segunda-feira, 22 de agosto de 2011

BRASIL: POTÊNCIA AGROPECUÁRIA

A PRODUÇÃO DE MATÉRIAS-PRIMAS NO BRASIL
  O Brasil é um dos maiores produtores agrícolas mundiais no setor de alimentos e no de matérias-primas. Possui uma agricultura moderna e integrada às cadeias de produção, com institutos de pesquisas científicas e tecnológicas, indústrias de máquinas, infraestrutura de armazenagem.
  A indústria demanda da agricultura matérias-primas voltadas à produção de alimentos (óleos vegetais, alimentos processados, bebidas), de energia (álcool combustível, biodiesel, carvão vegetal), de papel e celulose, de móveis, têxtil, farmacêutica e de cosméticos. No Brasil, destaca-se a produção de três matérias-primas de grande importância para a indústria: o algodão, a madeira e a borracha.
O ALGODÃO
  Durante a Revolução Industrial inglesa, a indústria têxtil impulsionou o plantio de algodão em várias partes do globo. A cotonicultura (cultivo do algodão) em larga escala iniciou-se no Brasil no século XIX, tendo no Nordeste e em São paulo as principais regiões produtoras.
  Com a política de substituição de lavouras durante a crise do café nos anos 1930, o algodão tornou-se uma importante alternativa, e sua produção passou a se concentrar em São Paulo e no Paraná, que se destacaram na produção algodoeira até o final dos anos 1980, com o plantio em pequenas e médias propriedades. A abertura comercial do Brasil nos anos de 1990 e a concorrência em condições desvantajosas com o algodão importado, contribuíram para uma redução da produção algodoeira. Até meados dos anos 1980, o Brasil era um importante exportador de algodão. Em 1993, passou a importar cerca de 60% de suas necessidades.
  No final da década de 1990, o país retomou a produção em grande escala. Isso ocorreu basicamente por três motivos: o aumento da cotação do produto no mercado internacional, a aplicação de tecnologia no campo e os incentivos governamentais para o setor (financiamento, pesquisas etc).
  A produção passou a ser feita em enormes fazendas com o uso de tecnologia moderna, destacando-se Mato Grosso e Bahia. Atualmente, o Brasil é o quinto maior produtor mundial de algodão, sendo que 88% de sua produção está concentrada no Centro-Oeste e na Bahia.
Mecanização do campo - um dos fatores que contribuiu para o aumento da produtividade
A MADEIRA E A BORRACHA
  O Brasil é o quarto maior produtor mundial de madeira, sobretudo de pínus e de eucalipto. As políticas de incentivos fiscais para empreendimentos florestais se iniciaram no período militar pós-1964. A produção madeireira divide-se em dois segmentos: o de papel e celulose, e o de produtos de madeira  sólida (serrados, laminados, chapas de madeira etc.). Na produção de madeira para papel e celulose destacam-se São Paulo, Bahia, Paraná e Santa Catarina. Na produção de carvão vegetal, painéis de madeiras, laminados etc., destacam-se Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Rio Grande do Sul.
Silvicultura do eucalipto - responsável por grande parte da produção de papel e celulose no país
  A produção de borracha na Amazônia chegou a ser um dos principais itens de exportação brasileira no início do século XX. Mas o plantio na Malásia e a invenção da borracha sintética levaram ao fim o curto ciclo da borracha no Brasil, que teve seu auge entre 1880 e 1910.
  Atualmente, grande parte da produção de borracha vem de São Paulo, Bahia e Mato Grosso, que detêm mais de 80% da área cultivada com seringueiras no país.
Grande parte da produção de borracha no Brasil vem de áreas reflorestadas
A PRODUÇÃO DE ALIMENTOS
  O Brasil é um dos maiores exportadores mundiais de alimentos, detentor de uma produção moderna e integrada às cadeias agroindustriais. Além disso, o país conta com grandes empresas ligadas à transformação de produtos agrícolas. Após a modernização da agricultura houve uma concentração territorial da produção, ou seja, alguns estados passaram a produzir certos gêneros agrícolas para todo o país. Antes, o mais comum era uma produção descentralizada, em que os produtores atendiam aos mercados locais. Entre os produtos voltados ao mercado interno, destacavam-se o arroz, o feijão e o leite de vaca.
Produção de arroz - quase toda voltada para o mercado interno
  A produção de arroz concentra-se no Rio Grande do Sul, que, sozinho, produz 57% do total nacional. Também se destacam Santa Catarina, Mato Grosso e Maranhão.
  O feijão tem sua produção um pouco mais desconcentrada, destacando-se Paraná, Minas Gerais e Bahia.
Feijão - sua produção se destina essencialmente a atender ao mercado interno
  O leite foi um dos produtos que tiveram uma das mais importantes transformações em relação ao consumo nacional. As bacias leiteiras locais eram responsáveis pelo abastecimento regional. Com o leite longa vida, as empresas passaram a fornecer o produto para o mercado nacional. Hoje, o Brasil é o oitavo maior produtor mundial de leite de vaca. Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e Goiás respondem por cerca de 60% da produção nacional.
O melhoramento genético e alimentar foram os principais responsáveis pelo aumento na produção de leite do país
  Alguns produtos voltados à exportação também são consumidos em larga escala no mercado interno. É o caso da carne bovina, do café, da carne de aves, da laranja e da soja.
  A atividade frigorífica no Brasil teve início no começo do século XX, no estado de São Paulo. Com a construção de rodovias nos anos 1950, que permitiram a interligação das regiões e a ocupação do Centro-Oeste, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul passaram a ter rebanhos e frigoríficos mais significativos. Hoje, Mato Grosso, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Goiás possuem mais de 50% do rebanho bovino nacional, um dos maiores do mundo.
O grande rebanho bovino brasileiro faz do país um dos maiores produtores mundiais de carne
  A produção de aves também é concentrada, sendo Paraná, São Paulo e Santa Catarina responsáveis por mais de 50% do total nacional. Em geral, o avicultor produz de acordo com as normas impostas pela agroindústria processadora.
Avicultura - uma das atividades que mais cresceram nas últimas décadas
  O café foi o principal produto de exportação brasileiro até a década de 1970. Trata-se de um dos produtos mais importantes no desenvolvimento do país, responsável pela concentração industrial no Sudeste. Minas Gerais e Espírito Santo respondem por quase 70% da produção nacional, mas é o norte do Paraná a maior região de industrialização do produto.
Café - um dos principais responsáveis pela industrialização do Brasil
  A produção de laranja está dividida em dois setores: a indústria de sucos e a produção da fruta para mesa. O Brasil é o maior exportador mundial de suco de laranja. Os mercados europeu e norte-americano são seus principais compradores. A produção se concentra no estado de São Paulo, que, sozinho, é responsável por 71% da produção nacional.
A produção de laranja faz do Brasil o maior exportador de suco do mundo
  No início da produção de soja, no Rio Grande do Sul, acreditava-se que não seria possível seu cultivo ao norte do Trópico de Capricórnio, pois se tratava de uma cultura típica de regiões temperadas. Devido às pesquisas de novas espécies, hoje há condições técnicas de produzir soja em qualquer parte do território nacional. A cultura de soja é uma atividade que tem acompanhado a expansão da fronteira agrícola, sendo hoje uma das responsáveis pela ocupação de áreas no Centro-Oeste, na Amazônia Legal e no Nordeste. Os principais produtores são Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul e Goiás, que, juntos, representam mais de 70% da produção nacional.
Cultivo de soja - principal responsável pelo avanço das fronteiras agrícolas
AS MUDANÇAS NO ABASTECIMENTO E NO CONSUMO
  Nas últimas décadas houve uma mudança no padrão de consumo alimentar do brasileiro, que passou a consumir mais produtos industrializados. Isso permitiu às indústrias expandir sua produção de alimentos processados, como hambúrgueres, queijos e sucos.
  Até o fim dos anos 1980, o abastecimento alimentar ainda era feito pelos pequenos armazéns de bairros e pelas feiras livres. Hoje, a maior parte desse abastecimento no Brasil é feita pelas redes de supermercados, sobretudo nas grandes cidades. As feiras livres ainda são importantes, mas com características diferenciadas no país, podendo ser uma atividade especializada, em alguns casos, ou, em outros, uma atividade que persiste por razões de sobrevivência.
Feiras livres - apesar do avanço tecnológico, esse tipo de comércio ainda sobrevive nas cidades
  Os cinturões verdes, áreas de produção de hortaliças, legumes e frutas voltadas ao abastecimento das grandes cidades, ainda se fazem presentes. São cultivados nessas áreas produtos que não suportam viajar longas distâncias.
Cinturões verdes - localizadas ao redor das grandes cidades
SEGURANÇA E SOBERANIA ALIMENTAR
  Segurança alimentar refere-se ao direito de todos ao acesso a alimentos de qualidade que sejam produzidos de forma sustentável econômica e socialmente. A fome, a má alimentação, a subnutrição e os preços abusivos são alguns fatores que indicam a falta de segurança alimentar.
  O conceito de soberania alimentar está associado à possibilidade de uma nação de definir a própria política agrícola e alimentar e produzir aquilo que é necessário para a alimentação de sua população.
Pirâmide alimentar - guia para ter uma alimentação saudável
O PROBLEMA DA FOME
  Fome é a situação de carência, por um período prolongado, de alimentos capazes de fornecer a energia e os alimentos nutritivos necessários para a vida e a saúde do organismo. Segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação), o mínimo diário para a manutenção de uma pessoa com vida e saúde varia de 2.200 a 3.000 calorias.
  A fome sempre foi uma questão social que mobilizou populações em busca de transformações da sociedade. Trata-se de uma das principais bandeiras de revoluções sociais, como a Francesa, a Russa e a Chinesa. Atualmente, o mundo produz uma quantidade muito maior de alimentos do que seria necessário para a alimentação saudável de toda a população planetária. No entanto, há uma grande concentração dessa produção, que é feita objetivando lucros. Assim, as populações de baixo poder aquisitivo continuam sem acesso a alimentos.
Revolução Agrícola - responsável pelo aumento da produção de alimentos
A PRODUÇÃO DE BIOCOMBUSTÍVEIS
  Biocombustíveis são materiais biológicos que têm a capacidade de gerar energia. Qualquer vegetal ou animal tem um potencial bioenergético. No entanto, apenas alguns deles podem ser explorados economicamente. Os principais produtos biocombustíveis são o biodiesel e o etanol.
O BIODIESEL E O ETANOL
O biodiesel é extraído  de diversas fontes, como mamona, dendê, girassol, babaçu, amendoim, soja e cana-de-açúcar, entre outros. Também pode ser extraído de gorduras animais. Atualmente, o biodiesel é utilizado para substituir o óleo diesel em motores de veículos e máquinas.
Mamona - recentemente tem sido muito aproveitada para a produção de biodiesel
  A escolha da matéria-prima da qual será produzido o biodiesel deve levar em conta, além de fatores econômicos, fatores ambientais e sociais. Vegetais como o babaçu e o dendê são promissores, pois a sua extração tem favorecido populações de baixa renda do país por meio de programas de desenvolvimento regional, além de contribuir para a preservação ambiental.
Babaçu - a sua utilização como biodiesel ajuda no fator econômico, social e ambiental
  O etanol (álcool etílico) é o biocombustível mais utilizado na substituição dos combustíveis fósseis. Apresenta várias vantagens em relação à gasolina: além de ser proveniente de recursos naturais renováveis, a emissão de poluentes e gases do efeito estufa são menores.
  O etanol é produzido a partir de diversas matérias-primas: milho, nos Estados Unidos, beterraba e trigo na Europa, eucalípto, em alguns países da CEI (Comunidade dos Estados Independentes) e cana-de-açúcar no Brasil. Entre esses, o que oferece melhor eficiência ambiental é o etanol à base de cana-de-açúcar.
Destilaria Cruz Alta em Olímpia - SP
  Muitos debates têm sido travados sobre as consequências nocivas do uso em larga escala do etanol em substituição aos combustíveis à base de petróleo. Embora os benefícios ambientais sejam incontestáveis (energia limpa e renovável), várias outras consequências negativas são apontadas. As principais críticas se referem à destruição de áreas florestais e ao aumento do preço dos alimentos no mundo.
DEVASTAÇÃO DE MATAS NATIVAS
  A produção canavieira pode levar à devastação de matas nativas de duas formas: direta e indireta. De forma direta, o aumento da produção de cana-de-açúcar pode levar à ocupação de novas áreas, com a expansão da fronteira agrícola. De forma indireta, a produção canavieira pode substituir regiões de pastagens e lavouras, empurrando-as para áreas de vegetação nativa.
No litoral do Nordeste a cana-de-açúcar foi a grande responsável pela destruição da Mata Atlântica
O IMPACTO NA PRODUÇÃO DE ALIMENTOS
  Os dois maiores produtores de etanol do mundo são os Estados Unidos, com o milho, e o Brasil, com a cana-de-açúcar.
  A produção de etanol à base de milho tem relação direta com a alta dos preços dos cereais em geral, sobretudo o próprio milho, a soja e o feijão. Os preços da carne, de ovos, leite e derivados também aumentam por causa da alta do preço da ração à base de soja e milho. Em vários países subdesenvolvidos que dependem do milho para a alimentação, os preços elevados geram graves problemas sociais, uma vez que sua população não tem acesso a esse alimento. No Brasil, apesar de tais efeitos serem quase nulos, há uma grande preocupação com a segurança e a soberania alimentar do país no que diz respeito à ampliação de áreas utilizadas na produção de etanol.
Milho - matéria-prima para a produção de etanol nos Estados Unidos
A INDÚSTRIA DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS
  Na  agropecuária moderna, as máquinas e os equipamentos agrícolas desempenham um papel fundamental. Eles são os responsáveis diretos pelos ganhos de produtividade, além de movimentarem um importante setor industrial voltado para tal segmento.
  Esse setor industrial é especializado na fabricação de máquinas e equipamentos que operam diretamente no preparo da terra, no plantio e na colheita, a exemplo de tratores, colheitadeiras, pulverizadores, retroescavadeiras, cultivadores motorizados etc. Além disso, máquinas e equipamentos modernos são fundamentais nas atividades pecuárias (resfriadores de leite, ordenhadeiras mecânicas, climatizadoras de aviários etc.).
Colheitadeiras - mais rapidez e menos mão de obra no campo
  Um bom exemplo da moderna tecnologia nacional, são os implementos, equipamentos que, acoplados a um trator, auxiliam no plantio, na colheita e na pulverização. A produção de máquinas voltadas para as agroindústrias também é um importante segmento do agronegócio.
Implementos agrícolas - mais agilidade e maior produção
  Ao tratar da produção de máquinas e equipamentos, percebe-se um predomínio das multinacionais entre as principais indústrias do setor. O Brasil reúne todas as condições essenciais para ser altamente competitivo nesse setor: tecnologia, matéria-prima, mão de obra, experiência acumulada, mercado interno potencial etc. O país dispõe de um parque industrial com mais de trezentas empresas independentes, inclusive as quatro maiores na lista mundial de tratores e colheitadeiras.
Syngenta - uma das grande produtoras de tratores e equipamentos agrícolas
  A produção de máquinas e equipamentos agropecuários no país se caracteriza pela especialização regional. Essas indústrias concentram-se no interior de São Paulo, nas regiões de Piracicaba e Ribeirão Preto, e no Rio Grande do Sul, nos municípios de Santa Rosa e Montenegro. Elas atuam nos mercados interno e externo.
  Há uma relação direta entre o aumento da produção e da produtividade agrícola com o aumento do uso de máquinas e equipamentos no campo.
New Holland - outra gigante na fabricação de tratores e implementos agrícolas
  Outro aspecto importante em relação às máquinas agrícolas são os financiamentos para a compra. Como são equipamentos muito caros, normalmente o agricultor precisa de algum tipo de financiamento, seja por meio de um programa de governo, seja por meio de financiamento das próprias indústrias ou de bancos comerciais.
  Atualmente, há também uma preocupação com a produção de máquinas menores, voltadas à agricultura familiar, o que permitiria um aumento da mecanização nas pequenas propriedades.
Trator da Massey Ferguson
FONTE: Geografia, 1° ano: ensino médio / organizadores: Fernando dos Santos Sampaio, Ivone Silveira Sucena - 1. ed. - São Paulo: Edições SM, 2010. - (Coleção ser protagonista).

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

BOLÍVIA

  A Bolívia é uma das nações mais pobres do continente americano, com alta taxa de analfabetismo e o menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da América do Sul. Situada no centro-oeste do continente sul-americano, o país não tem saída para o mar. Em seu território, a cordilheira dos Andes atinge a largura máxima - 650 quilômetros quadrados de extensão. La Paz é a capital mais alta do mundo, localizada a 3.636 metros acima do nível do mar. No norte e no leste, as montanhas dão lugar a planícies cobertas pela Floresta Amazônica e, no sudeste, à pantanosa região do Chaco.
Cordilheira dos Andes na Bolívia
  Sua população é bastante miscigenada, com cerca de 60% da população de origem indígena. Considerando os mestiços, esse percentual alcança 85%, enquanto os brancos correspondem a 15% dos habitantes. Além do espanhol, a Bolívia possui dois idiomas oficiais: o quíchua e o aimará, ambos de origem indígena.
Grande parte da população boliviana é descendentes de indígenas
  Em 2005, o país elegeu o primeiro presidente indígena, Evo Morales. Com trajetória política ligada aos movimentos sociais e defensor de posições nacionalistas, Morales confronta os interesses da elite oposicionista da região da Meia Lua, que reivindica autonomia. Outro sério problema está relacionado ao narcotráfico e ao controle sobre o cultivo de folha de coca, matéria-prima para a produção da cocaína.
Grande parte dos agricultores bolivianos sobrevivem do cultivo da coca
HISTÓRIA
  O nome do país é uma homenagem a Simón Bolívar, o líder da independência da América hispânica. Ao comandar a emancipação da Bolívia em 1825, com Antônio José de Sucre, Bolívar se tornou o primeiro presidente da nação.
Simón Bolívar - líder da independência da Bolívia
  Nos anos seguintes, a Bolívia sofreu consideráveis perdas territoriais para os países vizinhos. Na Guerra do Pacífico (1879-1884), os bolivianos tiveram de ceder parte de seu território ao Chile, ficando sem acesso ao mar. Em 1903, após conflito com seringueiros brasileiros, a nação vendeu ao Brasil o atual estado do Acre. A descoberta de petróleo no sudeste provocou a Guerra do Chaco (1932-1935), em que a Bolívia saiu derrotada e perdeu o território para o Paraguai.
Região do Chaco boliviano
  A história recente do país é repleta de confrontos, lutas populares e golpes. Um levante revolucionário em 1952 pôs no poder Victor Paz Estenssoro, que nacionalizou as minas de estanho, decretou a reforma agrária e instituiu o sufrágio universal. As décadas de 1960 e 1970 foram marcados por sucessivos golpes de Estado, que colocaram ditadores no poder. Em 1985, com Estenssoro de volta à Presidência, o país adotou um programa de ajuste  sob a orientação do Fundo Monetário Internacional (FMI) para lidar com a grave crise econômica, com corte de subsídios e privatizações.
Victor Paz Estenssoro
HIDROCARBONETOS
  A pobreza e a falta de infraestrutura são alguns dos principais problemas da nação. O Produto Interno Bruto (PIB) boliviano é de mais de 19 bilhões de dólares, cerca de 1% do PIB brasileiro. O país possui reservas significativas de estanho e prata, e nos últimos anos, o gás natural ganhou importância estratégica fundamental para sua economia.
Mina de estanho na Bolívia - um dos maiores produtores mundiais desse produto
  Desde que a petrolífera espanhola YPF descobriu um dos maiores depósitos de gás natural da América do Sul em Tarija, no sul da Bolívia, em 2000, a pressão para a nacionalização dos recursos naturais se intensificou. As manifestações populares levaram à deposição de dois presidentes. Em 2003, sindicatos, líderes indígenas e camponeses iniciaram grandes protestos contra a construção de um gasoduto que exportaria gás natural para os Estados Unidos e para o México, via Chile, o que provocou a queda do presidente Gonzalo Sánchez Lozada. Em seu lugar assumiu o vice, Carlos Mesa. Contudo, em janeiro de 2005, ressurgiram os protestos, com a exigência de nacionalização das reservas energéticas, o que resultou na renúncia de Mesa.
Bolivianos protestam em 2005 pedindo a nacionalização das reservas minerais
  Posteriormente foram marcadas eleições presidenciais para dezembro de 2005. As pressões populares puseram o gás natural no centro do debate político, o que favoreceu a candidatura do indígena e ex-líder cocaleiro Evo Morales, cuja promessa de campanha incluía a nacionalização do principal recurso natural do país.
Boliviano votando nas eleições presidenciais
EVO MORALES
  Nas eleições presidenciais de 2005, Evo Morales venceu em primeiro turno com 53,7% dos votos, e tornou-se o primeiro indígena a ocupar a presidência da Bolívia. O resultado da eleição se  insere no fenômeno que vem sendo chamado de "onda vermelha", com a subida ao poder de diversos líderes de esquerda na América Latina, como Hugo Chávez, na Venezuela, e Rafael Correa, no Equador.
Evo Morales
  Morales iniciou sua trajetória política como representante dos cocaleiros, combatendo os programas de erradicação da coca. Elegeu-se deputado em 1997 e, em 2002, concorreu à Presidência, ficando em segundo lugar. Eleito pelo Movimento ao Socialismo (MAS), ele assumiu o comando do país com a promessa de nacionalizar as riquezas minerais, combater a pobreza e promover a inclusão da população indígena.
Evo Morales em campanha
  Morales cumpriu um dos compromissos de campanha logo em 2006: nacionalizou a exploração de petróleo e gás natural (os hidrocarbonetos) e aumentou os impostos pagos pelo setor. A onda de estatizações prosseguiu em 2007 e 2008, com a compra de metalúrgicas, empresas de telecomunicações e petróleo, incluindo duas refinarias da Petrobras, até então maior companhia petrolífera instalada no país. Em agosto de 2007, Morales promulgou a legislação da reforma agrária, que prevê a distribuição de até 30 milhões de hectares de terra aos camponeses pobres.
Exército boliviano ocupa posto da Petrobras em 2006
DIVISÃO INTERNA
  As reformas estruturais promovidas por Morales, sobretudo a nacionalização dos hidrocarbonetos, não agradaram aos interesses da elite econômica da região da Meia Lua, formada pelos quatro departamentos mais ricos da Bolívia - Santa Cruz de la Sierra, Tarija, Pando e Beni. Situada no leste boliviano, a região ostenta diferenças étnicas, culturais e econômicas em relação ao restante do país. É lá que se encontram quase todas as reservas de gás e petróleo no país.
Moradores protestam contra as medidas de Evo Morales no Departamento de Tarija
  A insatisfação levou os departamentos a buscar autonomia. A questão envolve uma disputa para saber quem controla os recusros minerais do país e se beneficia de sua exploração - o governo central ou a Meia Lua. A polêmica questão deu origem a violentos conflitos em 2008.
Manifestantes enfrentam a polícia em Santa Cruz de la Sierra em 2008
  Os interesses da Meia Lua também foram confrontados com a decisão de Morales de convocar uma Assembleia Constituinte para mudar a Carta em 2006. Sua intenção era transformar em lei mudanças que garantissem que o país - e não apenas a elite ligada a interesses estrangeiros - usufruísse as terras e as riquezas naturais bolivianas.
  O texto final da Constituição foi aprovado por cerca de 60% dos bolivianos. Entre os pontos polêmicos estão a ampliação dos poderes dos indígenas, o maior controle do Estado sobre os recursos naturais e a reeleição presidencial. A aplicação da nova Carta enfrenta forte oposição da Meia Lua, o que contribui para manter o país dividido.
Região da Meia Lua
PLANTAÇÕES DE COCA
  Os indígenas bolivianos têm a tradição de mascar a folha de coca, também usada em chás e medicamentos. Eles afirmam que o consumo das folhas alivia os efeitos da altitude no corpo, uma ajuda fundamental para habitantes que vivem acima dos três mil metros de altitude.
  Isso nada tem a ver com o tráfico internacional de drogas, que utiliza a folha como matéria-prima para a produção de cocaína. Uma convenção da ONU em 1961 reconheceu os usos tradicionais da coca, mas ao mesmo tempo estabeleceu um prazo de 25 anos para que os países produtores e consumidores eliminassem o hábito de mascar as folhas.
Agricultores bolivianos fazendo a secagem da folha de coca
  Durante o governo de Hugo Bánzer, eleito em 1997, foram aplicados, em conjunto com os Estados Unidos,  programas para reduzir as áreas de cultivo e erradicações das plantações ilícitas. Sem o dinheiro do narcotráfico, a economia entrou em crise. O governo enfrentou violentos protestos dos camponeses plantadores de coca, os cocaleiros, que resistiram à política de substituição da cultura e mantiveram as plantações.
  O governo de Evo Morales, ex-líder cocaleiro, defende o combate ao narcotráfico, ao lado de uma campanha internacional para descriminalizar a folha da coca para uso medicinal e tradicional. Sua intenção é reduzir as plantações de coca para que a produção seja suficiente para abastecer o uso tradicional das folhas.
Planta da coca
VEJA ALGUNS DADOS DA BOLÍVIA
NOME OFICIAL: Estado Plurinacional da Bolívia
INDEPENDÊNCIA: 6 de agosto de 1825 (da Espanha)
LOCALIZAÇÃO: centro-oeste da América do Sul
CAPITAL:
Sucre: (constitucional, judicial)
Sucre - capital constitucional e judicial da Bolívia
La Paz: (administrativa)
Palácio do Governo em La Paz
ÁREA: 1.098.581 km²  (28º)
POPULAÇÃO (ONU - 2011): 9.601.257  habitantes (84º)

DENSIDADE DEMOGRÁFICA (ONU): 8,74  hab./km² (190°)
CIDADES MAIS POPULOSAS (2010):
Santa Cruz de La Sierra: 1.685.884 habitantes
Santa Cruz de La Sierra - maior cidade da Bolívia
El Alto: 992.716 habitantes
El Alto - segunda maior cidade da Bolívia
La Paz: 802.886 habitantes
La Paz - capital e terceira maior cidade da Bolívia
LÍNGUA: espanhol, quíchua e aimará
IDH (ONU - 2010): 0,643 (95°)
PIB (FMI - 2010): U$ 19,373 bilhões (101°)
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU - 2005/2010):  65,6 anos (134º)
MORTALIDADE INFANTIL (ONU - 2005/2010): 45,6/ mil (132°)
TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA WORLD FACTBOOK - 2008): 66% (74°)
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (PNUD - 2007/2008): 90,7% (92°)
MOEDA: Boliviano
RELIGIÃO:  católicos (70%), protestantes (15%), outras religiões ou sem religiões (15%).
DIVISÃO: a Bolívia se subdivide em nove departamentos, 112 províncias, 327 municípios e 1.384 cantões, os quais obtiveram uma maior autonomia com a Lei da Descentralização Administrativa.
FONTE: Atualidades: Vestibular + ENEM 2009

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