Nos anos 1960, lia-se com frequência nos jornais e revistas que o mundo estava dividido entre os blocos socialista e capitalista. Havia até mesmo um grande temor de uma nova guerra mundial de dimensões até maiores que as anteriores, por causa dos interesses conflitantes desses blocos.
Ideologia é um conjunto de ideias ou pensamentos de uma pessoa ou de grupos de indivíduos. A ideologia pode está ligada à ações políticas, econômicas e sociais. O termo ideologia foi usado de forma marcante pelo filósofo Antoine Destutt de Tracy.
O conceito de ideologia foi muito trabalhado pelo filósofo alemão Karl Marx, que ligava a ideologia aos sistemas teóricos (políticos, morais e sociais) criados pela classe dominante. De acordo com Marx, a ideologia da classe dominante tinha como objetivo manter os mais ricos no controle da sociedade.
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Estátua de Robert Owen, em Manchester - Inglaterra |
A origem do socialismo
A origem da teoria socialista está diretamente relacionada ao contexto europeu do século XIX. Já nas primeiras décadas desse século, associações de operários começaram a reivindicar melhores condições de trabalho nas fábricas, que há algumas décadas começaram a surgir na Inglaterra, depois na França e em outros países europeus. Os operários reclamavam das péssimas condições de trabalho, da inexistência de direitos do trabalhador, dos baixíssimos salários e das longas jornadas de trabalho.
Nesse contexto, começaram a surgir pensadores que faziam críticas ao próprio sistema capitalista e propunham formas alternativas de organização do trabalho e da sociedade. Eles denunciavam a situação de exploração do trabalhador e buscavam modelos que permitissem alcançar maior igualdade social.
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A Revolução Industrial contribuiu para novos pensamentos em defesa dos trabalhadores |
Entre esses pensadores, encontra-se o francês Charles Fourier (1772-1837), um forte crítico da sociedade burguesa. Ao usarem o termo "sociedade burguesa", os fundadores do pensamento socialista estavam se referindo aos capitalistas e a todos os princípios que defendiam. Um dos maiores princípios burgueses é a defesa da propriedade privada.
Fourier acreditava que os seres humanos deveriam viver para alcançar o maior prazer individual possível. Só que estava evidente que a sociedade industrial não proporcionava isso ao impor aos trabalhadores longas e estafantes jornadas de trabalho em troca de salários miseráveis. Fourier defendia que a sociedade deveria se organizar com base em cooperativas, nas quais as tarefas e os benefícios do trabalhador seriam partilhados por todos os cooperados.
Não haveria a propriedade privada, mas sim a propriedade coletiva. Em uma fábrica, por exemplo, os trabalhadores seriam cooperados e participariam em condição de plena igualdade das tarefas a serem executadas, recebendo igualmente os rendimentos advindos dessa atividade. Não haveria patrões e empregados, nem altos e baixos salários; todos seriam iguais. Para ele, esse seria o caminho para a implementação do socialismo, estágio em que a cooperação estaria disseminada pela sociedade e a felicidade do ser humano se tornaria possível com o fim da exploração dos trabalhadores.
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Charles Fourier - pensador francês |
Outro autor que pode ser considerado um dos fundadores do pensamento socialista é o inglês Robert Owen (1771-1858). Ele era proprietário de uma fábrica, mas discordava de que o lucro do proprietário fosse a maior finalidade de uma fábrica. Com o objetivo de melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores de sua fábrica, ele reduziu a jornada de trabalho e investiu na formação das crianças, além de contribuir para que os trabalhadores tivessem melhores condições de moradia e saúde.
Defensor do comunismo, que seria para ele um princípio de organização social no qual prevaleceria o trabalho comunitário, foi para os Estados Unidos e, em 1824, fundou uma colônia comunitária denominada Nova Harmonia, que fracassou em 1829.
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Robert Owen - empresário e pensador inglês |
Na primeira metade do século XIX, outros pensadores elaboraram novas teorias socialistas. Entre eles estão os alemães Karl Marx e Friedrich Engels, autores do Manifesto Comunista. Para eles, os socialistas que os antecederam eram "utópicos", pois não conseguiram construir um caminho possível para o socialismo. Marx e Engels autodenominavam-se fundadores do socialismo científico, cujo objetivo era fazer a crítica da sociedade capitalista e viabilizar o socialismo, ao que se seguiria o estágio mais avançado de sociedade: o comunismo.
Para eles, a História propriamente dita se constituía da história de luta de classes. Existiam aqueles que exerciam o domínio e aqueles que eram explorados, ou seja, de um lado estavam os patrões, os donos da riqueza; e de outro, os trabalhadores, população pobre, que precisava vender sua força de trabalho para obter dinheiro suficiente para seu sustento.
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Karl Marx (1818-1883) - pensador alemão |
Segundo essa teoria, na sociedade capitalista havia uma clara distinção entre os detentores da riqueza (os proprietários do capital) e os trabalhadores explorados. Enquanto os primeiros acumulavam cada vez mais riquezas, os segundos mal ganhavam o necessário para a sobrevivência. O capitalismo possui muitas desigualdades sociais, fato que levaria os trabalhadores a se organizar contra os próprios capitalistas, tornando possível uma revolução socialista. Os trabalhadores organizados tomariam o poder dos capitalistas.
A riqueza gerada pela sociedade capitalista e o desenvolvimento das forças produtivas seriam agora utilizados a favor dos trabalhadores em uma sociedade na qual as diferenças de classe seriam eliminadas.
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Friedrich Engels (1820-1895) - pensador alemão |
No socialismo de Marx e Engels, a propriedade privada seria eliminada, e toda riqueza seria redistribuída igualmente a todos pelo Estado. As fábricas, os bancos e as outras empresas pertenceriam ao Estado, que transformaria os lucros em bem-estar para a população. No estágio final (comunismo), até o Estado seria abolido.
Eles defendiam também a internacionalização da revolução socialista. Não acreditavam na possibilidade de uma sociedade socialista obter sucesso em um único país. Por isso, em 1864, foi criada a Associação Internacional dos Trabalhadores, mais conhecida com I Internacional (que fazia parte de um grupo de movimentos que ficariam conhecidos como Internacional Comunista). Essa organização estipularia objetivos e estratégias revolucionárias para os movimentos operários de várias partes do mundo.
Marx e Engels faleceram antes que uma revolução socialista conseguisse efetivamente tomar o poder de maneira duradoura. Isso só ocorreu pela primeira vez em 1917, com a Revolução Russa.
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Tumba de Karl Marx, no Cemitério de Highgate - Londres |
A Revolução Russa
Nos anos 1900, o movimento operário começou a ganhar força na Rússia, que era um império governado pelo Czar Nicolau II. A partir dos anos 1860, a Rússia passou por um forte processo de industrialização e os trabalhadores se organizaram para reivindicar melhores salários e condições de trabalho.
Em 1905, centenas de pessoas morreram no chamado Domingo Sangrento, quando o czar ordenou que suas tropas reprimissem uma manifestação pacífica por melhores condições de vida. Com isso, aumentou a pressão popular pelo fim do Império.
O Domingo Sangrento foi um massacre que aconteceu em 22 de janeiro de 1905 na cidade de São Petersburgo, onde manifestantes marcharam pacificamente até o Palácio de Inverno para apresentar uma petição ao czar, mas foram baleados pela Guarda Imperial. A marcha foi organizada pelo padre George Gapon, que colaborou com Sergei Zubatov da Okhrana, a polícia secreta czarista, para destruir organizações de trabalhadores. Os grupos envolvidos nesse conflito foram a população no geral, os partidos e os movimentos revolucionários, que tiveram também seu início após esse episódio.
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O massacre do Domingo Sangrento em São Petersburgo |
Em 1906, o governo czarista transformou a Rússia em uma monarquia constitucional, sendo criado o Parlamento Russo, a Duma. Começaram a surgir também os sovietes, conselhos de autogestão que reuniam representantes de fábricas.
Com o início da Primeira Guerra Mundial, a Rússia aliou-se à França na luta contra a Alemanha, fato que elevou seus gastos e agravou a já difícil situação econômica do país. Ocorreram muitas greves e protestos e, em 1917, o czar foi deposto.
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Soldados e civis se manifestam durante a Revolução Russa de 1917 |
Foi instalado um governo provisório sob a liderança de Alexander Kerenski, membro de um dos partidos socialistas mais moderados. Faziam parte desse governo membros de diversos partidos. Entre eles o Partido Operário Social Democrata Russo, dividido entre mencheviques e bolcheviques.
Os mencheviques acreditavam que era necessário a Rússia passar pelo estágio de desenvolvimento capitalista para depois se transformar em socialista. Em oposição a eles, os bolcheviques defendiam a instalação imediata do socialismo e do fortalecimento dos sovietes. Entre os principais líderes desse grupo estavam Vladimir Ilitch Ulianov (1870-1924), conhecido como Lênin, e Leon Trotsky (1879-1940). Eles eram contrários à formação de uma república parlamentar e defendiam o confisco dos latifúndios e a nacionalização das terras, fábricas e bancos.
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Vladimir Ilitch Ulianov (Lênin) - político e teórico político russo |
O Partido Bolchevique foi posto na ilegalidade e Lênin passou a ser perseguido pelo governo provisório. Ao mesmo tempo, os sovietes, diretamente ligados às lideranças operárias, ganhavam cada vez mais força e apoiavam Lênin.
Assim, em outubro de 1917, foi organizado um comitê revolucionário com o intuito de derrubar o governo provisório. Sob a liderança de Trotsky, foi criado o Exército Vermelho, formado por soldados desertores e operários, que conseguiram dominar as forças militares do governo menchevique e depor Kerenski. Foi criado o Conselho de Comissários do Povo, o novo governo russo que seria presidido por Lênin.
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Alexander Kerenski (1881-1970) |
Após a revogação da Assembleia Constituinte, que deveria criar as bases de um governo multipartidário, o governo bolchevique fundou a República Soviética Russa. Entre as primeiras medidas tomadas pelos bolcheviques, estavam a reforma agrária e a estatização das indústrias e dos bancos.
No entanto, os bolcheviques sofreram a resistência armada dos mencheviques e dos czaristas que pretendiam derrubar o governo socialista. Instaurou-se, assim, uma longa guerra civil que se estendeu até 1921. Somente nesse ano, consolidou-se a vitória dos partidários de Lênin.
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Leon Trotsky - intelectual marxista e revolucionário bolchevique |
Em 1921, Lênin instituiu a Nova Política Econômica (NEP), que estimulou a pequena produção privada e o livre-comércio para normalizar o abastecimento e desenvolver a economia. Em uma combinação de planejamento estatal socialista com as práticas capitalistas de mercado. Recorrer a essas práticas capitalistas era uma forma de acelerar a construção de uma economia socialista mais sólida.
Como defensores da internacionalização da revolução socialista, os bolcheviques criaram, em 1922, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Expandir a revolução ao maior número de países possível, era uma forma de se defender das economias capitalistas e de consolidar o socialismo.
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Mapa da União Soviética |
Lênin morreu em 1924, e um grande desafiou rondou seus partidários: encontrar seu substituto. Um dos aspirantes ao cargo era Trotsky, líder da revolução ao lado de Lênin. Além dele, Josef Stalin, secretário-geral do partido, que defendia o "socialismo em um só país", ou seja, o fortalecimento interno do regime antes da internacionalização da revolução socialista.
Já Trotsky defendia a chamada "revolução permanente". Para ele o sucesso do socialismo dependia da sua capacidade de difundir-se pelo restante do mundo, minando o capitalismo. Stalin foi o escolhido pelo Partido Comunista, apoiado por parte do exército, e governou a União Soviética até 1953, quando morreu.
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Josef Stalin (1878-1953) |
Em 1925, o Partido Operário Social-Democrata Russo foi transformado em Partido Comunista da União Soviética (PUCS). Esse era um partido único (não era permitida a existência de outros) e deveria reprimir os inimigos do socialismo.
Stalin conseguiu fortalecer a socialização da economia russa, ao mesmo tempo que modernizou e incrementou a indústria. Entretanto, governou de maneira ditatorial, perseguindo seus opositores políticos no país.
Um de seus principais opositores, Trotsky, foi exilado em 1929 e assassinado no México, em 1940. Milhões de pessoas que se opunham às diretrizes de Stalin foram eliminadas ou enviadas para campos de trabalhos forçados na Sibéria.
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Campo de trabalho forçado na Sibéria |
Após a morte de Stalin, vários outros governos se sucederam, só ocorrendo um processo efetivo de abertura política nos anos 1980, quando Mikhail Gorbachev assumiu o poder. Gorbachev propôs uma reforma econômica (Perestroika) e uma reforma política (Glasnost). O objetivo era descentralizar o poder e reestruturar a economia.
Para isso, pôs fim ao regime de partido único, permitindo a criação de novos partidos políticos. Em 1990, Boris Yeltsin, defensor de uma grande abertura política e econômica, foi eleito presidente do Congresso do Povo das Repúblicas Russas e do Soviete Supremo da Rússia.
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Mikhail Gorbachev |
Em dezembro de 1991, Yeltsin articulou o fim da União Soviética, sendo fundada a Comunidade dos Estados Independentes (CEI), que reunia a maioria dos antigos países da URSS. A partir de então, ocorreu um rápido processo de transformação econômica, no qual muitas repúblicas soviéticas foram aderindo ao capitalismo de mercado. A propriedade privada voltou a dominar e grandes empresas capitalistas mundiais passaram a realizar negócios nesses países.
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Boris Yeltsin (1931-2007) |
A Revolução Chinesa
Em 1949, ocorreu a revolução socialista na China. No entanto, a história desse movimento revolucionário começou a se construir nos anos 1920, quando foi fundado o Partido Comunista.
Em 1927, o Partido Comunista foi colocado na ilegalidade pelo governo de Chiang Kai-shek, líder do Kuomintang, partido que governava o país com o apoio de empresários capitalistas. Nesse contexto, sob a liderança de Mao Tsé-tung, os comunistas começaram a mobilizar os camponeses contra o governo de Chiang Kai-shek. Em 1928, foi criado o Exército Vermelho, que tomava terras de proprietários para redistribuir aos camponeses. As massas camponesas foram se tornando, aos poucos, a principal força da revolução comunista.
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Chiang Kai-shek (1887-1975) |
Em 1934, Chiang Kai-shek começou a perseguir os comunistas que atuavam no campo. Com isso, teve início a Longa Marcha, quando os comunistas se retiraram de suas áreas de atuação e aproximadamente 100 mil soldados vermelhos se dirigiram para o norte do país com o objetivo de ampliar suas forças militares contra o governo nacionalista de Chiang Kai-shek. Após um ano de marcha, o grupo ficou bastante reduzido, pois muitos foram mortos pelo exército nacionalista ou morreram de fome. Apesar dessas dificuldades, o apoio aos comunistas liderados por Mao Tsé-tung continuava crescendo.
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Mao Tsé-tung (1893-1976) |
No ano de 1940, o Exército Vermelho continuou a promover a reforma agrária no interior do país e aumentou ainda mais o apoio popular aos comunistas e a Mao Tsé-tung. Em 1949, o Exército Vermelho conseguiu tomar Pequim. Meses depois os comunistas proclamaram a República Popular da China, tendo Mao como presidente.
O episódio obrigou Chiang Kai-shek a se refugiar na ilha de Formosa (Taiwan), que foi reconhecida como sede do governo chinês por vários países , entre eles os Estados Unidos. Dessa forma, os países que lutavam contra o comunismo procuraram isolar a China e o governo de Mao Tsé-tung. O país aproximou-se então da União Soviética, mas ocorreram disputas territoriais e discordância política entre eles. Os russos não admitiam que os chineses tivessem o seu próprio arsenal atômico, e os chineses, por sua vez, acusavam os russos de manterem uma atuação imperialista na Ásia e em parte da Europa.
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Mao Tsé-tung proclama a República Popular da China, em 1949 |
Uma vez no poder, Mao Tsé-tung criou um plano de desenvolvimento econômico e estimulou o desenvolvimento industrial da China, além de combater a fome. Nos anos 1950, foram criadas as comunas populares, unidades coletivas de produção que executavam tanto a produção agrícola como o processo de industrialização de muitos produtos.
Nos anos 1960, ocorreu na China o que se chama de Revolução Cultural, a qual procurou radicalizar a implementação dos ideais revolucionários e fazer a crítica dos valores burgueses. Estimulou-se a crítica às relações hierárquicas e pregou-se a igualdade social, mas ocorreu também a perseguição de intelectuais e militantes contrários às ideias veiculadas pelo Partido Comunista.
O movimento opunha-se à burocracia que tomava conta do partido e existiu entre 1966 e 1969, quando, sob o risco de uma guerra civil, Mao Tsé-tung ordenou sua dissolução.
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Cartaz sobre a Revolução Cultural Chinesa |
Em 1976, Mao Tsé-tung faleceu e iniciou-se um processo de transformação da economia chinesa com Deng Xiaoping no poder. Começou a ser empreendida a abertura da economia chinesa ao mercado internacional, que, nos anos 1980, denominou-se economia socialista de mercado. Foi permitido que empresas capitalistas estrangeiras instalassem indústrias no país. O Estado interveria para evitar e reduzir as desigualdades sociais, mas a produção da riqueza teria origem na indústria capitalista.
Nesse período foram criadas as chamadas Zonas Econômicas Especiais (ZEEs), que permitiram a instalação de grandes indústrias estrangeiras com vantagens fiscais e baixo custo de salários, que seriam compensados pelos benefícios oferecidos pelo Estado, como educação, saúde e preços subsidiados aos trabalhadores. Dessa forma, a China despontou como uma grande força econômica no mercado mundial, exportando produtos para todo o mundo com preços muito competitivos.
Nos primeiros anos do século XXI, a China vem sustentando um grande índice de desenvolvimento econômico. No entanto, esse crescimento tem provocado riscos ao meio ambiente, com o aumento da poluição das águas e do ar, além do risco de esgotamento dos recursos naturais.
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Mapa econômico da China |
A Revolução Cubana
Em 1959, Cuba foi o primeiro país da América a fazer uma revolução socialista.
Até 1897, o país foi uma colônia espanhola. A independência cubana ocorreu sob a liderança de José Martí e com o apoio dos Estados Unidos, que lutou contra a Espanha.
No entanto, a liberdade cubana logo se transformou em dependência dos Estados Unidos. Em 1901, o Congresso cubano aprovou a emenda Platt, que permitia a interferência estadunidense na sociedade cubana. Com a emenda, os Estados Unidos puderam instalar uma base militar em Guantánamo, ampliando sua presença militar no continente. A região se transformou em importante centro turístico, onde estavam presentes cassinos e casas de prostituição. Além disso, empresas estadunidenses dominavam o comércio de produtos locais, como o açúcar e o fumo.
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Base Naval de Gaunatánamo |
Mesmo com a revogação da emenda Platt em 1933, os Estados Unidos continuaram a exercer grande influência sobre a ilha. Nos anos 1930, um movimento nacionalista lutava contra a interferência estadunidense. Em 1952, Fulgêncio Batista tronou-se presidente de Cuba por meio de um golpe militar apoiado pelos Estados Unidos. Instalou uma ditadura no país e mandou prender os nacionalistas que se opunham ao regime.
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Fulgêncio Batista (1901-1973) |
Foi nesse contexto que surgiram lideranças como Fidel Castro e Ernesto Che Guevara, que faziam oposição à ditadura de Fulgêncio Batista. Em 1953, Castro, que era estudante da Universidade de Havana, organizou um ataque ao quartel de La Moncada, em Santiago. Foi a primeira tentativa de abalar as bases do governo de Batista. No entanto, com o fracasso militar do movimento, Fidel Castro acabou preso.
Em 1955, Fidel Castro foi anistiado e partiu para o México, onde, junto com Ernesto Che Guevara e outros guerrilheiros, começou a organizar um movimento contra o governo cubano. Voltaram para o país em 1956 e, depois de nova tentativa fracassada contra o governo de Batista, refugiaram-se na região de Sierra Maestra, onde obtiveram o apoio de grupos guerrilheiros e de parte da população camponesa.
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Fidel Castro na prisão, em julho de 1953, após o assalto ao Quartel de La Moncada |
A partir de 1957, as precárias condições de vida da população cubana resultaram em greves, protestos e crescente apoio ao grupo revolucionário. Em 1958, os partidários de Fidel já dominavam parte da ilha, tendo criado hospitais, fábricas e escolas. No segundo semestre desse ano, os revolucionários marcharam rumo a Santiago e depois em direção a Havana, onde chegaram em janeiro de 1959. Sem ter como resistir às forças rebeldes, Batista deixou Havana sob ameaça dos guerrilheiros. Em fevereiro, Fidel assumiu o poder.
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Fidel Castro saúda a multidão após a sua entrada em Havana, em 1959 |
Dentre as primeiras medidas do novo governo, destacam-se a redução de preços em vários setores essenciais da economia, o combate à prostituição e o fechamento dos cassinos, além de ser anunciada a reforma agrária.
A partir de 1961, Cuba começou a caminhar mais decisivamente na direção do socialismo, e empresas estadunidenses sofreram intervenção do governo.
Ocorreu nesse ano o alinhamento com a União Soviética e foi criado o Partido Único da Revolução Socialista, depois chamado de Partido Comunista Cubano (PCC).
Com isso, houve o rompimento definitivo das relações políticas e diplomáticas entre os Estados Unidos e Cuba.
Nesse mesmo ano, aviões estadunidenses bombardearam Santiago e invadiram uma praia na Baía dos Porcos, na porção sul da ilha, mas o exército de Fidel conseguiu conter o avanço das tropas dos Estados Unidos.
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Grupo de contra-revolucionários cubanos, membros da Brigada de Assalto 2506, é capturado na Baía dos Porcos, após tentativa fracassada de invasão apoiada pelos Estados Unidos |
No ano seguinte, os Estados Unidos decretaram o bloqueio econômico a Cuba, impondo sanções aos países que mantivessem relações comerciais com a ilha. Assim, Cuba tornou-se dependente do bloco socialista para obter insumos como petróleo, remédios e vários produtos industrializados. O país teve que realizar um grande racionamento para sobreviver ao bloqueio.
Do ponto de vista social, a revolução obteve sucesso quanto à melhoria das condições de vida da população. O analfabetismo foi erradicado, a população goza de boa infraestrutura de saúde, não faltam escolas e o desemprego é muito baixo quando comparado ao das economias capitalistas.
No entanto, os adversários políticos do regime cubano no mundo capitalista condenam a presença da censura e a impossibilidade de constituir um pensamento crítico ou divergente em relação ao governo socialista.
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Fidel Castro (1926-2016), em Washington (EUA) em abril de 1959 |
REFERÊNCIA: Campos, Flávio de
Oficina de história: volume 2 / Flávio de Campos, Júlio Pimentel Pinto, Regina Claro. -- 2. ed. -- São Paulo: Leya, 2016.