Cartografia é o conjunto de estudos e de operações científicas, técnicas e artísticas que orienta os trabalhos de elaboração de cartas geográficas ou mapas.
A história da Cartografia é quase tão antiga quanto a história da humanidade. Em quase todas as sociedades humanas, registrar graficamente o mundo conhecido, ou parte dele, foi sempre uma necessidade e uma forma de expressão. Por isso, além de uma técnica, a cartografia é também uma arte. É uma manifestação da sensibilidade humana e revela uma maneira de enxergar o mundo.
Durante muito tempo, cada sociedade reuniu suas próprias técnicas para satisfazer suas necessidades cotidianas e para expressar sua arte e cultura. as dificuldades de comunicação mantinham as sociedades isoladas.
A história dos mapas também faz parte desse isolamento. Os povos antigos representavam graficamente o que era importante para suas próprias atividades, assim como sua própria visão do mundo conhecido. Assim, cada um deles produziu uma cartografia particular, diferente daquela produzida pelas demais sociedades.
Os povos indígenas da América do Norte, desenhavam em peles de animais ou em cascas de árvores o território onde viviam. Nelas identificavam as áreas de pesca, de caça e de pastagem indispensáveis à sua sobrevivência.
Os inuit, povos que vivem na Groenlândia há milênios, entalhavam em madeira os contornos do litoral e das ilhas pelos quais se deslocavam.
Mapas inuit de 1884, entalhados em madeira, representam a Groenlândia
Entre os mapas que sobreviveram ao tempo, há um babilônico, entalhado em barro cozido que data do século VIII a.C. Seu autor viveu na região que hoje é o atual Iraque.
Mapa babilônico do século VIII a.C.
No Antigo Egito, a cartografia teve grande utilidade. Traçados em papiros, os mapas da época registraram com precisão as cheias periódicas do Rio Nilo, que fertilizavam a terra e ampliavam a produtividade da agricultura.
Mapa do Antigo Egito
Foi entre os gregos antigos, que surgiu a noção que revolucionaria toda a história dos mapas: a de que a Terra não é plana, mas esférica. Isso aconteceu no tempo do filósofo Pitágoras, que viveu entre 550 e 500 a.C. Aristóteles e Hiparco, produziram mapas com latitudes e longitudes, e em Roma, Ptolomeu apresentou a Terra dentro de um círculo.
Mapa de Ptolomeu, que data de 150 d.C.
A Catedral de Hereford, na Inglaterra, guarda um mapa do mundo traçado há cerca de 700 anos. O cartógrafo que o elaborou acreditava que a Terra era plana, e que nela existia de fato o paraíso original que havia sido descrito na Bíblia.
Nesse mapa, Jerusalém, a cidade considerada sagrada para os cristãos, judeus e muçulmanos, está no centro da Terra. O Éden - paraíso terrestre -, a leste, ocupa um lugar de honra no topo do mapa. Nesse mapa há forte influência das ideias religiosas dominantes na Europa daquela época.
O espaço e suas representações
Globo Terrestre
O globo terrestre é a representação da Terra que mais se aproxima da realidade. Apesar de ser uma representação extremamente eduzida e simplificada, não permitindo uma riqueza de detalhes, apresenta algumas vantagens: sua forma é semelhante à da Terra e nele se vêem os continentes e oceanos em suas posições relativas reais.
Mapa
Mapa é uma representação geográfica da superfície curva do planeta sobre uma superfície plana. São representações bidimensionais de um espaço tridimensional.
Um dos elementos fundamentais dos mapas modernos é a presença de uma escala, que permite determinar as dimensões reais dos objetos cartografados e medir distâncias. Quanto maior a escala, maior o detalhe contido nele.
Elementos de um mapa
Título: é o nome que indica o que o mapa está representando, contendo informações como o recorte espacial, o período de tempo e a temática em geral.
Escala: informação de quantas vezes o terreno real (no caso a Terra ou parte dela) foi reduzido em relação ao mapa.
Legenda: é um conjunto de símbolos, cores, pontos, linhas ou áreas que descodificam o que está representado no mapa.
Rosa dos Ventos: é a orientação do mapa.
Fonte: é de onde foi retirada a informação.
Classificação dos mapas
Mapas Físicos - representam os aspectos da natureza. Podem ser:
a) Mapa Geomorfológico - representam as características do relevo de uma região.
Mapa geomorfológico do Brasil. Fonte: AB'SÁBER, Aziz N. O relevo brasileiro e seus problemas. In: AZEVEDO, Aroldo de. Brasil, a terra e o homem. São Paulo, Nacional, 1968. v. 1, p. 155
b) Mapa Climático - indica os tipos de clima que atuam sobre uma região.
Mapa climático do Brasil. Fonte: portalsaofrancisco.com.br
c) Mapa Hidrográfico - mostra os rios e bacias que cortam uma região.
Mapa hidrográfico do Brasil. Fonte: IBGE. Atlas nacional do Brasil 2000. p. 61; e Anuário Estatístico do Brasil 2000. p. 1-125
d) Mapa Biogeográfico - apontam os tipos de vegetação que cobrem um determinado lugar.
Mapa da vegetação do Brasil. Fonte: IBGE. Atlas Nacional do Brasil 2000. p. 66
Mapas Humanos - aponta os aspectos humanos, econômicos, políticos, sociais etc.
a) Mapa Político - aponta a divisão do território em países, estados, regiões, municípios.
Mapa político do RN. Fonte: mundogeo.com.br
b) Mapa Econômico - apresenta as atividades produtivas do homem em uma determinada região.
Mapa econômico do Brasil. Fonte: portalbrasil.net
c) Mapa Demográfico - apresenta a distribuição da população de uma determinada região.
Mapa da distribuição populacional do Brasil. fonte: infoescola.com
d) Mapa Histórico - apresenta as mudanças históricas ocorridas em uma determinada região.
Mapa histórico do Brasil. Fonte: brasilescola.com
e) Mapa Rodoviário - estuda as rodovias e as estradas de um país, Estado ou região.
Mapa rodoviário do RN. Fonte: mundogeo.com.br
f) Mapa de Gênero - aponta a localização onde se concentra o maior número de homens, mulheres, homossexuais, bissexuais e panssexuais (caracterizada por atração estética potencial, amor romântico e desejo sexual por qualquer um).
Mapa do matrimônio de pessoas do mesmo sexo nos EUA. Fonte: homomento.wordpress.com
Escala
Indica quantas vezes o objeto real foi reduzido no mapa. Pode ser:
Escala Numérica - trata-se de uma fração ou proporção que estabelece a relação entre a distância gráfica e a distância correspondente no terreno. Ex: se um mapa estiver na escala1:200.000, significa que cada unidade de distância no mapa corresponde a 200.000 unidades no terreno.
Quando observamos um mapa, podemos querer conhecer alguns desses elementos: a medida real (D), a distância gráfica (d) ou o denominador da Escala (E).
- Para saber a medida real, conhecendo a distância gráfica e o denominador da escala: D= Exd. Exemplo: a distância gráfica (d) entre duas cidades é de 65 milímetros e a escala (E) é de 1:500.000. D= 500.000 x 65mm D= 32.500.000mm ou 32,5km
- Para saber a distância gráfica, conhecendo a medida real e o denominador da escala: d= D/E. Exemplo: a escala é de 1:500.000, e a medida real de 32,5 quilômetros. d= 32,5km/500.000 d=32.500.000mm/500.000 = 65mm
- Para saber o denominador da escala, conhecendo a medida real e a distância gráfica: E=D/d Exemplo: a medida real é de 32,5km e a distância gráfica é de 65 milímetros. E=32,5km/65mm E=32.500.000/65= 500.000
Escala Gráfica
Apresenta-se sob a forma de um segmento de reta graduado.
Exemplo:
Nesse caso, a reta foi seccionada em três partes iguais, cada um medindo 1 centímetro, e cada uma dessas partes equivale no mapa a 50 quilômetros no terreno.
Projeções Cartográficas
É qualquer método destinado a representar em plano uma superfície esférica, em especial a da Terra. Essas projeções são necessárias na elaboração de mapas.
Os sistemas de projeções cartográficas foram desenvolvidos para dar uma solução ao problema da transferência de uma imagem da superfície curva da esfera terrestre para um plano da carta, o que sempre acarreta deformações. Esses sistemas constituem-se de uma fórmula matemática que transforma as coordenadas geográficas, a partir de uma superfície esférica (elipsoidal), em coordenadas planas, mantendo correspondência entre elas. O uso deste artifício geométrico consegue reduzir as deformações, mas nunca eliminá-las.
Os tipos de propriedades geométricas que caracterizam as projeções cartográficas, em suas relações entre a esfera (Terra) e um plano, que é o mapa, são:
a) Conformes - os ângulos são mantidos idênticos (na esfera e no plano) e as áreas são deformadas.
Mapa do Brasil feita na projeção conforme. Fonte: topografia.ufsc.br
b) Equivalentes - quando as áreas apresentam-se idênticas e os ângulos deformados.
c) Afiláticas - quando as áreas e os ângulos apresentam-se deformados.
Projeção afilática. Fonte: padogeo.com
As projeções derivam de três tipos principais:
a) Cônicas - resulta da projeção do globo terrestre sobre um cone, que posteriormente é planificado.
Projeção Cônica. Fonte: infoescola.com
b) Cilíndrica - resulta da projeção dos paralelos e meridianos sobre um cilindro envolvente, que é posteriormente desenvolvido (planificado).
Projeção Cilíndrica. Fonte: topografia.ufsc.br
c) Projeção Azimutal ou Plana - resulta da projeção da superfície terrestre sobre um plano a partir de um determinado ponto.
Projeção Azimutal. Fonte: infoescola.com
Principais tipos de projeções
a) Projeção de Mercator
Idealizada no século XVI, a projeção cilíndrica de Mercator tornou-se a preferida dos navegantes por ser a única em que as direções podiam ser traçadas em linha reta sobre o mapa. Nessa projeção, os paralelos e os meridianos são linhas retas que se cruzam formando ângulos retos. Pertence ao tipo chamado conforme, porque não deforma os ângulos. Em compensação, as áreas extensas ou situadas em latitudes elevadas aparecem nos mapas com dimensões exageradamente ampliadas.
Por ter sido idealizada durante o período das Grandes Navegações, traz uma visão "eurocêntrica" do mundo e é conhecida, também, como uma projeção "Primeiro-Mundista".
Projeção de Mercator. Fonte: mundovestibular.com.br
b) Projeção de Peters
Idealizada na década de 1970 por Arno Peters, é uma projeção cilíndrica tangente aos polos, parecida com a de Mercator, mas com a diferença que ela representa com uma maior realidade, a proporção de tamanho entre os continentes sem se preocupar com a equivalência das distâncias. Nessa projeção, os meridianos estão separados a intervalos crescentes desde os polos até o Equador. Nessa projeção, os continentes situados entre os meridianos 60º norte e sul apresentam uma deformação (alongamento) no sentido norte-sul, sendo que os continentes que se situam em uma latitude elevada (Groenlândia, Canadá etc), apresentam um achatamento no sentido norte-sul e um alongamento proposital no sentido leste-oeste. Por causa disso é conhecida como uma projeção "Terceiro-Mundista".
Projeção de Peters. Fonte: mundovestibular.com.br
c) Projeção Ortográfica
Apresenta um hemisfério como se o víssemos a grande distância. Os paralelos mantêm seu paralelismo e os meridianos passam pelos polos, como ocorre na esfera. As terras próximas ao Equador aparecem com forma e áreas corretas, mas os polos apresentam maior deformação.
Projeção ortográfica. Fonte: mundovestibular.com.br
d) Projeção de Mollweide
Nesta projeção os paralelos são linhas retas e os meridianos, linhas curvas. sua área é proporcional à da esfera terrestre, tendo a forma elíptica. As zonas centrais apresentam grande exatidão, tanto em área como em configuração, mas as extremidades apresentam grandes distorções.
Projeção de Mollweide. Fonte: mundovestibular.com.br
e) Projeção Interrompida de Goode
É uma projeção descontínua, pois tenta eliminar várias áreas oceânicas. Goode coloca os meridianos centrais da projeção correspondendo aos meridianos quase centrais dos continentes para lograr maior exatidão.
Projeção interrompida de Goode. Fonte: mundovestibular.com.br
f) Projeção de Holzel
Projeção equivalente, seu contorno elipsoidal faz referência à forma aproximada da Terra que tem um ligeiro achatamento nos polos.
Projeção de Holzel
g) Projeção Azimutal ou Plana
Projeção equidistante que tem os polos em sua porção central. As maiores deformações estão em suas áreas periféricas.
Projeção azimutal ou plana. Fonte: mundovestibular.com.br