O termo tundra é uma adaptação da palavra filandesa tunturia, que significa "planície sem árvores". Essa palavra acabou ganhando popularidade porque, na parte norte da Finlândia, existe uma vasta área desprovida de árvores de grande porte. Existe três tipos de tundra: tundra ártica, tundra alpina e tundra antártica.
Numa tundra, a vegetação é composta por arbustos, ciperáceas, gramíneas, musgos e liquens. O ecótono (área de transição entre a tundra e a floresta) é denominado linha de árvores.
A tundra Ártica está situada nas latitudes mais distantes do equador, uma vez que se encontra no interior do Círculo Polar Ártico, nas proximidades do Polo Norte. Aí, sob o rigor do clima polar, frio e seco, o calor e a chuva são fenômenos raros. Por essa razão, tem solo recoberto de neve durante a maior parte do ano. A tundra ocupa 5% das terras emersas do planeta.
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Mapa da área coberta pela tundra Ártica |
Nesse bioma, os invernos são muito longos, e o frio é intenso (as temperaturas ficam em torno de -30°C). Por isso, os animais que não migram vivem essa parte do ano escondidos em tocas abaixo da superfície. Durante as horas de escuridão, a neve vai caindo e acumula-se, devido aos fortes ventos nas regiões mais baixas, obrigando os animais a permanecerem junto ao solo apenas para procurar comida para se manterem quentes.
A precipitação é muito pequena (entre 35 mm e 75 mm), que ocorre na forma de neve. Apesar do pequeno índice pluviométrico, a tundra apresenta um aspecto úmido e encharcado, em virtude da evaporação ser muito lenta e da fraca drenagem do solo permafrost, no verão.
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Vegetação de tundra, na Islândia |
O verão é muito curto nessa região. Dura cerca de dois meses, e, embora a luz solar banhe a região durante quase todo o dia, o frio continua dominante. Mas a elevação da temperatura (que pode chegar a 10°C) descongela parte do solo, que fica lamacento por causa da água acumulada pelo derretimento da neve, formando áreas pantanosas. É nesse solo lamacento que floresce a tundra propriamente dita: formação vegetal com aspecto aveludado que resulta da associação de musgos e liquens. Os musgos e liquens se desenvolvem em algumas semanas do verão, quando ocorre o descongelamento de parte do gelo que cobre o solo.
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Vegetação de tundra na Rússia |
Os liquens são organismos que resultam de uma associação entre algas microscópicas e fungos. Os fungos são organismos que existem em todo o planeta, e seu representante mais conhecido é o cogumelo. Na região da tundra eles são microscópicos. Já os musgos são plantas bem verdes, sem raízes, que cobrem o solo da região ártica quando ocorre o degelo.
O frio da região é tão intenso que produz outra característica muito marcante, cujo efeito é curioso. Em seu subsolo, é registrada uma camada de gelo muito espessa conhecida como permafrost, termo de origem inglesa que significa "permanentemente congelado".
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Rebanho de boi-almiscarado (Ovibos moschatus) pastam na tundra do Canadá |
Como o permafrost fica logo abaixo da superfície, a água formada pelo derretimento da neve não consegue penetrar no subsolo e fica acumulada, encharcando o solo ainda mais.
No verão, porém, a luz solar é muito presente, e a vida ganha força. Graças à disponibilidade de água e ao fim da neve e do gelo, muitas plantas florescem rapidamente, criando uma rica "pastagem" para algumas espécies, como o boi-almiscarado, a rena, a lebre-ártica, entre outros. No verão, esses animais formam grandes manadas e migram para a tundra.
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Tundra na Groenlândia |
Os animais carnívoros também são atraídos; em consequência, fecha-se uma ampla cadeia alimentar. Raposas, lobos e ursos são alguns carnívoros que se beneficiam desse período mais quente do ano.
Além dos liquens e dos musgos, ervas e arbustos baixos também florescem durante o verão ártico. O frio persistente e o solo raso impedem que as plantas atinjam porte maior, pois suas raízes não conseguem penetrar na camada de permafrost.
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Renas (Rangifer tarandus) pastam na tundra da Finlândia |
Apesar do frio e da escassez de vegetação, a tundra abriga uma fauna variada, com um número elevado de animais, alguns de grande porte, como as renas, boi-almiscarado, ursos polares, raposas-do-ártico, entre outros. Lebres e diversos tipos de roedores sobrevivem em tocas. Nas zonas costeiras vivem várias espécies de aves e também de animais marinhos. Entre estes estão as pequenas e as grandes baleias. No Ártico, aves e baleias migram para o sul durante o inverno, em busca de temperaturas mais amenas.
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Raposa-do-ártico (Alopex lagopus) |
Os répteis e anfíbios são poucos ou encontram-se completamente ausentes devido às temperaturas serem muito baixas. A lebre-ártica muda a cor do seu pelo no inverno e no verão. Isso ajuda o animal a camuflar-se dos seus predadores. O cisne-da-tundra possui 25.000 penas, 80% das quais estão no seu pescoço.
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Cisne-da-tundra ou cisne-pequeno (Cygnus columbianus bewickii) |
A tundra alpina encontra-se em vários países e situa-se no topo das altas montanhas. É muito fria e ventosa e não possui árvores. Diferente da tundra ártica, o solo apresenta uma boa drenagem e não apresenta permafrost. Apresenta ervas, arbustos e musgos, tal como a tundra ártica. A fauna é composta de cabras-das-montanhas, alces, marmotas (pequeno roedor), insetos (gafanhotos, borboletas, escaravelhos), entre outros.
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Tundra alpina, no Mont Blanc, entre a Itália e a França |
A Antártica é a região mais fria e inóspita do planeta, o que dificulta a formação vegetal. As principais dificuldades para o crescimento dos vegetais na Antártica são os fortes ventos, a curta espessura do solo e a limitada quantidade de luz solar durante o inverno. Por isso, a variedade de espécies de plantas na superfície é limitada a plantas "inferiores", como musgos e liquens. Já a fauna é menor do que a da tundra ártica, sendo composta por pinguins, focas, leão-marinho e algumas espécies de aves, que durante o verão vão ao continente para se reproduzirem.
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Tundra na Antártica |
A tundra é um bioma que apresenta grande risco de destruição por causa das atividades dos seres humanos.
A poluição produzida pela sociedade está aumentando rapidamente a temperatura da superfície terrestre. Esse problema - chamado de aquecimento global - pode acarretar o derretimento do gelo na tundra e até o desaparecimento do permafrost. Estas modificações podem afetar a cadeia alimentar e, assim, comprometer a vida de muitas espécies.
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Tundra no Parque Nacional de Rondane - Noruega |
FONTE: Tamdjian, James Onnig
Estudos de geografia: como funciona o mundo, 6° ano / James Onnig Tamdjian, Ivan Lazzari Mendes. - São Paulo: FTD, 2012.