terça-feira, 21 de abril de 2015

O DISTRITO FEDERAL

  O Distrito Federal apresenta uma área de 5.799,999 km², dividida em 31 Regiões Administrativas, sendo Ceilândia a de maior população absoluta, com mais de 400 mil habitantes, seguido por Taguatinga com mais de 260 mil e Brasília com mais de 220 mil habitantes.
  O Distrito Federal é praticamente um enclave no estado de Goiás, não fosse a pequena divisa de menos de dois quilômetros de extensão com Minas Gerais, marcada pela passagem da rodovia DF-285. Por via terrestre, o Distrito Federal conecta-se a Minas Gerais por uma pequena ponte de 130 metros sobre o Rio Preto.
Divisa entre o Distrito Federal e Minas Gerais
  O atual Distrito Federal foi idealizado por um projeto do então presidente Juscelino Kubitschek de mudança da capital do Brasil do Rio de Janeiro para a região central do país. No período colonial (1500-1815), a área fazia parte da Capitania de São Jorge dos Ilhéus, sob o comando do donatário Jorge de Figueiredo Correia. Porém, com o fim divisão das capitanias no Brasil, surgiram diversas cidades na região, incluindo Ilhéus e, mais tarde, a própria Brasília, construída por iniciativa de JK.
  A cidade de Salvador foi a primeira sede administrativa do Brasil durante o período que vai de 1549 a 1763, quando foi transferida para o Rio de Janeiro. Os participantes da Conjuração Mineira de 1798 defendia que a capital do Brasil deveria ser São João del-Rei, enquanto os nordestinos da Revolução de 1817, defendiam que a capital brasileira deveria ficar no Nordeste e nas proximidades do mar. Mesmo com todas essas divergências, havia o consenso de que o Brasil deveria ter como sede administrativa uma cidade que facilitasse, tanto o desenvolvimento do país como sua defesa.
São João del-Rei - uma das cidades sugeridas para ser a capital do Brasil
  Havia preferências para que esta sede funcionasse no interior do país, pois isto estimularia a ocupação do interior, bem como tornaria a capital menos predisposta às invasões estrangeiras.
  Durante o Império, o equivalente ao Distrito Federal atual era o Município Neutro, onde se situava a Corte, no Rio de Janeiro. Depois da Proclamação da República, o Rio de Janeiro tornou-se a capital federal até 1960, quando foi inaugurada a cidade de Brasília.
Divisa entre o Distrito Federal e Goiás, em Valparaíso de Goiás - GO
HISTÓRIA
  Até a chegada dos portugueses ao litoral do Brasil, no século XVI, a porção central do país, na qual se inclui o Distrito Federal, era ocupada por indígenas do tronco linguístico macro-jê, como os acroás, xacriabás, xavantes, caiapós, javaés, entre outros.
  No século XVIII, a atual região ocupada pelo Distrito Federal, que era cortada pela linha do Tratado de Tordesilhas, tornou-se rota de passagem para os garimpeiros de origem portuguesa em direção às minas de Mato Grosso e Goiás. Data dessa época a fundação do povoado de São Sebastião de Mestre d'Armas (atual Região Administrativa de Planaltina).
  O sonho de ter a capital do Brasil no interior do país começou a existir a partir de 1823, na primeira Constituição do Império Brasileiro, com uma proposta feita por José Bonifácio de Andrada e Silva, que defendeu a mudança da capital para uma região mais central, mostrando as vantagens de se construir a capital em uma das vertentes do rio São Francisco.
Ponte JK
  A Constituição de 1891 propôs a criação de uma nova capital para o Brasil no interior do país. Floriano Peixoto, o segundo presidente da República, pretendendo dar continuidade ao que tinha sido determinado pelo texto da Constituição, estabeleceu, em 1892, a Comissão Exploradora do Planalto Central do Brasil.
  Em 1922, uma comissão do governo federal estabeleceu a localização da nova capital no cerrado de Goiás, mas o projeto ficou engavetado. No dia do centenário da Independência do Brasil, o então presidente Epitácio Pessoa mandou erigir no Morro do Centenário, em Planaltina, um obelisco com os seguintes dizeres:
  "Sendo Presidente da República o Exm°. Sr. Dr. Epitácio da Silva Pessôa, em cumprimento ao disposto no decreto 4494 de 18 de janeiro de 1922, foi aqui collocada em 7 de setembro de 1922, ao meio-dia, a Pedra Fundamental da Futura Capital Federal dos Estados Unidos do Brasil".
Pedra Fundamental de Brasília
  Em 1946, uma comissão chefiada por Poli Coelho atestou a excelente qualidade do lugar já preestabelecido para a construção da nova capital. Em 1954, outra comissão, chefiada pelo general José Pessoa, finalizou os estudos já realizados e definiu que a área da futura capital seria o espaço delimitado pelos rios Preto e Descoberto e pelos paralelos 15°30' e 16°03', que abrangia áreas territoriais de três municípios goianos.
  Em 1955, durante um comício na cidade de Jataí (GO), Juscelino Kubitschek, que era então candidato à presidência do Brasil e que em seus discursos sempre defendia o respeito à Constituição e às leis, foi perguntado se respeitaria, se eleito, a Constituição e mudaria a capital federal para o Planalto, de acordo com o que ela determinava. Juscelino respondeu que sim.
  Após assumir a presidência, em 1956,  Juscelino Kubitschek, por iniciativa própria, enviou ao Congresso uma mensagem propondo a criação da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap). Após a aprovação do Congresso para esse projeto, em setembro do mesmo ano, o presidente sancionou a lei que criou a empresa. A Novacap foi a responsável de planejar e executar a construção da capital federal.
Esboço do Plano Piloto feito por Lúcio Costa
  Após um concurso público que selecionaria o plano-piloto da cidade, uma comissão julgadora escolheu o projeto urbanístico do arquiteto Lúcio Costa, que foi aprovado, como lei, por unanimidade na Câmara e no Senado. Foi oficializado também o nome Brasília e a escolha do projeto arquitetônico de Oscar Niemeyer. Em 2 de outubro de 1956, Juscelino Kubitschek assinou, no local da futura capital federal, o primeiro ato, nomeando Mário Meneghetti como ministro da Agricultura, e proclamando o seguinte:
"Deste Planalto Central, desta solidão que em breve se transformará em cérebro das altas decisões nacionais, lanço os olhos sobre o amanhã do meu país e ante vejo esta alvorada com fé inquebrantável e uma confiança sem limites no seu grande destino".
Juscelino Kubitschek (1902-1976) - responsável pela construção de Brasília
  Na construção de Brasília foram construídos milhares de quilômetros de rodovias e ferrovias para garantir o deslocamento de pessoas e materiais, e utilizados os mais modernos recursos técnicos de construção. Multidões de operários de vários pontos do Brasil, os candangos, especialmente nordestinos, foram atraídos para lá, trabalhando num cronograma diuturno sem interrupção.
  Na tarde de 20 de abril de 1960, iniciaram as cerimônias de inauguração com a entrega da chave da cidade para o presidente. À zero hora do dia 21 de abril de 1960, durante uma missa solene, Brasília foi declarada inaugurada em um clima de emoção e euforia.
O Palácio da Alvorada durante a sua construção, em 1959
  Pelas ruas da cidade, os candangos expressavam sua alegria. Às 8 horas da manhã foi dado o Toque de Alvorada pela banda dos Fuzileiros Navais e minutos depois Juscelino hasteou a Bandeira Nacional diante do Palácio do Planalto. Em seguida, Brasília iniciou suas atividades como capital, quando o presidente recebeu os cumprimentos das delegações diplomáticas. ÀS 9h30 min foram instalados os Três Poderes, às 10h15 min, na Catedral de Brasília ainda inacabada, o Núncio Apostólico instalou a Arquidiocese de Brasília, e às 11h30 min foi realizada a primeira sessão solene do Congresso Nacional.
Juscelino Kubitschek discursa durante a cerimônia de inauguração de Bras
  Ao fim da sessão Juscelino foi carregado nos ombros pelos parlamentares como um herói. À tarde, a população se reuniu no Eixo Rodoviário Sul para assistir a um grande desfile militar, com a passagem do Fogo Simbólico da Unidade Nacional.
  As comemorações se repetiram e só encerraram oficialmente na noite de 23 de abril, com a representação de uma alegoria escrita por Josué Montello, que foi encenada com a participação de militares em parada, jovens da sociedade carioca, tratores e um helicóptero descendo do céu, além de inúmeros figurantes portando ferramentas de trabalho, personificando os candangos.
Inauguração de Brasília, em 21/04/1960
GEOGRAFIA
  O Distrito Federal é uma unidade federativa diferente das demais, pois não é um estado nem um município. É, na realidade, um território autônomo dividido em regiões administrativas, cujos administradores são indicados pelo Governador, sendo constitucionalmente vedada a existência de municípios no interior do Distrito Federal. Com exceção de Brasília, Capital Federal, as outras regiões administrativas são conhecidas como cidades-satélite e possuem certa autonomia em suas administrações, pois para cada uma delas é nomeado um administrador.
  No Distrito Federal está localizado o Planalto Central do Brasil, onde se localizam as cabeceiras de afluentes de três dos maiores rios brasileiros: o rio Maranhão (afluente do rio Tocantins), o rio Preto (afluente do rio São Francisco) e os rios São Bartolomeu e Descoberto (tributários do rio Paraná).
Rio São Bartolomeu, no Distrito Federal
  O relevo do Distrito Federal é constituído por planaltos, planícies e várzeas, características típicas do Cerrado, que possui terreno bem plano ou com suaves ondulações. Sua altitude varia de 600 a 1.100 metros e o ponto mais elevado dessa unidade da Federação é o Pico do Roncador, com 1.341 metros, localizado na Serra do Sobradinho.
  Geologicamente, o Distrito Federal está situado na denominada Província Hidrogeológica do Escudo Central, a qual inclui parcialmente a Faixa de Dobramentos Brasília e se estende para norte/noroeste, ocupando a Faixa de Dobramentos Paraguai/Araguaia e a parte sul do Cráton Amazônico. Esta província é amplamente dominada por aquíferos fraturados cobertos por mantos de intemperismo (solos e rochas alteradas) com características físicas e espessuras variáveis.
Paisagem do relevo do Distrito Federal
  O polígono do Distrito Federal está situado em um alto regional que não apresenta grandes drenagens superficiais, sendo um divisor natural de três grandes bacias hidrográficas (São Francisco, Paraná e Tocantins), fazendo com que as águas subterrâneas tenham uma função estratégia para a manutenção de vazões dos cursos superficiais e para o abastecimento de núcleos urbanos e rurais.
  Em 2010, por meio de decreto administrativo, o Distrito Federal foi dividido em três Comitês de Bacias Hidrográficas (CBH), que são:
  • DF1 - Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Paranoá - nos limites da Região Hidrográfica do Paraná;
  • DF2 - Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Preto - nos limites da Região Hidrográfica do São Francisco;
  • DF3 - Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Maranhão - nos limites da Região Hidrográfica do Tocantins-Araguaia.
Rio Maranhão, próximo à divisa do DF com GO
  O clima predominante do Distrito Federal é o tropical típico, com duas estações bem definidas: verão chuvoso (outubro a março) e inverno seco (abril a setembro). Os índices de umidade relativa do ar giram em torno de 25% no inverno e 68% no verão. A temperatura média é muito agradável na maior parte do ano, com variações que vão de 13°C até 27°C, constituindo uma temperatura média em torno de 20°C. A média pluviométrica varia entre 1.200 e 1.800 mm anuais.
  A vegetação do Distrito Federal, caracterizada pelo cerrado, é o resultado de um longo processo de evolução, no qual as plantas buscaram adaptar-se às difíceis condições ambientais. A vegetação do cerrado é composta por árvores de galhos e caules grossos e retorcidos, distribuído de uma forma esparsa, as folhas são cobertas de pêlos, presença de gramíneas e ciperáceas (capim) no estrato das árvores. Há também a presença de mata ciliar, composta por florestas estreitas e densas, formadas ao longo do leito dos rios e riachos, além dos brejos, que são localizados nas nascentes de água, onde se desenvolve em grandes proporções o buriti. Dentre as espécies de planta destacam-se o ipê-amarelo, o ipê-roxo, a pindaíba, o óleo-vermelho, o pau-santo, o pequi, a lixeira, a gabiroba, o araçá, a sucupira, entre outros.
Pôr do Sol no Parque Nacional de Brasília
  O solo do Distrito Federal, assim como de toda a área coberta pela vegetação de cerrado, é caracterizado por espessas camadas de sedimentos que datam do Terciário, são geralmente profundos, de cor vermelha ou vermelha amarelada, porosos, permeáveis, bem drenados e intensamente lixiviados. Em sua textura predomina, em geral, a fração de areia, seguida por argila e por último o silte. São arenosos, areno-argilosos, argilo-arenosos ou, eventualmente, argilosos, com baixa retenção de água.
  Quanto às suas características químicas, eles são bastante ácidos, com PH que pode variar de menos de 4 a pouco mais de 5. Essa forte acidez é devido aos elevados níveis de alumínio. Para corrigir a acidez do solo e torná-lo produtivo, é preciso realizar o sistema de calagem, ou seja, adição de cálcio e magnésio.
Sistema de calagem, que tem como objetivo corrigir a acidez do solo
  Durante a elaboração do projeto para a construção de Brasília houve uma grande preocupação e cuidado com relação ao trinômio cidade-natureza-homem, para que nessa cidade houvesse o equilíbrio ambiental entre esses três elementos, objetivando manter um elevado padrão de qualidade de vida dos seus habitantes. Desde a sua construção até os dias de hoje, há uma série de medidas adotadas para que seja mantido o equilíbrio ambiental e para que sejam preservados os recursos naturais existentes em Brasília e em todo o Distrito Federal.
 A fauna do Distrito Federal é composto por um grande número de animais, destacando-se: anta, cervo, onça-pintada, cachorro-vinagre, lobo-guará, lontra, tamanduá-bandeira, gambá, ariranha, gato-palheiro, veado-mateiro, cachorro-do-mato, macaco-prego, quati, queixada, porco-espinho, capivara, suçuarana, tatu-canastra, ema, entre outros.
Lobo-guará - animal símbolo do cerrado
A RIDE DO DF E ENTORNO
  A Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno é uma região integrada de desenvolvimento econômico, sendo constituída pelo Distrito Federal e por alguns municípios de Goiás e de Minas Gerais. Ocupa uma região de 55.434,99 km² e abrigando uma população de mais de 4 milhões de habitantes.
  A RIDE DF e Entorno tem como objetivo articular e harmonizar as ações administrativas da União, dos estados e dos municípios para a promoção de projetos que visem à dinamização econômica e provisão de infraestruturas necessárias ao desenvolvimento em escala regional.
  Fazem parte da RIDE DF e Entorno: o Distrito Federal, Abadiânia, Águas Lindas de Goiás, Água Fria de Goiás, Alexânia, Cabeceiras, Cidade Ocidental, Cocalzinho de Goiás, Corumbá de Goiás, Cristalina, Formosa, Luziânia, Mimoso de Goiás, Novo Gama, Padre Bernardo, Pirenópolis, Planaltina, Santo Antônio do Descoberto, Valparaíso de Goiás e Vila Boa, no Estado de Goiás, e Unaí, Buritis e Cabeceira Grande, no Estado de Minas Gerais.
Mapa da RIDE do DF e Entorno
GOVERNO E POLÍTICA
  A política e a administração do Distrito Federal distinguem-se das demais unidades da federação em alguns pontos particulares, conforme definido na Constituição do Brasil de 1988.
  • O Distrito Federal rege-se por lei orgânica, típica de municípios, e não por uma Constituição Estadual. Acumula as competências legislativas reservadas aos estados e municípios, não vedadas pela Constituição.
  • O Poder Legislativo do Distrito Federal é exercido pela Câmara Legislativa, com 24 deputados distritais eleitos pelo voto direto.
  • O caráter híbrido do Distrito Federal é observável por sua Câmara Legislativa, mistura de Câmara Municipal (Poder Legislativo Municipal) e Assembleia Legislativa (Poder Legislativo Estadual), sendo que o chefe do Poder Executivo é o governador.
Palácio Buriti - sede do governo do Distrito Federal
ECONOMIA
  Além de abrigar o centro político do país (Brasília), o Distrito Federal também é um importante centro econômico, sendo a sétima unidade federativa com o maior produto interno bruto (PIB) e o maior PIB per capita do Brasil.
  A principal atividade econômica da capital federal resulta de sua função administrativa. Por ser uma cidade tombada pelo IPHAN e que recebeu o título de Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco a ocupação do território do Distrito Federal tem características diferenciadas para preservação da cidade. Assim, o governo de Brasília tem optado em incentivar o desenvolvimento de indústrias não poluentes como a software, cinema, vídeo, gemologia, entre outras, com ênfase na preservação ambiental e na manutenção do equilíbrio ecológico.
Lago Paranoá
  A economia do Distrito Federal sempre teve como principais bases a construção civil e o comércio varejista. Foi construída em terreno totalmente livre, com alguns espaços para construção de novos edifícios. À medida que a cidade recebe novos moradores, a demanda pelo setor terciário aumenta, motivo pelo qual Brasília tem uma grande quantidade de lojas, com destaque para o Conjunto Nacional, localizado no centro da capital. A agricultura e a avicultura ocupam destaque na economia brasiliense. Na RIDE DF e Entorno está o cinturão verde, responsável pelo abastecimento da cidade.
Conjunto Nacional, em Brasília - DF
ALGUNS DADOS SOBRE O DISTRITO FEDERAL
LOCALIZAÇÃO: Região Centro-Oeste
LIMITES: Goiás (norte, sul, oeste e grande parte do leste) e Minas Gerais (uma pequena parte do leste).
CAPITAL: Brasília
Visão noturna de Brasília
ÁREA: 5.779,999 km² (27º)
POPULAÇÃO (IBGE - 2010): 2.570.160 habitantes (20º)
Estimativa (IBGE - 2014): 2.852.352 habitantes
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 493,49 hab./km² (1º)
REGIÕES ADMINISTRATIVAS MAIS POPULOSAS (Estimativa IBGE - 2014):
Ceilândia: 436.542 habitantes
Centro de Ceilândia - DF
Taguatinga: 263.124 habitantes
Taguatinga - DF
Brasília: 226.521 habitantes
Esplanada dos Ministérios, em Brasília - DF
IDH - Índice de Desenvolvimento Humano (Pnud - 2005): 0,874 (1º)
IDH-M - Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (Pnud - Brasil - 2013): 0,824 (1º)
PIB (IBGE - 2013): R$ 171,236 bilhões (7º)
EXPECTATIVA DE VIDA (IBGE - 2013): 77,3 anos (1º). Obs: essa taxa refere-se a média de quantos anos vive uma determinada população.
TAXA DE NATALIDADE (IBGE - 2009): 17,3/mil (18º)
MORTALIDADE INFANTIL (IBGE - 2010): 12,6/mil (6º)
TAXA DE FECUNDIDADE (Pnud - 2013): 1,75 filhos/mulher (24º)
TAXA DE URBANIZAÇÃO (IBGE - 2010): 96,62% (2º)
TAXA DE ANALFABETISMO (IBGE - 2010): 3,25% (1º). Obs: essa taxa refere-se ao número de pessoas com 15 anos ou mais que não sabem ler nem escrever, e é contada do menor para o maior.
PIB PER CAPITA (IBGE - 2012): R$ 64.653 (1º)
RELIGIÃO (IBGE - 2010): católicos (56,6%), protestantes (25,8%), espíritas (3,5%), afro-brasileira (0,2%), outras religiões (3,7%), sem religião (9,2%), religiões asiáticas (1%).
Catedral de Brasília
DIVISÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA: a Constituição de 1988, em seu artigo 32, veda expressamente a divisão do Distrito Federal em municípios. O Distrito Federal é dividido em 31 regiões administrativas, sendo Brasília a principal delas.
  No Brasil, a ideia de cidade está intimamente ligada à sede do município. No Distrito Federal, são chamados de cidades os diversos núcleos urbanos sedes das regiões administrativas. Alguns destes núcleos são mais antigos do que a própria Brasília, como Planaltina, que era município de Goiás antes de ser incorporado ao Distrito Federal, e Brazlândia, fundada na década de 1930.
Mapa do Distrito Federal com suas regiões administrativas
  As regiões administrativas do Distrito Federal são:
RA I - Brasília - foi oficializada como Região Administrativa em 10/12/1964. Na intersecção dos dois eixos principais da cidade, Monumental e Rodoviário, localiza-se o Marco Zero, referência para as demais distâncias do Distrito Federal e do Brasil. Possui o formato de um avião e engloba a Asa Norte, Asa Sul, Setor Militar Urbano, Setor de Garagens e Oficinas, Setor de Indústrias Gráficas, Área de Camping, Eixo Monumental, Esplanada dos Ministérios, Setor de Embaixadas Sul e Norte, Vila Planalto, Granja do Torto, Vila Telebrasília, Setor de Áreas Isoladas Norte e sedia os três Poderes da República: Executivo, Legislativo e Judiciário.
Eixo Monumental de Brasília
RA II - Gama - oficializada como Região Administrativa em 10/12/1964, seu projeto assemelha-se a uma colmeia, devido ao seu formato hexagonal. Está distante 30,2 quilômetros do Plano Piloto de Brasília. Nasceu para abrigar os operários que trabalhavam na construção da barragem do Lago Paranoá. O nome foi escolhido em homenagem ao padre Luiz Gama Mendonça, que celebrou a primeira missa no local. A cidade divide-se nos setores Norte, Sul, Leste, Oeste e Central, todos com áreas residenciais e comerciais. Seu aniversário é comemorado no dia 12 de outubro.
Gama - DF
RA III - Taguatinga - oficializada como Região Administrativa em 10/12/1964, é considerada a capital econômica do Distrito Federal, com indústria moderna e comércio forte e variado. Está entre as maiores arrecadadoras de ICMS dentre os municípios brasileiros. A vida noturna é uma das mais badaladas do Distrito Federal, com seus bares e restaurantes que já conquistaram, não só os moradores locais, como também os de outras cidades e do Plano Piloto. O nome da cidade surgiu do tupi-guarani tauá-tingá, que significa "barro branco". Taguatinga divide-se em três setores: Central, composto pela Avenida Central, praças, comércio, hotéis, bancos e escritórios; Norte e Sul, formados por quadras residenciais, comerciais e industriais. Tombada pelo Patrimônio Histórico, a Praça do Relógio, no Setor Central, é um dos pontos mais movimentados de Taguatinga. Seu aniversário é comemorado no dia 5 de junho.
Praça do Relógio, em Taguatinga - DF
RA IV - Brazlândia - oficializada como Região Administrativa em 10/12/1964, surgiu em 1852 com um pequeno povoado nas proximidades da fazenda da família Braz, de onde se originou o nome. A propriedade dos Braz ficava próxima à trilha das comitivas que se deslocavam do sul para o norte de Goiás. Está distante 45 quilômetros do Plano Piloto.
  Brazlândia ainda mantém características de cidade de interior. Atualmente, vem se destacando por sua forte vocação agrícola. Em torno da cidade, várias chácaras e fazendas formam um imenso cinturão verde, tornando a região a principal abastecedora de hortifrutigranjeiros do Distrito Federal. Em agosto acontece a tradicional Festa do Morango, organizada pelos produtores locais.
Brazlândia - DF
  Brazlândia possui também belezas naturais típicas do Planalto Central. São cachoeiras como a do Rio do Sal, Chapada Imperial, Paraíso na Terra, Poço Azul, todas propriedades com águas de nascentes e com belíssimas paisagens.
Cachoeira do Poço Azul, em Brazlândia - DF
RA V Sobradinho - oficializada como Região Administrativa em 10/12/1964, possui clima agradável e vegetação densa e diversificada. A cidade de Sobradinho originou-se de uma fazenda do mesmo nome. Fundada em 13 de maio de 1960, consta da sua história que o nome Sobradinho é uma homenagem à engenhosidade do pássaro joão-de-barro, que construiu, às margens de um ribeirão que cortava a fazenda, duas casas superpostas como sobrado, no braço de um antigo cruzeiro, e que se transformaram em marco geográfico para os viajantes da época.
  Casas padronizadas intercaladas por extensas faixas verdes e um sistema viário amplo completam o quadro urbano da cidade. Os primeiros habitantes foram as famílias transferidas do Acampamento Bananal e da Vila Amauri, próxima à Vila Planalto, cuja área foi inundada quando se formou o Lago Paranoá.
  Sobradinho conta com uma grande quantidade de artesãos na confecção de trabalhos em madeira, couro e pedra. Os produtos são comercializados em feiras livres. A RA V foi escolhida para abrigar as instalações do Polo de Cinema e Vídeo do Distrito Federal. As principais festas são o aniversário da cidade, em 13 de maio, as festas juninas e a do Peão Boiadeiro, que ocorrem em junho.
Sobradinho - DF
RA VI - Planaltina - oficializada como Região Administrativa em 10/12/1964, surgiu em 19/08/1859 e está distante 38,5 quilômetros do Plano Piloto. A mais antiga das regiões administrativas do Distrito Federal conserva ruas estreitas e casarões centenários que testemunharam, em 1892, a passagem da Missão Cruls, encarregada de estudar a localização da nova capital do país. O local, na época chamado de Vila Mestre D'Armas devido a um armeiro que morou na região, era ponto de escoamento de ouro que era retirado de Goiás.
  Em 1922, a cidade foi agraciada com o lançamento da Pedra Fundamental da futura Capital no ano do centenário da Independência do Brasil, pelo então presidente Epitácio Pessoa.
Planaltina - DF
  Como atrativos, Planaltina oferece a Lagoa Bonita, a Cachoeira do Pipiripau e o Vale do Amanhecer, uma das maiores comunidades místicas do país. A mais importante reserva ambiental da América do Sul, a Estação Ecológica de Águas Emendadas, localiza-se próximo à cidade. Na área urbana, as maiores atrações são a igreja de São Sebastião, a Igreja Matriz e o Museu Histórico e Artístico de Planaltina, que conserva a memória da cidade e vende artesanato da região, destacando-se a cerâmica e a tapeçaria.
  As festas mais tradicionais da cidade são a Folia do Divino, realizada no sétimo domingo após a Páscoa, e a Folia dos Santos Reis, no dia 6 de janeiro. Durante a Semana Santa é realizada o evento religioso mais importante do Distrito Federal, a Via Sacra, representada por atores da cidade.
Cachoeira do Pipiripau, em Planaltina - DF
RA VII - Paranoá - oficializada como Região Administrativa em 10/12/1964, está distante 20 quilômetros do Plano Piloto. O Paranoá nasceu a partir da instalação do canteiro de obras da construção da Barragem do Paranoá, que se formou o núcleo habitacional e que deu origem, inicialmente, à Vila Paranoá. O aniversário da cidade é comemorado no dia 25 de outubro.
Paranoá - DF
RA VIII - NÚCLEO BANDEIRANTE - oficializada como Região Administrativa em 25/10/1989, está situado a 13,3 quilômetros do Plano Piloto. Ficou conhecida como "Cidade Livre" durante a construção de Brasília, onde o comércio era livre e não se cobrava impostos, e funcionou como centro comercial e recreativos dos que estavam diretamente ligados à construção da nova capital. A cidade surgiu, efetivamente, em 19 de dezembro de 1956, sendo a primeira área  destinada a abrigar os trabalhadores pioneiros. Algumas construções de madeira foram mantidas na forma original. São casas, sobrados e construções como a Escola Metropolitana e o Hospital Juscelino Kubitscheck de Oliveira (HJKO), tombado pelo Patrimônio Histórico, e onde hoje funciona o Museu Vivo da Memória Candanga.
Núcleo Bandeirante - DF
RA IX - Ceilândia - oficializada como Região Administrativa em 25/10/1989, seu nome vem das iniciais da Campanha de Erradicação de Invasões - CEI. A cidade divide-se nos setores M, N, O, P e Q, dispostos em torno de dois eixos que se cruzam em ângulo de 90°. A maioria dos seus habitantes vieram de Goiás, Minas Gerais, da região Norte e, principalmente, do Nordeste, fazendo da cidade um ponto de convergência e de difusão da cultura nordestina. Um exemplo dessa cultura é a Casa do Cantador, projetada por Oscar Niemeyer para sediar a Federação Nacional das Associações de Cantores, Repentistas e Poetas Cordelistas, que promovem encontros e festivais.
Casa do Cantador, em Ceilândia - DF
  As quadras residenciais são compostas, além das habitações, de comércio local e templos. Os demais equipamentos urbanos são distribuídos em áreas especiais. Aos domingos, o centro de Ceilândia é ocupado por duas feiras: a Feira Central, onde se encontram todos os tipos de produtos; e a Feira do Rolo, que utiliza o sistema de trocas para negociar, desde eletrodomésticos até literatura de cordel.
  Ceilândia está distante 24 quilômetros do Plano Piloto, com acesso através da Via Estrutural e da EPTG (Estrada Parque Taguatinga). Seu traçado urbanístico é do arquiteto Ney Gabriel de Souza, e sua principal atração é a Barragem do Rio Descoberto, cujo acesso é através da BR-070. As principais festas são o aniversário da cidade, no dia 27 de março, a Festa Colônia Nordestina, na primeira semana de julho, e os Jogos da Primavera, em setembro.
Ceilândia - DF
RA X - Guará - oficializada como Região Administrativa em 25/10/1989, foi idealizado por Lúcio Costa, que projetou casas padronizadas. O Guará nasceu de mutirão de funcionários da Novacap, que em 1967 começaram a construir suas casas, reunidos em grupos de 10 famílias, sob orientação de arquitetos e engenheiros. O êxito da experiência fez com que o projeto fosse estendido a servidores de outras instituições do governo.
  A cidade deve seu nome ao córrego Guará, que corta sua área e que provavelmente foi batizado assim em homenagem ao lobo-guará, espécie comum na região do Planalto Central.
  Além da famosa feira livre, o Guará dispõe de um moderno kartódromo, o principal do Distrito Federal, cuja pista serviu de iniciação para pilotos de renome internacional, como Nelson Piquet e seu filho Nelsinho, Vítor Meira, Roberto Pupo Moreno, entre outros.
Guará - DF
RA XI - Cruzeiro - oficializada como Região Administrativa em 25/10/1989, seu aniversário é comemorado no dia 30 de novembro. É a Região Administrativa mais próxima do Plano Piloto. O Cruzeiro tornou-se conhecido como um reduto do samba, com as constantes festas promovidas pela Associação Recreativa Unidos do Cruzeiro - ARUC -, escola de samba mais premiada dos carnavais do Distrito Federal.
  A cidade nasceu de um conjunto construído em 1958 para abrigar os primeiros funcionários que chegaram à capital, e recebeu este nome por estar próxima à cruz erguida no ponto mais alto do Eixo Monumental, onde em 1957, foi celebrada a primeira missa em Brasília. Em 1894, a área onde hoje se encontra a cidade, abrigou um acampamento da Missão Cruls, que ali instalou um observatório. Esta região está inserida na área tombada pelo Patrimônio Cultural da Humanidade.
Cruzeiro - DF
RA XII - Samambaia - oficializada como Região Administrativa em 25/10/1989, foi criada para responder ao crescimento populacional do Distrito Federal. Samambaia recebeu os primeiros moradores em 1985 e as casas foram construídas, em parte, com o apoio do Programa de Olarias Comunitárias. Está distante 28 quilômetros do Plano Piloto. A cidade comemora seu aniversário em 25 de outubro. Seu principal centro de atividades é a Chácara de Três Meninas, localizada na Entrequadra 609/611, do Centro Urbano, onde se encontram a Casa da Cultura, a Olaria Comunitária, a Biblioteca Pública, postos de saúde, escolas e serviço social.
Samambaia - DF
RA XIII - Santa Maria - oficializada como Região Administrativa em 04/11/1992, está localizada a 39 quilômetros do Terminal Rodoviário do Plano Piloto. Seu aniversário é comemorado em 10 de fevereiro. A cidade é rodeada por dois ribeirões, Alagado e Santa Maria, este originando o nome da cidade. A região abriga propriedades rurais, bem como a primeira usina hidrelétrica do Distrito Federal, instalada no Ribeirão Saia Velha, em 1958.
Santa Maria - DF
RA XIV - São Sebastião - oficializada como Região Administrativa em 10/05/1994, está distante 30 quilômetros da Rodoviária do Plano Piloto. Abriga a Papuda (Complexo Penitenciário de Brasília). Com o início das obras da construção de Brasília, a partir de 1957, várias olarias se instalaram no local onde hoje é a cidade, em terras posteriormente arrendadas através da Fundação Zoobotânica do DF, visando, à época, suprir parte da demanda da construção civil por materiais. Em 25 de junho é comemorado o aniversário da cidade. O nome São Sebastião é uma homenagem a um dos primeiros comerciantes a chegar à cidade, o seu Sebastião.
São Sebastião - DF
RA XV - Recanto das Emas - oficializada como Região Administrativa em 28/07/1993, está situado a 26 quilômetros da Rodoviária do Plano Piloto. Existia no local um sítio chamado Recanto, onde vivia grande quantidade de emas, espécie nativa do Cerrado, o que originou o nome da cidade. A região conta com belíssimas reservas naturais. Em 1996, por meio da lei 1.188, foi criado o Parque Ecológico e Vivencial do Recanto das Emas, localizado numa área delimitada pela chácara Aldeia da Paz e a cabeceira do córrego Monjolo. No parque há cachoeiras, corredeiras, poços, paredões e nascentes.
Recanto das Emas - DF
RA XVI - Lago Sul - oficializada como Região Administrativa em 10/01/1994, está situada a 8,4 quilômetros da Rodoviária do Plano Piloto e localizado às margens do Lago Paranoá. Suas edificações são elegantes e respeitam as escalas volumétricas da área tombada do Distrito Federal. Próximo à cidade encontra-se o Aeroporto Internacional de Brasília. Dentre os principais atrativos turísticos estão: Ermida Dom Bosco, Jardim Botânico, Pontão do Lago Sul e Ponte JK. Composta de casas individuais de alto padrão, suas quadras são identificadas como QI (Quadra Interna) e QL (Quadra do Lago).
Lago Sul - DF
RA XVII - Riacho Fundo - oficializada como Região Administrativa em 15/12/1993, comemora seu aniversário em 13 de março. A região é responsável por boa parte do abastecimento agrícola do Distrito Federal. É nela que está localizada a Fundação Cidade da Paz, entidade não-governamental que mantém e administra a Universidade Holística Internacional e o Instituto de Saúde Mental. Está localizada a 18 quilômetros da Rodoviária do Plano Piloto. Em maio é celebrada a tradicional festa de São Domingos Sávio. As festas juninas envolvem toda a comunidade, com muita alegria e animação.
Riacho Fundo - DF
RA XVIII - Lago Norte - oficializada como Região Administrativa em 10/01/1994, está localizada numa península. Com uma renda per capita relativamente alta e, juntamente com o Lago Sul, possui o segundo maior número de piscinas por habitante do mundo. O Lago Norte é um bairro predominantemente da classe média alta. Possui um Centro de Atividades, principal área de comércio. Conta com dois shoppings centers, o Iguatemi e o Deck Norte. O Clube do Congresso, situado no final da península, foi uma das primeiras construções do local.
Lago Norte - DF
RA XIX - Candangolândia - oficializada como Região Administrativa em 27/01/1994, o nome da cidade é em homenagem aos pioneiros, construtores de Brasília, que ficaram conhecidos como candangos. O primeiro acampamento foi construído em 1956 pela Novocap, criado pelo presidente Juscelino Kubitschek, abrigando a sede da empresa, um caixa forte para fazer o pagamento dos salários dos operários, um posto de saúde, um hospital, um posto policial, dois restaurantes - o da Novacap e o dos Serviços de Alimentação Popular (SAPs) -, uma escola para os filhos dos pioneiros, além das residências para as equipes técnicas e administrativas da empresa. Em 1989, a Candangolândia tornou-se uma cidade. Está inserida na área tombada pelo Patrimônio Cultural da Humanidade.
Candangolândia - DF
RA XX - Águas Claras - oficializada como Região Administrativa em 06/05/2003, está distante 20 quilômetros do Plano Piloto. Localizada em área de alta densidade populacional, possui avenidas, alamedas e praças com nomes inspirados em plantas como: Araucárias, Flamboyant, Ipê Amarelo, entre outras. O aniversário da cidade é comemorado em 6 de maio.
Águas Claras - DF
RA XXI - Riacho Fundo II - oficializada como Região Administrativa em 06/05/2003, data em que é comemorado o aniversário da cidade. A história do Riacho Fundo II teve início com a ocupação de pessoas que ficaram acampadas à beira da pista, próximo ao balão do Recanto das Emas, em busca do direito à moradia própria, em 1995.
Riacho Fundo II - DF
RA XXII - Sudoeste/Octogonal - oficializada como Região Administrativa em 06/05/2003, data em que é comemorado o aniversário da cidade, o Sudoeste/Octogonal foi formado a partir do desmembramento da RA XI Cruzeiro. A região é formada por áreas residenciais que seguem o padrão de seis andares sobre pilotis (pilares em concreto armado que sustentam uma construção), setores comerciais, quadras mistas, o Hospital das Forças Armadas e o Instituto Nacional de Meteorologia - INMET. A RA XXII está inserida na área tombada pelo Patrimônio Cultural da Humanidade.
Sudoeste/Octogonal - DF
RA XXIII - Varjão - oficializada como Região Administrativa em 06/05/2003, está localizada na vertente escarpada da chapada da Contagem, tendo formato irregular condicionado pelos obstáculos naturais, escarpas e o Ribeirão do Torto. Seu aniversário é comemorado no dia 6 de maio.
Varjão - DF
RA XXIV - Park Way - oficializada como Região Administrativa em 29/12/2003, o Setor de Mansões Park Way foi incluído no plano urbanístico de Brasília entre 1957 e 1958, e registrado em cartório em 1961 por Juscelino Kubitschek. Seu aniversário é comemorado no dia 13 de março. A cidade possui diversas reservas naturais com vegetação típica de cerrado, que somados aos córregos e nascentes transformam o Park Way em um ambiente agradável e sustentável, proporcionando qualidade de vida aos seus habitantes e quem a visita. Possui edificações e monumentos tombados pelo Patrimônio Histórico, que resgatam a história dos candangos e da construção da nova Capital Federal, Brasília. Dentre esses monumentos estão o Catetinho e o antigo casarão da fazenda Gama, onde JK foi recepcionado pela primeira vez que pisou na região.
Park Way - DF
RA XXV - SCIA - oficializada como Região Administrativa em 27/01/2004, o Setor Complementar de Indústria e Abastecimento é a junção da Cidade Estrutural e da Cidade do Automóvel. A primeira foi criada por migrantes que buscavam no lixo uma fonte de renda, os quais se estabeleceram no chamado "Lixão", com moradias precárias. A Cidade do Automóvel foi criada para retirar do Plano Piloto as agências de vendas de carros, principalmente da Avenida W3 - Asa Norte. Atualmente, o local conta com mais de 150 revendas automobilísticas, gerando concorrência e possibilidades de negócios e empregos.
SCIA - DF
RA XXVI - Sobradinho II - foi oficializada como Região Administrativa em 27/01/2004. O nome Sobradinho II surgiu devido à sua proximidade com a cidade de Sobradinho, de onde a maioria dos seus moradores veio, tendo em vista o crescimento populacional da região. Como Sobradinho não possuía projeto de expansão territorial, em 1990, foi instituído o programa habitacional para a população de baixa renda, sendo implantados assentamentos em diversas cidades do Distrito Federal. Sobradinho II localiza-se em uma superfície topográfica plano-ondulada, com declives suaves, próximo ao Ribeirão Sobradinho e seu tributário, o Córrego Paranoazinho, integrantes da bacia do rio São Bartolomeu.
Sobradinho II - DF
RA XXVII - Jardim Botânico - oficializada como Região Administrativa em 31/08/2004, possui uma extensa área verde e elevado índice de qualidade de vida. A regional do Jardim Botânico é formada por condomínios horizontais abrigando cerca de 27 mil moradores. A Região Administrativa engloba duas áreas: parte de São Bartolomeu e os condomínios do Jardim Botânico.
Jardim Botânico - DF
RA XXVIII - Itapoã - foi oficializada como Região Administrativa em 03/01/2005. Na década de 1990 houve um crescente número de migrantes na cidade. A expectativa de regularização estimulou o crescimento da região que, atualmente, possui uma população de cerca de 48 mil habitantes.
Itapoã - DF
RA XXIX - SIA - oficializada como Região Administrativa em 14/07/2005, o Setor de Indústria e Abastecimento é responsável por 56% da arrecadação de ICMS do Distrito Federal. O SIA nasceu antes mesmo da inauguração da Capital. Nesse local os construtores da cidade armazenavam material para as obras. Em seguida, as empresas foram se instalando no SIA. Hoje conta com aproximadamente 5 mil indústrias leves e não poluentes. Inclui os setores de Inflamáveis (SIN) e de Transporte Rodoviário de Cargas (STRC).
SIA - DF
RA XXX - Vicente Pires - foi oficializada como Região Administrativa em 26/05/2009. Apesar de ter sido a penúltima Região Administrativa a ser criada, Vicente Pires remonta a história colonial, posto que seu nome origina-se de Vicente Pires da Mota, homem de confiança do Rei de Portugal, a quem foi dado terras às margens do Rio Urbano, onde passava a primeira estrada que ligava a Capitania de São Paulo ao interior do país, a Estrada do Urbano, cujo objetivo era assegurar que a riqueza encontrada pelos bandeirantes não viesse a ocasionar a independência da Capitania. Em 1850 é criada a primeira Lei de Terras do Brasil, tendo a fazenda seu primeiro registro paroquial, em 1858. Havia ali o encontro dos córregos Samambaia e Córrego do Vallo, dando origem a um terceiro fluxo de água que recebeu o nome de Córrego Vicente Pires.
Vicente Pires - DF
RA XXXI - Fercal - oficializada como Região Administrativa em 29/01/2012, comemora seu aniversário em 12/09. É a primeira Cidade Operária do Distrito Federal, de onde foram extraídos os recursos naturais para a construção da Capital. Atualmente, é a maior região geradora de impostos de todo o Distrito Federal, oriundo das grandes empresas produtoras de cimento, usinas de asfalto e derivados, instaladas nessa região. A Fercal está situada às margens da APA Cafuringa e é muito rica em recursos minerais, principalmente calcário, que contribui significativamente para o crescimento socioeconômico da região, que é complementada pela beleza geográfica e outras riquezas naturais e culturais, e servem de atrações turísticas por meio das pequenas cachoeiras, grutas, cavernas, riachos, trilhas e áreas de preservação ambiental.
Fercal - DF
FONTE: Antunes, Celso Avelino. Geografia e participação: 7º ano / Celso Avelino Antunes, Maria do Carmo Pereira e Maria Inês Vieira. - 2. ed. - São Paulo: IBEP, 2012

terça-feira, 14 de abril de 2015

OS MANANCIAIS E A EXPANSÃO DAS CIDADES

  Os mananciais são as nascentes abastecedoras naturais de água doce, que se originam de lençóis subterrâneos e de cursos d'água superficiais, como córregos, rios, lagos, represas e lençóis freáticos. As áreas de mananciais devem ser protegidas por meio da conservação da sua paisagem vegetal e da proibição de construções, que podem poluir a água e comprometer sua qualidade. Esse fato exige mais gastos com o tratamento de água para que ela possa ser distribuída para a população.
    A ocupação desordenada das margens dos rios (construção de moradias irregulares, prédios, avenidas) contribui para o acúmulo de lixo, o despejo de esgoto - muitas vezes sem tratamento -, o aterramento de parte do rio, a alteração do seu leito e a canalização das suas águas.
Nascente do rio Tietê, em Salesópolis - SP
  Com os baixos salários, o custo alto dos aluguéis em regiões mais centrais das grandes cidades e a falta de políticas habitacionais adequadas, as pessoas mais pobres são forçadas a ocupar e construir moradias em locais mais distantes do centro, nas periferias. Muitas vezes, nesses locais estão as áreas de mananciais. Na Grande São Paulo, mais de 1,6 milhão de pessoas moram em áreas de mananciais.   Como consequência, podem ocorrer a erosão e o assoreamento do rio, enchentes e poluição. Com isso, a disponibilidade de água de boa qualidade fica cada vez mais reduzida, exigindo investimentos cada vez maiores para o seu tratamento.
Rio Paraíba do Sul, em Barra Mansa - RJ
  Para cumprir sua função, um manancial precisa de cuidados especiais, garantidos nas chamadas leis estaduais de proteção a mananciais. Nessas regras, o ponto principal é evitar a poluição das águas. A expansão das grandes cidades provocou a poluição e, muitas vezes, a morte de rios, além da desconfiguração natural dos mesmos por meio de canalização. Um desses exemplos é o rio Tietê, que corta a cidade de São Paulo e boa parte do interior paulista.
  O rio Tietê sempre foi um rio de meandros e para a construção das avenidas marginais na cidade de São Paulo, foi preciso mudar o seu curso natural e realizar a sua canalização. Com a impermeabilização do solo, grande parte da precipitação que cai na capital paulista corre imediatamente para as galerias pluviais e dali para os córregos que as conduz para o Tietê, que não consegue absorver toda essa água e acaba transbordando, provocando alagamentos e trazendo prejuízos e transtornos para a população que mora próximo ao rio.
Rio Tietê, em São Paulo - SP
  A partir da década de 1970, a cidade de São Paulo começou a se expandir em direção à represa de Guarapiranga, situada na Região Metropolitana de São Paulo, com milhares de ocupações clandestinas que despejam esgoto no manancial sem nenhum tratamento.
  A represa de Guarapiranga, responsável pelo abastecimento de mais de 4 milhões de pessoas, é o manancial mais ameaçado da Região Metropolitana de São Paulo. Poluída pelo esgoto de loteamentos irregulares e favelas, a represa sofreu com a explosão demográfica, provocando a elevação nos custos para o tratamento e, consequentemente, no preço da água destinada ao consumidor.
  Na década de 1980, a presença de algas foi registrada nas águas, que indicam a grande quantidade de material orgânico na represa. O excesso de poluição tem aumentado a quantidade de plantas aquáticas, cujo impacto incide na qualidade da água e no assoreamento da represa.
Represa Guarapiranga, em São Paulo - SP
  Outro reservatório que vem sofrendo com a poluição decorrente do crescimento desordenado da Grande São Paulo é a represa Billings, um dos maiores e mais importantes reservatórios de água da Região Metropolitana de São Paulo.
  A represa foi idealizada nas décadas de 1930 e 1940 pelo engenheiro Billings, um dos empregados da extinta concessionária de energia elétrica Light. Inicialmente, a represa tinha o objetivo de armazenar água para gerar energia elétrica para a usina hidrelétrica Henry Borden, em Cubatão.
  Em função do elevado crescimento populacional e industrial da Grande São Paulo ter ocorrido sem planejamento, principalmente ao longo das décadas de 1950 e 1970, a represa Billings possui trechos poluídos com esgotos domésticos, industriais e metais pesados.
Represa Billings, cruzando a Rodovia dos Imigrantes, em São Bernardo do Campo - SP
  O rio das Velhas está localizado no estado de Minas Gerais e corta grande parte da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Boa parte do seu volume de água é captado na Estação de Tratamento de Água de Bela Fama. Recebe uma grande quantidade de esgoto através de afluentes como o Ribeirão das Arrudas e o Ribeirão da Onça, que atravessam a cidade de Belo Horizonte. A degradação ambiental faz com que o rio das Velhas se apresente em seu trecho mais conhecido como um rio de águas avermelhadas (em grande parte devido à presença de minério de ferro no solo da região), barrentas, extremamente poluído e assoreado. Praticamente não há vida nas águas do rio ao longo desse trecho.
Rio das Velhas, em Santa Luzia - MG
  A represa de Várzea das Flores é um importante reservatório de abastecimento de água para os municípios de Betim, Contagem e Belo Horizonte. Essa represa recebe esgoto de casas de seu entorno. O local, devido à sua beleza natural, é utilizado pela população como área de lazer para pesca e banhos. Ao mesmo tempo, pessoas de melhor poder aquisitivo, têm adquirido as áreas no entorno para residências e atividades voltadas ao lazer, provocando o parcelamento de áreas - antigamente constituída por grandes fazendas - e, consequentemente, a execução de obras que provocam desmatamento e movimento de terra.
Represa Várzea das Flores, entre os municípios de Betim e Contagem - MG
  O rio Piracicaba é o maior afluente em volume de água do rio Tietê. É também um dos mais importantes rios paulistas e responsável pelo abastecimento da Região Metropolitana de Campinas e parte da Grande São Paulo.
  O rio Piracicaba foi utilizado como rota fluvial de acesso ao Mato Grosso e Paraná no século XVIII, provocando a fundação de cidades, como Piracicaba. Ao longo dos séculos XIX e XX, foi utilizado como rota de navegação de pequenos vapores e fonte de abastecimento de engenhos e fazendas de café e cana-de-açúcar.
  Por volta de 1960, o governo paulista decidiu reforçar o abastecimento de água da Região Metropolitana de São Paulo, construindo diversas represas nas nascentes da bacia hidrográfica do Piracicaba, formando assim, o Sistema Cantareira, maior responsável pelo abastecimento de água de São Paulo, que capta e desvia água dos formadores do rio, reduzindo o nível da água e de seus afluentes.
Reservatório Paiva Castro, do Sistema Cantareira, em Mairiporã - SP
  Por volta de 1980, a industrialização e metropolização da Região Metropolitana de Campinas provocou uma crescente contaminação das águas do rio Piracicaba, fazendo com que esse rio se tornasse um dos mais contaminados do Brasil. A água desse rio e de seus afluentes fica poluída depois de passar na área de grandes cidades, como Campinas, Limeira e Piracicaba, provocando racionamento e rodízios de água nas cidades no qual ele corta.
Rio Piracicaba, em Piracicaba - SP
  Apesar de ser conhecida como a "Veneza brasileira", Recife sofre com o problema da falta de água. Como a capital pernambucana não tem rios permanentes capazes de fornecer água para seus habitantes, a cidade retira esse precioso líquido dos lençóis subterrâneos. O problema é que boa parte dessas reservas está comprometida. Primeiro, pela grande quantidade de esgoto não coletado, que se infiltra no solo e polui os lençóis freáticos. Segundo, a superexploração contribui para baixar o nível dos reservatórios, deixando a água com muito sal e prejudicando o consumo.
  Recife é cortado por vários rios, com destaque para os rios Capibaribe e Beberibe. O rio Capibaribe divide a área central de Recife, e encontra-se bastante degradado pelo assoreamento e pela poluição devido a dejetos de matadouros, lixões e esgotos urbanos e industriais. O rio Beberibe é a divisa natural entre as cidades de Olinda e Recife, e como grande parte dos seus afluentes na Grande Recife cortam zonas de extrema pobreza, desagua trazendo grandes quantidades de poluição.
Confluência entre os rios Beberibe e Capibaribe, em Recife -PE
FONTE: Lucci, Elian Alabi. Geografia: homem & espaço, 6° ano / Elian Alabi Lucci, Anselmo Lázaro Branco. - 22. ed. - São Paulo: Saraiva, 2010.

domingo, 12 de abril de 2015

CAÑADA REAL GALIANA: A MAIOR FAVELA DA EUROPA

  Crianças brincam em uma favela sem saneamento básico. No chão, lama, fezes humanas, lixo. A situação de precariedade - pior que a de muitas favelas no Brasil - retrata um dia na Cañada Real Galiana, a 15 km de Madri, na Espanha. Se estende  a partir da Avenida de la Cañada de Coslada ao limite municipal de Madri e Getafe, atravessando os municípios de Coslada, Rivas-Vaciamadri e Madri.
  Essa é a maior favela do continente europeu, onde vivem 44 mil pessoas, entre ciganos, espanhóis, romenos e marroquinos.
  A situação sociocultural da Cañada Real Galiana é multipolar, com fenômenos de marginalização social, especialmente o tráfico de drogas, moradias insalubres, falta ou serviços inadequados (água, luz, esgoto etc.) e sensível aos efeitos nocivos causados por deslocamentos forçados após a dispersão de outras favelas ou afluxo de imigrantes da década de 1990.
Ao fundo, crianças no meio da lama na Cañada Real Galiana
  Antigo caminho de gado, toda a extensão da Cañada Real é considerada área pública. Há 40 anos, casas surgiram no terreno. Virou moradia de espanhóis que iam a Madri trabalhar na criação de gado. Depois, foi ocupada por ciganos espanhóis. Marroquinos muçulmanos também ocuparam o local e, mais tarde, ciganos romenos ergueram um assentamento lá.
  As trilhas de tropeiros de gado são reservados para o trânsito de animais entre diferentes partes da Espanha. Elas são estatais onde a construção é proibido por lei. Durante os anos 1960 e 1970, foi criada uma emenda na lei que proibia a construção nessas trilhas, regularizando a utilização de tropeiros e permitindo que ao longo de seu caminho fosse estabelecido pomares e pequenas casas de conservação, o que contribuiu para a construção das moradias irregulares que existem no local.
Visão aérea de Cañada Real Galiana
  Um lixão, construído na década de 1980, e uma paróquia, há oito anos, completaram o cenário da favela.
  O espaço é estreito, mas bem demarcado: em uma ponta vivem os romenos; na outra, os ciganos espanhóis; no meio deles, marroquinos.
  O trecho dos romenos, o Gallinero, é o mais precário. Ali, os barracos, erguidos sobre lama, são feitos de pedaços de madeira e lona.
  Inicialmente, toda a extensão da Cañada Real Galiana afetada por construções ilegais pertenciam ao município de Madri, com exceção de um trecho intermediário que se projeta para a cidade de Rivas-Vaciamadri. No entanto, após várias trocas de terras entre os municípios essa consideração mudou.
  A cañada Real Galiana divide-se em vários setores, que são:
 Setor 1
  Atravessa a cidade de Coslada, na divisa com o município de Madri. As características das casas nesta área são semelhantes em muitas partes com as de Madri, com apartamentos de 1 ou 2 andares, moradias feitas de tijolos e ruas estreitas. Atualmente, a cidade de Coslada tem tomado medidas para condicionar e legalizar esta área. É habitada principalmente por famílias espanholas.
Setor 1 de Cañada Real Galiana, em Coslada - Espanha
Setor 2
  Localizada ao redor do município de Madri, entre a rodovia M-45 e M-203, é composta principalmente de casas e de algumas mansões, além de oficinas e armazéns. Separa os bairros de El Canaveral e Los Cerros. É habitada principalmente por famílias espanholas.
Setor 2 de Cañada Real Galiana, em Madri - Espanha
Setor 3
  Inclui o trecho entre as rodovias M-203 e M-823. Grande parte da sua rota é a linha divisória entre as cidades de Madri e Rivas-Vaciamadrid, com uma parcela que vai para a cidade de Rivas-Vaciamadri. Consiste principalmente de casas de baixa qualidade, algumas habitações de luxo e favelas com famílias espanholas e romenas, em sua maioria.
Setor 3 de Cañada Real Galiana, em Rivas-Vaciamadrid - Espanha
Setor 4
  Localizada entre a rodovia M-823 (estrada de Cristo Rivas) e linha 9 (em Puerta de Arganda-Rivas Urbanizaciones). Esse setor pertence aos municípios de Madri e Rivas-Vaciamadrid, sendo composto por uma mistura de barracos e casas humildes habitada principalmente por ciganos espanhóis e marroquinos.
Setor 4 de Cañada Real Galiana, em Rivas-Vaciamadrid - Espanha
Setor 5
  Funciona a partir do Metrô Linha 9 (em Puerta de Arganda-Rivas Urbanizaciones) para o A-3 (rodovia leste) ao lado da urbanização de Covibar (Rivas). Inicialmente, este setor era pouco povoado por espanhóis, mas teve um grande crescimento nos últimos anos, graças à imigração marroquina. As casas são todas construídas de qualidade  variável, e há uma divisão clara entre as parcelas dos vizinhos originais e os mais recentes.
Trecho 5 da Cañada Real Galiana, em Rivas - Espanha
Setor 6
  Começa a partir da rodovia A-3 e atinge a cidade de Getafe. Este é o maior, mais pobre e o setor que é mais visado pela polícia, devido ao imenso tráfico de drogas que impera no local, sendo também conhecido por Gallinero. É habitada principalmente por ciganos romenos.
Setor 6 do Cañada Real Galiana, em Getafe - Espanha
  A Anistia Internacional pede ao governo espanhol condições mínimas de saneamento básico, mas Madri estuda desalojar a favela, alegando ser uma via pública.
FONTE: Projeto Araribá: geografia / obra coletivo concebida, desenvolvida e produzida pela Editora Moderna; editor responsável Fernando Carlo Vedovate. - 3. ed. - São Paulo: Moderna, 2010.

quinta-feira, 9 de abril de 2015

RIDGE A: O LUGAR MAIS FRIO DO MUNDO

  O lugar mais frio do mundo fica nos confins do Polo Sul, nunca foi visitado por um ser humano e pode revolucionar a astronomia. Ele se chama Ridge A (Cordilheira A, em inglês), fica a mais de 4 mil metros de altitude - 30% mais alto que a cidade de La Paz, na Bolívia - e está a 600 quilômetros do Polo Sul. Mas a principal característica desse lugar, que acaba de ser revelado por imagens de satélite, é outra: Ridge A é o ponto mais frio da face da Terra, com temperatura média de 70 graus negativos. Até então, acreditava-se que o lugar mais frio do mundo fosse o lago Vostok, na Antártida, que chegou a registrar 90 graus negativos.
  Os cientistas fizeram essa descoberta enquanto analisavam os mapas de temperatura superficial global mais detalhados já feitos, desenvolvidos com dados de satélites de sensoriamento remoto.
  Esta cordilheira fica próxima à Estação de Pesquisa Davis, no território antártico australiano, ao leste do platô antártico em uma alta cordilheira onde foram registradas temperaturas de -92ºC.
Estação de pesquisa australiana Davis
  Ridge A é muito hostil para a vida, mas perfeito para a ciência. O céu extremamente limpo, com poucas nuvens e sem água (a umidade relativa do ar é praticamente zero), faz de Ridge A o lugar perfeito para a instalação de um telescópio.
  Os lugares mais frios da Terra que são habitados permanentemente ficam no nordeste da Sibéria, na Rússia, onde as temperaturas chegaram a -90°C em duas cidades, Verkhoyansk e Oimekon, em 1892 e 1933, respectivamente.
Inverno em Verkhoyansk - Rússia
  Ridge A está localizado a 929 quilômetros do Polo Sul e a 159 quilômetros de Domo A (cúpula de gelo localizada no centro da Antártica), e a uma altitude de 4.053 metros acima do nível do mar. O local foi avaliado por cientistas da Austrália e dos Estados Unidos através de dados de satélite como um ótimo local de observação astronômica por suas condições meteorológicas favoráveis, além de ser o local de origem dos ventos catabáticos (vento que transporta ar de alta densidade de uma elevação descendo a encosta, devido à ação da gravidade).
Mapa de localização do Ridger A (Cordilheira A)
  O Lago Vostok, que antes da descoberta da Cordilheira A era o local mais frio do mundo, é uma massa de água subglacial localizado na Antártica, por baixo da Estação Vostok - um centro de investigação dirigido pela Rússia. Esse lago tem uma forma elíptica com 250 km de comprimento e 40 km de largura, cobrindo uma área de 14 mil km². O seu fundo é irregular e divide-se em duas bacias, a mais profunda com cerca de 800 metros e a outra com 200 metros. Calcula-se que o lago contenha um volume de 5.400 km³ de água doce.
  O Lago Vostok, segundo os cientistas, teve origem normal e foi coberto por gelo à medida que se desenvolveram os glaciares da calota polar da Antártica. Esta submersão ocorreu há aproximadamente 30 milhões de anos, concluindo há aproximadamente 15 milhões de anos atrás.
Lago Vostok - Antártica
FONTE: Adas, Melhem. Expedições geográficas / Melhem Adas, Sérgio Adas. - 1. ed. - São Paulo: Moderna, 2011.

terça-feira, 7 de abril de 2015

A IMPORTÂNCIA ECONÔMICA DOS MACIÇOS CRISTALINOS ANTIGOS

  O conjunto rochoso dos maciços antigos brasileiros enterra numerosas jazidas de diversos minérios. Minérios são todos os minerais ou associações de minerais, metálicos ou não, que têm grande importância econômica. É o caso do ferro, do manganês, do cobre ou da bauxita. Esses maciços antigos são também chamados de escudos cristalinos.
  O escudo cristalino é uma grande área composta de rochas ígneas ou metamórficas de alta temperatura que surgiram durante a era Pré-Cambriana e se encontram expostas, formando zonas tectonicamente estáveis. Em todos os escudos, a idade das rochas é superior a 570 milhões de anos, chegando até aos 3 bilhões e meio de anos. Compreendem as primeiras formações rochosas terrestres.
Serra Caiada. Localizada no município de Serra Caiada - RN, é a rocha mais antiga das Américas

  No Brasil, os maciços antigos antigos correspondem a cerca de 36% da área total do território brasileiro e são divididos em duas porções: o escudo das Guianas, ao norte da planície Amazônica, e o escudo Brasileiro, na parte centro-oriental do país, cuja grande extensão permite dividi-lo em sete escudos menores ou núcleos, segundo Aziz Nacib Ab'Saber, que são: Sul-Amazônico, Atlântico, Araguaia-Tocantins ou Goiano, Sul-Rio Grandense, Gurupi, Nordestino e Bolívio-Matogrossense.
Mapa da estrutura geológica do Brasil, segundo Ab'Saber
  Nesses escudos são encontrados alguns dos principais minerais metálicos.
FERRO
  A utilização em larga escala do minério de ferro tem início no século XV, quando começam a ser utilizados os altos-fornos. Esses fornos são grandes estruturas verticais que atingem temperaturas muito elevadas, acima dos 1.200°C, mediante a queima do carvão. Essa temperatura é necessária para que o metal contido no minério de ferro assuma forma líquida ou pastosa e, assim, possa ser depositado em moldes e transformados em vários objetos, como ferramentas e máquinas.
  As reservas de minério de ferro são muito abundantes em todo o mundo. Porém, 73% das jazidas desse mineral estão concentradas em apenas cinco países, dentre os quais o Brasil e a Austrália, cujas reservas apresentam teor de ferro mais elevado.
  No Brasil, o minério de ferro é extraído, principalmente, em Minas Gerais, no Pará e no Mato Grosso do Sul.
   Em Minas Gerais, a mineração concentra-se no Quadrilátero Ferrífero. Várias empresas de mineração atuam nessa região, e a maior delas é a Vale, empresa criada em 1942 pelo governo nacional-desenvolvimentista de Getúlio Vargas, com o nome Companhia Vale do Rio Doce, que foi privada em 1997, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. Atualmente, a Vale é uma das maiores companhias de mineração do mundo.
  O Quadrilátero Ferrírfero, localizado na porção centro-sul do estado de Minas Gerais e com extensão territorial de aproximadamente 7 mil km², é uma área vizinha a Belo Horizonte formada pelas cidades de Sabará, Rio Piracicaba, Congonhas, Casa Branca, Itaúna, Itabira, Nova Lima, Santa Bárbara, Mariana, Ouro Preto, entre outras.
Mapa da região do Quadrilátero Ferrífero
  A descoberta de ouro nessa área ocorreu no final do século XVII, fato que proporcionou a criação de importantes cidades mineiras, tais como Ouro Preto e Mariana. Também atraiu grandes fluxos migratórios de mineradores, contribuindo para a ocupação do interior do Brasil, visto que nesse período a população se concentrava basicamente nas áreas litorâneas.
  O Quadrilátero Ferrífero continua a sendo a região de maior concentração urbana de Minas Gerais, além de ser uma área de fundamental importância para o desenvolvimento econômico estadual, impulsionando o setor industrial, sobretudo o segmento siderúrgico.
   Dentre os vários minérios extraídos do Quadrilátero Ferrífero estão o ouro, o manganês e o ferro. É a maior região produtora de minério de ferro do Brasil, respondendo por cerca de 60% da produção nacional desse produto.
Mariana - MG. Importante cidade do Quadrilátero Ferrífero
  A intensa exploração desses recursos sem uma devida preocupação ambiental desencadeou uma série de impactos na natureza. Entre os problemas detectados estão a poluição do lençol freático e do solo, perda da biodiversidade, erosões, entre outros.
  Para exportar o minério de ferro extraído do Quadrilátero Ferrífero, a Vale utiliza a Estrada de Ferro Vitória-Minas, cuja administração está sob seu controle. Essa ferrovia escoa o minério até o porto de Tubarão (ES). Ao longo de mais de 900 quilômetros de extensão, a Estrada de Ferro Vitória-Minas atravessa também o chamado Vale do Aço, a mais importante região siderúrgica de Minas Gerais.
Produção de minério de ferro em Mariana - MG
   Para exportar o minério de ferro extraído do Quadrilátero Ferrífero, a Vale utiliza a Estrada de Ferro Vitória-Minas, cuja administração está sob seu controle. Essa ferrovia escoa o minério até o porto de Tubarão (ES). Ao longo de mais de 900 quilômetros de extensão, a Estrada de Ferro Vitória-Minas atravessa também o chamado Vale do Aço, a mais importante região siderúrgica de Minas Gerais.
  A Estrada de Ferro Vitória-Minas, também conhecida pela abreviação EFVM, interliga a Região Metropolitana de Vitória, no Espírito Santo, a Belo Horizonte, capital de Minas Gerais. Sua construção teve início no final do século XIX e tinha como objetivo inicial o transporte ferroviário de passageiros e escoar a produção cafeeira do Vale do Rio Doce e Espírito Santo. No entanto, seu foco foi alterado em 1908, passando a visar Itabira e escoar o minério de ferro extraído no município até os complexos portuários capixabas.
Mapa da Estrada de Ferro Vitória-Minas
   A partir da construção da via férrea, estruturaram-se povoados que deram origem a novos municípios, como Coronel Fabriciano e, posteriormente, ao Vale do Aço, cujo crescimento industrial só foi possível pela existência da EFVN, que também passou a servir como forma de escoamento da produção das indústrias locais. Em 1994, a ferrovia alcançou a capital mineira, configurando-se como a única no Brasil a fornecer trens de passageiros com saídas diárias a longa distâncias.
Estrada de Ferro Vitória-Minas, em Itapina - MG
   Existe também o transporte por dutos, chamado mineroduto, ligando Mariana (MG) a Anchieta (ES), com extensão de aproximadamente 400 km e que atravessa 25 municípios. Recentemente foi construído um mineroduto ligando o município de Alvorada de Minas (MG) até o Complexo Portuário do Açu, em São João da Barra (RJ). O comprimento total do duto é de 525 km, passando por 32 municípios. O transporte pelo duto tem uma duração de três dias, e utiliza bombas de alta pressão.
Mineradora Samarco, em Anchieta -ES
  O Vale do Aço concentra várias indústrias siderúrgicas, que também exportam parte de sua produção para a Europa, o Japão e a China, utilizando a ferrovia Vitória-Minas e o porto de Tubarão.
  O Vale do Aço é uma região metropolitana de Minas Gerais formada pelos municípios de Ipatinga, Coronel Fabriciano, Santana do Paraíso e Timóteo, e pelo colar metropolitano, que é composto pelos seguintes municípios: Açucena, Antônio Dias, Belo Oriente, Braúnas, Bugre, Córrego Novo, Dionísio, Dom Cavati, Entre Folhas, Iapu, Ipaba, Jaguaraçu, Joanésia, Marliéria, Mesquita, Naque, Periquito, Pingo-d'Água, São João do Oriente, São José do Goiabal, Sobrália e Vargem Alegre. Foi criada pela lei complementar n° 51, de 30 de dezembro de 1998, e oficializada pela lei complementar n° 90, de 12 de janeiro de 2006. O desenvolvimento e estabelecimento dessa região metropolitana se deve às grandes empresas situadas na região, como a Aperam South America, em Timóteo; a Usiminas, em Ipatinga; e a Cenibra, no município de Belo Oriente.
Mapa da região do Vale do Aço Mineiro
  Outro estado brasileiro que se destaca na produção de minério de ferro é o Pará, onde a extração também é realizada exclusivamente pela Vale. A empresa atua na Serra do Carajás, no sudeste do estado, em plena Amazônia. A extração de ferro em Carajás só se tornou possível depois que o governo brasileiro providenciou uma série de obras de infraestrutura.
  O Projeto Carajás, oficialmente conhecido como Projeto Grande Carajás (PGC), é um projeto de exploração mineral, lançado em 1979 e iniciado em 1980, na mais rica área mineral do planeta, pela Vale. Estende-se por 900 mil km², numa área que corresponde a um décimo do território brasileiro, e que é cortada pelos rios Xingu, Tocantins e Araguaia, e engloba terras do sudeste do Pará, norte do Tocantins e sudoeste do Maranhão. Essa região possui um dos maiores potenciais minerais do Brasil, com imensas jazidas de minério de ferro (20 bilhões de toneladas), manganês (60 milhões de toneladas), cobre (1 bilhão de toneladas), bauxita (40 milhões de toneladas), níquel, cassiterita e ouro.
Mapa do Projeto Grande Carajás
  O PGC tinha como objetivo realizar a exploração integrada dos recursos dessa província mineralógica, considerada a mais rica do mundo, contendo minério de ferro de alto teor, ouro, estanho, bauxita, manganês, níquel, cobre e minérios raros. A vida útil das reservas de minério de ferro, estimada na década de 1980, era de cerca de 500 anos.
  Carajás não se limitou apenas a explorar a mineração; existiam outros projetos agropecuários e de extração florestal, que tinham por objetivo o desenvolvimento da região.
  Para a consolidação desse ambicioso projeto, foi implantada uma importante infraestrutura, que incluiu a Usina Hidrelétrica de Tucuruí, a Estrada de Ferro Carajás e o Porto de Ponta da Madeira, localizado no Porto de Itaqui, em São Luís (MA).
Mapa da Estrada de Ferro Carajás
  A Estrada de Ferro Carajás, que se estende por quase 900 quilômetros e liga a Serra dos Carajás ao porto de Itaqui, em São Luís (MA), é operada pela Vale. Possui 5 estações, 10 paradas e percorre ao todo 892 km ligando os municípios de São Luís, Santa Inês, e Açailândia (MA), MarabáParaubebas (PA).
  Junto com as ferrovias, as condições hídricas dos rios amazônicos (com grande volume de águas) são fundamentais para o escoamento dos minerais extraídos, e também para assegurar a operação da usina de Tucuruí, necessária para o funcionamento das indústrias de transformação de minerais.
Trem da Estrada de Ferro Carajás
  Outra grande obra ligado à exploração de Carajás é a usina hidrelétrica de Tucuruí, no rio Tocantins, que fornece toda a energia necessária para a extração e o transporte do minério.
  A Usina Hidrelétrica de Tucuruí é uma central hidrelétrica localizada no rio Tocantins, no município de Tucuruí, distante cerca de 300 km ao sul de Belém. É a maior usina hidroelétrica totalmente brasileira. Integrante do Subsistema Norte do Sistema Interligado Nacional (SIN), é responsável pelo abastecimento de grande parte das redes da Celpa (no Pará), Cemar (no Maranhão) e da Celtins (no Tocantins).
Usina Hidrelétrica de Tucuruí
  O minério de ferro também é encontrado em abundância no estado do Mato Grosso do Sul, especialmente no município de Corumbá, onde aflora um grande maciço cristalino antigo: o Maciço de Urucum. Ali, o minério de ferro é explorado por duas empresas, a Vale e a Rio Tinto. A produção é quase toda exportada sem qualquer beneficiamento, em estado bruto, ou seja, como o minério se apresentava no momento em que foi extraído. O minério é escoado em grandes barcaças, que descem os rios Paraguai e Paraná, principalmente para a Argentina, o Uruguai e o Paraguai. Apesar de está distante das  grandes siderúrgicas brasileiras, o Maciço de Urucum é uma importante área de extração de minério de ferro.
Mapa da região do Maciço de Urucum
  O Maciço de Urucum ou Morro de Urucum, recebeu este nome pela cor avermelhada de suas terras, que se assemelha ao urucum (fruto do urucuzeiro, do qual se produz o colorau). Está localizado na zona rural de Corumbá, no Mato Grosso do Sul e é famoso por ser a maior e mais culminante formação rochosa do Estado, com altitude de 1.065 metros. Em razão da natureza de suas rochas, o Maciço de Urucum possui grandes reservas minerais, que se destaca o manganês tipo pirolusita e criptomelana, possuindo a maior reserva do Brasil e uma das maiores do mundo, podendo ser extraído mais de 30 milhões de toneladas, e o ferro tipo hematita e itabirita (terceira maior reserva do Brasil).
Maciço de Urucum
MANGANÊS
  O manganês é o segundo minério mais abundante na natureza, mas só se tornou importante no século XIX, quando surgiram as primeiras siderúrgicas. Então passou a ser valorizado como matéria-prima para dar liga aos componentes do aço. É o manganês que faz o ferro se juntar ao carbono do carvão durante o processo de fabricação do aço, nas indústrias siderúrgicas. Cada tonelada de aço exige até 60 kg de manganês. Por isso, 90% do manganês extraído no mundo destina-se à fabricação do aço. Os restantes 5% têm várias aplicações nas indústrias químicas, de cerâmica, elétricas e de fertilizantes.
  A reserva de manganês no Brasil é a quinta maior do mundo e o país é o terceiro maior produtor mundial desse minério, sendo superado apenas pela África do Sul e pelos membros da Comunidade dos Estados Independentes (CEI).
Manganês
  O Quadrilátero Ferrífero abriga grandes jazidas de manganês, e ali a Vale possui algumas usinas que beneficiam esse minério. Entretanto, é no Mato Grosso do Sul que se localiza uma das maiores jazidas  de manganês de alto teor do mundo, no Maciço de Urucum, que também é explorada pela Vale e que beneficia o manganês em uma usina instalada nas proximidades. A maior parte dessa produção é direcionada para países como Japão e Estados Unidos, que importam quase 50% da produção total nacional.
  Outro fator que está presente na região do Maciço de Urucum e que interfere um pouco na produção da região é o transporte, pois a área onde essa reserva se encontra não possui uma rede de transportes eficientes, e o minério é transportado por hidrovias, diminuindo o potencial desse produto.
Produção de manganês em Corumbá - MS
  Outra região que teve uma grande produção de manganês, foi na Serra do Navio, no Amapá. O primeiro relato da presença de manganês no estado do Amapá ocorreu às margens do rio Amapari. Entre 1957 e 1986, o manganês do Amapá formou a principal parcela do minério produzido e exportado pelo Brasil.
  O minério de manganês encontrado na Serra do Navio foi amplamente explorado e levado para o Deserto de Nevada, nos Estados Unidos, onde permanece estocado.
Produção de manganês no Amapá
MINÉRIO DE ALUMÍNIO (BAUXITA)
  O alumínio não é encontrado na natureza em estado puro. Sua produção depende do refinamento da bauxita, um minério que foi descoberto apenas no século XX.
  O nome bauxita deve-se à localização da jazida onde esse recurso natural foi identificado pela primeira vez, em 1821, em Les Baux, no sul da França.   A primeira vez em que uma indústria produziu alumínio utilizando bauxita foi em 1854, nas proximidades de Paris, na França. Mas nessa época o processo de fabricação desse metal era muito caro. Por isso, sua aplicação ficou restrita a trabalhos luxuosos e artísticos, como estatuetas e placas comemorativas.
  Contudo, desde a descoberta da bauxita, no século XIX, estão se desenvolvendo novas técnicas de produção do metal alumínio, e sua utilização tem aumentado cada vez mais no mundo todo.   A bauxita é o terceiro mineral mais abundante na natureza e mesmo assim tornou-se um recurso natural muito valorizado. Cerca de 90% do minério extraído destina-se à fabricação de alumínio, mas o processo ainda é muito caro. São necessários cinco toneladas de bauxita para produzir uma tonelada de alumínio.
Mineral bauxita
  O Brasil possui a terceira maior reserva de bauxita do mundo. As jazidas desse mineral concentram-se em duas grandes áreas, no Pará e em Minas Gerais, com destaque para o Vale do Rio Trombetas, no Pará, no município de Oriximiná.  O Projeto Trombetas em Oriximiná (PA), faz parte do Projeto Grande Carajás, de onde se extrai a bauxita; Alumar, em São Luís (MA) e Alunorte, em Barcarena (PA), que transformam a bauxita em alumina, primeira etapa da industrialização do alumínio; Albrás, em Barcarena (PA), onde a alumina é transformada em alumínio.
  A exploração desse minério é realizada pela empresa Mineração Rio Norte, de propriedade de uma série de empresas nacionais e estrangeiras que atuam no beneficiamento industrial da bauxita.
Fábrica da Alunorte em Barcarena - PA
  A Albrás e a Alunorte foram criadas a partir da associação entre capitais de empresas nacionais e estrangeiras, principalmente japonesas. Anualmente, milhões de toneladas de alumina e alumínio produzidos por essas empresas são vendidos principalmente para o Japão e a Alemanha e para o mercado interno.
  Parte da produção de bauxita do complexo do Porto de Trombetas segue para o atendimento de complexos metalúrgicos do alumínio instalados no Norte e Nordeste do país (para beneficiamento industrial dessa matéria-prima) e uma outra parte é destinada à exportação.
  Na região foi construído o núcleo Urbano do Rio Trombetas. Esse núcleo conta com toda infraestrutura necessária, como usina de geração de energia, tratamento de água e esgoto, escola, hospital, clubes de lazer, cine-teatro, aeroporto e sistema de comunicação nacional e internacional.
Mapa da produção de bauxita no Pará
  Em Minas Gerais, existem depósitos de bauxita em Poços de Caldas e no leste do estado, nos municípios de Muriaé e São João Nepomuceno.
CASSITERITA
  A cassiterita  é um mineral de estanho. Geralmente opaca, esse minério é translúcido quando em pequenos cristais, com cor púrpura, preta, castanha-avermelhada ou amarela.
  É a principal fonte para a obtenção do estanho, metal usado para produzir chapas finas de aço e folhas de flandres. A maioria da cassiterita provém de depósitos aluviais ou de depósitos do tipo plácer (depósito natural por concentração, normalmente nas curvas dos rios), que contêm os grãos resistentes à erosão.
  A Região Norte é onde se concentram as maiores produções de cassiterita, com destaque para as áreas da Província Mineral de Mapuera no Amazonas (Minas de Pitinga) e da Província Estanífera de Rondônia (Minas de Bom Futuro e Santa Bárbara).
Cassiterita
FONTE: Tamdjian, James Onnig. Estudos de geografia: o espaço geográfico do Brasil, 7° ano / James Onnig Tamdjian, Ivan Lazzari Mendes. - São Paulo: FTD, 2012.

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