sábado, 7 de abril de 2012

A ARGENTINA

  Dos países latino-americanos, a Argentina é o que possui um dos melhores indicadores econômicos e sociais - apesar de ter enfrentado sucessivas crises econômicas nos últimos anos.
UM POUCO DE HISTÓRIA
  Após a Segunda Guerra Mundial, sob o governo de Juan Domingo Perón (1947-1955), a Argentina viveu um período de intensa modernização e de melhorias  no atendimento às necessidades básicas  da população. O Estado passou a atuar de forma decisiva em vários setores, como transportes, serviços públicos e infraestrutura.
Juan Domingo Perón - presidente que proporcionou reformas políticas e econômicas na Argentina
OS GOLPES MILITARES
  Em 1955, depois de entrar em atrito com parte do empresariado e das Forças Armadas, Perón foi derrubado do governo por um golpe militar que o obrigou a se exilar no Paraguai e depois na Espanha.
  De volta à Argentina após um longo período no exílio, Perón candidatou-se novamente à Presidência em 1973 e foi eleito com enorme quantidade de votos. Porém, faleceu logo em seguida, e Isabelita Perón, sua terceira esposa e então vice-presidente, tomou posse.
Isabelita Perón - primeira mulher presidente da Argentina
  Em 1976, um golpe militar derrubou Isabelita e implantou na Argentina o regime ditatorial que se estendeu até 1983. Esse período ficou caracterizado pela forte repressão política imposta à população, com censura à prisão, tortura e assassinato daqueles que se posicionavam contra o governo.
AS CRISES ECONÔMICAS
  As décadas de 1970 e 1980 foram marcadas por sucessivas crises econômicas, que forçaram o governo a diminuir os gastos com serviços públicos e a implementar um intenso programa de privatizações.
  O padrão de vida da população argentina, que era o mais alto da América Latina, caiu drasticamente. Desemprego crescente, altas da inflação e da dívida externa, aumento da pobreza e da concentração de renda foram as principais heranças deixadas ao país pelos governos militares.
Protesto contra a ditadura militar na Argentina
  Com o término do regime militar e a consolidação da democracia, a situação política e econômica tornou-se mais estável, a inflação caiu e o crescimento econômico foi retomado.
  Porém, de 1999 a 2002, uma nova grande crise econômica foi provocada pela queda das exportações: a moeda do país, o peso, estava valorizada em relação ao dólar, o que tornava os produtos argentinos muito caros no mercado internacional. Para agravar a situação, o Brasil - principal parceiro econômico da Argentina - promoveu uma desvalorização do real em relação ao dólar e diminuiu consideravelmente as importações dos produtos argentinos.
Argentinos protestam contra a crise na capital do país, Buenos Aires em 2001
  Tentando contornar a crise, o governo argentino desvalorizou o peso, contraiu empréstimos junto ao FMI e adotou um modelo econômico similar ao brasileiro.
A POTÊNCIA REGIONAL
  Desde sua independência, a Argentina busca consolidar-se como país líder na América do Sul. Por esse motivo, já a partir do século XIX seus interesses políticos, econômicos e militares chocam-se com as ambições de outra potência regional, o Brasil.
  A competição entre os dois países é tradicional. O Uruguai e o Paraguai, os maiores prejudicados por essa disputa, precisam empregar muita diplomacia no convívio com os dois vizinhos, cuja influência em seus territórios é enorme.
  Na década de 1990, a criação do Mercosul melhorou as relações entre o Brasil e a Argentina, tornando-os mais parceiros que competidores. No entanto, a Argentina ainda disputa com o Brasil a liderança do bloco econômico, os investimentos estrangeiros e uma vaga no Conselho de Segurança da ONU.

Países integrantes do Mercosul
DISPUTAS TERRITORIAIS
  Outra questão geopolítica envolvendo a Argentina refere-se à disputa com o Chile pelas ilhas Picton, Nueva e Lennox, no Canal de Beagle, extremo sul do continente. Essa disputa quase chegou a um conflito armado, no início da década de 1980.
  Em 1985, com a mediação do Vaticano, um Tratado de Paz foi assinado por representantes dos dois países. Esse documento estabelecia que as ilhas pertenciam ao Chile, mas assegurava aos argentinos os direitos sobre recursos minerais que pudessem ser encontrados na região.
Canal de Beagle - região do conflito entre Argentina e Chile
  Situadas a 500 km do litoral sul do território argentino, as Ilhas Malvinas ou Falkland são objeto de outra disputa territorial que envolve a Argentina, neste caso com o Reino Unido.
  No final de março de 1982, a Forças Armadas do país sul-americano, invadiram de surpresa as ilhas com o objetivo de reaver as terras perdidas para os ingleses em 1883. Em resposta, o governo do Reino Unido enviou tropas às Malvinas e, em junho, retomou as ilhas, impondo uma rendição incondicional aos argentinos.
Ilhas Malvinas - região de conflito com o Reino Unido
  Mesmo perdendo a Guerra das Malvinas, os governantes da Argentina não desistiram das ilhas e, em 1999, reiniciaram as negociações com os ingleses para recuperar o território perdido.
A ORGANIZAÇÃO DO TERRITÓRIO E AS ATIVIDADES ECONÔMICAS
  Com uma área territorial de 2.780.400 km², a Argentina é o segundo maior do país da América Latina, depois do Brasil.
  O país é dividido em seis regiões geoeconômicas, caracterizando-as do ponto de vista dos aspectos físicos e econômicos: Cordilheira dos Andes, Puna, Chaco, Mesopotâmia, Patagônia e Pampa, que é a região economicamente mais importante da Argentina e da América Platina.
1. A CORDILHEIRA DOS ANDES
  A grande cadeia montanhosa cruza o oeste do país, estendendo-se de norte a sul por toda a fronteira com o Chile. Nessa região, as densidades demográficas são baixas, em decorrência, principalmente, do clima semiárido, na base da cordilheira, e do clima frio e relevo acidentado, nas altitudes mais elevadas.
Cordilheira dos Andes na Argentina
  As principais atividades econômicas desenvolvidas ao pé dos Andes são o cultivo irrigado de frutas e a extração de petróleo, que favoreceu a instalação de indústrias petroquímicas, produtoras de combustíveis, matérias-primas e material plástico.
  San Juan, com cerca de 500 mil habitantes e Mendoza, com cerca de 900 mil habitantes, reconhecidas por sua produção de vinhos, são as mais populosas e importantes cidades da região.
Mendoza - principal cidade da Cordilheira dos Andes argentina
2. A PUNA

  No noroeste do território argentino, encontra-se a Puna, um vasto planalto de clima semiárido, onde as obras de irrigação favoreceram o cultivo de cana-de-açúcar. Na fronteira com a Bolívia há jazidas de petróleo e de minérios. A principal cidade da região é Salta, capital da província de Salta. A cidade conta com uma população de cerca de 550.000 pessoas.
Salta - principal cidade da região da Puna
3. O CHACO
  O Chaco, no norte do país, na fronteira com o Paraguai, divide-se em duas áreas: o Chaco úmido, voltado para o oceano Atlântico e com maior pluviosidade; e o Chaco seco, mais próximo à Cordilheira dos Andes e, portanto, com menor pluviosidade.
  No Chaco úmido cultivam-se milho, soja e cana-de-açúcar. Já no Chaco seco, de clima semiárido, são desenvolvidos cultivos irrigados de fumo e cana-de-açúcar.
  Nessa região também se explora a pecuária bovina extensiva, com grandes rebanhos.
  Em sua maioria, os habitantes do Chaco são de origem indígena e correspondem a menos de 5% da população total do país, que chega a cerca de 42 milhões de habitantes.
  As principais cidades da região do Chaco são San Miguel de Tucumán, com cerca de 800 mil habitantes, e Resistencia, com 400 mil habitantes.
San Miguel de Tucumán
4. A MESOPOTÂMIA
  Localizada no nordeste da Argentina, é uma planície úmida entre os rios Paraná e Uruguai. Nela predomina a pecuária extensiva de bovinos e os cultivos de algodão, milho e erva-mate, usada para fazer o chimarrão, tradicional bebida tomada no sul da América do Sul.
  A principal cidade dessa região é Corrientes, com cerca de 380 mil habitantes.
Corrientes - principal cidade do Chaco argentino
5. A PATAGÔNIA
  No sul do país encontra-se uma região de clima frio, marcada por uma grande planície de vegetação rasteira.
  O relevo contribui para a criação de gado, e as baixas temperaturas favorecem a pecuária ovina - criação de ovelhas.
Paisagem da Patagônia
  Entretanto, as principais riquezas dessa região são o petróleo e o gás natural, extraídos do Golfo de São Jorge. Ali se encontra a cidade de Comodoro Rivadávia, responsável por 85%  do petróleo que abastece a Argentina. A cidade é também a mais populosa da região, com uma população de cerca de cerca de 140 mil habitantes.
 Comodoro Rivadávia
  Na Patagônia, vive apenas 2% da população argentina, por isso a região é considerada um vazio demográfico.
  Ao sul da região localiza-se a Terra do Fogo, arquipélago que desperta grande interesse turístico e cujo território se divide entre a Argentina e o Chile.
6. O PAMPA
  Corresponde a cerca de 22% do território argentino e tem a maior concentração urbana, populacional e industrial do país. Concentra por volta de 75% da população total, principalmente na região metropolitana de Buenos Aires, onde vivem cerca de 12 milhões de habitantes.
Mapa da Região Metropolitana de Buenos Aires
  No Pampa há também uma grande diversidade de indústrias, com destaque para as siderúrgicas, automobilísticas, têxteis e refinarias de petróleo.
  O clima temperado úmido, o solo fértil e a abundância em água, favorecem o cultivo de trigo, milho, soja e algodão. Destaca-se ainda a produção de hortifrutigranjeiros, responsável por cerca de dois terços da produção agrícola da Argentina.
  No Pampa estão os principais rebanhos bovinos e ovinos do país. A carne produzida na região, considerada de alta qualidade, é exportada em grande volume para a Europa e os Estados Unidos.
Mapa das atividades economicas da Argentina
DADOS SOBRE A ARGENTINA
NOME OFICIAL: República da Argentina

INDEPENDÊNCIA: da Espanha
Luta: 25 de maio de 1810
Proclamada: 9 de julho de 1816
Reconhecida: 21 de setembro de 1863
LOCALIZAÇÃO: América do Sul
CAPITAL: Buenos Aires
Obelisco no centro de Buenos Aires
ÁREA:  2.780.400 km² (8º)
POPULAÇÃO (ONU - 2011): 41.769.726 
habitantes (31º)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA (ONU):  15,02 hab./km² (173°)
CIDADES MAIS POPULOSAS (2010):
Buenos Aires: 3.050.728 habitantes
Buenos Aires - capital e maior cidade da Argentina
Córdoba: 1.428.214 habitantes
Córdoba - segunda maior cidade da Argentina
Rosário: 1.242.533 habitantes
Rosário - terceira maior cidade da Argentina
LÍNGUA: espanhol
IDH (ONU - 2011): 0,797 (45°)
PIB (FMI - 2010): US$ 369,992 bilhões (28°)
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU - 2005/2010): 75,3 anos (59°)
MORTALIDADE INFANTIL (ONU - 2005/2010): 13,4/ mil (71°)
TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA WORLD FACTBOOK - 2008): 92% (14°)
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (PNUD - 2007/2008): 97,6% (53°)
MOEDA: peso argentino
RELIGIÃO (2010): católicos romanos (92%), protestantes (2%), judeus (2%), outras religiões (4%).
DIVISÃO: a Argentina é uma República Representativa Federal desde a Constituição argentina de 1853. O país é subdividido  em 23 províncias e um Distrito Federal, onde se localiza a capital, Buenos Aires (oficialmente Ciudad Autónoma de Buenos Aires).
1. Ciudad Autónoma de Buenos Aires 2. Província de Buenos Aires (La Plata) 3. Catamarca (San Fernando del Valle de Catamarca) 4. Chaco (Resistencia) 5. Chubut (Rawson) 6. Córdoba (Córdoba) 7. Corrientes (Corrientes) 8. Entre Rios (Paraná) 9. Formosa (Formosa) 10. Jujuy (San Salvador de Jujuy) 11. La Pampa (Santa Rosa) 12. La Rioja (La Rioja) 13. Mendoza (Mendoza) 14. Misiones (Posadas) 15. Neuquén (Neuquén) 16. Rio Negro (Viedma) 17. Salta (Salta) 18. San Juan (San Juan) 19. San Luis (San Luis) 20. Santa Cruz (Rio Gallegos) 21. Santa Fé (Santa Fé) 22. Santiago del Estero (Santiago del Estero) 23. Terra do Fogo (Ushuaia) 24. Tucumán (San Miguel de Tucumán)
FONTE: Projeto Araribá: geografia / organizadora Editora Moderna: obra coletiva concebida, desenvolvida e produzida pela Editora Moderna: editora responsável Sônia Cunha de Souza Danelli. - 2. ed. - São Paulo: Moderna, 2007.

sexta-feira, 30 de março de 2012

FOME E SAÚDE NA ÁFRICA

  A fome é uma das consequências da precária estrutura econômica da maioria dos países africanos. Antes de mais nada, é preciso realçar que, para que a fome se instale, não é preciso haver fome nem guerras civis, pois é frequentemente a sua ocorrência em áreas úmidas e sem conflitos.
  Isso acontece porque parcelas da população não dispõem de rendimentos suficientes para adquirir os alimentos de que necessitam para sobreviver. É evidente, entretanto, que a ocorrência de secas e guerras complica ainda mais a situação dessas pessoas.
Fome - uma das principais causas de morte na África
  Embora vários países de diversos continentes apresentem situações de carência alimentar - consumo de alimentos abaixo do mínimo considerado necessário -, os casos mais graves se encontram na África.
  É grande o número de pessoas, em inúmeros países, afetadas pela fome, que necessitariam de ajuda alimentar para manter condições mínimas de sobrevivência. O drama de grandes parcelas da população africana é que essa realidade não se restringe à situação atual, pois existem áreas onde ocorreram eventos continuados de fome nos últimos 40 anos. A situação se meteu ainda mais grave com a ocorrência de conflitos que destroem áreas de lavouras e provoca o êxodo de milhões de pessoas. Desalojadas, só sobrevivem se obtiverem ajuda.
Mapa da fome no mundo
  Se parte das populações não consegue acesso a alimentação adequada, as consequências se fazem sentir de forma intensa na saúde das pessoas. A África é o continente onde os índices de esperança de vida ao nascer são menores; a grande maioria dos países apresenta uma expectativa de vida inferior a 55 anos, que é a mais baixa do mundo.
Mapa da expectativa de vida no mundo
  O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), elaborado pela ONU para todos os países, é uma síntese das condições de vida dos lugares que representa, pois leva em consideração as informações a respeito dos níveis de esperança de vida, de renda per capita e de escolarização. A maior parte dos países africanos apresenta IDH considerado baixo. Mesmo os países que apresentam melhor desempenho, conseguiram atingir apenas o nível médio.
Mapa do IDH na África
  A alta inciência de algumas doenças afetam negativamente os níveis de esperança de vida da população de vários países africanos e, em consequência, contribui bastante para o rebaixamento do IDH. Uma das doenças que preocupam já há duas décadas é a AIDS, pois o continente apresenta as mais altas taxas de infecção do mundo, com mais de 40 milhões de africanos infectados com a doença. Mais de 14 milhões de crianças perderam um ou ambos os pais em função de epidemia, criando uma legião de órfãos que não contam com qualquer assistência e orientação, o que torna ainda mais sombrias as perspectivas da epidemia.
Mapa da AIDS na África
  Além da AIDS, vários países africanos apresentam ainda uma taxa elevada de infecção por um conjunto de doenças denominadas genericamente "doenças tropicais", como a malária, a esquistossomose, a febre amarela e a doença do sono, entre outras. Em geral, são transmitidos por insetos cujo hábitat se situa predominantemente na região tropical.
  Não existem vacinas para a maior parte dessas doenças, mas existem tratamentos eficazes, além da prevenção, que deve ser feita sobretudo evitando a proliferação dos insetos e outros vetores que transmitem tais doenças. Mesmo a AIDS, apesar de ainda não ter cura, já apresenta níveis de mortalidade bem menores do que alguns anos, desde que seja feito o tratamento adequado, cuja maior limitação é o preço dos remédios.
Homem com AIDS na África do Sul
  Quando existem tratamentos possíveis para as doenças, a mortalidade passa a afetar sobretudo as parcelas da população que não têm condições financeiras para custeá-los. É necessário então que os governos dos países implementem programas de tratamento e prevenção abrangentes.
  Na África, a situação é mais grave no sul: Botsuana e Suazilândia apresentam uma taxa de infecção da população adulta superior a 37%. O maior número de pessoas infectadas localiza-se na África do Sul.
  A proliferação da AIDS na África está ligada à falta de informação e de divulgação a respeito das formas de propagação da doença, aliada às condições precárias de vida de grandes parcelas das populações.
Mapa da fome na África
FONTE: Carvalho, Marcos Bernardino de. Geografias do mundo: fronteiras, 8° ano / Marcos Bernardino de Carvalho, Diamantino Alves Correia Pereira. - 1. ed. renovada. - São Paulo: FTD, 2009.  - (Coleção geografias do mundo)

terça-feira, 27 de março de 2012

O SOCIALISMO DE MERCADO E O ESPAÇO CHINÊS

  A abertura da economia chinesa ao capitalismo internacional, provocou um  grande incremento da atividade industrial no país, sobretudo no setor de bens de consumo. Atualmente, a produção da indústria chinesa está entre as maiores do mundo, com destaque para o setor de produtos eletrônicos, que tem crescido aceleradamente nas últimas décadas.
Produtos chineses - espalharam-se rapidamente nas últimas décadas no mundo inteiro
  Um dos principais fatores que permitiram a arrancada da produção industrial na China foi a criação das chamada Zonas Econômicas Especiais (ZEEs), assim como a abertura de importantes cidades portuárias aos investimentos estrangeiros. Tanto as ZEEs quanto as cidades portuárias abertas ao capital externo constituem zonas de livre comércio, estabelecidas por meio de uma legislação mais flexível, com a redução ou até mesmo a isenção de impostos. Essas medidas visam a atrair investimentos estrangeiros e absorver as inovações tecnológicas desenvolvidas nos países mais avançados.
Xangai - uma das cidades portuárias da China
  As ZEEs e as cidades portuárias tornaram-se alvo de grande investimentos, realizados, sobretudo, por japoneses e norte-americanos. Os investidores também são atraídos pela existência de outras condições favoráveis, como o baixo custo da mão de obra e o gigantesco mercado consumidor chinês, que se apresenta como uma excelente oportunidade para o crescimento das empresas.
  Essas vantagens têm levado grande número de multinacionais a se instalar no país, o que vem contribuindo ainda mais para o ótimo desempenho da economia chinesa nos últimos anos.
Mapa da economia chinesa
  Os reflexos do capitalismo tornam-se cada vez mais evidentes na China, a começar pelo espaço geográfico desse país, que se tornou um imenso canteiro de obras, onde enormes edifícios são erguidos para abrigar shopping centers e novas empresas.
  As cidades, por sua vez, não foram organizadas para receber a numerosa frota de automóveis que vêm substituindo as bicicletas, meios de transporte tradicionais na China. As casas não têm garagem e as ruas não têm estacionamentos apropriados para carros.
Trânsito complicado nas ruas de Pequim - China
  Os hábitos da população chinesa têm mudado radicalmente.  As roupas cinza e azul-marinho impostas pelo socialismo vêm sendo substituídas por peças coloridas e, principalmente, pelo jeans. Boa parte da população chinesa teve seu nível de vida elevado, e passou a viver em moradias melhores, a se alimentar melhor e mesmo a ter acesso a eletrodomésticos básicos, como fogões, geladeiras e televisores.
  O consumismo também passou a fazer parte dos hábitos chineses. Possuir um cartão de crédito, um celular ou um carro tornou-se símbolo de status na China.
Loja do Mc Donalds na China - símbolo do consumismo no país
  Ainda que tenha alcançado altos índices de crescimento econômico, a China enfrentará grandes desafios nas próximas décadas, como conter o crescimento populacional, sobretudo nas áreas urbanas, aumentar a produção de alimentos no campo e diminuir o seu frenético ritmo de degradação do meio ambiente.
FONTE: Geografia espaço e vivência: o espaço geográfico mundial, 8° ano / Levon Boligian ... [et al.]. - 3 ed. São Paulo: Atual, 2009.

quinta-feira, 22 de março de 2012

A TERRA, O SOL E O UNIVERSO

A CURIOSIDADE MOVENDO A GEOGRAFIA
  Os seres humanos sempre se preocuparam em entender o mundo que os cerca. O Sol, a Lua e as estrelas já chamavam a atenção das sociedades primitivas. Porém, tentar entendê-los continua sendo um grande desafio em nossos dias. Mesmo diante das muitas dúvidas que ainda persistem com relação a esses astros, sabemos que são vitais para o nosso cotidiano.
  Quando os portugueses se lançaram aos oceanos, dando início à era das Grandes Navegações, nos séculos XV e XVI - o que resultou na descoberta e colonização do Brasil -, deixaram de navegar usando como referência apenas o contorno dos litorais.
OS PORTULANOS
  Na Antiguidade, os chineses já se orientavam por meio de bússolas, que foram introduzidas na Europa por meio dos árabes.
  Por volta de 1300, os italianos já navegavam acompanhando a costa da península Itálica. Com o passar do tempo, foram desenvolvendo mapas. Esses mapas eram uma descrição do litoral, mais exatamente uma detalhada descrição dos portos marítimos. Por isso foram chamados de portulanos.
O mapa-múndi antes das Grandes Navegações
  A partir da observação do céu, os navegantes portugueses perceberam que a posição das estrelas mudava muito pouco ao longo do tempo. Portanto, se elas estavam praticamente imóveis no firmamento, poderiam servir como referência para estabelecer as rotas de viagem. Isso deu origem à navegação celeste, que já vinha sendo desenvolvida havia séculos por estudiosos e pesquisadores interessados pelos astros.
O FIRMAMENTO
  O espaço celeste visível ficou popularmente conhecido como firmamento. Isso se deve à posição fixa do céu, ou seja, ele era considerado um elemento "firme" na visão das pessoas de gerações passadas.
  Muitas civilizações antigas acreditavam que o Universo fosse assim: formado pela terra e pela esfera celeste. Assim, todos os astros - as estrelas, a Lua e o Sol - estariam posicionados na esfera celeste e se situariam à mesma distância da Terra.
De acordo com a Teoria Geocêntrica, a Terra era o centro do Universo e ao seu redor giravam os demais astros
  Essas ideias não são corretas, pois os astros estão tão distantes que as suas posições exatas em relação à Terra não podem ser determinadas a olho nu. Mesmo assim, foi possível aos navegantes recorrer aos astros para se orientar em alto-mar, pois, à medida que a Terra gira em torno do seu eixo, o céu parece acompanhar esse movimento.
  De fato, o Sol surge todos os dias a leste e desaparece a oeste. Isso também ocorre com as estrelas, os planetas e a Lua.
O nascer do Sol
  Utilizando a linha do Equador como referência, os navegantes puderam dividir o céu em dois hemisférios, norte e sul. E durante séculos orientaram suas viagens a partir dessa divisão.
  Assim, como o céu que avistamos aqui no hemisfério sul, aquele visto dos países do hemisfério norte também possui estrelas e constelações que foram usadas por muitos povos para orientar suas viagens. Uma das maiores referências de navegação nesse hemisfério é a Estrela Polar, que mantém sua posição no céu durante a maior parte do ano. Por isso, os viajantes seguiam em sua direção para se dirigir ao norte. Essa estrela constitui a extremidade da cauda da constelação Ursa Maior.
Estrela Polar - ponto de orientação para quem está no hemisfério norte
  E de onde vieram tantas estrelas e astros, que compõem o chamado Universo?
A ORIGEM DO UNIVERSO
  O termo Universo vem do latim e significa "todo, inteiro". Ou seja, o Universo é o conjunto de tudo, incluindo nessa imensidão o Sistema Solar e o nosso planeta, a Terra, que, em comparação, parecem minúsculos, quase imperceptíveis.
O Universo
  Durante anos a própria existência e a imensidão do Universo aguçaram a curiosidade do ser humano. Surgiram várias teorias para explicar o início da formação do Universo, mas muitas questões ainda não foram resolvidas.
  A explicação mais aceita para a origem do Universo é a teoria do Big Bang (grande explosão). Ela foi elaborada pelo estudioso belga Georges-Henri Lemaître (1894-1966) em 1939. Sua teoria se baseou em estudos do cientista russo Alexander Friedmann (1888-1925). Segundo esses estudos, tudo se originou de um átomo primitivo, que começou a se expandir. Na década de 1940, a teoria do Big Bang foi complementada pelo físico russo-norte-americano George Gamow (1904-1968), para quem o Big Bang ocorreu a partir do rompimento daquele átomo que acumulava tanta energia.
 
Big Bang (grande explosão) - teoria na qual deu origem ao Universo
A ASTRONOMIA COMO VOCAÇÃO
  As inúmeras pesquisas necessárias para consolidar essa teoria levaram a descobertas muito importantes para o progresso das atividades aeroespaciais. Um dos mais notáveis colaboradores nessa área foi Edwin Powell Hubble.
  Hubble nasceu em 1889. Estudou Direito mas se dedicou de corpo e alma a sua grande paixão, a Astronomia. Em 1919 começou a trabalhar no observatório Monte Wilson, nos Estados Unidos. Suas pesquisas confirmaram a teoria do Big Bang, influenciando todos os estudos astronômicos do século XX. Como homenagem, batizaram o telescópio espacial com seu nome. Esse telescópio consegue captar imagens diretamente do espaço, sem a distorção provocada pela grande camada de gases que envolve a Terra.
Edwin Powell Hublle
OS ELEMENTOS DO UNIVERSO
  Os especialistas acreditam que entre 1 e 2 bilhões de anos após a explosão do Big Bang começaram a se formar as galáxias, sistemas compostos de inúmeros e variados corpos celestes. As galáxias são formadas sobretudo por estrelas e planetas - além de muita poeira cósmica entre esses astros -, que exercem constante atração e repulsão uns sobre os outros, criando um conjunto equilibrado e harmonioso. O Sistema Solar, faz parte da galáxia denominada Via Láctea.
Via Láctea
OS COMETAS
  Cometas são pequenos corpos celestes formados principalmente por gelo, cuja origem remonta o surgimento do Universo. Suas órbitas são muito grandes, se comparada às dos planetas. Por isso muitos deles apresentam trajetórias que vão além do próprio Sistema Solar. Sua cauda luminosa pode estender-se por centenas de milhares de quilômetros.
  Na Antiguidade, inspiravam superstições e temores, e representavam entidades espirituais com poder sobre a humanidade.
  O cometa Halley foi o primeiro a ser reconhecido como periódico, passando próximo à Terra a cada 76 anos. Seu nome é uma homenagem a Edmond Halley, astrônomo inglês que o estudou a partir de 1696.
Cometa Halley
  O Sistema Solar é um conjunto de planetas, satélites e outros fragmentos do espaço que giram em órbita devido à força gravitacional do Sol, cuja massa é mil vezes maior que a de todos os planetas juntos. O Sol é uma estrela como uma infinidade de outras existentes no Universo. Contudo, para nós que vivemos na Terra, o Sol não é apenas mais uma estrela, mas a mais importante de todas, sem ela seria impossível a presença de vida na Terra.
Sistema Solar
  Devido à pequena distância que separa a Terra do Sol, (em comparação com a distância entre a Terra e outras estrelas), a luz emitida por essa estrela é tão itensa que, além de impedir a observação de outros astros durante o dia pode afetar os nossos olhos. Por isso, quando os astrônomos observam o Sol por meio de telescópios, equipam estes instrumentos com protetores.
  À noite, quando o céu está sem nuvens, é possível observar muitos outros sóis, que são as incontáveis estrelas dispersas por toda a abóboda celeste, também conhecida popularmente como firmamento ou simplesmente céu. Todas elas têm como característica comum a cintilação, ou seja, o brilho intenso e incessante, pois possuem luz própria.
Céu noturno
  O Sol está agrupado com mais de 100 bilhões de estrelas. Juntas formam a Via Láctea, uma galáxia que possui uma extensão de 100.000 anos-luz. Um ano-luz equivale à distância percorrida pela luz, no vácuo, em um ano, à velocidade de 299.792 km/s, e corresponde a aproximadamente 9 trilhões e 450 bilhões de quilômetros.
O ESPAÇO E O TEMPO NO UNIVERSO
  Quando admiramos o sol nascente ou o pôr-do-sol na linha do horizonte, estamos observando um fenômeno que ocorre há 8 minutos. Isso porque o nosso planeta se encontra 150 milhões de quilômetros do Sol. Assim, para chegar à Terra, a luz solar, cuja velocidade é de aproximadamente 300.000 km/s, demora 8 minutos.
UMA ESTRELA A APENAS QUATRO ANOS DE DISTÂNCIA
  A estrela mais próxima do Sol chama-se Alfa Centauro e está a 4,2 anos-luz da Terra. Portanto, essa estrela visível no céu agora é, na realidade, um brilho emitido há 4,2 anos.
Alfa Centauro
  Da mesma forma, detectamos hoje a luz das estrelas e outros corpos celestes muito distantes, situados a bilhões de anos-luz de nosso planeta. Telescópios poderosos, como o  Hubble, localizam estrelas e galáxias situadas a mais de 10 bilhões de anos-luz.
O SISTEMA SOLAR
  Estudos realizados até o momento já identificaram a existência de mais de 120 planetas no Universo, dos quais 8 integram o Sistema Solar.

Mercúrio
É o planeta mais próximo do Sol e o segundo menor do Sistema Solar, sendo 40% menor do que a Terra.
Vênus
Depois do Sol, é o corpo celeste mais brilhante visto da Terra. Sua superfície registra altas temperaturas, chegando a mais de 400°C.
Terra
É o terceiro mais próximo do Sol, é o planeta que abriga os seres humanos.
Marte
Tem a atmosfera mais parecida com a da Terra, possuindo até mesmo calotas polares e fenômenos climáticos semelhantes. Várias expedições não tripuladas já foram enviadas a esse planeta para pesquisas.
Júpiter
É o maior planeta do Sistema Solar, 318 vezes maior do que a Terra. Grande parte dele, no entanto, é formado por gases.
Saturno
É o segundo maior do Sistema Solar. A nave Voyager I, lançada em 1977, aproximou-se dele em 1980, o bastante para descobrir que sua atmosfera é composta principalmente por hidrogênio. Possui anéis formados por inúmeras pequenas partículas de gelo e pequenas rochas, cujo tamanho varia de alguns centímetros a alguns quilômetros de diâmetro.
Urano
É o terceiro maior planeta do Sistema Solar. Sua atmosfera é gasosa e também possui anéis, menos definidos que os de Saturno.
Netuno
É o quarto maior planeta em dimensão. Foi visitado pela nave Voyager II em 1989. Apresenta composição semelhante à de Urano e também possui fonte de calor interno.
Planetas do Sistema Solar
TERRA: UM PLANETA ESPECIAL
  Embora mais de 120 planetas já tenham sido localizados no Universo visível, estudos realizados até o momento apontam que o nosso planeta é diferenciado. A Terra é especial porque parece  ser o único dentre os planetas já indetificados a apresentar condições adequadas à vida da forma como a conhecemos, isto é, capaz de se reproduzir e dividida  nos reinos vegetal e animal.
  Destacam-se no planeta Terra três elementos principais:
  • a litosfera, parte solidificada e resfriada do planeta;
  • a hidrosfera, que compreende todos os recursos hídricos encontrados na litosfera e na atmosfera;
  • a atmosfera, que são os gases que envolvem a Terra.
Atmosfera terrestre
  A importância em se conhecer o espaço natural da Terra decorre do fato de ser nele e com ele que os seres humanos vivem e se relacionam. Além do mais, a resultante dessa interação entre natureza e seres humanos é a formação do espaço geográfico.
OS PLANETAS ANÕES
  Três corpos celestes - Plutão, Ceres e 2003 UB 313 ("Xena") - são considerados "planetas anões".
  Em 24 de agosto de 2006, a União Astronômica Internacional (UAI) considerou Plutão um planeta anão. Isso ocorreu porque um planeta deve obedecer a três critérios:
  1. orbitar o Sol;
  2. ter massa suficiente para assumir uma forma arredondada;
  3. estar livre de objetos em sua vizinhança.
  Até 2006, Plutão era considerado o menor de todos os planetas do Sistema Solar. Muito distante do Sol e, por isso, muito frio, era o único que ainda não havia sido visitado por uma nave espacial. Devido à grande distância do Sol e ao seu reduzido tamanho, Plutão é praticamente invisível. Mesmo o telescópio Hubble tem dificuldade de identificá-lo. Por isso, em janeiro de 2006, foi lançada a Sonda Novos Horizontes, que deverá estar próxima de Plutão no ano de 2015.
Plutão e sua lua Caronte
  Ceres, por sua vez, tem apenas 950 km de diâmetro. Apesar de ser um corpo celeste relativamente próximo da Terra, ainda é muito desconhecido dos cientistas.
Ceres - o pequeno corpo celeste localizado entre a Terra e a Lua
  Já o planeta anão 2003 UB313 (apelidado Xena, mas ainda sem nome definido) foi descoberto apenas em 2003. Acredita-se que sua superfície é totalmente recoberta por gelo e ainda pairam dúvidas quanto a suas reais dimensões.
FONTE: Tamdjian, James Onnig. Estudos de geografia: como funciona o mundo, 6° ano / James Onnig Tamdjian, Ivan Lazzari Mendes. -- São Paulo:FTD, 2008.

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