentando elevação considerável no PIB. Governo e sociedade, aliados em programas de cidadania, segurança e infraestrutura urbana, estimularam o consumo e aqueceram a economia. Cidades como Bogotá, por exemplo, melhoraram consideravelmente as condições de vida da população com medidas que vão do aumento da segurança à urbanização.
  A economia colombiana tem recebido muitos investimentos externos e o país vem procurando diversificar os parceiros de comércio exterior. Empresas brasileiras também vêm fazendo grandes investimentos na Colômbia. Na pauta de exportações figuram principalmente o café, o petróleo, o carvão mineral, o açúcar, esmeraldas, produtos químicos e têxteis.
Porto da cidade de Cartagena das Índias
POPULAÇÃO
  A população da Colômbia é marcada pela miscigenação entre as raças indígenas, negra e branca de origem europeia. Na composição da população predominam os ameríndios (58%), seguidos por descendentes de europeus ibéricos, principalmente espanhóis (20%), eurafricanos (14%), afro-americanos (4%), ameríndios (1%) e outros grupos (3%).
  No país existem mais de 50 grupos indígenas. Segundo estimativas, são mais de 400 mil índios vivendo no território colombiano.
Vários grupos indígenas compõem a população colombiana
CULTURA
  A Colômbia é berço de diversos gêneros musicais, tais como a Cúmbia e o Vallenato. Os diferentes gêneros de música popular da Colômbia são influenciados por elementos espanhóis, ameríndios e africanos, bem como outras correntes da América Latina, que têm feito da música colombiana uma das mais ricas da região. A música colombiana é promovida principalmente pelo apoio de grandes gravadoras, empresas independentes e, em menor medida, pelo governo da Colômbia, através do Ministério da Cultura.
  A culinária colombiana tem forte presença do milho e tubérculos. Uma fruta comum nos pratos do país é o abacate. Os pratos típicos também levam uma grande quantidade de temperos. A mandioca está presente em diversos pratos e a bebida mais comum e marca da culinária da Colômbia é o café.
Vídeo sobre a cultura da Colômbia
OS CONFLITOS INTERNOS, O NARCOTRÁFICO E OS GRUPOS GUERRILHEIROS
  O narcotráfico e os conflitos internos que envolvem grupos guerrilheiros, paramilitares e o exército nacional são graves problemas para o país. Desde a década de 1950, descontentes com os rumos da política colombiana, formaram-se duas organizações autointituladas socialistas de esquerda: Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e Exército de Libertação Nacional (ELN).
  A Colômbia tornou-se um dos maiores produtores mundiais de cocaína, que é exportada ilegalmente em grande quantidade para os Estados Unidos. O governo do país era controlado pelos cartéis de drogas.
  O programa de desarmamento e reintegração de combatentes e paramilitares do governo federal colombiano tem como objetivo fazer com que esses combatentes se entreguem voluntariamente e passem a integrar esse programa de desmobilização. Os Estados Unidos enviaram recursos financeiros e militares à Colômbia. As relações entre esses países estreitaram-se a partir de 2002, com a criação do Plano Colômbia no governo de Álvaro Uribe, cujo objetivo era combater o tráfico de drogas e as Farc.
  O plano resultou na prisão dos principais chefes do narcotráfico e na redução significativa das Farc. No entanto, a produção e o tráfico de drogas permaneceram em plena atividade, o que levou a denúncias de envolvimento do governo Uribe com essa ação criminosa e com a violência dos paramilitares. O Plano Colômbia passou a ser desacreditado pela população nos governos seguintes.
  O maior grupo guerrilheiro são as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
Mapa da Colômbia com as principais áreas de conflitos no país
As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc)
  Quando se formou em 1964, era um grupo de esquerda cujo objetivo era derrubar o governo e a classe dominante para implantar o socialismo no país, mas aos poucos desenvolveram ligações com o narcotráfico e passaram a ter domínio de processos de produção e comercialização da cocaína, controlando importantes regiões do país. Sua ação é extremamente violenta, com ataques armados contra alvos colombianos, atentados a bomba aos escritórios norte-americanos, sequestros e assassinatos.
Bandeira das Farc
  Um dos episódios mais conhecidos na história recente dessa organização foi o sequestro de Ingrid Betancourt, candidata à presidência do país em 2002. Ela ficou em cativeiro na floresta por seis anos e meio, e foi resgatada, juntamente com outros 14 reféns, pelo exército nacional.
Área de atuação das Farc em território colombiano até 2015
  Há algum tempo, as Farc vêm perdendo força e prestígio pela própria resistência da população e também pelo fato de terem perdido seus principais líderes, assassinados e detidos pelo exército do país.
  Mesmo com a implantação de programas especiais promovidos pelos Estados Unidos na América Latina, que reduziu hectares de cultivo de coca, a Colômbia continua sendo a principal produtora mundial de cocaína.
Guerrilheiros das Farc
O Exército de Libertação Nacional (ELN)
  O Exército de Libertação Nacional da Colômbia (ELN) é uma organização guerrilheira de inspiração comunista e de caráter político-militar, criado em Simacota, em 4 de julho de 1964, por Fabio Vasquez Castaño, inspirado pela experiência bem sucedida da Revolução Cubana. É o segundo maior grupo rebelde da Colômbia.
Bandeira da ELN
  Uma parte significativa dos rendimentos do ELN advêm do "imposto da guerra", a que sujeita as companhias petrolíferas, e dos sequestros a troco de resgate. Esse grupo é o principal responsável pela maioria dos sequestros na Colômbia.
  O ELN teve seu o seu apogeu durante a segunda metade da década de 1990, quando contou com cerca de 35 mil guerrilheiros.
Guerrilheiros da ELN
As Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC)
  As Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC) é um grupo paramilitar colombiano. Foi responsável por retaliações contra os grupos rebeldes Farc e ELN.
  As atividades da organização se caracterizaram pela sua barbárie e anticomunismo, sendo responsável por numerosos assassinatos e massacres de civis e sindicalistas.
  A milícia teve suas raízes na década de 1980, quando milícias foram estabelecidas por chefes do tráfico de drogas para combater sequestros rebeldes e extorsão por parte de guerrilheiros comunistas.
Guerrilheiros da AUC
ALGUNS DADOS SOBRE A COLÔMBIA
NOME: República da Colômbia
INDEPENDÊNCIA: da Espanha
Declarada: 20 de julho de 1810
Reconhecida: 7 de agosto de 1819
CAPITAL: Bogotá
Centro Financeiro de Bogotá
GENTÍLICO: colombiano (a)
LÍNGUA OFICIAL: espanhol
GOVERNO: República Presidencialista Unitária
LOCALIZAÇÃO: América do Sul
ÁREA: 1.138.914 km² - incluindo três distritos especiais e as ilhas de San Andrés e Providência, disputadas com a Nicarágua (25º)
POPULAÇÃO (ONU - Estimativa para 2019): 46.077.850 habitantes (30°)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 40,45 hab./km² (137°). Obs: a densidade demográfica, densidade populacional ou população relativa é a medida expressa pela relação entre a população total e a superfície de um determinado território.
CRESCIMENTO POPULACIONAL (ONU - Estimativa 2019): 1,27% (105°). Obs: o crescimento vegetativo, crescimento populacional ou crescimento natural é a diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade de uma  determinada população.
CIDADES MAIS POPULOSAS (Estimativa para 2019):
Bogotá: 9.588.045 habitantes
Bogotá - capital e maior cidade da Colômbia
Medellín: 3.183.201 habitantes
Medellín - segunda maior cidade da Colômbia
Cáli: 2.374.381 habitantes
Cáli - terceira maior cidade da Colômbia
PIB (FMI - 2018): US$ 336,940 bilhões (39º). Obs: o PIB (Produto Interno Bruto), representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região (quer sejam países, estados ou cidades), durante um período determinado (mês, trimestre, ano).
PIB PER CAPITA (FMI 2018): US$ 6.084 (81°). Obs: o PIB per capita ou renda per capita é o Produto Interno Bruto (PIB) de um determinado lugar dividido por sua população. É o valor que cada habitante receberia se toda a renda fosse distribuída igualmente entre toda a população. 
IDH (ONU - 2018): 0,747 (90°). Obs: o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é uma medida comparativa usada para classificar os países pelo seu grau de desenvolvimento econômico e a qualidade de vida oferecida à população. Este índice é calculado com base em dados econômicos e sociais, variando de 0 (nenhum desenvolvimento humano) a 1 (desenvolvimento humano total). Quanto mais próximo de 1, mais desenvolvido é o país. No cálculo do IDH são computados os seguintes fatores: educação (anos médios de estudos), longevidade (expectativa de vida da população) e PIB per capita. A classificação é feita dividindo os países em quatro grandes grupos: baixo (de 0,0 a 0,500), médio (de 0,501 a 0,800), elevado (de 0,801 a 0,900) e muito elevado (de 0,901 a 1,0).
  Muito alto
  Alto
  Médio
  Baixo
  Sem dados
Mapa do IDH
EXPECTATIVA DE VIDA (OMS - 2018): 72,92 anos (92º). Obs: a expectativa de vida refere-se ao número médio de anos para ser vivido por um grupo de pessoas nascidas no mesmo ano, se a mortalidade em cada idade se mantém constante no futuro, e é contada da maior para a menor.
TAXA DE NATALIDADE (ONU - 2018): 20,16/mil (97º). Obs: a taxa de natalidade é a porcentagem de nascimentos ocorridos em uma população em um determinado período de tempo para cada grupo de mil pessoas, e é classificada do maior para o menor.
TAXA DE MORTALIDADE (CIA World Factbook 2018): 5,58/mil (159º). Obs: a taxa de mortalidade ou coeficiente de mortalidade é um índice demográfico que reflete o número de mortes registradas, em média por mil habitantes, em uma determinada região por um período de tempo e é classificada do maior para o menor.
TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL (CIA World Factbook - 2018): 15,92/mil (118°). Obs: a taxa de mortalidade infantil refere-se ao número de crianças que morrem no primeiro ano de vida entre mil nascidas vivas em um determinado período, e é classificada do menor para o maior.
Mapa da taxa de mortalidade infantil no mundo
TAXA DE FECUNDIDADE (CIA World Factbook - 2018): 1,98 filhos/mulher (121º). Obs: a taxa de fecundidade refere-se ao número médio de filhos que a mulher teria do início ao fim do seu período reprodutivo (15 a 49 anos), e é classificada do maior para o menor.
Mapa da taxa de fecundidade no mundo
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2018): 93,6% (113º). Obs: essa taxa refere-se a todas as pessoas com 15 anos ou mais que sabem ler e escrever.
Mapa da taxa de alfabetização no mundo
TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2018): 74,4% (47°). Obs: essa taxa refere-se a porcentagem da população que mora nas cidades em relação à população total.
Mapa da taxa de urbanização no mundo
MOEDA: Peso Colombiano
RELIGIÃO: católicos romanos (83,1%), protestantes (12,9%), sem religião (2,45%), outras religiões (1,55%).
Santuário de Nuestra Señora de Las Lajas, em Ipiales - Colômbia
DIVISÃO: a Colômbia é dividida em 32 departamentos e um distrito capital que é tratado como um departamento (Bogotá serve também como a capital do departamento de Cundinamarca). Os departamentos são divididos em municípios, por sua vez subdivididos em corregimientos. Cada departamento tem um governo local com governador e assembleia eleitos por sufrágio universal para um mandato de quatro anos. Cada município é dirigido por um prefeito e um conselho e cada corregimiento por um corregedor eleito ou líder local. Além da capital, outras dez cidades foram designadas  distritos (municípios com efeito especial), com base em características distintivas especiais. Trata-se de Barranquila, Cartagena, Santa Marta, Cúcuta, Popayán, Bucaramanga, Tunja, Turbo, Buenaventura e Tumaco. Alguns departamentos têm subdivisões administrativas locais, onde as cidades têm uma grande concentração populacional e municípios estão próximos uns dos outros. Os departamentos são: (os nomes entre parênteses são suas respectivas capitais): Amazonas (Letícia); Antioquia (Medelim); Arauca (Arauca); Atlântico (Barranquila); Bolívar (Cartagena); Boyacá (Tunja); Caldas (Manizales); Caquetá (Florencia); Casanare (Yopal); Cauca (Popayán); Cesar (Valledupar); Chocó (Quibdó); Córdoba (Montería); Cundinamarca (Bogotá); Guainía (Puerto Inírida); Guaviare (San José del Guaviare); Huila (Neiva); La Guajira (Riohacha); Magdalena (Santa Marta); Meta (Villavicencio); Nariño (Pasto); Norte de Santander (Cúcuta); Patumayo (Mocoa); Quindío (Armenia); Risaralda (Pereira); San Andrés, Providencia e Santa Catalina (San Andrés); Santander (Bucaramanga); Sucre (Sincelejo); Tolima (Ibagué); Valle del Cauca (Cáli); Vaupés (Mitú); Vichada (Puerto Carreño); Distrito Capital (Bogotá).
Mapa da divisão da Colômbia
REFERÊNCIA: Projeto Apoema geografia 8 / Cláudia Magalhães ... [et al.]. -- 2. ed. -- São Paulo: Editora do Brasil, 2015. -- (Projeto Apoema: v. 8).

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