sexta-feira, 4 de abril de 2014

NEPAL: O PAÍS DO "TETO DO MUNDO"

   O Nepal está localizado entre a Índia e a China, na Cordilheira do Himalaia. Nela se encontra o Monte Everest, a montanha mais alta do planeta, com 8.848 metros de altitude. Na língua nepalesa, Everest quer dizer "rosto do céu".
  A Cordilheira do Himalaia é formado por terrenos recentes e rochosos, pobre em recursos minerais. Além disso, são muito íngremes, o que dificulta a agricultura. Como a população do Nepal vive do plantio de subsistência, cultivando arroz, preservar o solo é uma questão de sobrevivência. Por isso, o cultivo é praticado em terraços (para evitar a erosão acelerada), no vale e nas encostas das montanhas.
No Nepal a maior parte da população vive da agricultura de subsistência
  A religião é marcante na vida dos habitantes do Nepal. As duas principais religiões, o hinduísmo e o budismo, convivem harmoniosamente e determinam os costumes locais.
HISTÓRIA DO NEPAL
  O Nepal é um país pequeno com uma longa história, que remonta há milhares de anos na origem e permanece até os dias de hoje. Essa história é cheia de conflitos no sopé do Everest e entre outros picos do Himalaia. Dos Kiratis até os dias atuais, muitas coisas interessantes aconteceram neste pequeno e impressionante país asiático.
  Antes da nossa era, os Kiratis eram os habitante destas terras. Era um poderoso império que dominava terras do atual Nepal, de territórios da Índia, de Butão e do sul da China.
Povos Kiratis do Nepal
  A lenda conta que o vale de Katmandu foi, nas suas origens, um belo lago no qual flutuava uma flor de lótus da qual emanava uma mágica luz. O patriarca chinês Manjushri teria decidido, ante tanta beleza, drenar a água do lago para que a flor pousasse no solo. Para tal, teria se utilizado de sua espada para cortar a parede que fechava o vale e permitir que a água saísse. No lugar em que o lótus teria pousado, o patriarca teria construído um templo (a estupa de Swayambhunath) e uma pequena aldeia de madeira denominada Manjupatan. Atualmente, a estupa de Swayambhunath é conhecido como o "Templo dos Macacos", devido a grande quantidade de macacos que circula nesse templo.
Estupa de Swayambhunath
  Os kiratis, apareceram no século VIII a.C., ajudando a fundar no vale, um reino que governaram 28 monarcas. Os kiratis eram comerciantes e ganadeiros.
  Por volta do século V a.C., em Lumbini, localidade no sul do atual território nepalês, nasceu Sidartma Gautama, príncipe do clã Shakya. Quando adulto, Sidartma tornou-se monge errante e foi para a Índia, onde passou a pregar suas ideias religiosas, onde passou a ser conhecido por Buda, ou "Desperto", título este que o povo havia lhe conferido. Suas ideias baseavam-se na extinção do desejo como meio para se atingir a felicidade e a sobrevivência. Até os dias atuais suas ideias são postas em práticas na religião budista.
  Consta que Buda retornou à sua terra natal para pregar sua filosofia e para converter sua família, inclusive sua esposa e seu filho, os quais havia abandonado quando iniciou sua jornada em busca da verdade.
Gautama com seus cinco companheiros que compuseram a primeira Sangha (comunidade monástica budista)
  No século III a.C., o sul do Nepal ficou sob influência do Império Mauria, o primeiro império a unificar a Índia. O criador do império, Asoca, foi um patrocinador do budismo, tendo visitado o local de nascimento de Buda e dado a mão de sua filha em casamento a um príncipe local.
  A partir daí, ocorreu uma sucessão de impérios na região.  As dinastias indianas dos Lichávis, Tacuris e Malas sucederam-se no controle da região até que, por volta do século XIV, o Nepal ficou dividido sob a influência de três cidades: Katmandu, Patan e Badgaon. A região somente foi unificada com a invasão dos ghurkas, povo mongol procedente da Índia, em 1769. Os ghurkas fundaram uma dinastia que permaneceu no poder até o século XXI.
Ilustração dos ghurkas em 1815
  Em sua extensão máxima, o Reino do Nepal se estendeu desde o Punjab até o Siquim, ambos localizados no território indiano. Entre os séculos XVII e XVIII, os xerpas migraram do Tibete para o norte do Nepal. No fim do século XVIII e início do século XIX, a política expansionista do Reino do Nepal se chocou contra o Império Chinês, ao norte, e contra a Companhia Britânica das Índias Orientais, ao sul, leste e oeste. Os nepaleses foram derrotados pelos chineses e forçados a abrir mão de seus interesses no Tibete.
  Também foram derrotados pelos britânicos nas chamadas Guerras Anglo-Nepalesas ou Guerras Ghurkas, sendo forçados a ceder as regiões do Siquim, do Terai, de Cumaon e de Garval.
  A Guerra Anglo-Nepalesa (1814-1816) levou o Nepal a concessões territoriais e a aceitar uma espécie de protetorado da Grã-Bretanha, por meio dos tratados de Katmandu e de Segowlie. Durante os 30 anos seguintes, grupos a favor e contra a Inglaterra se revezaram no poder.
Resultado da Guerra Anglo-Nepalesa
  Em 1846, Jung Bahadur, líder do grupo armado a favor da Inglaterra, tomou da dinastia ghurka Shah o controle do governo e assumiu o cargo de primeiro-ministro, dando início a um grande período de domínio político da dinastia Rana. O cargo de primeiro-ministro passou a ser transmitido hereditariamente, concentrando ditatorialmente todos os poderes. Com isso, o rei passou a ocupar uma posição meramente decorativa e os ghurkas foram recrutados para servirem aos exércitos britânico e indiano.
Jung Bahadur - fundador da dinastia Rana
  Em 1923, o governo britânico reconheceu formalmente a plena independência do Nepal, mas só após o fim da Segunda Guerra Mundial ocorreriam alterações revolucionárias na estrutura do Estado.
  Em 1950, os nepaleses residentes na Índia se aliaram aos membros da família real para derrubar o regime da família Rana. Com o apoio do governo da Índia, o rei Tribuvana Bir Bikram restabeleceu a autoridade real, e as forças revolucionárias assumiram cargos na administração. Durante essa década, os conflitos políticos continuaram e ocorreram várias mudanças de governo.
Tribuvana Bir Bikram
  Em 1955, Mahendra Bir Bikram subiu ao trono, reinando de forma mais democrática. Em 1959, foi criada uma nova Constituição para o país e ocorreram eleições parlamentares. Em 1960, devido a divergências entre a Coroa e o Gabinete, o rei Mahendra destituiu o Parlamento e instaurou um regime de poder pessoal. Em 1962, foi promulgada uma nova Constituição onde, por meio dela, aumentou o poder da família real. Durante vários anos, o rei exerceu um controle autocrático por todo o país, já que a Constituição não previa a existência de partidos políticos de oposição.
Mahendra Bir Bikram
  Com a morte do rei, em 1972, sucedeu no poder o seu filho Birendra Bir Bikram, que continuou a política do seu pai. Em 1980, por meio de uma consulta popular, o poder do rei foi ratificado, desprezando a democracia parlamentar.
  Em 1983, o rei nomeou o Nepal como Estado de paz, recebendo o respaldo de 37 países, aumentando para 97, em 1988. Porém, a Índia e a União Soviética não reconheceram esta zona de paz.
Birendra Bir Bikram
  Em 1990, o rei dissolveu a Assembleia e formou um novo governo, do qual se tornou primeiro-ministro K. B. Bhattaral. O monarca apresentou uma nova Constituição na qual se estabeleceu a democracia multipartidária.
  Em maio de 1991, ocorreram as primeiras eleições livres multipartidárias, onde o Partido do Congresso Nepalês saiu vitorioso, tendo como líder Girija Prasad Koirala. Nesse mesmo ano, soldados nepaleses participaram de missões das Nações Unidas no Oriente Médio.
Girija Prasad Koirala
  Após as eleições de 1994, o rei dissolveu o parlamento, em resposta a pedidos do Partido Comunista, convidando seu gabinete para assumir o governo interinamente até as próximas eleições. Com isso, Birendra continuou como chefe de estado e Mohan Adhikari, como chefe de governo. A partir de 1996, começaram os confrontos armados pelo poder, a partir do desenvolvimento de uma guerrilha maoísta, denominada de Guerra do Povo Nepalês.
  Em 1º de junho de 2001, o rei Birendra, a rainha Aishwarya e quase todos os membros da família real foram assassinados, tendo como principal suspeito, o príncipe herdeiro Dipendra Bir Bikram, que suicidou-se. Antes de morrer, Dipendra, em estado de coma, foi proclamado rei (de acordo com a tradição nepalesa), onde viria a morrer horas depois.
Dipendra Bir Bikram
  Em consequência da morte dos herdeiros diretos do trono do Nepal, Gyanendra Bir Bikram Shah Dey, irmão de Birendra, subiu ao trono em 4 de junho de 2001. Em três dias, Gyanendra concluiu uma investigação sobre a morte do rei anterior e sua família. O monarca apresentou uma nova Constituição na qual se estabeleceu a democracia multipartidária.
Gyanendra Bir Bikram Shah Dey
  Em 15 de janeiro de 2007, os partidos políticos do país, incluindo os governistas e os ex-rebeldes maoistas, colocaram de acordo para abolir a monarquia no país. A partir de 28 de maio de 2008, a Assembleia Constituinte do país aboliu a monarquia e instalou a república no Nepal.
GEOGRAFIA DO NEPAL
  O Nepal está localizado no sul da Ásia, entre a Índia e o Tibete, que pertence à China.
Mapa topográfico do Nepal
  O relevo do país é composto em grande parte por altas montanhas da Cordilheira do Himalaia. Devido a sua elevada altitude, o Nepal é conhecido como "o país do teto do mundo". O Nepal abriga oito das 14 montanhas mais elevadas do planeta, todas possuindo mais de 8 mil metros acima do nível do mar: Monte Everest (8.848,43 metros), Kachenjunga (8.586 metros), Lhotse (8.516 metros), Makalu (8.462 metros), Cho Oyu (8.201 metros), Dhaulagiri I (8.167 metros), Manaslu (8.156 metros) e Annapurna I (8.091 metros).
Monte Everest - a montanha mais elevada do planeta
  O Nepal divide-se em 14 estados e 75 distritos. A maior parte da população do país vive em vilas nas montanhas, que são demarcadas por região e números. O clima é frio, e no topo das montanhas ocorre as chamadas "neves eternas".
  Geograficamente, o Nepal é dividido em três regiões distintas: o Terai ao sul, cuja altitudes variam entre 400 e 1.000 metros e culturalmente e geograficamente se assemelha à Índia; a região dos Vales, cuja altitudes variam entre 1.000 e 2.000 metros e onde se localiza a capital Katmandu; e a região do Himalaia, cuja altitudes são superiores a 2.000 metros.
Vila Namche Bazaar Khumbur
  O Nepal segue o regime de monções tendo três meses, de meados de junho a meados de setembro, de chuvas. Na região do Terai e dos Vales, as chuvas não são tão prejudiciais, já para quem pratica trekkings, a melhor época é na primavera (entre março e abril) e no outono (outubro e novembro), pois nessas estações a visibilidade das montanhas é bem melhor e a temperatura não é tão fria.
  A diversidade da flora no Nepal é uma das maiores do planeta, graças as elevadas altitudes, o clima e o solo da região. Existe aproximadamente mais de 7.000 espécies de plantas no Nepal, sendo que 5% delas são endêmicas do país.
  Sobre a fauna, existe algumas espécies que são únicas do Nepal, como o tagarela espinhoso (Turdoides nipalensis).
O Nepal possui uma grande diversidade de plantas
DEMOGRAFIA DO NEPAL
  Os nepaleses são descendentes de três grandes migrações que ocorreram no país: Índia, Tibete e norte da península da Indochina.
  Entre os primeiros habitantes do país estão os kiratis, que se localizaram na região leste, os newars, que habitaram o vale do Katmandu, e os aborígenes tharu, que habitaram a região sul do Terai. Os ancestrais das castas brâmanes e xátrias da Índia vieram de grupos presentes em Kumaon, Garhwal e Caxemira, enquanto que outros grupos étnicos tem suas origens no norte de Myanmar, Yunnan e Tibete, na China. No Terai, em parte da bacia do rio Ganges, cerca de 20% da área total do país, a população é fisicamente e culturalmente semelhante à do indo-arianos do norte da Índia. As altas montanhas são escassamente povoadas, enquanto que o vale do Katmandu é a região mais densamente povoada do país.
  O Nepal é um país bilíngue, multirreligioso e possui uma sociedade bastante heterogênea. A influência indiana é cada vez mais forte, originando uma sociedade de castas fortemente indianizada e um poderoso centro budista.
Mulheres nepalesas
ECONOMIA DO NEPAL
  O Nepal é uma nação pobre, com uma economia baseada na agricultura e no turismo. Cerca de 90% dos seus habitantes trabalham na agricultura, onde o principal produto cultivado é o arroz. Além do arroz, são cultivados milho, trigo, cana-de-açúcar e tubérculos. Esse cultivo se dá na forma de subsistência. Na pecuária se destaca a criação de cabras, galinhas, búfalos e iaque, tipo de bovino encontrado no Himalaia. A população vive em grande parte na extrema pobreza. Além da agropecuária, se destaca também a indústria têxtil e o processamento dos produtos agrícolas, como açúcar, tabaco e grãos.
Iaque
  Na área do Himalaia, o turismo de escalada e os acampamentos são muito fortes. Nessa região surgiram pequenas cidades localizadas perto de campos de base de expedições, principalmente europeus. Nessas cidades habitam os sherpas, os guias de turismo. Nas grandes cidades o comércio é a atividade mais importante.
ALGUNS DADOS DO NEPAL
NOME: República Democrática Federal do Nepal
CAPITAL: Catmandu

Rua no centro de Catmandu
LÍNGUA OFICIAL: nepalês
GOVERNO: República Federal
FORMAÇÃO: 1093 d.C.

Reino declarado: 25 de setembro de 1768
Estado declarado: 15 de janeiro de 2007
República declarada: 28 de maio de 2008
GENTÍLICO: nepalês
LOCALIZAÇÃO: Subcontinente Indiano
ÁREA: 147.181 km² (92º)
POPULAÇÃO (ONU - Estimativa 2013): 29.391.883 habitantes (41º)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 199,69 hab./km² (39º)
MAIORES CIDADES (Estimativa 2013):  

Catmandu: 1.342.543 habitantes
Catmandu - capital e maior cidade do Nepal
Pokhara: 532.987 habitantes
Pokhara - segunda maior cidade do Nepal
Patan (Laliptpur): 322.231 habitantes
Patan - terceira maior cidade do Nepal
PIB (FMI - 2013): U$ 19,415 bilhões (106º)
IDH (ONU - 2012): 0,463 (157º)
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU - 2005/2010): 67,42 anos (133º)
CRESCIMENTO VEGETATIVO (ONU - 2005-2010): 1,97% ao ano (55º)
MORTALIDADE INFANTIL (
CIA World Factbook - 2012): 38,71/mil (
138º)
TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2011): 17% (185º)
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (Pnud - 2009/2010):
48,6% (162º)
PIB PER CAPITA (FMI - 2011): U$ 653 (162º)
MOEDA: Rúpia Nepalesa
RELIGIÃO: hinduísmo (71,4%), crenças tradicionais (10,1%), budismo (9,4%), islamismo (4,1%), outras religiões (3,6%), sem religião, ateus e dupla filiação (1,4%).
DIVISÃO: o Nepal é dividido em 14 zonas e em 75 distritos,que estão agrupados em 5 regiões do desenvolvimento.
  As cinco regiões são: Extremo-Oeste, Centro-Oeste, Oeste, Centro e Leste.
Regiões do Nepal
  As zonas do Nepal são (os números correspondem as zonas no mapa): 1. Bagmati, 2. Bheri, 3. Dhawalagiri, 4. Gandaki, 5. Janakpur, 6. Karnali, 7. Koshi, 8. Lumbini, 9. Mahakali, 10. Mechi, 11. Narayani, 12. Rapti, 13. Sagarmatha, 14. Seti.
  Os distritos do Nepal são: 1. Achham, 2. Arghaklanchi, 3. Baglung, 4. Baitadi, 5. Bajhang, 6. Bajura, 7. Banke, 8. Bara, 9. Bardiya, 10. Bhaktapur, 11. Bhojpur, 12. Chitwan, 13. Dadeldhura, 14. Dailekh, 15. Dang, 16. Darchula, 17. Dhading, 18. Dhankuta, 19. Dhanusa, 20. Dolkha, 21. Dolpa, 22. Doti, 23. Gorkha, 24. Gulmi, 25. Humla, 26. Ilam, 27. Jajarkot, 28. Jhapa, 29. Jumla, 30. Kailali, 31. Kalikot, 32. Kanchanpur, 33. Kapilvastur, 34. Kaski, 35. Katmandu, 36. Kavrepalanchok, 37. Khotang, 38. Laliptur, 39. Lamjung, 40. Mahottari, 41. Mankwanpur, 42. Manang, 43. Morang, 44. Mugu, 45. Mustang, 46. Myiagdi, 47. Nawalparasi, 48. Nuwakot, 49. Okhaldhunga, 50. Palpa, 51. Panchthar, 52. Parbat, 53. Parsa, 54. Pyuthan, 55. Ramechhap, 56. Rasuwa, 57. Rautahat, 58. Rolpa, 59. Rukum, 60. Rupandehi, 61. Salyan, 62. Sakhuwasabha, 63. Saptari, 64. Sarlahi, 65. Sindhuli, 66. Sindhulpalchok, 67. Siraha, 68. Solukhumbu, 69. Sunsari, 70. Surkhet, 71. Syangja, 72. Tanahu, 73. Taplejung, 74. Terhathum, 75. Udayapur.
Distritos do Nepal
FONTE: Sampaio, Fernando dos Santos. Para viver juntos: geografia, 6º ano: ensino fundamental / Fernando dos Santos Sampaio. -- 3. ed. -- São Paulo: Edições SM, 2012. -- (Para viver juntos)

quarta-feira, 26 de março de 2014

O IDH (ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO)

  O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) criado pela ONU no início da década de 1990, é uma medida comparativa usada para classificar os países pelo seu grau de qualidade de vida humano e para ajudar a classificar os países como desenvolvidos (àqueles que possuem um desenvolvimento humano muito elevado), em desenvolvimento (que possuem um desenvolvimento humano  médio e alto) e subdesenvolvidos (que possuem um desenvolvimento humano baixo). A classificação desses países resulta do cruzamento de três indicadores básicos:
  • O PIB per capita ajustado em relação à sua capacidade de compra, expresso em dólares;
  • O grau de conhecimento (que inclui a taxa de alfabetização de adultos e a taxa de matrícula nos três níveis de ensino, que no Brasil se denominam fundamental, médio e superior);
  • A expectativa de vida, denominada longevidade.
  O PIB per capita é obtido a partir do PIB (valor da renda anual total da economia de um país gerada internamente) pelo número de habitantes. Como existe diferenças entre o custo de vida de um país para outro, a renda medida pelo IDH é feita em dólar PPC (Paridade de Poder de Compra). Os cálculos são preparados por diversas organizações, incluindo o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial.
  No novo relatório de avaliação do IDH, em vez de calcular a renda pelo Produto Interno Bruto (PIB) per capita, utiliza-se a RNB (Renda Nacional Bruta) per capita, também medida em PPC (Paridade de Poder de Compra). Isso foi necessário porque, em um mundo cada vez mais globalizado, aumenta a diferença entre a produção doméstica (dentro das fronteiras de um país) e a renda que fica com seus residentes. Esta medida é relevante porque uma parte da renda produzida é enviada para o exterior, assim como outra parte é recebida de seus cidadãos que estão vivendo fora. O conceito de renda nacional reflete com mais precisão os recursos que as pessoas em determinado país dispõem para viver.
Mapa do PPC - 2010, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI)
  Para avaliar a dimensão da educação, o cálculo do IDH considera dois indicadores. O primeiro, com peso dois, é a taxa de alfabetização de pessoas com quinze anos ou mais de idade. O segundo indicador é a taxa de escolarização: somatório das pessoas, independentemente da idade, matriculadas em algum curso, seja fundamental, médio ou superior, dividido pelo total de pessoas entre 7 e 22 anos. Também entram na contagem os alunos que fazem o EJA (Educação de Jovens e Adultos), de classes de aceleração e pós-graduação universitária.
  Nas mudanças ocorridas no IDH, no quesito educação, as principais variáveis utilizadas foram substituídas. No "velho IDH" eram utilizadas variáveis "alfabetização" e "matrícula combinada" (matrículas no primário, ensino médio e terciário, dada como percentual). Mas essas variáveis discriminavam pouco os resultados dos países nesta área. Com as mudanças, em vez de alfabetização, o "novo IDH" avalia:
  • Os anos médios de estudo - é o número médio de anos de educação recebidos pelas pessoas que têm 25 anos ou mais, pois assim, discrimina melhor a educação da população do que simplesmente o analfabetismo, além de ser uma variável mais sensível ao progresso;
  • Anos esperados de escolaridade - é o número de anos de escolaridade que uma criança na idade de entrar na escola pode esperar receber, levando em consideração taxas de matrícula em relação à idade das crianças, tratando de elementos quantitativos do ensino.
Mapa do Índice de Educação de acordo com a ONU - 2007

  O item longevidade é avaliado considerando a expectativa de vida ao nascer. Esse indicador mostra a quantidade de anos que uma pessoa nascida em uma localidade, em um ano de referência, deve viver. Reflete as condições de saúde e de salubridade no local. Esse cálculo é fortemente influenciado pelo número de mortes.
    Nas mudanças ocorridas na avaliação do IDH, a variável utilizada "expectativa de vida ao nascer" permaneceu a mesma.
Mapa da expectativa de vida de acordo com a ONU - 2008
  O IDH permite diferenciar países com economias semelhantes mas com diferenças nas condições de vida da população. Esse índice é hoje o principal indicador para analisar a situação social e econômica dos países, pois ressalta como o crescimento econômico foi revertido em benefícios sociais para a população.
  Desde 1993, esse índice vem sendo usado pelo Programa das Nações Unidas para o desenvolvimento (Pnud), que anualmente divulga as condições socioeconômicas dos países membros da ONU. Os países são classificados em quatro grupos: IDH muito elevado (0,900 a 1,00), IDH elevado (0,800 a 0,899), IDH médio (0,500 a 0,799) e IDH baixo (0,00 a 0,499).
Mapa do IDH - 2012
  Muito alto
  Alto
  Médio
  Baixo
  Sem dados
  A noção de desenvolvimento humano ficou muito associada ao IDH. Porém, esse índice representa uma interpretação simplificada do desenvolvimento humano, que deve envolver outros aspectos como liberdade política, segurança física das pessoas, igualdade de gênero e entre etnias, as questões ecológicas, entre outras.
  A partir de 2010, a Organização das Nações Unidas, em seu Relatório de Desenvolvimento Humano publicado todos os anos, criou novas medidas para tentar se aproximar mais da realidade dos países avaliados. Esses índices são:
  • Índice de Desenvolvimento Humano Ajustado à Desigualdade (IDHAD) - utiliza os três componentes de avaliação do IDH, porém, ajustados a um índice de desigualdade. O IDHAD indica as desigualdades existentes entre as pessoas, já que não é toda a população que tem acesso a uma renda que garanta minimamente suas necessidades, a uma educação e a um sistema de saúde de qualidade. Como o IDH, quanto mais próximo de 1, melhor o desenvolvimento; quanto mais próximo de zero, pior o desenvolvimento.
  • Índice de Desigualdade de Gênero (IDG) - reflete a desigualdade de gênero entre homens e mulheres. Usa como indicadores a saúde reprodutiva da mulher e a comparação entre mulheres e homens referente à capacitação e à taxa de participação no mercado de trabalho. Varia de 0 a 1: quanto mais próximo de zero, mais igualdade existe entre homens e mulheres. Quanto mais próximo de 1, maior é a desigualdade.
  • Índice de Pobreza Multidimensional - indica as privações individuais quanto à educação, à saúde e ao padrão de vida da população.

IDH, IDHAD e IDG de alguns países selecionados - 2011
País
IDH
Classificação do IDH
IDHAD
IDG
Classificação do IDG
Noruega
0,943
1
0,890
0,075
6
Austrália
0,929
2
0,856
0,136
18
Uruguai
0,783
48
0,654
0,352
62
Brasil
0,718
84
0,519
0,449
80
Jordânia
0,698
95
0,565
0,456
83
Uzbequistão
0,641
115
0,544
s/d
s/d
Índia
0,547
134
0,392
0,617
129
Angola
0,486
148
s/d
s/d
s/d
Haiti
0,454
158
0,271
0,599
123
Serra Leoa
0,336
180
0,196
0,662
137

 Fonte: Organização das Nações Unidas. Relatório de Desenvolvimento Humano de 2011.
FONTE: Lucci, Elian Alabi. Território e sociedade no mundo globalizado: geografia: ensino médio, volume 3 / Elian Alabi Lucci, Anselmo Lázaro Branco, Cláudio Mendonça. - 1. ed. - São Paulo: Saraiva, 2010.

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