A Etiópia é um país encravado no Chifre da África, sendo um dos mais antigos do mundo. É a segunda nação mais populosa da África. Considerando que a maioria dos Estados africanos têm menos de um século de idade, a Etiópia foi um país independente continuamente desde tempos passados. Um Estado monárquico que ocupou a maioria de sua história, a Dinastia Etíope tem suas raízes no século X a.C.. Quando o continente africano foi dividido entre as potências europeias na Conferência de Berlim, a Etiópia foi um dos dois únicos países que mantiveram sua independência (o outro foi a Libéria). A Etiópia foi uma das três nações africanas que fizeram parte da criação da Liga das Nações (além da Libéria e África do Sul) e, após um breve período de ocupação italiana, o país tornou-se membro das Nações Unidas.
Quando as outras nações africanas se tornaram independentes após a Segunda Guerra Mundial, muitas delas adotaram cores da bandeira da Etiópia, e Adis Abeba tornou-se a sede de várias organizações internacionais focadas na África. Atualmente, a capital etíope é sede da União Africana e da Comissão das Nações Unidas para a África.
Além de ser um país antigo, a Etiópia é um dos sítios de existência humana mais antigos e, segundo especialistas, foi no seu território que surgiu o Homo sapiens.
O território da Etiópia assenta-se sobre quatro formações geológicas:
As regiões mais elevadas possuem temperaturas que variam de 0 ºC a 16 ºC; a zona temperada, nas elevações entre 1.500 metros e 2.400 metros, possui temperaturas que variam de 16 ºC a 30 ºC; a zona mais quente, onde as altitudes são inferiores a 1.500 metros, tem condições tropicais e áridas, com temperaturas diurnas variando entre 27 ºC e 50 ºC. A estação chuvosa normal vai de meados de junho a meados de setembro (com maiores precipitações nos planaltos do sul), precedido por chuvas intermitentes de fevereiro a março; o restante do ano, geralmente é seco.
A Etiópia é um país ecologicamente diversificado, possuindo desde desertos ao longo da fronteira oriental, às florestas tropicais no sul e ao extenso Afromontane (sub-regiões do reino afrotropical) nas partes norte e sudoeste. O Lago Tana, ao norte, é a fonte do Nilo Azul. O país tem um grande número de espécies endêmicas, notavelmente o gelada e o lobo-etíope. Outra planta endêmica da Etiópia é o café, originária das terras altas do país. A ampla gama de altitudes, deu ao país uma variedade de áreas distintas ecologicamente, ajudando a estimular a evolução de espécies endêmicas por isolamento ecológico.
Entre o vale do Nilo Azul e a fronteira da Etiópia com a Eritreia, há uma região de elevados planaltos, onde se localizam várias cadeias de montanhas. Estes planaltos e montanhas constituem as Terras Altas da Etiópia. Em quase todos os lugares, as paredes dos planaltos têm subidas abruptas, constituindo em cadeias montanhosas. As Terras Altas servem como divisão orográfica do país.
Os picos mais altos do território etíope são encontrados nas serras de Semien e Bale. As montanhas Semien situam-se a nordeste do Lago Tana e tem seu cume no pico coberto de neve, com destaque para o Ras Dashan, que possui uma altitude de 4.550 metros e é o ponto mais elevado da Etiópia.
Poucos quilômetros a leste e a norte do Ras Dashan, situam-se os montes Biuat e Abba Yared, com 4.437 e 4.460 metros, respectivamente. As montanhas Bale são separadas da maior parte das terras altas pelo Rift Valley, um dos maiores e mais profundos abismos, não só da Etiópia, como também de toda a África. Os picos mais altos das montanhas Bale são o Tullu Dimtu (4.377 metros), o Batu (4.307 metros), o Chilalo (4.036 metros) e o Monte Kaka (3.820 metros).
Paralelo à escarpa oriental, há algumas elevações, como os montes Biala (3.810 metros), Abuna Yosef (4.190 metros) e Kollo (4.300 metros). Entre o Lago Tana e e as colinas do leste encontram-se os montes Guna (4.210 metros) e o Uara Sahia (3.960 metros). Nas montanhas Choga, o Monte Choga (também chamado de Monte Birhan), possui uma altitude de 4.154 metros.
O Monte Chukalla é um antigo vulcão, atualmente inativo, localizado na região de Oromia. Está localizado na sub-região de Woreda, e sobe de uma planície a 30 quilômetros ao sul de Debre Zeyit. É conhecido pelo seu lago elíptico, formado na cratera vulcânica, que é chamado Lago Dembel.
A maioria dos planaltos da Etiópia têm uma inclinação que desce na direção noroeste, de modo que quase todos os rios fluam nesta direção ao rio Nilo, compreendendo cerca de 85% da água do país. Assim como os rio Tekezé ao norte, Abay no centro, e o Sobat ao sul, cerca de quatro quintos de toda a rede hidrográfica do país é descarregado nessas três artérias. O restante é levado pelo Awash, que corre ao longo da fronteira com o Djibuti; pelos rios Shebelle e Jubba, que fluem a sudeste através da Somália (embora o Shebelle não consiga chegar ao Índico); e pelo Omo, o principal distribuidor de águas da bacia endorreica (área na qual a água não flui superficialmente, por rios, até o mar) do Lago Turkana.
O rio Tekezé, que é, na verdade, o curso superior do rio Atbarah, tem suas nascentes no planalto central e possui descidas que vão de 2.100 a 750 metros. A enorme fenda da qual ele flui para oeste e norte, forma a parte da fronteira com a Eritreia, e percorre seu caminho em terras ocidentais até chegar ao Sudão. Durante o período chuvoso, seu volume chega a aumentar cerca de 5 metros acima do normal e, nesta época, forma uma barreira intransponível entre as regiões norte e central, por isso, ele e conhecido por "Terrível". No seu baixo curso, o rio é conhecido pelo nome árabe de Setit, e, no Sudão, se torna afluente do Atbarah.
O rio Gash, ou Mareb, que forma a fronteira com a Eritreia, é o mais setentrional dos rios de planalto que fluem em direção ao vale do Nilo. Sua nascente flui em direção ao escapamento leste por cerca de 80 quilômetros até a Baía Annesley, no Mar Vermelho. Ele atinge as planícies do Sudão, e suas águas estão sujeitas a cheias repentinas durante a temporada chuvosa. Apenas a margem esquerda no curso superior do rio pertence ao território etíope.
O rio Abay - que é o curso superior do Nilo Azul -, se origina no Monte Denguiza, nas montanhas Choga e flui primeiramente por cerca de 110 quilômetros próximo ao monte devido à margem norte e sul do Lago Tana. O Lago Tana, que mede de 750 metros a 1.000 metros abaixo do nível normal do planalto, tem o aspecto físico de uma cratera inundada, possuindo uma área de 2.800 km², e uma profundidade, em algumas partes, de 75 metros. No sudeste, a borda da cratera é aberta por uma fenda profunda através do qual o Abay segue seu caminho até as planícies de Sennar, onde recebe o nome de Bahr-el-Azrak ou Nilo Azul.
O Abay possui muitos afluentes, com destaque para os rios Bashilo, Jamma, Muger, Didessa (o maior afluente do Abay), Dabus, dentre outros. Todos eles são rios perenes. Os afluentes da margem direita fluem principalmente no lado ocidental do planalto, possuem declives acentuados e são geralmente de caráter torrencial.
O principal rio da Etiópia que flui na direção leste é o rio Awash, que nasce nas terras altas de Shewan e perfaz uma curva semicircular a sudeste e nordeste. Ele alcança a depressão de Afar através de uma grande fenda na escarpa oriental do planalto, do qual ele é unido na sua margem esquerda por seu principal afluente, o Germana (ou Kasam), e depois volta em direção ao Golfo de Tadjoura. Lá, o Awash segue um fluxo de 60 quilômetros de comprimento e 1,2 de largura, mesmo na época da seca. Durante as cheias, o rio alcança uma largura de 15 a 20 metros acima do nível do mar, inundando as planícies por muitos quilômetros ao longo de suas margens. Após um curso sinuoso de cerca de 800 quilômetros, passa, em sua parte inferior, por várias lagoas até chegar ao Lago Abbe, na fronteira com o Djibuti, onde o rio desaparece. Este fenômeno notável é explicado pela posição do lago, que se encontra no centro de uma depressão com salinas lacustres há vários metros abaixo do nível do mar.
Enquanto a maioria das outras lagoas são altamente salinizadas, com incrustações de sal rodeando suas margens, o Abbe permanece fresco durante todo o ano, devido à grande massa de água lançada pelo Awash.
A Depressão de Afar (também chamada de Depressão de Danakil ou Triângulo de Afar) é a região do Chifre da África onde as placas Africana, Arábica e Indiana estão se separando e nelas se origina o Rift Valley (ou Vale do Rift).
Mapa da Etiópia |
Além de ser um país antigo, a Etiópia é um dos sítios de existência humana mais antigos e, segundo especialistas, foi no seu território que surgiu o Homo sapiens.
Crânio de Lucy, um fóssil de Australopithecus afarensis de 3,2 milhões de anos, que foi encontrado no deserto de Afar, Etiópia |
GEOGRAFIA
A Etiópia faz fronteira com o Sudão e o Sudão do Sul a oeste, com Djibuti e a Eritreia ao norte, com a Somália a leste, e com o Quênia ao sul. A maior parte do território etíope se situa no Chifre da África, que é a parte mais oriental do continente africano.O território da Etiópia assenta-se sobre quatro formações geológicas:
- as rochas do Pré-Cambriano, com mais de 540 milhões de anos, formam o complexo basal da Etiópia;
- a base Pré-Cambriana está coberta por outras formações geológicas mais recentes, exceto em alguns lugares ao norte, oeste e sul, onde se encontram expostas camadas rochosas de granito e xisto;
- processos geológicos da era Mesozoica (que datam entre 245 e 66,4 milhões de anos) contribuíram com camadas sedimentares de calcário e arenito, muitas das quais erodidas por rochas vulcânicas;
- rochas sedimentares mais recentes encontram-se no norte do país e no fundo do Rift Valley, onde lavas do Terciário e Quaternário (que datam de 66,4 milhões de anos até o presente) formaram camadas de basalto que cobrem cerca de dois terços da Etiópia, com espessuras que variam de 300 até 3.000 metros.
Mapa topográfico da Etiópia |
Paisagem da Etiópia |
Propriedade rural na Etiópia |
Os picos mais altos do território etíope são encontrados nas serras de Semien e Bale. As montanhas Semien situam-se a nordeste do Lago Tana e tem seu cume no pico coberto de neve, com destaque para o Ras Dashan, que possui uma altitude de 4.550 metros e é o ponto mais elevado da Etiópia.
Ras Dashan - ponto mais elevado da Etiópia |
Montanhas Bale |
Monte Biuat |
Monte Chukalla |
Lago Turkana, entre a Etiópia e o Quênia |
Rio Tekezé - Etiópia |
O rio Abay - que é o curso superior do Nilo Azul -, se origina no Monte Denguiza, nas montanhas Choga e flui primeiramente por cerca de 110 quilômetros próximo ao monte devido à margem norte e sul do Lago Tana. O Lago Tana, que mede de 750 metros a 1.000 metros abaixo do nível normal do planalto, tem o aspecto físico de uma cratera inundada, possuindo uma área de 2.800 km², e uma profundidade, em algumas partes, de 75 metros. No sudeste, a borda da cratera é aberta por uma fenda profunda através do qual o Abay segue seu caminho até as planícies de Sennar, onde recebe o nome de Bahr-el-Azrak ou Nilo Azul.
Lago Tana - Etiópia |
Queda d'água no rio Abay - Etiópia |
Rio Awash - Etiópia |
Margens do Lago Abbe |
Localização do Triângulo de Afar |
Engloba terras da Eritreia, Etiópia e Djibuti, e é uma região de estresse da crosta terrestre, resultando no surgimento de fissuras, vulcões, escarpas, falhas, fumarolas (abertura na superfície terrestre e que emite vapor de água e gases) e fontes termais.
Fissura na Depressão de Afar provocada pelo afastamento das placas Africana, Arábica e Indiana, e que poderá dividir o continente africano ao meio |
Nessa região também está localizado o Lago Assal, que marca o ponto mais baixo do continente africano, a 155 metros abaixo do nível do mar. Devido à baixa elevação, o Mar Vermelho acabou inundando a Depressão de Afar, deixando para trás depósitos de sal que hoje são explorados por mercadores.
Lagos de sal na Depressão de Afar |
HISTÓRIA
A história da Etiópia está documentada como uma das mais antigas do mundo. Segundo descobertas recentes, a espécie Homo sapiens seria originária dessa região e daí teria se espalhado pelo planeta. Lucy, descoberta no Vale de Awash, é considerado o segundo mais antigo, preservado e mais completo fóssil adulto Australopithecus já encontrado. A espécie de Lucy é chamada Australopithecus afarensis, que significa "macaco do sul de Afar", região da Etiópia onde a descoberta foi feita. É estimado que Lucy tenha vivido na Etiópia há cerca de 3,2 milhões de anos atrás. Houve várias outras descobertas notáveis de fósseis no país, incluindo o fóssil humano mais antigo, Ardi ou Ardipithecus ramidus. O Ardipithecus ramidus é uma espécie de hominídeo, provavelmente bípede, e que poderia ter sido um dos antepassados da espécie humana.Paisagem da Depressão de Afar - nessa região foram encontrados os fósseis mais antigos do Homo sapiens |
Desde aproximadamente o século IV a.C., os gregos chamavam de "Etiópia" a todos os países com população de raça negra, sem distinguir reinos nem países. Portanto, a Etiópia, segundo os gregos, poderia ser a Núbia (região do vale do Nilo que atualmente é partilhada pelo Egito e pelo Sudão), ou poderia ser o Império de Axum, que se concentrava nos arredores da Eritreia e ao norte da Etiópia.
Parque das Estrelas, em Axum |
Após a queda dos Da'amat, no século IV a.C., a região veio a ser dominada por reinos sucessores menores, até a ascensão de um desses reinos durante o século I a.C., o Império Axumita (ou Império de Axum), ancestral da Etiópia moderna e medieval. Este reino estabeleceu bases nas terras altas do norte do Planalto Etíope e de lá, expandiu-se em direção ao sul.
Mapa do Império de Axum |
Obelisco de Axum |
No início do século XV, a Etiópia procurou realizar contatos diplomáticos com reinos europeus. Em 1508, a Etiópia mantém suas primeiras relações contínuas com um país europeu, Portugal, que ajudou o país na guerra Etíope-Adal. Esta guerra foi uma das primeiras guerras por procuração, quando o Império Otomano e Portugal tomaram conta das partes envolvidas no conflito.
Castelo do Rei Fasilides |
Nazareth (também chamada de Adama) - com uma população de 264.993 habitantes (estimativa 2018) é a quarta maior cidade da Etiópia |
O isolacionismo etíope terminou após uma missão britânica que promoveu uma aliança entre as duas nações. Em 1855 chega ao poder o Imperador Tewodros II, que promoveu a união entre os etíopes e modernizou o país, promovendo uma maior abertura externa.
Apesar de ter promovido uma união, o governo de Tewodros II sofreu com várias rebeliões. Milícias Oromos do norte, rebeliões tigrínias e as constantes incursões do Império Otomano e forças etíopes próximas ao Mar Vermelho, levaram ao enfraquecimento e a queda do Imperador, que morreu em uma batalha com uma força expedicionária britânica. Em 1868, a Etiópia e o Egito entraram em guerra. As forças do norte da Etiópia, lideradas pelo Imperador Yohannes IV, derrotaram os egípcio.
Bahir Dar - com uma população de 209.151habitantes (estimativa 2018) é a quinta maior cidade daEtiópia |
Entre 1884/85 ocorre a Conferência de Berlim e, nesse período, a Etiópia começa seu processo de modernização, além da rivalização entre italianos e britânicos por influência em regiões vizinhas. Asseb, um porto próximo à entrada sul do Mar Vermelho, foi comprada em março de 1870 do sultão de Afar, vassalo do Imperador Etíope, por uma companhia italiana, a qual, em 1890, levou à colônia italiana de Eritreia. Conflitos entre os dois países resultaram na Batalha de Adwa, em 1896, através da qual os etíopes derrotaram os italianos e permaneceram independentes sob o governo de Menelik II. A Etiópia e a Itália assinaram um tratado provisório de paz em 25 de outubro de 1896.
Ilustração etíope mostrando seu lado durante a vitória, conduzida por São Jorge |
A violenta invasão italiana da Etiópia, em 1936, gerou intenso debate em torno da legitimidade dos povos ditos "civilizados".
De um lado estava a Etiópia, Estado africano independente que já havia derrotado os italianos em 1896, tornando-se assim a referência central para os movimentos africanos de autonomia. Sua história era uma das mais antigas do mundo. O território do poderoso e ancestral Reino de Axum foi local de confluência das três principais religiões monoteístas do globo: judaísmo, cristianismo e islamismo.
Haile Selassie (1892-1975) |
Do outro lado se colocava a Itália fascista de Benito Mussolini, que havia empregado todas as armas modernas, incluindo bombardeios aéreos e gases venenosos, para derrotar e dividir o país africano num conjunto de províncias coloniais complementares à Eritreia e à Somália italianas. Para os africanos de toda a África, bem como para a população negra dos Estados Unidos e da Europa, a Etiópia era símbolo de uma grande injustiça, pois o argumento de que se tratava de "civilizar" era confrontado com as barbáries dos meios utilizados.
Os etíopes resistiram e confrontaram os italianos durante todo o período de ocupação (1936-1941). Com a eclosão da guerra, os etíopes se aliaram às tropas britânicas para expulsarem definitivamente os italianos.
Etíopes com armas tomadas dos italianos, em 1941 |
O regime de Selassie chegou ao fim em 1974, quando uma junta militar marxista-lenista, a chamada Derg, liderada por Mengistu Haile Mariam, o depôs e estabeleceu um estado unipartidário.
Gondar - com uma população de 190.594 habitantes (estimativa 2018) é a sexta maior cidade da Etiópia |
Durante o governo de Mengistu, centenas de milhares de pessoas foram mortas, resultado do Terror Vermelho, de deportações forçadas ou da fome generalizada no país. O Terror Vermelho foi realizado em resposta ao que o governo chamou de "Terror Branco", supostamente uma cadeia de eventos violentos, assassinatos e mortes realizadas pela oposição. Em 2006, após um longo julgamento, Mengistu foi considerado culpado pelo genocídio.
Dessie - com uma população de 168.480 habitantes (estimativa 2018) é a sétima maior cidade da Etiópia |
A fome ocorrida no final da década de 1980 e início da década de 1990, levou à morte de milhões de pessoas, não só na Etiópia, como em todo o Chifre da África |
Em junho de 1992, a Frente de Libertação de Oromo se retirou do governo; em março de 1993, membros da Coalizão Democrática dos Povos do Sul da Etiópia, também deixaram o governo. Em 1994, uma nova Constituição foi promulgada, formando uma legislatura bicameral e um sistema judicial. A primeira eleição livre e democrática ocorreu em maio de 1995, na qual Meles Zenawi foi eleito primeiro-ministro e Negasso Gidada, presidente.
Awasa - com uma população de 164.816 habitantes (estimativa 2018) é a oitava maior cidade da Etiópia |
Em maio de 1998, uma disputa fronteiriça entre a Etiópia e a Eritreia, levou os dois países a entrarem em guerra, que durou até junho de 2000. Este conflito prejudicou a economia dos dois países, porém, fortaleceu a coalizão governista.
Em 2002, a Etiópia foi novamente castigada pela fome, provocada pelas grande secas desse ano e do ano anterior. Em contraste com a seca, em maio de 2003, o excesso de chuvas causou dezenas de mortes no sul do país, e deixou milhares de desabrigados. Nesse ano ocorreu também uma epidemia de malária e um alto índice de pessoas infectadas pelo vírus HIV.
Jima - com uma população de 158.883 habitantes (estimativa 2018) é a nona maior cidade da Etiópia |
Em 15 de maio de 2005, a Etiópia realizou novas eleições pluripartidárias, que foram bastante disputadas, com um dos grupos de oposição alegando fraude. Embora o Carter Center (órgão norte-americano criado pelo ex-presidente Jimmy Carter e sua esposa Rosalynn Carter, e que trabalha como observador em processos eleitorais em várias partes do mundo) tenha aprovado as condições de pré-eleição, promoveu sua insatisfação com as questões pós-eleitorais. Observadores continuaram a acusar o partido do governo de manipulação de votos.
Apesar das desconfianças com a eleição, os partidos de oposição ganharam mais de 200 assentos parlamentares, comparado a apenas 12 nas eleições de 2000.
Debre Zeit - com uma população de 129.039 habitantes (estimativa 2018) é a décima maior cidade da Etiópia |
ECONOMIA
A economia da Etiópia depende praticamente do setor primário. Aproximadamente, 80% da População Economicamente Ativa (PEA) do país estão inseridos nesse setor, mais precisamente na agricultura, que é a principal fonte de renda, correspondendo a 90% do PIB (Produto Interno Bruto). Os principais produtos cultivados no país são: café, sementes oleaginosas, leguminosas (feijão), flores, cana-de-açúcar, trigo, milho, sorgo e cevada. Na Etiópia, há o cultivo de uma planta conhecida por qat (Catha edulis), que possui propriedades psicotrópicas quando mascada. O tefe (Eragrostis tef) é um tipo de cereal comum nas terras altas do país e da Eritreia, e constitui a base da alimentação da população etíope.As condições naturais são favoráveis à agricultura, mas as técnicas agrícolas praticadas são arcaicas, fazendo com que a maior parte da produção seja destinada à subsistência. Mais da metade da população do país sofre de subnutrição crônica.
Propriedade rural na Etiópia, com destaque para o Warka Water: recipiente criado para armazenar água potável |
Camponeses afetados pela seca na Etiópia |
No setor industrial, as principais indústrias são de alimentos, couro, calçados, produtos têxteis, metalúrgicos e químicos, porém, esse setor ainda é bastante incipiente. No setor terciário, há um grande destaque para a área de serviços, principalmente ligada ao turismo, onde o governo vem incentivando bastante essa atividade, melhorando os parques nacionais e a infraestrutura hoteleira.
Parque Nacional do Simien - Etiópia |
CULTURA
A Etiópia tem uma cultura predominantemente marcada pelas religiões professadas pelos seus vários povos. Local onde se cruzaram tendências religiosas judaicas, cristãs (coptas) e muçulmanas, a religião é quase sempre o ponto de referência para a produção cultural, da qual se destaca a música, que recebeu influências das tribos circundantes e do Egito. A música reggae tem suas fontes a partir da cultura etíope.Mulheres de uma tribo etíope |
Celebração do Movimento Rastafári, na Etiópia |
ALGUNS DADOS SOBRE A ETIÓPIA
ESTABELECIMENTO:
Reino de D'mt: século XIII a.C.
Império de Axum: século I a.C.
Invasão Italiana: outubro de 1935 - maio de 1936
Campanha da África Oriental: junho de 1940 - novembro de 1941
GENTÍLICO: etíope, etiopiano (a)
LÍNGUA OFICIAL: o país não possui uma língua oficial, porém, o aramaico possui um status de língua de trabalho
GOVERNO: República Federal Parlamentarista
LOCALIZAÇÃO: Chifre da África
ÁREA: 1.104.300 km² (26º)
POPULAÇÃO (ONU - Estimativa 2018): 96.953.376 habitantes (14°)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 87,79 hab./km² (87°). Obs: a densidade demográfica, densidade populacional ou população relativa é a medida expressa pela relação entre a população total e a superfície de um determinado território.
CRESCIMENTO POPULACIONAL (ONU - Estimativa 2017): 2,51% (29°). Obs: o crescimento vegetativo, crescimento populacional ou crescimento natural é a diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade de uma determinada população.
CIDADES MAIS POPULOSAS (Estimativa 2018):
PIB (FMI - 2016): US$ 61,629 bilhões (71º). Obs: o PIB (Produto Interno Bruto), representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região (quer sejam países, estados ou cidades), durante um período determinado (mês, trimestre, ano).
PIB PER CAPITA (FMI 2016): US$ 687 (168°). Obs: o PIB per capita ou renda per capita é o Produto Interno Bruto (PIB) de um determinado lugar dividido por sua população. É o valor que cada habitante receberia se toda a renda fosse distribuída igualmente entre toda a população.
IDH (ONU - 2017): 0,448 (174°). Obs: o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é uma medida comparativa usada para classificar os países pelo seu grau de desenvolvimento econômico e a qualidade de vida oferecida à população. Este índice é calculado com base em dados econômicos e sociais, variando de 0 (nenhum desenvolvimento humano) a 1 (desenvolvimento humano total). Quanto mais próximo de 1, mais desenvolvido é o país. No cálculo do IDH são computados os seguintes fatores: educação (anos médios de estudos), longevidade (expectativa de vida da população) e PIB per capita. A classificação é feita dividindo os países em quatro grandes grupos: baixo (de 0,0 a 0,500), médio (de 0,501 a 0,800), elevado (de 0,801 a 0,900) e muito elevado (de 0,901 a 1,0).
Muito alto
Alto
Médio
Baixo
Sem dados
Mapa do IDH |
TAXA DE NATALIDADE (ONU - 2016): 37,39/mil (29º). Obs: a taxa de natalidade é a porcentagem de nascimentos ocorridos em uma população em um determinado período de tempo para cada grupo de mil pessoas, e é classificada do maior para o menor.
TAXA DE MORTALIDADE (CIA World Factbook 2016): 14,86/mil (27º). Obs: a taxa de mortalidade ou coeficiente de mortalidade é um índice demográfico que reflete o número de mortes registradas, em média por mil habitantes, em uma determinada região por um período de tempo e é classificada do maior para o menor.
TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL (CIA World Factbook - 2016): 75,29/mil (197°). Obs: a taxa de mortalidade infantil refere-se ao número de crianças que morrem no primeiro ano de vida entre mil nascidas vivas em um determinado período, e é classificada do menor para o maior.
Mapa da taxa de mortalidade infantil no mundo |
TAXA DE FECUNDIDADE (Population Reference Bureal - PRB - 2017): 4,6 filhos/mulher (32º). Obs: a taxa de fecundidade refere-se ao número médio de filhos que a mulher teria do início ao fim do seu período reprodutivo (15 a 49 anos), e é classificada do maior para o menor.
Mapa da taxa de fecundidade no mundo |
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2016): 39,4% (203). Obs: essa taxa refere-se a todas as pessoas com 15 anos ou mais que sabem ler e escrever.
Mapa da taxa de alfabetização no mundo |
TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2016): 17,5% (186°). Obs: essa taxa refere-se a porcentagem da população que mora nas cidades em relação à população total.
Mapa da taxa de urbanização no mundo |
MOEDA: Birr Etíope
RELIGIÃO: a Etiópia tem laços históricos próximos com as três principais religiões abraâmicas do mundo. No século IV, a região foi uma das primeiras do mundo a adotar o cristianismo como religião oficial. Como resultado das resoluções do Concílio de Calcedônia, em 451, os miafisistas (forma cristológica das igrejas ortodoxas orientais e de várias outras igrejas que aderiram somente aos três primeiros concílios ecumênicos), que incluíam a grande maioria dos cristãos no Egito e na Etiópia, foram acusados de monofisismo e designados como hereges sob o nome comum de cristianismo copta. Apesar de não ser uma religião oficial, a Igreja Ortodoxa Etíope continua a ser a maior denominação cristã. Há também um número substancial de muçulmanos, representando cerca de um terço da população. Além disso, a Etiópia é o local da primeira hégira, uma grande emigração na história islâmica. Uma cidade na região de Tigré, Negash, é o assentamento muçulmano mais antigo da África. Até a década de 1980, uma população substancial de Beta Israel (judeus etíopes) residia na Etiópia.
De acordo com o censo de 2007, os cristãos representam 62,8% da população etíope (sendo 43,2% de ortodoxos etíopes e 19,3% de outras religiões cristãs), 33,9% são muçulmanos, 2,6% praticam religiões tradicionais e 0,7% praticam outras religiões.
DIVISÃO: antes de 1996, a Etiópia era dividida em 13 províncias, muitas derivadas de regiões históricas. O país agora tem um sistema de governo que consiste em um governo federal dividido conforme a etnicidade das regiões em: estados, zonas, distritos (woredas) e bairros (kebele). Atualmente, a Etiópia é dividida em nove estados administrativos baseados etnicamente e subdivididos em 68 zonas e duas cidades com status especial. A nação ainda é subdividida em 550 distritos e vários distritos especiais. A Constituição atribui poder extensivo aos nove estados regionais, dando-lhes o direito de estabelecer seus próprios governos e democracias. As nove regiões e as duas cidades com status especial são (os números abaixo correspondem aos números no mapa): 1. Adis Abeba (cidade com status especial) 2. Afar 3. Amhara 4. Benishamqul-Gumaz 5. Dire Dawa (cidade com status especial) 6. Gambela 7. Harari 8. Oromia 9. Somali 10. Região das Nações, Nacionalidades e Povos do Sul 11. Tigré.
Mesquita em Negash - Etiópia |
Igreja de São Jorge, uma das igrejas escavadas na rocha, em Lalibela - um Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco |
Mapa da divisão administrativa da Etiópia |
REFERÊNCIA: Campos, Flávio de
Oficina de história: volume 3 / Flávio de Campos, Júlio Pimentel Pinto, Regina Claro. -- 2. ed. -- São Paulo: Leya, 2016.