domingo, 13 de julho de 2014

SAIBA UM POUCO SOBRE A SUÍÇA: PAÍS COM UMA DAS MELHORES QUALIDADE DE VIDA DO MUNDO

  A Suíça é um pequeno país localizado no centro do continente europeu. Tem uma extensão territorial de apenas 41.285 km² (menor que a do Estado do Rio de Janeiro). Sua população apresenta idiomas e culturas diferentes. Alemão, francês, italiano e romanche são as línguas oficiais.
  A maior cidade é Zurique, com cerca de 382 mil habitantes, que também é um importante centro financeiro europeu. A capital do país, Berna, ainda conserva aspecto das vilas medievais, possuindo uma impressionante catedral. Genebra é a sede de vários organismos internacionais, como a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Cruz Vermelha e a Organização Mundial do Comércio.
Catedral de Berna
  O país é um dos mais ricos do mundo, com um PIB per capita de 81.323 dólares. A base de sua economia são os serviços bancários, o comércio e o turismo. Destaca-se a fabricação de bens de luxo, como relógios e chocolates.
  A Suíça tem longa tradição de democracia, que é muito mais antiga que os demais países europeus. O país é tradicionalmente neutro: não participou da Segunda Guerra Mundial, não faz parte da União Europeia e só em 2002 tornou-se membro da ONU.
  O país se tornou um destino turístico de luxo no mundo todo, por causa principalmente das estações de esqui dos Alpes, cadeia de montanhas que ocupa a maior parte do seu território.
Vale do Engadina, na região dos Alpes Suíços
HISTÓRIA
  A história da Suíça começa em 500 a.C., quando muitas tribos celtas estavam localizadas nos territórios do Centro-Norte da Europa. O mais importante desses povos eram os Helvécios, nome que iria originar a designação atual da Suíça.
  Os Romanos controlaram o território suíço até 400 a.C., tendo sido criadas fronteiras e fortalezas a norte do rio Reno para conter a invasão dos povos bárbaros, que vinham do Norte.
  Em 27 a.C. a 14 d.C., durante o governo do imperador Augusto, os romanos conquistaram a parte oeste da Alemanha e a Áustria. Muitas das cidades suíças foram fundadas nessa época, como Genibra (Genebra), Lausana, Octodurum (Martigny), Salodurum (Soleura), Turicum (Zurique), Sedunum (Sion), Basília (Basileia), entre outras.
Martigny - Suíça
  Depois da queda do Império Romano o território foi invadido por tribos germânicas, como os Burgúndios, Alamanos e Lombardos. No século VIII, os Burgúndios e os Alamanos entraram na coalizão dos Francos de Carlos Magno, permitindo a entrada dos missionários católicos nos territórios controlados pelos Alamanos.
  No século IX, o país fica dividido entre a Suábia e a Borgonha Transjurana, onde por meio do Tratado de Verdum, o território suíço passou para as mãos de Lotário I, que incluía também um assentamento burgúndio a oeste do rio Aar, que depois formou um reino independente até 1033, quando voltou a integrar o Sacro Império Romano-Germânico. Os cantões mantêm poderes autônomos.
  Para enfrentar a ameaça dos Habsburgos austríacos, os cantões de Schwyz, Uri e Unterwalden formaram a Liga Perpétua, de defesa comum, e criam o embrião do Estado suíço.
Augusta Raurica - primeiro assentamento romano no Reno
Antiga Confederação
  A Confederação Helvética foi criada no dia 1° de agosto de 1291, tendo começado a partir da construção da estrada de São Gotardo e três pequenos vales do território suíço. Do século XI ao XIII, muitas cidades foram fundadas, como Berna, Lucerna e Friburgo. A estrada de São Gotardo serviu de união entre as populações que viviam nas planícies e nas montanhas. Ao longo do tempo, outras estradas foram feitas entre os povoados e a confederação, contribuindo para aumentar o seu território e fortalecer as aldeias das montanhas.
Estrada de São Gotardo
  Depois da criação da Confederação em 1291, a Suíça atravessou um longo período de revoluções, guerras e invasões contra o Antigo Regime, culminando com a revolução de 1782. Em 1315, a Liga Perpétua derrota os austríacos. Entre 1386 e 1388, acrescida de outros cinco cantões, a Liga vence outro ataque dos austríacos e constitui uma federação de regiões soberanas. Em 1499, o Sacro Império Romano-Germânico reconhece sua independência.
  Em 1519, Ulrich Zwinglio, vigário da Catedral de Zurique, ataca as práticas da Igreja Católica, marcando o início da Reforma Protestante no país. Em 1536, João Calvino introduz o protestantismo e, posteriormente, torna-se chefe de um Estado teocrático.
João Calvino
  Entre 1650 e 1790, vários conflitos aconteceram na Suíça contra famílias ricas. Muitos cantões entraram em guerra e conflitos para reclamar igualdade nos direitos. Apenas o Cantão de Genebra e a cidade de Togemburgo conseguiram restaurar algumas regras antigas.
  Durante o século XVIII, as pessoas insistiam cada vez mais para que a unidade da Suíça fosse estabelecida e que se criassem regras equivalentes entre os cidadãos. Diante desse quadro, em 1761 foi criada a Sociedade Helvética em Zurique.
Antiga Confederação Suíça de 1291
  Durante as Guerras Napoleônicas, os exércitos revolucionários moveram-se para o leste, englobando a Suíça em suas batalhas contra a Áustria. Em 5 de março de 1798, a Suíça foi completamente invadida pelos franceses e a Confederação da Suíça teve seu colapso. Em 12 de abril de 1798 a República Helvética foi proclamada; a soberania dos cantões e os direitos feudais foram abolidos. As forças de ocupação estabeleceram um Estado centralizador baseado nas ideias da Revolução Francesa. Estas ideias tiveram ampla resistência, particularmente nas áreas centrais da confederação, e um levantamento no Cantão de Nidwalden foi esmagado pelas forças de ocupação.
  Não havia unidade entre a velha confederação sobre o futuro da Suíça. Tentativas de golpe foram frequentes, mas os franceses se mantiveram no poder. As forças de ocupação arrasaram muitas cidades e vilas, assim como o velho Estado. Junto com a resistência local, problemas financeiros levaram a República Helvética a falhar como um Estado. A instabilidade na república atingiu o ápice em 1803, quando tropas adicionais francesas entraram no país.
  Em 19 de fevereiro de 1803, Napoleão Bonaparte introduziu a Ata de Mediação - um acordo entre a velha e a nova ordem, abolindo o Estado centralizado.
  No dia 7 de agosto de 1815 a Suíça declara sua neutralidade perpétua.
Bandeira da República Helvética
República Helvética
  As revoltas que ocorriam entre o século XVII e XVIII mostrou que a revolução ocorrida na Suíça não foi da mesma maneira que a Revolução Francesa. Enquanto que na França a revolução ocorreu por causa do abuso do poder da monarquia, na Suíça, a revolução de 1798 ocorreu devido à corrupção das classes ricas. Após a Tomada da Bastilha, muitos suíços começaram a pôr em causa o sistema político em vigor através de petições. Outros acontecimentos são as celebrações da Revolução Francesa em Lausanne, em 1790, que foi o estopim para a revolução de 1798.
  Em 1792, ocorreu a Revolução de Genebra. Um ano depois são realizadas eleições que viriam a culminar com a celebração de uma nova Constituição em 1794. Nesse mesmo ano ocorreu a Revolução dos Grisons.
  A Revolução de Vaud, em 1797, representou um papel fundamental para a criação da República Helvética, quando Napoleão, que estava a caminho da Alemanha, atravessou Genebra e foi acolhido com festa em Vaud. Nessa ocasião, os soldados franceses proclamaram a República de Léman e declararam guerra à Berna, tomando a cidade em 5 de março de 1798.
Soldado da República Helvética
  A França anexou os cantões de Genebra, Neuchâtel, Bienna e o território do Bispo de Basileia, atual Jura. A nova Constituição promulgada era muito semelhante à francesa, com um Parlamento (duas câmaras), um governo legislador e um tribunal supremo de justiça. A tradição federalista da Antiga Confederação de 1291 fora eliminada. Em 12 de abril de 1798, a República Helvética foi proclamada.
  Apesar da criação de uma nova república, a República Helvética viria a cair devido a diversos fatores. De um lado, os representantes do antigo sistema não falharam em atacar as novas ordens, criticando e ridicularizando-as. Por outro lado, as guerras sucessivas foram esgotando as reservas da confederação. O sistema político de centro não foi bem recebido pela população e os camponeses queriam estatutos iguais.
República Helvética em 1802
  A França tornara-se uma ditadura sob o comando de Napoleão e a República Helvética teve quatro tentativas de golpe de Estado. Em razão disso, alguns cantões restauraram o Estatuto Cantonal e a cidade de Zurique criava uma forte oposição sobre a República. Em 1802, a República viria a cair com uma guerra civil entre os republicanos e os apoiadores do Antigo Regime.
  Napoleão ordenou aos seus soldados para invadir e desarmar os rebeldes na República Helvética, mas viu que o sistema da República não seria viável. Através disso, foi criado o Ato de Mediação, onde várias partes deveriam ser respeitada pelos cidadãos, que durou de 1803 a 1815. Com isso, a Suíça ganhou seis novos cantões: São Galo, Grisões, Argóvia, Turgóvia, Tessino e Vaud.
Ata de Mediação
Federação

  Após a derrota de Napoleão na Batalha de Waterloo, a Suíça regressou ao sistema federal. Os seis cantões que tinham entrado durante o Ato de Mediação receberam o estatuto de Estados livres (cantão), em vez de membros associados. Valais, Neuchâtel e Genebra voltaram a entrar para a confederação após terem sido anexados pela França. Assim, a Suíça passou a ter 22 cantões.
  Durante o século XIX, a Confederação Helvética se transformou numa democracia moderna. Em 1815, o cantão de Basileia dividiu-se em dois: Basileia-Cidade e Basileia-Campo.
  Em 1847 ocorreu a Guerra de Sonderbund, uma guerra civil  entre liberais-radicais e conservadores por causa de questões religiosas.
Guerra de Sonderbund
  Após a guerra, criou-se, em 1848, uma nova Constituição Federal, semelhante à Constituição adotada nos Estados Unidos, onde a Suíça adotou a Declaração dos Direitos Humanos, duas câmaras parlamentares - o Senado e a Câmara Federal -, o governo federal e um tribunal de Justiça Suprema. A nova Constituição foi aceita por quinze cantões e meio (visto que apenas a Basileia-Campo aceitou), e Berna passou a ser a capital do país. Em 1874, essa Constituição foi totalmente revista.
  A partir da segunda metade do século XIX, a Suíça começou a desenvolver sua indústria, tendo sido um dos primeiros países a implementar este ramo na sua economia.
Tropas federais durante a Guerra de Sonderbund
Período contemporâneo
  Apesar de fazer fronteira com grandes potências mundiais que se envolveram diretamente nas duas Grandes Guerras e, por isso, não foi invadida em nenhuma delas.
  A sua neutralidade foi posta em causa com o Escândalo Grimm-Hoffmann, em 1917. Nesse ano, a Primeira Guerra Mundial ainda estava indefinida, com a Alemanha lutando em duas frentes: a oeste, contra os aliados anglo-franceses; a leste, contra os russos. Em fevereiro daquele ano, o czarismo foi derrubado na Rússia e instalou-se a república, sob o governo de Alexander Kerensky. Lênin, líder dos bolcheviques, estava exilado na Suíça e proclamava que a Rússia deveria sair da guerra, firmando uma paz em separado com a Alemanha. Por isso, os alemães facilitaram seu retorno à Rússia.
  Robert Grimm, que era um político socialista do Conselho Nacional Suíço e conhecido de Lênin, convenceu Arthur Hoffmann, responsável pela política externa da Suíça, a mandá-lo a São Petersburgo (então capital da Rússia), objetivando convencer os russos a sair da guerra, entendendo que isso seria benéfico para o movimento socialista internacional.
Robert Grimm
  A participação de Grimm nessa negociação haveria de ser informal e decorria de sua ligação com Lênin, mas ele apresentou-se em São Petersburgo como representante oficial do governo suíço.
  Um telegrama de Grimm para Hoffmann foi interceptado e entregue aos Aliados, que protestaram junto ao governo suíço, acusando-o de quebrar a neutralidade do país diante da guerra.
  Descoberta a farsa encenada por Grimm, ele foi expulso da Rússia e Hoffmann teve que renunciar ao seu posto.
  Em 1920, a Suíça adere à Liga das Nações e em 1963, ao Conselho Europeu. A invasão da Suíça foi várias vezes planejada pelos alemães, mas nunca foi atacada. Conseguiu manter a paz com a Alemanha através de concessões econômicas e militares. A imprensa suíça e o Governo Federal opuseram-se às políticas do Terceiro Reich.
General Ulrich Wille - comandante do exército suíço durante a Primeira Guerra Mundial
  Devido a sua localização geográfica, a Suíça era um local de espionagem constante por parte das duas facções durante a Segunda Guerra Mundial (os Aliados e o Eixo). Durante essa guerra, a Suíça recebeu mais de 300 mil refugiados em seu território, tanto civis como militares.
  A Suíça foi uma voz de liberdade para a Europa Ocidental, assegurando os direitos do Homem e fortalecendo a sua independência. Em 1958, a Suíça garantiu o direito ao voto às mulheres, primeiro a nível cantonal (Valais) e depois a nível federal, em 1971. O último cantão a reconhecer o direito às mulheres de votar foi Appenzell Interior em 1990. Em 1978, foi criado o último cantão helvético, o Jura, após a separação de vários territórios ao longo do cantão de Berna.
  Em 1977, crescem as críticas ao sistema bancário sigiloso que faz da Suíça um paraíso fiscal e o centro de lavagem de dinheiro ilegal. Porém, em 1982, um plebiscito rejeitou o fim do sigilo bancário.
Banco Suíço, em Zurique
  Em 1992, a Suíça pediu a adesão à União Europeia, mas fora banida pelo Espaço Econômico Europeu (EEE), visto que precisava fazer um referendo interno para obter aprovação por parte da população Helvética, e vários referendos foram realizados, mas todos foram reprovados pela população suíça. Nesse mesmo ano, o governo suíço lança um programa de revitalização econômica, que inclui o estímulo ao comércio, equiparação dos preços aos de outros países europeus e corte de subsídios agrícolas.
  Em 2002, a Suíça integra totalmente as Nações Unidas, deixando apenas o Vaticano como o único Estado sem integração completa ao organismo.
  Em 5 de junho de 2005, a população suíça aprovou a integração ao Espaço Schengen - uma convenção entre países europeus sobre uma política de abertura das fronteiras e livre circulação de pessoas entre os países signatários.
  Estados-membros pertencentes à União Europeia

  Estados-membros não pertencentes à União Europeia

  Estados-membros que aguardam a implementação

  Estados-membros que apenas cooperam policial e judicialmente


GEOGRAFIA
  A Suíça é um país localizado no centro da Europa. Faz fronteira com a França a oeste, Alemanha a norte, a Áustria e Liechtenstein a leste, e a Itália a sul. O país divide-se em três regiões geográficas: os Alpes, o Planalto e o Jura.
  O Planalto Suíço, denominado Plateau, ocupa um terço da área do país e abriga cerca de dois terços da população. Vai do Lago Leman, na fronteira com a França, passa pelo centro do país indo até o Lago de Constança, na fronteira com a Alemanha e a Áustria. A altitude média é de 580 metros.
  O Plateau suíço é atravessado por três grandes rios: o Ródano, o Reno e o Aar. O sul e o centro da Suíça são dominados pela cadeia montanhosa alpina enquanto que o restante é uma zona plana, exceto uma faixa ao longo da região noroeste, que é dominado pelo Jura.
Entrada do rio Ródano, no Lago Leman
  Os Alpes Suíços fazem parte de uma cadeia montanhosa que atravessa desde o sul da Europa até a Europa Central. Algumas das mais importantes paisagens estão localizadas nos Alpes Suíços. Possui uma altitude média de 1.700 metros e cobre dois terços do território suíço. Entre os Alpes Suíços estão 48 montanhas com cerca de 4 mil metros de altitude. Entre eles está o ponto culminante do país, o Pico Dufourspitze (Pico Dufour), com 4.634 metros, e que fica no Monte Rosa, na fronteira entre a Suíça e a Itália. A montanha mais alta que fica inteiramente no território suíço é o Monte Dom, com 4.545 metros, e que se localiza no Maciço dos Mischabel.
Paisagem dos Alpes Suíços
  O Jura é uma linha calcária com a forma de um arco de círculo variando de um eixo leste-oeste na sua parte norte, para um eixo norte-sul na parte ocidental, e que se estende desde o Lago Leman até o rio Reno, no norte, ocupando cerca de 12% do território suíço, cuja altitude média é de 1.700 metros. Nessa região estão presentes rochas abundantes de fósseis de origem jurássica.
La Dôle, no Maciço de Jura
Clima
  Na Suíça predomina o clima temperado, com uma grande amplitude térmica anual: os verões são quentes e os invernos extremamente frios. Nas áreas mais elevadas predomina o clima frio de montanhas onde, devido a altitude, o topo das montanhas estão sempre cobertos de neve.
  O país recebe chuvas decorrente das correntes de convecção que vêm, tanto da parte norte, quanto da parte leste, oeste e sul.
  O glaciar de Aletsch é o maior glaciar dos Alpes, atingindo na Suíça principalmente os cantões de Berna e de Valais.
Glaciar de Aletsch
Fauna e flora
  Devido a grande diferença de altitudes, que varia de 195 a mais de 4 mil metros, a Suíça apresenta uma grande diversidade de animais e plantas. As principais plantas encontradas no sul são os eucaliptos e os pinheiros, além de outras espécies. À medida que a altitude vai aumentando, vai diminuindo o número de espécies de plantas..
  Dentre a fauna destacam-se os lobos, ursos, ibex e chamois ou camurça (tipos de cabra selvagem), marmota, pombos, corvos e gaivotas.
Ibex ou cabra selvagem
 COMPOSIÇÃO ÉTNICA
  A Suíça, assim como os seus países vizinhos, é um país de várias etnias. Esta diversidade étnica vem desde os tempos celtas, em que os helvéticos eram a tribo mais importante da zona central da Europa e está diretamente ligada à diversidade linguística do país. Quando os helvéticos foram impedidos de imigrar para o sul do território atual da França, floresceu a cultura galo-romana no país. Em 400 d.C., foi a vez dos francos e dos burgundos entrarem no atual território suíço, que adotaram a língua latina (que viria a originar a zona românica da Suíça).
  Os lombardos, originários da Lombardia, instalaram-se no sudeste do país, dando origem à zona italiana. Os alamanos instalaram-se no sudoeste da Alemanha e entraram no território suíço, dando origem à zona alemã. Existe também os récios, que provavelmente originaram a parte romanche.
Mapa das zonas linguísticas da Suíça
  A população helvética nativa divide-se em três etnias: celtas (língua românica, representada pelos burguinhões, que ocupam a zona francesa), romanos (língua latina, representado pelos lombardos, que ocupam a zona italiana) e os germânicos (língua germânica, representada pelos alamanos, que ocupam a zona alemã).
  Além dessas três etnias, existe uma grande diversidade étnica estrangeira, que propagou-se principalmente após a Segunda Guerra Mundial, como espanhola, portuguesa, balcânica e mais recentemente turca.
Seleção de futebol da Suíça na Copa de 2014
ECONOMIA
  Com um PIB de 622,855 bilhões de dólares  e uma população de cerca de 7,6 milhões de habitantes, a Suíça, localizada na porção central da Europa, é um país de elevado nível de vida.
  A indústria têxtil foi um dos primeiros setores a ser desenvolvido no país. Em 1801, a Suíça começou a produzir têxteis nas máquinas de terceira geração importadas do Reino Unido em São Galo. Enquanto os outros países industrializados usavam a energia a vapor, a Suíça utilizava a energia hidrelétrica. O Bloqueio Continental provocado por Napoleão Bonaparte obrigaram as empresas suíças a construir suas próprias máquinas.
  A Suíça dispõe de mão de obra muito qualificada e dinamismo industrial nos ramos químico, farmacêutico, de laticínios, de máquinas e ferramentas e nas atividades relacionadas com a engenharia de precisão, entre eles relógios e cronômetros, exportados mundialmente. No país situam-se as sedes de grandes empresas, como a Rolex e a Nestlé.
Sede da Nestlé, às margens do Lago Léman, em Vevey - Suíça
  Com um setor de serviços bastante desenvolvido, a Suíça tornou-se uma potência bancária que não integra a União Europeia por temer que sua condição de paraíso fiscal seja alterada por exigência dessa organização.
Turismo
  A Suíça é dividida em três regiões turísticas. A principal atração turística são as paisagens dos Alpes Suíços. Até o século XVIII, o país não era um destino turístico, e sim uma passagem obrigatória do centro da Europa. Apenas Basileia e Genebra atraíam turistas devido às suas universidades, movimentos religiosos, fontes de água e as curas que as termas proporcionavam.
  O início do turismo no país foi provocado pelos trabalhos de escritores e pintores naturalistas do fim do século XVIII e início do século XIX, que descreviam aos viajantes as paisagens das montanhas. As regiões mais expostas foram Oberland e Zematt, no cantão de Valais.
  As primeiras viagens organizadas foram lançadas pela agência inglesa Thomas Cook, antes mesmo do desenvolvimento da indústria do turismo no país. Porém, as tarifas elevadas atraíam apenas os suíços mais ricos até a crise de 1870-1890, que forçou os profissionais a oferecerem preços mais baixos e estadias maiores, sobretudo na época do inverno. A partir daí, novas estâncias são criadas, como em Davos e no Tessino.
Davos - Suíça
  No início do século XX, a Suíça gastava 3% do seu PIB para a hotelaria e as receitas do setor chegavam a 320 milhões de francos suíços. O desenvolvimento pós-guerra de 1914-18 e o pagamento de férias pagas aumentou a procura por parte das classes mais baixas, que foi maioria no fim da década de 1950.
  Atualmente, a procura de turismo na Suíça vem principalmente da Alemanha, que corresponde a cerca de 14,4% das estadias feitas no país, seguida da França com 5,3%, do Reino Unido com 4,8% e da Itália com 3,8%.
Engelberg - Suíça
Energia
  Cerca de 40% da eletricidade na suíça é obtida através de centrais nucleares e de grandes barragens localizadas nos Alpes, enquanto que o restante é importado de outros países durante os períodos de alto consumo. No verão, a Suíça exporta energia para os seus vizinhos, evitando desperdício.
Usina nuclear em Leibstadt - Suíça
Transportes
  Os transportes públicos suíços são um dos mais funcionais da Europa e englobam comboios, autocarros, teleféricos, entre outros. Os comboios e respectivos caminhos-de-ferro são uma das marcas mais importantes da Suíça. Todas as linhas estão eletrificadas e poucos comboios ainda usam o diesel.
  A Suíça possui a maior densidade de caminhos-de-ferro da Europa e a precisão do tempo e os raros casos de atraso são a razão para a escolha da população por este tipo de transporte.
O transporte ferroviário é o mais utilizado na Suíça
  Os autocarros também são um símbolo do país. Os de longa distância são regulados pelos correios, de cor amarela e possuem uma alta autonomia ligando normalmente cidades a locais de elevada altitude.
  O país também apresenta um elevada densidade de estradas, que faz ligação ao país inteiro. A falta de portagens, permite aos suíços uma maior mobilidade sem ter que escolher as suas vias. Porém, existe um autocolante a ser posto nos carros que confirma que o condutor pagou uma taxa para poder utilizar as autoestradas.
Túnel de base de Lötschberg, nos Alpes Suíços - o terceiro maior do mundo
Educação
  A educação é uma importante fonte de recurso para o desenvolvimento econômico da Suíça, levando o país a ter um dos melhores sistemas do mundo nessa área. A maioria dos estudantes suíços frequentam estabelecimentos públicos. Todas as crianças são obrigadas a frequentar por no mínimo nove anos de escolaridade. No país existe três níveis de ensino: o elementar, o secundário e o universitário.
  A elementar inicia-se normalmente aos sete anos de idade e dura entre oito e nove anos. Algumas escolas oferecem um ano de estudo aos alunos que ainda não decidiram a carreira a seguir, que não tenha encontrado um emprego ou que ainda não tenha atingido a idade de iniciar uma atividade profissional específica.
  O secundário, similar ao ensino médio no Brasil, dura entre quatro anos e meio a seis anos e meio e forma competências básicas para o acesso a universidades.
Instituto Federal de Tecnologia de Zurique
Ciência e tecnologia
  A ciência e tecnologia são fontes importantes para o desenvolvimento econômico suíço. A Fundação Nacional para a Ciência é a organização do Governo que apoia, através de fundos, a investigação científica no país. A estrutura política e organização do governo suíço permitem que a Ciência na Suíça esteja entre as mais avançadas do mundo.
  O país tem a sua Agência Espacial e participa diretamente com a Agência Espacial Europeia, sendo um dos seus dez fundadores.
  A cidade de Genebra possui o maior laboratório de Física do mundo, o CERN (Organização Europeia para Pesquisa Nuclear). Outra instituição importante é o Instituto Paul Scherrer.
Vista aérea da sede da CERN, na Suíça
Saúde
  O sistema de saúde na Suíça baseia-se através de um sistema de seguros no qual todos os cidadãos são obrigados por lei a adquirir um, previsto pelo Ato Federal de Saúde. Enquanto que o seguro é subsidiado pelo governo, sobretudo para os mais pobres, os suíços pagam uma larga porcentagem dos prêmios do seu seguro de saúde. O governo paga 25% dos prêmios, enquanto os cidadãos pagam o resto. Não é permitida a rejeição de uma cobertura a nenhum cidadão, além do governo exigir que todos os preços dos seguros sejam publicados.
  O sistema de saúde na Suíça compreende 350 hospitais, cerca de 4,5 para cada 100 mil habitantes.
Centro Hispitalar Universitário de Valdais (CHUV) - um dos maiores hospitais da Suíça
Gastronomia
  A gastronomia típica helvética é feita à base de leite. Os suíços, juntamente com os franceses, produzem queijo para a raclette (tipo de queijo de consistência média), que é derretida e servida com batatas cozidas e pickles. Além do queijo, os suíços adoram massa, como o äplermakronem, uma massa com queijo e batata, que é típico do inverno. Outro alimento bastante apreciado no país é o chocolate, inclusive uma das maiores empresas do ramo, a Nestlé, possui sede no país.
  Na parte alemã é comum encontrar o rösti em formato de panqueca, feito de batatas cozidas e raladas, onde a massa é misturada com manteiga, bacon, cebola e outros ingredientes. São feitos também pratos à base de castanhas, sobretudo nas zonas montanhosas. Outro prato bastante apreciado pelos suíços são os cervelats, linguiça suíça feita especialmente no país e no sul da Alemanha.
Rösti
ALGUNS DADOS DA SUÍÇA
NOME: Confederação Suíça
CAPITAL:
Berna (135.986 habitantes)
Berna - capital da Suíça e quarta maior cidade do país
GENTÍLICO: suíço, suíça
LÍNGUA OFICIAL: alemão, francês, italiano e romanche
GOVERNO: República Federal
INDEPENDÊNCIA:  

Data de fundação: 1 de agosto de 1291
De fato: 22 de setembro de 1499
Reconhecida: 24 de outubro de 1648
Restaurada: 7 de agosto de 1815
Estado Federal: 12 de setembro de 1848
LOCALIZAÇÃO: Europa Central
ÁREA: 
41.285 km² (133º)
POPULAÇÃO (ONU - Estimativa 2013): 
7.581.520 habitantes (94º)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 183,63 hab./km² (44º)
MAIORES CIDADES (Estimativa 2013):
Zurique: 382.654 habitantes

Zurique - maior cidade da Suíça
Genebra: 193.952 habitantes
Genebra - segunda maior cidade da Suíça
Basileia: 173.124 habitantes
Basileia - terceira maior cidade da Suíça
PIB (FMI - 2013): U$ 622,855 bilhões (20°)
IDH (ONU - 2012): 0,913 (9°)
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU - 2005/2010): 81,81 anos (2°)
CRESCIMENTO VEGETATIVO (ONU - 2005/2010): 0,38% ao ano (173°)
TAXA DE FECUNDIDADE (CIA World Factbool - 2013): 1,53 (187°)
MORTALIDADE INFANTIL (CIA World Factbook - 2012): 3,75/mil (11°). Obs: essa mortalidade é contada de menor para o maior; portanto, a Suíça possui uma das menores taxas de mortalidade infantil do mundo.
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2011): 99% (19°)
TAXA DE URBANIZAÇÃO (Pnud - 2009/2010): 73% (48°)
PIB PER CAPITA (FMI - 2013): U$ 81.323 (4°)
MOEDA: Franco Suíço
RELIGIÃO: a Suíça é um Estado laico reconhecido pela sua Constituição. A maior parte dos cantões, exceto Genebra e Neuchâtel, reconhece religiões oficiais, como a Igreja Católica e a Igreja Reformada Suíça.
  O cristianismo é a religião predominante, com 70,8% da população. Há um grande número de pessoas que não professam nenhum tipo de religião e minorias islâmicas, judaicas e outros credos.
  Percentualmente, a religião na Suíça distribui-se da seguinte forma: 39,2% de católicos romanos, 26,9% de protestantes suíços, 21,4% sem religião, 5,7% de outros cristãos, 4,9% de islâmicos, 0,3% de judeus, 1,6% seguem outras religiões.
Distribuição da religião por área na Suíça
DIVISÃO: a Suíça é constituída por 26 Estados autônomos. Segundo a Constituição Federal, estes estados são designados cantões, sendo independentes e soberanos. Os cantões (oficialmente designados como membros da Federação Helvética) podem criar as suas leis de modo que elas não interfiram nos cantões. Cada cantão tem a sua Constituição, as suas regras e os seus estatutos. Todos os cantões têm o seu Parlamento. 
Divisão administrativa da Suíça
FONTE: Lucci, Elian Alabi. Geografia: homem & espaço, 9° ano / Elian Alabi Lucci, Anselmo Lázaro Branco. - 23 ed. - São Paulo: Saraiva, 2010.

domingo, 6 de julho de 2014

A LUA: O SATÉLITE NATURAL DA TERRA

  A Lua é o único satélite natural da Terra e o quinto maior do Sistema Solar. É o maior satélite natural de um planeta no sistema solar em relação ao tamanho do seu corpo primário, tendo 27% do diâmetro e 60% da densidade da Terra.
  A Lua gira em torno do nosso planeta, mudando de posição a cada momento; como consequência muda também em relação aos raios do Sol. Dependendo da posição em que a Lua se encontra ao longo dos quase 28 dias de sua translação, sua parte iluminada é ora mais, ora menos visível da Terra. É por isso que, daqui, nós a enxergamos em formas e tamanhos diferentes, que chamamos de fases, das quais as mais conhecidas são: lua nova, quarto crescente, lua cheia e quarto minguante.
Paisagem da lua cheia sobre a cidade de Brasília - DF
  A Lua encontra-se em rotação sincronizada com a Terra, mostrando sempre a mesma face visível, marcada por mares vulcânicos escuros entre montanhas cristalinas e proeminentes crateras de impacto. Depois do Sol, é o objeto mais brilhante no céu.
  Desde a Antiguidade, a Lua serve como referência cultural para muitos povos, tanto na língua, quanto no calendário, na arte e na mitologia. A influência da gravidade da Lua está na origem das marés oceânicas e ao aumento do dia sideral da Terra.
  A Lua é também o único corpo celeste, além da Terra, no qual os seres humanos já pisaram.
A Lua iluminando a praia de Ponta Negra, em Natal - RN
ORIGEM E FORMAÇÃO DA LUA
   A origem da Lua se refere a qualquer das várias explicações para a formação da Lua, satélite natural da Terra. A principal teoria tem sido a hipótese do grande impacto. Há outras teorias que dizem que a Lua formou-se a partir da colisão entre planetas ou asteróides.
  Nos estados iniciais da formação do nosso planeta, um objeto com o tamanho aproximado de Marte, denominado Theia, chocou-se com a Terra, libertando matéria para a órbita terrestre e alterando o grau de inclinação do nosso planeta. Com a dimensão desse impacto, libertou-se matéria para a órbita terrestre e alterou o grau de inclinação da Terra, criando grande anel de fragmentos em volta do nosso planeta que então formou o sistema Terra-Lua.
Formação artística do impacto entre a Terra e Theia
  Os isótopos de oxigênio lunares, a princípio, são idênticos aos da Terra. As razões isotópicas, que podem ser medidas com bastante precisão, levam a uma assinatura distinta e única para cada corpo do sistema solar. Se Theia foi um protoplaneta sem separado, teria provavelmente levado a uma assinatura isotópica diferente da Terra, assim como o material ejetado.
  Novos estudos aprimoram teorias, pois mostram como Terra e Lua são muito mais parecidas como se acreditava. Prova disso é que a Lua tem a mesma composição química da Terra, e o grau de inclinação da Terra só pode ter sido resultado de uma colisão de grandes dimensões.
Lado oculto da Lua
 ESTRUTURA INTERNA DA TERRA
  A Lua é um corpo diferenciado: a sua crosta, manto e núcleo são distintos em termos geoquímicos. A Lua possui um núcleo interno sólido e rico em ferro com um raio 240 km, e um núcleo externo fluído composto essencialmente por ferro em fusão e um raio de aproximadamente 300 km. O núcleo é envolto por uma camada parcialmente em fusão, com um raio de cerca de 500 km.
  Provavelmente, essa estrutura se desenvolveu a partir da cristalização fracionada de um oceano de magma global, logo após a sua formação, há cerca de 4,5 bilhões de anos. A cristalização deste oceano de magma teria criado um manto máfico (rico em elementos químicos pesados) através de precipitação e afundamento dos minerais olivina, piroxena e ortopiroxena. Após a cristalização de cerca de três quartos do oceano de magma, formou-se a plagioclasses que permaneceram na superfície, formando a crosta.
Estrutura interna da Lua
  Os últimos líquidos a se cristalizar permaneceram entre a crosta e o manto, com elevada abundância de elementos incompatíveis e produtores de calor. Assim, o mapeamento geoquímico a partir da órbita revelou que a crosta é composta principalmente por anortosito (tipo de rocha magmática fanerítica, intrusiva e ígnea), enquanto que as amostras de rocha lunar dos rios de lava que emergiram à superfície a partir da fusão parcial do manto confirmou a composição máfica do manto, o qual é mais rico em ferro do que a Terra.
Vídeo sobre o lado oculto da Lua
GEOLOGIA DA LUA
  A topografia da Lua tem sido medida através de altimetria laser e análise estereoscópica. A  característica topográfica mais proeminente é a Bacia do Polo Sul Aitken (enorme cratera de impacto localizado no lado oculto da Lua), com cerca de 2.240 km de diâmetro, o que faz dela a maior cratera lunar e a maior cratera conhecida do Sistema Solar. Com 13 km de profundidade, a sua base é o ponto de menor altitude da Lua. Os pontos de maior altitude encontram-se a nordeste, onde alguns especialista sugerem que essa área possa ter sido formada através do próprio impacto na superfície que deu origem à bacia. As outras bacias de impacto de grande dimensão, como os mares Imbrium, Serenatis, Crisium, Smythii e Orientale, possuem pouca altitude e orlas elevadas. A face oculta da Lua tem uma altitude média de 1,9 km superior à face visível.
A Lua iluminando a Cidade do Cabo - África do Sul
Características vulcânicas
  As planícies lunares escuras e relativamente desertas, que podem ser facilmente observadas a olho nu são denominadas mares, já que na Antiguidade os astrônomos achavam que as mesmas continham água, mas que na verdade são grandes depósitos de lava basáltica. O basalto encontrado na Lua é muito abundante em ferro. A maioria das lavas foi projetada para depressões formadas por crateras de impacto, uma vez que eram regiões de menor altitude da topografia lunar. Na orla dos mares, encontram-se várias províncias geológicas com vulcões-escudo (que expelem uma enorme quantidade de lava e formam montanhas) e domo-lunares (tipo de vulcão-escudo lunar).
Topografia da Lua, tanto da face visível quanto da oculta
  Os mares encontram-se quase exclusivamente na face visível da Lua, cobrindo 31% da sua superfície, enquanto que na face oculta são raros e apenas cobrem 2% da superfície.
  A maior parte dos basaltos presentes nos mares surgiu durante erupções no período ímbrico (período de formação final da Lua), entre cerca de 3 a 3,5 bilhões de anos.
  As regiões mais claras da superfície lunar são denominadas terrae ou montanhas, uma vez que são mais elevadas do que a maior parte dos mares.
  A concentração de mares na face visível é provavelmente o reflexo de uma crosta substancialmente mais espessa nas montanhas da face oculta, as quais podem ter sido formadas durante o impacto a pouca velocidade de uma segunda lua terrestre.
A Lua iluminando o deserto do Saara
Crateras de impacto
  O outro principal processo geológico que afetou a superfície lunar foi a formação de crateras de impacto em consequência da colisão de asteroides e cometas com a superfície lunar. Estima-se que só na face visível existam trezentas mil crateras com diâmetro superior a 1 km. Algumas são batizadas em homenagem a investigadores, cientistas e exploradores.
  A escala de tempo geológico lunar baseia-se nos principais eventos de impacto, como o nectárico (3,85 a 3,92 bilhões de anos), o ímbrico (3,85 a 3,80 bilhões de anos) ou o Mare Orientale, estruturas caracterizadas por vários anéis de material envolto, geralmente com centenas ou dezenas de quilômetros de diâmetros e associadas a uma gama diversa de depósito de material projetado que formam um horizonte estratigráfico regional.
  A ausência de atmosfera, meteorologia e processos geológicos recentes significa que muitas destas crateras se encontram perfeitamente preservadas.
Cratera lunar Daedalus, no lado oculto da Lua
  A crosta lunar é revestida por uma superfície de rocha pulverizada denominada regolito, formada por processos de impacto. O regolito mais fino, o solo lunar de dióxido de silício, tem uma textura semelhante à neve e odor semelhante à pólvora usada. O regolito das superfícies mais antigas é geralmente mais espesso que o das superfícies mais jovens, variando entre 10  a 20 metros nas terras altas e 3 a 5 metros nos mares. Por baixo da camada de regolito encontra-se o megaregolito, uma camada de rocha matriz bastante fraturada com vários quilômetros de espessura.
A Lua iluminando a Torre Eiffel, em Paris - França
Presença de água
  Não é possível ocorrer água em estado líquido na superfície lunar pois, quando exposta à radiação solar, a água decompõe-se rapidamente através de um processo denominado fotólise, evaporando-se de forma bastante rápida. Porém, desde a década de 1960 os cientistas vêm levantando a hipótese de existir depósitos de água sólida na Lua. O gelo teria origem em impactos de cometas ou possivelmente produzido através da reação entre rochas lunares ricas em oxigênio e hidrogênio do vento solar, deixando vestígios de água que poderiam ter sobrevivido nas crateras frias e sem luz dos polos lunares.
Composição de imagens do polo sul lunar obtida pela sonda Clementine
Campo gravitacional
  O campo gravitacional da Lua tem sido medido através do efeito Doppler de sinais de rádio emitidos a partir de veículos em órbita. As principais características da gravidade lunar são concentrações de massa, anomalias gravitacionais positivas de grande dimensão, associadas a algumas das maiores bacias de impacto, causadas em parte pelos densos depósitos basálticos que preenchem estas crateras. Estas anomalias influenciam significativamente a órbita de veículos em torno da Lua.
Aceleração gravitacional na superfície da Lua: à direita a face oculta
Órbita
  A Lua descreve uma órbita completa em torno da Terra e em relação às estrelas fixas cerca de uma vez a cada 27,3 dias - que é o período sideral da Lua.
  Como o período de movimento de translação é realizado simultaneamente com a translação da Terra, o ciclo de fases da Lua dura, aproximadamente, 29 dias e meio.
Esquema das fases da Lua
  São quatro as fases da Lua:
  • Lua nova: a fase da lua nova ou novilúnio ocorre quando a Lua está praticamente entre o Sol e a Terra, numa posição chamada conjunção. Para o observador da Terra, a Lua não é visível no céu, pois sua parte iluminada pelo Sol está do lado oposto a Terra. Na primeira noite depois da lua nova, a parte da Lua torna-se visível no início da noite, próximo do poente. Ela aparece no céu com a forma de uma foice. É o início do conjunto de fases crescentes da Lua.
  • Quarto crescente: a cada noite, a parte iluminada pelo Sol torna-se maior até que, cerca de sete noites após a lua nova, a Lua está em quadratura; ela surge no céu com metade iluminada e metade escura; é a fase do quarto crescente.
  • Lua cheia: cerca de uma semana depois, a Lua está na direção oposta à do Sol, em relação a Terra; isto é: está em oposição. Logo que o Sol desaparece no poente, a Lua aparece toda iluminada e brilhante no céu: é a fase da lua cheia ou plenilúnio. Nessa posição, a luz solar atinge diretamente a face da Lua que está voltada para a Terra.
  • Quarto minguante: nas noites seguintes, ocorrem a fase minguante da Lua. A parte iluminada do satélite vai diminuindo até que, cerca de sete dias após o plenilúnio, a Lua fica novamente em quadratura e entra no quarto minguante. Nessa fase, o disco lunar parece de novo cortado ao meio. Sete dias depois da quadratura volta a ocorrer a lua nova e inicia-se um novo ciclo de fases, que se repete todo mês.
 Vídeo sobre as fases da Lua
  Os períodos  entre as quatro fases mais conhecidas da Lua, cada qual com cerca de sete dias, coincidem com as semanas. Por sua vez, o período entre duas luas novas - denominado lunação e que corresponde a 29 dias, 12 horas e 44 minutos - serviu de base para o estabelecimento dos meses do ano. A lunação não coincide com o tempo de uma volta da Lua ao redor da Terra, que é de 27 dias, 7 horas e 43 minutos, porque o nosso planeta não está imóvel, mas em movimento em volta do Sol, levando consigo o seu satélite natural.
  Antes da elaboração do calendário juliano e posterior do calendário gregoriano, os povos antigos utilizavam as fases da Lua como calendário: era o chamado calendário lunar. Esse tipo de calendário era usado pelos chineses e até mesmo a Bíblia já retratava esse tipo de calendário.
Calendário judaico
INFLUÊNCIA DA LUA SOBRE AS MARÉS
  A Lua exerce influência nas marés. Isso acontece da seguinte forma: a Terra tem seu próprio campo gravitacional, o que mantém tudo em seu devido lugar. Há, entretanto, outras forças presentes no Universo que influenciam diretamente a gravidade na Terra. É o caso da Lua. Como esse satélite tem também o seu próprio campo gravitacional, ela também atrai para si o que está ao seu redor. Dessa forma, a Terra e a Lua têm uma atração em comum: uma atrai a outra.
  Como a água presente na superfície é líquida, e por isso instável e maleável, ela acaba sendo atraída pela Lua com mais facilidade, gerando um movimento vertical de vaivém, o que provoca as marés.
Vídeo sobre a influência da Lua sobre as marés
  Em razão dessa influência exercida nas marés, muitas pessoas acreditam que a Lua influencia também os seres vivos. Desde os tempos antigos, agricultores - principalmente os que cultivam verduras, hortaliças e frutas - realizam certas ações, como semeaduras, transplante de mudas, etc., obedecendo às fases da Lua. Além dessas influências, a Lua também nos auxilia na orientação espacial.
  As marés oceânicas são ainda amplificadas por outros efeitos: a fricção do manto oceânico, a inércia do movimento da água, o estreitamento das bacias oceânicas perto de terra e oscilações entre diferentes bacias oceânicas. A atração gravitacional do Sol nos oceanos da Terra é de cerca de metade da Lua, sendo a interação entre ambas a responsável pela mudança das marés.
Lua cheia no deserto do Novo México - Estados Unidos
OS ECLIPSES
  Os eclipses ocorrem apenas quando o Sol, a Terra e a Lua se encontram alinhados. Os eclipses solares ocorrem durante a lua nova, quando a Lua está entre o Sol e a Terra. Por outro lado, os eclipses lunares ocorrem durante a lua cheia, quando a Terra se encontra entre o Sol e a Lua.
  O tamanho aparente da Lua é aproximadamente o mesmo do Sol, quando ambos são observados a aproximadamente meio ângulo de largura. O Sol é muito maior que a Lua, mas é precisamente esse maior afastamento que por coincidência faz com que tenha o mesmo tamanho aparente da Lua, muito mais próxima e mais pequena. As variações entre o tamanho aparente, devido às órbitas não circulares, são também muito coincidentes, embora ocorram em diferentes ciclos. Isto faz com que seja possível ocorrerem eclipses totais (em que a Lua aparenta ser maior que o Sol) e eclipses solares anulares (em que a Lua aparenta ser menor do que o Sol).
Esquema de um eclipse lunar
  Durante um eclipse total, a Lua cobre por completo o disco solar e a coroa solar torna-se visível a olho nu. Uma vez que a distância entre a Lua e a Terra aumentam muito devagar ao longo do tempo, o diâmetro angular da Lua também está a diminuir. Isto significa que há centena de milhões de anos a Lua cobriu por completo o Sol em eclipses solares, e que não era possível ocorrerem eclipses anulares. Da mesma forma, daqui a 600 milhões de anos, a Lua deixará de cobrir o Sol por completo, e só ocorrerão eclipses anulares.
  Uma vez que a órbita da Lua em volta da Terra tem uma inclinação de cerca de 5° em relação à órbita da Terra em volta do Sol, os eclipses não ocorrem em todas as luas novas e cheias. Para ocorrer um eclipse, a Lua deve estar perto da intersecção dos dois planos orbitais. O intervalo de tempo e recorrência dos eclipses é descrito no ciclo de Saros (a série Saros surgiram na Babilônia e possuem 70 eclipses cada), que tem uma duração de dezoito anos.
Esquema de um eclipse solar
  Uma vez que a Lua bloqueia permanentemente a nossa visão de uma área circular do céu com meio grau de diâmetro, o fenômeno relacionado de ocultação ocorre quando uma estrela ou planeta brilhante passam perto da Lua e são ocultados. Desta forma, um eclipse solar é uma ocultação do Sol. Como a Lua se encontra relativamente perto da Terra, a ocultação de estrelas individuais não é visível de todos os pontos do planeta, nem ao mesmo tempo. Devido à precessão da órbita lunar, em cada ano são ocultadas estrelas diferentes.
Vídeo sobre eclipses
FONTE: Moreira, Igor. Mundo da geografia: 6° ano / Igor Moreira; ilustrações Antônio Éder ... [et al.]. Curitiba: Positivo, 2012.

ADSENSE

Pesquisar este blog