domingo, 20 de dezembro de 2015

COMO INTERPRETAR CHARGES EM CONCURSOS E VESTIBULARES

  A charge mostra uma forma comum na política brasileira: o uso de laranjas (ou seja, pessoas que intermedeiam transações financeiras fraudulentas, emprestando seu nome, documentos ou conta bancária para ocultar a identidade de quem a contrata) que os políticos usam para desviar o dinheiro público, e enriquecerem ilicitamente.
  As duas charges estão relacionadas ao processo de desmatamento das florestas provocadas pelo homem. A primeira, mostra um lenhador e sua serra elétrica, aguardando uma plantinha crescer para cortá-la. Pode expressar a atitude predatória dos seres humanos em relação à natureza. Como já não há mais árvores disponíveis, o lenhador aguarda que a plantinha cresça para cortá-la. A segunda charge mostra árvores cortadas como se fossem corpos humanos sem cabeça. Pode expressar a relação de dependência entre a conservação da natureza (florestas) e a preservação da vida humana, ou que a falta de consciência (ausência da cabeça) ambiental é prejudicial às florestas e à vida humana.
  A charge ironiza a forte desigualdade social existente no mundo. Os ricos estão "encastelados" em torres fortificadas, com conforto e novidades tecnológicas; a imensidão de pobres se aglomera, ao que parece, pedindo ajuda. Faz também uma referência ao aquecimento global, que pode comprometer a vida do nosso planeta.
  A charge ironiza a "preocupação" dos capitalistas com relação ao processo de desmatamento do nosso planeta: o entorno da mesa dos burocratas está completamente desmatado. Os planos de desenvolvimento quase nunca levam em conta as questões ambientais e, sobre esse problema, é necessário tomar medidas o mais rápido possível.
  A charge refere-se à capital do Brasil, Brasília, e mostra que o plano de afastar a capital do país das concentrações urbanas foi revertido ao longo do tempo. Ao redor do Plano Piloto formou-se uma vasta concentração urbana que reproduz os contrastes sociais existentes nas grandes metrópoles brasileiras. A intenção do chargista é ironizar a situação de descontrole do crescimento urbano da capital federal e arredores e os problemas sociais decorrentes desse crescimento. O Plano Piloto é retratado como um avião em curso sem um plano de voo definido.
  A charge faz referência ao caos do trânsito existente nas grandes cidades. A figura de Papai Noel e do coelho da Páscoa ironizam esse caos. Devido ao trânsito caótico, o "Bom Velhinho" não conseguiu chegar em casa após as comemorações de Natal e, pelo andar do trânsito, a Páscoa está chegando e ele vai demorar a concretizar o seu objetivo, assim como o coelho da Páscoa.
  A charge faz referência à ocupação irregular de morros e encostas, fatores estes que são os principais responsáveis pelos deslizamentos de terra, soterramento de construções e por vitimar um grande número de pessoas. Ao desmatar as encostas dos morros para construir habitações, os mesmos ficam desprovidos de vegetação e, quando vem a chuva, o solo desprotegido provoca o soterramento das construções, gerando perdas materiais e até mesmo a morte de pessoas. Os principais fatores que levam as pessoas a construírem em locais impróprios para habitações são o baixo poder aquisitivo das pessoas e os encargos sociais (IPTU) cobrado pela administração pública. Na maioria das vezes, esses impostos não são investidos em benefícios das pessoas, como saúde, educação, segurança, habitação, entre outros.
  O cartum (desenho, normalmente publicado em jornais ou revistas, que trata dos assuntos com ironia ou humor), faz referência às diferenças sociais e econômicas existentes nas grandes cidades, o que leva muitas pessoas a viver em situação de miséria. 
  A charge manifesta um apelo contra a destruição que vem ocorrendo na Floresta Amazônica ao longo dos anos, principalmente por madeireiros e fazendeiros. Salvar a região significa proteger da extinção muitas espécies da flora e da fauna.
  A charge está mostrando uma ameaça ao futuro dos seringais na Amazônia, que acarretará em problemas ambientais e sociais, como o desmatamento e o desemprego. Também faz uma referência ao modelo de modernização da nossa sociedade, como a troca de seringais por shopping center.
  A charge está representando o desmatamento de madeiras nobres da região amazônica e a truculência dos madeireiros, que utilizam a violência para justificar suas ações ilegais.
  A primeira charge ironiza os latifúndios improdutivos, representados pelas grandes extensões de terras vazias, cercadas pela placa de "latifúndio" e pela enxada com teia de aranha, denunciando o seu pouquíssimo uso. A segunda charge retrata os problemas vividos nas grandes cidades brasileiras, onde o congestionamento de veículos, a poluição sonora, as moradias precárias mostradas nas casas modestas à esquerda da charge, com os varais de roupas entre elas e os prédios, e a numerosa população espremida.
  O autor usou os termos "enxadas paradas" e "inchadas paradas" para contrapor o problema da concentração de terras e a ausência de trabalhadores no campo ("enxadas paradas") com o excesso de pessoas e automóveis nas cidades que, inchadas, param.
  O quadro Retirantes, de 1944, do pintor brasileiro Cândido Torquato Portinari (1903-1962), retrata um pouco do aspecto do Sertão nordestino, e foi pintado numa época em que havia uma forte migração de nordestinos para o Sudeste do Brasil. Esse quadro mostra as dificuldades de sobrevivência pelo qual passava grande parte da família nordestina na época: as vestes rasgadas que não cobrem todo o corpo e o calçado inexistente. Os familiares são magros e, onde não há vestes, os ossos estão à mostra. As crianças têm um aspecto doentio e os adultos, uma aparência de cansaço e grande sofrimento. Os sacos carregados pela mulher e pelo homem, retrata a mudança ou retirada do sertanejo em busca de melhores condições de vida em outro lugar, no caso, a Região Sudeste.
  A charge critica o excesso de alunos em uma sala de aula, que gera más condições para o trabalho do professor e para o aprendizado dos alunos. Além do excesso de alunos em sala de aula, vários outros fatores contribuem para a baixa qualidade da educação no Brasil, como: baixa remuneração dos professores, falta de cursos de aperfeiçoamento, falta de estrutura, como escolas em más condições, falta de laboratórios e de computadores, entre outros, fazendo com que diminuam as possibilidades de trabalho dos professores.
  A charge retrata o regime de trabalho escravo que acontece em um latifúndio produtor de cana-de-açúcar. À esquerda estão os trabalhadores rurais, em maior número, que vestem roupas simples e portam facões como instrumento de trabalho (para o corte da cana). Do outro lado, aparece pessoas portando armas e chicotes, fazendo ameaças a esses trabalhadores, que podem ser os proprietários da fazenda ou mesmo jagunços ou capatazes da fazenda. Os trabalhadores parecem estar com medo. A ameaça de chibatada faz referência aos tempos da escravidão, quando essa forma de castigo era comum aos escravos.
  A charge reflete a grande desigualdade social existente no mundo. A má distribuição de renda é um dos fatores que levam famílias a morar em regiões sujeitas a catástrofes provocadas pela natureza e pela ação humana. O solo urbano tem um preço, o que impede o acesso para os cidadãos com renda mais baixa a moradias nas melhores regiões das cidades. As terras menos valorizadas, são ocupadas por pessoas de baixa renda, que acabam sofrendo com as catástrofes naturais, como enchentes e deslizamentos de terra. Essa situação é agravada ainda pela ação humana, onde ocupações irregulares aumentam o risco de problemas nesses lugares.
  A charge representa, de modo metafórico, uma grave consequência ambiental do fenômeno chamado "aquecimento global". Nela, os pinguins têm o seu habitat original totalmente transformado, o qual ganha formas geográficas típicas do sertão nordestino. Outra ironia da charge é o nome Polo Norte, pois nessa parte do planeta não existem pinguins, que são típicos da Antártica.
  A charge faz uma alusão à poluição gerada pela grande emissão de gases poluentes decorrentes das indústrias. A Terra está cortada ao meio como se fosse um cinzeiro, e a chaminé de uma indústria representa o cigarro, no qual resíduos industriais são depositados em grande quantidade e sem nenhum controle no nosso planeta.
  A charge faz uma alusão à desproporção da distribuição das pessoas no espaço: de um lado, uma moradia ampla, com apenas um habitante; do outro, moradias pequenas e "amontoadas", com um número exagerado de habitantes.
  A charge faz uma referência à Nova Ordem Mundial, retratando diferentes condições socieconômicas: a qualidade de vida da população do norte é muito melhor do que a da população do sul, visto que a maioria dos países do Hemisfério Norte são habitados por ricos, milionários ou pessoas da classe média alta; a população dos países do Hemisfério Sul é formada por pobres, miseráveis ou membros da classe média baixa.
  A charge faz uma referência ao fato de que as fronteiras entre os países mudaram e continuam mudando no decorrer da história. A bomba representa o fato de que muitas disputas territoriais levam à eclosão de conflitos armados. Esses conflitos absorvem grande parte da produção da indústria bélica, estimulando o desenvolvimento dessa atividade. Muitos dos recursos destinados à guerra poderiam ser investidos na melhoria da qualidade de vida dos povos envolvidos nos conflitos.
  A charge faz uma referência ao processo de globalização da economia. Em uma economia globalizada, os sistemas financeiros estão integrados a uma rede de informações. Qualquer problema em um ponto dessa rede que os integra causa problemas para os demais sistemas e para um número incontável de pessoas que deles dependem.
  A charge faz uma referência à política do Big Stick (Grande Porrete) implantada em 1904 pelo então presidente dos Estados Unidos, Theodore Roosevelt - um conjunto de ideias que defendiam o direito de intervenção militar dos Estados Unidos na América Latina, alegando que isso ocorreria sempre que seus países violassem direitos internacionais ou se mostrassem com dificuldades em "manter a ordem" no interior de suas fronteiras. Na charge, a postura do presidente norte-americano é ameaçadora, podendo utilizar da violência a qualquer momento, como demonstra o grande porrete (big stick) que ele carrega e seus barcos de guerra.
  A charge faz uma referência ao conflito Árabe-Israelense, com temática a respeito do muro de 8 metros de altura, construído na Cisjordânia por Israel. No balão de fala, à esquerda, está escrito, em inglês, "Aniversário do Muro de Berlim", e a cena exibida na televisão mostra o muro sendo destruído. À direita, lê-se "Muro de Israel" e observa-se um palestino tentando ultrapassar a barreira, sendo impedido por um soldado israelense. A figura de Tio Sam simboliza que os Estados Unidos é o principal aliado de Israel, enquanto que o globo terrestre está pouco preocupado com essa situação.
  A charge faz uma referência às diferenças existentes entre os Países do Norte e os Países do Sul: o homem que empurra o carrinho cheio de dinheiro é de um país do Norte; o outro, que empurra um carrinho cheio de dívidas, é de um país do Sul. Por meio desta charge, notamos a grande dependência econômica dos Países do Sul em relação aos Países do Norte.
  A charge faz uma referência ao êxodo rural. Na primeira situação, o menino está brincando de empinar pipa no campo, onde o ar é bastante puro; na segunda, pressupõe-se que ele foi morar na cidade, e está tentando realizar a mesma brincadeira, só que, devido à grande emissão de gases poluentes originada dos automóveis e das indústrias, o ar da cidade está totalmente poluído.
  A charge faz uma alusão à partilha do continente africano pelas potências europeias durante a Conferência de Berlim (1884-1885). O continente é cortado em fatias, que serão distribuídas entre os participantes desta conferência. Essa partilha levou em conta apenas os interesses dos países europeus e desestabilizou o modo de vida dos africanos. Pela partilha da África, tribos rivais passaram a habitar o mesmo território, provocando conflitos e miséria que dura até os dias atuais.
  A charge faz uma referência à imigração ilegal rumo aos Estados Unidos. Nessa charge, um dos símbolos dos Estados Unidos - a Estátua da Liberdade na forma de um cacto - revela o tratamento dado à questão dos imigrantes ilegais, em especial os mexicanos. O cacto e a área deserta faz uma referência aos desertos de Chihuahua (no lado mexicano) e de Sonora (no lado norte-americano), principal passagem dos imigrantes ilegais do território mexicano para o norte-americano. A cerca representa o muro criado pelos Estados Unidos na zona fronteiriça entre os dois países para evitar a entrada dos imigrantes no país.
  A charge faz uma referência à Revolução Técnico-Científico-Informacional e ao processo de globalização da economia. Ela mostra alguns continentes sendo conectados a um computador e um homem de negócios "plugado" no mercado mundial. As novas tecnologias de informação criaram as condições tecnológicas para que as relações econômicas (investimentos produtivos, aplicações financeiras, comércio internacional) se estabeleçam com maior facilidade em todas as partes do mundo.
  A charge faz uma referência ao processo de globalização da economia e à Revolução Técnico-Científico-Informacional. O mercado de trabalho nos dias atuais exige maior qualificação profissional e a conquista de algumas habilidades. Essa charge mostra o "peso" que tem o trabalhador que domina as novas tecnologias em sua atividade profissional em relação aos outros trabalhadores que não as dominam. Esse "peso" tem implicações no salário e nos ganhos de produtividade.
  As duas charges referem-se às diferenças econômicas e sociais existentes entre as pessoas e os países do mundo. A primeira charge refere-se a uma questão social, mostrando a diferença existente entre a família apresentada no outdoor e a família constituída por moradores de rua, retratando claramente o processo de exclusão social. A segunda charge procura exemplificar a divisão Norte-Sul. Os países do Norte abrigam os países industrializados, cujas populações desfrutam de melhores condições de vida. Os países do Sul são majoritariamente produtores agrominerais e suas populações têm em média um padrão de vida inferior. A divisão Norte-Sul é estabelecida por critérios socioeconômicos.
  A charge faz a referência ao grande poderio militar dos Estados Unidos. Apesar da possibilidade de haver perdas humanas nas guerras, em razão do envio de soldados, o fato de a guerra não ocorrer no próprio território pode minimizar consideravelmente o número de mortos, particularmente de civis, e evitar boa parte dos prejuízos materiais, que ficam restritos aos equipamentos bélicos.
  A charge faz uma referência ao desmatamento das florestas, colocando-o como principal responsável pelo aquecimento global.
  A charge faz uma referência à Guerra Fria (disputa política, econômica, militar e ideológica entre as duas potências que emergiram da Segunda Guerra Mundial: EUA X URSS), e apresenta quatro elementos: no centro, o globo terrestre; à esquerda um desenho de Harry Truman, presidente dos Estados Unidos; à direita, Josef Stálin, que comandou a União Soviética até 1953; acima, uma nuvem carregada. Como em um jogo de futebol, os dois líderes disputam o controle da bola, no caso, o mundo. A nuvem carregada que paira sobre eles representa a tensão que existia nesse período entre os lados socialista e capitalista.
  A charge faz uma sátira a dois países europeus que entraram em crise devido ao endividamento público. A Grécia foi a primeira nação da União Europeia a sentir o peso dos problemas econômicos, representados na charge pela moeda gigante de 1 euro. Ela adverte a Itália, que segue pelo mesmo caminho.
  A charge faz uma referência à atual economia chinesa, um país socialista, mas que nas últimas décadas vem adotando um modelo econômico capitalista. Nessa charge há uma combinação entre o socialismo e a economia de mercado capitalista, chamada "economia socialista de mercado".
  A charge revela a repressão à liberdade de expressão na China, fazendo um paralelo com o massacre da Praça da Paz Celestial, ocorrido em 1989, quando o governo chinês usou da força militar para massacrar manifestações da população por democracia. Assim também é tratado o uso da internet no país.
  A charge expressa a preocupação do trabalhador quanto à manutenção do seu emprego. Devido ao desemprego estrutural (desemprego provocado pelo avanço das novas tecnologias), profissões cada vez menos requisitadas no mercado de trabalho - como datilógrafos, operadores de telex, torneiros mecânicos, entre outros - acabam sendo extintas. Porém, com a popularização do computador, do telefone celular e da internet, novos profissionais estão surgindo, como engenheiros e técnicos em informática e eletrônica, especialistas em software e hardware, operadores de call centers, web designers etc. Esse avanço da tecnologia exige cada vez mais trabalhadores qualificados, excluindo àqueles que não têm qualificação profissional.
  A charge representa ironicamente o ingresso da Croácia na União Europeia, no momento de crise desse bloco econômico, representada por um castelo em ruínas, em virtude das atuais dificuldades econômicas enfrentadas pelo bloco supranacional.
  As duas charges fazem uma crítica ao consumismo exacerbado. Em ambas as situações apresentadas, a população carente está "incluída" no mundo do consumo, utilizando laptop e celular.
  A charge faz uma referência às diversas faces da violência contemporânea no mundo, onde grupos armados contestam de várias formas a autoridade dos Estados.
  As charges fazem uma referência à crise econômica pelo qual passa a União Europeia, que teve início em 2010 e atingiu vários países, como Grécia, Portugal, Espanha, Irlanda e Itália. Se os países não tomarem medidas urgentes para superar essa crise, o futuro do bloco estará ameaçado.
  A charge, em forma de Árvore de Natal, faz uma referência aos conflitos existentes no mundo, e que a pomba no topo da árvore leva a uma interpretação de que depois de toda a destruição  provocada pela guerra há sempre uma esperança de paz.
  A charge faz uma referência as três principais nações do jogo geopolítico e econômico do globo: Estados Unidos, China e Rússia. A Rússia está fortalecida economicamente com as exportações de petróleo, e a China apresenta uma grande ascensão política e econômica. Esses dois países são competidores dos Estados Unidos, que se sente ameaçado por essas duas nações.
  A charge faz uma alusão à invasão dos Estados Unidos ao Iraque. Por trás das ações estadunidenses há interesses econômicos, inclusive de favorecimento às grandes corporações multinacionais dos Estados Unidos. Há também o desejo de enfraquecer a liderança política e econômica dos países exportadores de petróleo.
  A charge faz uma ironia ao aquecimento global. Por causa desse aquecimento, nem o camelo, que vive em regiões desérticas, está conseguindo suportar o calor e, por isso, migra para a Antártica.
  A charge faz menção aos constantes conflitos e guerras que marcaram o Oriente Médio após a segunda metade do século XX, a região do globo com o maior número de conflitos na atualidade.
  A charge trata da fragmentação da Iugoslávia e do surgimento de novos Estados em seu território, anteriormente mantido pelo governo socialista por meio de repressão de suas diversas etnias e nacionalidades.
  O cartaz, de 1958, traz a seguinte mensagem: "Economia cautelosa em casa: / Um novo para o mais velho / Um velho para o seguinte / E um remendo para o menor". Esse cartaz, elaborado pelo governo chinês, faz menção a uma necessária contenção de despesas das famílias chinesas da época em virtude das dificuldades econômicas de um país cuja população era predominantemente agrária e os bens de consumo, escassos; daí a sugestão de dar uma roupa nova para o mais velho e aproveitá-la depois para os irmãos mais novos.
  A charge faz uma alusão à má distribuição de alimentos no mundo. Nela, vemos uma mesa bastante farta com um homem forte se alimentando. Este homem representa os países ricos. Quem sustenta a mesa são garotos, provavelmente africanos, que representam os países pobres. As crianças sustentando a mesa do rico, significa dizer que grande parte dos alimentos consumidos no mundo provêm dos países pobres.
  A charge faz uma alusão ao apelo do consumo feito pelas ações publicitárias, que muitas vezes leva ao consumo exagerado de bens ou ao consumo de pouca utilidade às pessoas, como a crítica feita pela menina ao pai. O consumismo caracteriza-se por esse comportamento, marcado pela compra de produtos e utilização de serviços dos quais as pessoas não necessitam.
  No mundo globalizado, que estimula o consumo e consequentemente o sucesso daqueles que consomem, possuir um carro dá status, mas não resolve os problemas de transporte nas cidades, pelo contrário, a grande quantidade de carros gera congestionamentos nos grandes centros e piora a qualidade de vida dos cidadãos.
  A charge faz uma referência à imigração de africanos rumo aos países da União Europeia (o símbolo que está estampado no boné do encanador é da União Europeia). Para os países desse bloco econômico, a chegada maciça de imigrantes vindos do norte da África é um problema que deve ser resolvido rapidamente, como um vazamento de torneira.
  A ideia da charge é mostrar dois momentos históricos e as diferenças entre eles vividas na União Europeia: a harmonia e a concordância de ideias dos Estados fundadores do bloco econômico, em 1957, em contraposição à complexidade dos problemas e à diversidade de ideias em 2010, com seus 27 membros.
  A charge ironiza a segurança do uso dos transgênicos, pois especialistas e cientistas ainda não obtiveram dados suficientes se os produtos geneticamente modificados oferecem ou não riscos à saúde humana.
  A charge faz referência à falta de visão de conjunto que o trabalhador de uma linha de montagem tem em relação ao seu trabalho e ao produto dele; essa é uma das principais características da organização taylorista/fordista do trabalho, na qual cada funcionário executa uma etapa da operação, de maneira simples e repetitiva. O autor da charge critica a especialização da mão de obra, responsável por não permitir ao trabalhador que tenha conhecimento de todo o processo produtivo.
  A charge faz uma crítica à desigualdade social provocada pela divisão de classes no sistema capitalista, e mostra o pouco interesse dos ricos em criar políticas para combater a pobreza.
  A charge faz uma referência à divisão mundial em Norte desenvolvido e Sul subdesenvolvido, demonstrando uma clara preferência da "personagem" OMC pelo Norte.
  A charge mostra o julgamento do ex-presidente da Iugoslávia, Slobodan Milosevic, pelos crimes de guerra cometidos (o que se compreende pelas ossadas ao fundo). Ao lado dele está uma cadeira vazia, que supostamente deveria estar ocupada por um representante da Otan. O autor da charge ironiza o fato de a Otan não estar no banco dos réus. A intervenção das tropas da Otan na Guerra de Kosovo não ter sido decidida no âmbito do Conselho de Segurança da ONU constitui um ato de desrespeito às normas internacionais, estando por isso sujeito a sanções.
  A charge faz uma crítica ao crescimento das cidades sem planejamento, que gera consequências para a sociedade e para o meio ambiente. No primeiro momento, a cidade ainda apresenta densas e amplas áreas verdes, edificações distanciadas, pássaros, um casal contemplando a paisagem. No segundo momento, representado pela cor cinza, as distâncias entre as edificações diminuíram muito, os veículos e o lixo disputam lugar no espaço, o verde está simbolizado nas árvores que parecem mortas.
  A charge mostra uma senhora, representando a União Europeia, defendendo com violência a Europa dos imigrantes. O artista faz uma crítica à postura atual dos governantes pertencentes a esse bloco de países, que vêm tomando medidas rígidas contra a imigração.
  A charge está contextualizada no período do colapso do socialismo na União Soviética e da implantação da perestroika. Ela mostra o período de transição para a economia de mercado e ironiza a imensa fila para entrar no McDonald's, contornando o Mausoléu de Lênin, o local mais visitado na Praça Vermelha, em Moscou.
  A charge associa a expansão da soja com o desmatamento do Cerrado, fazendo uma referência à necessidade de nos preocuparmos com a destruição do Cerrado e da Amazônia. Ao trocar o C pelo S o autor sugere que a vegetação de cerrado foi serrada, encontrando-se aí implícita uma crítica ao desmatamento.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

O PROCESSO DE FAVELIZAÇÃO NO BRASIL

  Favela, bairro de lata, musseque ou caniço é um assentamento urbano informal densamente povoado caracterizado por moradias precárias e miséria.
  De modo geral, a favela pode ser caracterizada por uma aglomeração de habitações, com características variadas, mas em sua maioria construídas precariamente, onde há carência de uma série de serviços básicos (rede de esgoto, de água, de energia elétrica e de telefonia), de calçamento e asfaltamento de vias, de postos de saúde, escolas etc.
  As favelas foram um fenômeno comum na história urbana dos Estados Unidos, Canadá e na Europa durante o século XIX e início do século XX. A partir da segunda metade do século XX, as favelas passaram a ser encontradas predominantemente em regiões urbanas em desenvolvimento e em regiões subdesenvolvidas do mundo.
Favela na Cidade do Cabo - África do Sul
  A favela tem uma história antiga. Em 1897, um grupo de combatentes que lutaram na Guerra de Canudos, na Bahia, foi para a cidade do Rio de Janeiro com a promessa do governo de ganhar casas na então capital federal. Como o governo não cumpriu a promessa, os combatentes ergueram uma comunidade de casebres denominada Morro da Favela. A comunidade recebeu esse nome porque estava localizada em uma área coberta por um arbusto grande e comum no sertão baiano chamado de favela. Atualmente o local é chamado de Morro da Providência.
  A partir de então, o termo "favela" passou a ser utilizado para designar aglomerações de habitações, construídas pelos próprios moradores, como barracos de madeira e papelão, de alvenaria, frequentemente sem acabamento, erguidas em áreas invadidas (terrenos públicos ou particulares), às margens de rios e córregos ou encostas de morros, embaixo de viadutos e pontes, em áreas centrais e periféricas, sobretudo nas grandes e médias cidades brasileiras.
Morro da Providência, em 1900
  As favelas formam-se e crescem em muitas partes diferentes do mundo e por razões distintas. Entre as causas para o surgimento delas estão o rápido êxodo rural (saída em massa de pessoas do campo para as cidades), a estagnação ou depressão econômica, o elevado nível de desemprego, a pobreza, a economia informal, a falta de planejamento urbano, os desastres naturais e os conflitos sócio-políticos.
  Entre as diversas estratégias que tentaram reduzir, transformar e melhorar as favelas em diferentes países, com graus de sucesso distintos, estão uma combinação de processos de remoção e urbanização de favelas, planejamento urbano, grande desenvolvimento de infraestruturas de transporte público e os projetos de habitação social.
  Há casos, como o da Rocinha, no Rio de Janeiro, em que a mobilização dos moradores vem proporcionando melhorias, como serviços básicos, regularização da posse dos terrenos, com direito a títulos de propriedade. Esse é um exemplo no qual a atuação do poder público pode tornar possível a urbanização da favela. Apesar disso, muitos moradores ainda não têm condições de pagar as taxas e impostos que acabam sendo cobrados com a implantação dessas melhorias.
Rocinha - Rio de Janeiro - RJ
  O processo de favelização do Brasil é uma consequência do modelo de desenvolvimento do país, que concentrou riquezas (renda e propriedades), excluiu uma grande parcela da população de seus benefícios e contribuiu para o aumento do desemprego e a perda do poder de compra de boa parte dos trabalhadores. Além disso, faltou, por parte do governo, implantar uma política habitacional popular que contribuísse, de forma efetiva, para aumentar a oferta de moradias a custos baixos.
  A cidade do Rio de Janeiro documentou a sua primeira favela no censo de 1920. Por volta dos anos 1960, mais de 33% da população do Rio de Janeiro morava nas favelas. As favelas apresentam altas taxas de criminalidade, suicídio, uso de drogas e doenças.
Paraisópolis - São Paulo - SP
  As favelas no Brasil são consideradas uma consequência da má distribuição de renda e do déficit habitacional no país. A migração da população rural para o espaço urbano em busca de trabalho, nem sempre bem remunerado, aliada à histórica dificuldade do poder público em criar políticas habitacionais adequadas, são fatores que têm levado ao crescimento dos domicílios em favelas.
  De acordo com dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), coletados durante o censo de 2010, cerca de 11,4 milhões de pessoas (o que corresponde a 6% da população do país) vivem em "aglomerados subnormais". Nesse mesmo censo, o IBGE identificou 6.329 favelas em todo o país, localizadas em 323 dos 5.565 municípios brasileiros.
Favela Nordeste de Amaralina - Salvador - BA
  As cidades com maior proporção de habitantes morando em favelas foram: Belém - que tem mais da metade da população (53,9%) vivendo nesse tipo de aglomeração -, Salvador (26,1%), São Luís (24,5%) e Recife (23,2%). As duas maiores cidades do país, São Paulo e Rio de Janeiro, têm 11% e 22% da população morando em favelas, respectivamente.
  A favelização e a segregação são dois processos que estão diretamente ligados. Tais fenômenos são decorrentes das desigualdades socioeconômicas e dos problemas de planejamento e gestão urbanos. A formação de favelas contribui para a intensificação e reprodução da segregação socioespacial.
Favela do Coque, em Recife - PE
  O processo de favelização é decorrente do processo de inchamento e macrocefalia urbana. A macrocefalia urbana refere-se ao crescimento desordenado das cidades, sem o controle estatal, o que contribui para a precarização das condições de vida na cidade e da incapacidade do Estado de oferecer estruturas para o atendimento das necessidades mínimas de boa parte da população.
Favela Via Sul, em Candelária - Natal - RN
FONTE: Lucci, Elian Alabi
Geografia: homem & espaço, 7º ano / Elian Alabi Lucci, Anselmo Lázaro Branco, - 20. ed. - São Paulo: Saraiva, 2010.

ADSENSE

Pesquisar este blog