terça-feira, 19 de julho de 2011

JAPÃO: DO NASCIMENTO DA POTÊNCIA À CRISE

  O Japão é, atualmente, a terceira maior economia do planeta. No entanto, durante a Segunda Guerra Mundial, esse país foi arrasado, e em menos de três décadas, o país emergiu dos destroços da guerra para o segundo posto da hierarquia econômica mundial, sendo superado apenas pelos Estados Unidos e mais recentemente pela China.
Imagem de Hiroshima após o bombardeio em 06/08/1945
  O Japão permaneceu isolado do mundo exterior do século XVII ao século XIX, período em que foi governado pelo clã Tokugawa. Em 1639, sob o xogunato Iyemitsu, o país iniciou um período de reclusão chamado sakoku, palavra que significa 'país fechado'. A partir de então, os estrangeiros foram proibidos de entrar no país e os japoneses, de sair. Houve apenas uma exceção: as trocas comerciais feitas com os holandeses, que mantinham um entreposto comercial na cidade de Nagasáqui. Por isso, quando os norte-americanos aportaram no Japão em 1853, pondo fim ao isolamento do país e ao domínio dos Tokugawa, encontraram um país ainda feudal e defasado economicamente em relação ao mundo ocidental.
Tokugawa Yoshinobu - décimo quinto e último xogum Tokugawa
  Tentando realizar seu projeto político de controle dos oceanos, os norte-americanos forçaram a abertura do Japão através do Tratado de Kanagawa, assinado em 1854. Essa abertura acelerou a desintegração do sistema feudal japonês e, em 1868, encerrou-se o domínio do clã Tokugawa.
  Esse ano marcou o fim do xogunato e a restauração do império, com a ascensão do imperador Mitsuhito. Esse novo reinado, conhecido como Era Meiji, palavra que significa "governo ilustrado", estendeu-se até 1912 e foi marcado por políticas modernizantes do Estado japonês: investimentos na criação de infraestrutura (ferrovias, portos, minas etc.) e de fábricas; maciços investimentos em educação, agora universalizada e voltada à qualificação de mão de obra; abertura à tecnologia e aos produtos estrangeiros. A Constituição de 1889 estabeleceu o imperador como chefe "sagrado e inviolável" do Estado e estabeleceu também a Dieta (Parlamento). O xintoísmo havia sido declarado religião oficial em 1882.
Imperador Mitsuhito - conhecido como Meiji
  Os zaibatsus (zai significa 'riqueza' e batsu, 'grupo'), organizações originadas de antigos e poderosos clãs, como a Mitsubishi, a Mitsui, a Sumitomo e a Yasuda, passaram a dominar cada vez mais a economia do Japão. Atuando em praticamente todos os setores industriais, além do comércio e das finanças, foram incorporando indústrias menores, incluindo as fábricas construídas pelo Estado, e se transformaram em grandes conglomerados.
Mitsubishi - exemplo de um zaibatsu
  Como resultado dessa política modernizante, o Japão viveu um vertiginoso processo de modernização. No entanto, o país enfrentava problemas estruturais graves: escassez crônica de matérias-primas e de energia e limitação do mercado interno. Na tentativa de superar esses problemas, o império japonês aventurou-se em busca de territórios na Ásia e no Pacífico. Para atingir seu objetivo, investiu maciçamente em seu fortalecimento militar. A rígida disciplina xintoísta (aspecto cultural), aliada à capacidade industrial (aspecto econômico), facilitou esse fortalecimento.
Símbolos do xintoísmo
  A expansão iniciou-se com a vitória na Guerra Sino-Japonesa (1894-1895), que garantiu a ocupação de Taiwan. Em 1910 foi a vez da Coreia ser anexada. Com a vitória na guerra contra a Rússia (1904-1905), os japoneses tomaram as Ilhas Sacalinas, então território russo. Mais tarde, em 1931, ocupariam a Manchúria, parte do território chinês, onde implantaram, em 1934, Manchukuo, um Estado fantoche sob o governo títere do último imperador chinês Pu Yi, que tinha perdido o trono em 1912 como resultado da proclamação da república por Sun Yat-sen.
Expansão japonesa no final do século XIX e início do século XX
  Com o objetivo de conquistar novos territórios, em 1937 o Japão iniciou uma confrontação total com a China, que se estenderia até a Segunda Guerra Mundial. Essa conflagração mundial marcou sua fase de maior expansão territorial. Tal política expansionista, resultaria na quase total destruição do Japão, que saiu derrotado da guerra.
Expansão japonesa em 1940
  O ataque-surpresa à base naval de Pearl Harbor (Havaí), em 1941, deixou claro que os japoneses superestimaram seu poderio militar: precipitaram a entrada dos norte-americanos na guerra e acabaram derrotados por eles.
Ataque japonês à base naval de Pearl Harbor em 7 de dezembro de 1941. Esse episódio marca a entrada definitiva dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial.
  Com o lançamento, pelos Estados Unidos, das bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasáqui, em 6 e 9 de agosto de 1945, respectivamente, o Japão não teve outra alternativa a não ser render-se. A assinatura da rendição - em setembro de 1945 no porta-aviões Missouri, atracado na baía de Tóquio - foi o principal símbolo da superioridade tecnológica e militar norte-americana e, ao mesmo tempo, o prenúncio do papel reservado ao Japão durante a Guerra Fria: fiel aliado político e aguerrido adversário econômico dos Estados Unidos.
Nagasáqui após o lançamento da bomba atômica em 9 de agosto de 1945
RECONSTRUÇÃO INDUSTRIAL APÓS A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
  Durante a ocupação que se estendeu até 1952, quando entrou em vigor o Tratado de São Francisco, tratado de paz assinado em 1951, o Japão foi governado pelo Conselho Supremo das Potências Aliadas, presidido pelo general norte-americano Douglas MacArthur. Nesse período, profundas reformas foram impostas ao país com o objetivo de modernizá-lo do ponto de vista político, econômico e cultural, encerrando de vez o feudalismo e o militarismo.
  Em 1947 foi aprovada uma lei antitruste - a Lei da Proibição dos Monopólios -, o que levou os zaibatsus à dissolução. Com isso, os norte-americanos pretendiam enfraquecer o poder dos grandes grupos e estimular a concorrência na economia japonesa.
  A Constituição, redigida e imposta pelos ocupantes em 1947, proibia a intervenção externa do exército japonês, que foi transformado em força de autodefesa. A Constituição também garantiu a liberdade de culto e estabeleceu uma separação entre Estado e religião: o xintoísmo deixou de ser a religião oficial. O ensino público passou a ser laico. A independência política e a soberania foram restabelecidas em 1952, mas o país teve seu "braço militar amputado", e o imperador Hiroito, que permaneceu no poder de 1926 a 1989 (período denominado Era Showa, "paz brilhante", em japonês), teve de renunciar a ser considerado como uma divindade, passando a colaborar ativamente com as reformas.
Imperador Hiroito (1901-1989)
  A recuperação econômica japonesa foi avassaladora e, na década de 1960, o país já tinha conquistado o terceiro lugar na economia mundial, atingindo o segundo na década de 1980.
  Dentre os fatores que contribuíram para essa rápida recuperação econômica foram: as intervenções modernizadoras norte-americanas; acumulação de capital pelas empresas ao fornecerem equipamento bélico às guerras da Coreia (1950-1953) e do Vietnã (1960-1975); a grande disponibilidade de mão de obra barata, disciplinada e relativamente qualificada; os maciços investimentos estatais em educação e, junto à iniciativa privada, em pesquisas e desenvolvimento tecnológico; e a reconstrução da infraestrutura e dos conglomerados (os antigos zaibatsus) em bases mais modernas, produtivas e competitivas.
Robotização - um marco da moderna economia japonesa
  No pós-guerra, em substituição aos zaibatsus, que tinham, como qualquer conglomerado tradicional, uma "cabeça", uma holding que controlava todas as empresas do grupo, as companhias japonesas reorganizaram-se formando os keiretsus. Essa palavra, que significa "união sem cabeça", é perfeita para definir as redes de empresas integradas que dominam a economia japonesa atual. Em geral, essa rede é informal, não há uma holding  como havia nos zaibatsus, as empresas são independentes, embora muitas vezes possam haver trocas de participações acionárias minoritárias entre elas. Um keiretsu geralmente se articula em torno de algum grande banco que dá suporte financeiro às empresas da rede, as quais atuam de forma integrada para atingir seus objetivos. Atualmente, os grandes grupos japoneses - como a Mitsubishi, Mitsui e a Sumitomo - se organizaram como keiretsu.
Escavadeira da Sumitomo - exemplo de keiretsu
  Durante muito tempo a principal vantagem apresentada pelo Japão sobre os concorrentes europeus e norte-americanos foi a mão de obra barata. Com isso, a competitividade no pós-guerra esteve em grande parte assentada na superexploração da força de trabalho. Com o passar do tempo, os salários foram aumentando como um reflexo da elevação de produtividade resultante dos avanços tecnológicos incorporados ao processo de produção. Na década de 1990, os trabalhadores japoneses alcançaram salários bastante elevados, entre os mais altos do mundo, o que suscitou um gigantesco mercado interno e lhes garantiu também um dos mais altos padrões de vida do planeta. A estagnação econômica verificada desde meados dos anos 1990, provocou um aumento do desemprego e, consequentemente, uma queda no valor dos salários.
Com a decadência da economia japonesa aumenta o número de mendigos no país
DISTRIBUIÇÃO DAS INDÚSTRIAS
  As primeiras indústrias foram implantadas no Japão a partir de 1880, quando teve início o processo de industrialização. Inicialmente predominaram as fábricas de produtos têxteis, como a seda e o algodão. Contudo, por conta das necessidades militares, o Estado e a iniciativa privada passaram a investir, desde o começo do século XX, em indústrias de base, como as siderúrgicas, metalúrgicas, químicas e mecânicas. Em 1901, foram construídas as primeiras metalúrgicas pelo governo de Iawata, nas proximidades das minas de carvão da Ilha de Kyushu. As indústrias de bens de consumo, nunca deixaram de se expandir. Com os avanços tecnológicos, fibras sintéticas passaram a ser produzidas no país e novos setores foram se desenvolvendo, como o eletroeletrônico e o automobilístico.
Setor automobilístico - o forte da economia japonesa
  Apesar de todo esse progresso industrial, o Japão é muito dependente de matérias-primas e fontes de energia importadas. O país possui poucas jazidas de minérios, e as reservas de combustíveis fósseis há muito são insuficientes para atender às necessidades de sua indústria. Mesmo o potencial hidráulico, relativamente grande por causa do relevo montanhoso, logo se mostrou insuficiente diante do crescente aumento do consumo de energia, o que demandou maiores importações de combustíveis fósseis.
Minério de ferro - a maior parte desse produto utilizado pelas indústrias japonesas são importados, inclusive do Brasil
  A fim de dispor de saldos comerciais para compensar as despesas com importações e as limitações do mercado interno, o país passou a exportar volumes cada vez maiores de produtos industrializados. Gradativamente, o Japão foi-se convertendo num grande importador de produtos primários e num grande exportador de produtos industrializados.
  O parque industrial japonês situa-se próximo aos grandes portos, nas estreitas planícies litorâneas, onde, historicamente, a população se concentrou em função da possibilidade de praticar a agricultura do arroz, a mais importante do país. Com a industrialização, parcelas cada vez mais significativas da população foram se concentrando em torno dessas cidades portuárias. Assim, as maiores aglomerações urbano-industriais encontram-se nas planícies da franja litorânea do Pacífico.
Mapa do Japão com as principais cidades do país
  No sudeste da ilha de Honshu se localiza a segunda aglomeração urbano-industrial do mundo. Encontra-se particularmente no eixo Tóquio-Osaka o trecho mais importante da megalópole japonesa. Extremamente diversificado, esse cinturão industrial concentra cerca de 85% da produção do país, e as regiões de Tóquio e Osaka, sozinhas, são responsáveis por cerca da metade desse total. As sedes administrativas das grandes corporações, assim como suas respectivas fábricas, são muito mais concentradas espacialmente no Japão do que nos Estados Unidos e na Alemanha.
  A maior parte da megalópole localiza-se na ilha de Honshu, estendendo-se, porém, pelo norte da ilha de Kyushu. Forma-se, desse modo, um corredor de 1000 km que reúne as principais cidades do país e as áreas de maiores densidades demográficas.
Mapa da densidade demográfica do Japão
  O Japão é o maior fabricante mundial de vários produtos industrializados, sediando algumas das maiores corporações transnacionais do planeta, como a Toyota, Mitsubishi, Honda, Hitachi, Sony, Matsushita, dentre outras.
Honda - exemplo de transnacional japonesa
  O Japão é, com os Estados Unidos e a União Europeia, o líder em novas tecnologias na atual revolução informacional. Há no país diversos centros de pesquisas e inúmeras indústrias de alta tecnologia, concentradas sobretudo em seus dois principais tecnopolos: Tsukuba e Kansai.
  A Cidade da Ciência de Tsukuba, localizada 60 km a nordeste de Tóquio e a 40 km a noroeste do aeroporto internacional de Narita, é o principal tecnopolo japonês e um dos mais importantes do mundo. Sua implantação, a cargo do governo, começou na década de 1960; ao longo dos anos de 1970 e 1980, ali se instalaram diversos centros de pesquisas governamentais. Desde meados de 1980, como resultado da consolidação desse tecnopolo, muitas empresas privadas também ali se instalaram.
Cidade da Ciência de Tsukuba - mais importante tecnopolo japonês
  O tecnopolo Kansai abrange os municípios de Kyoto, Osaka e Nara, a segunda região mais industrializada do Japão. Sua implantação começou no início dos anos 1980, mas, diferentemente de Tsukuba, que é um empreendimento eminentemente estatal, predominam em Kansai as empresas privadas, como a Toyota, a Fujitsu, a NEC e a Mitsubishi, dentre outras.
Osaka - importante centro industrial do Japão
  Um dos mais importantes setores de alta tecnologia em que o Japão é líder mundial, e que pressupõe o domínio da microeletrônica e da mecânica, é a robótica. O país é líder no desenvolvimento e na aplicação da robótica ao processo produtivo, embora, como resultado da crise que atingiu sua economia na década de 1990, venha perdendo terreno desde 1998. A utilização de robôs no processo produtivo, sobretudo na indústria automobilística, o setor mais robotizado da economia japonesa, foi um dos principais fatores que colaboraram para o grande aumento da produtividade e, consequentemente, da competitividade do seu parque industrial.
Robotização - exemplo de modernidade na economia japonesa
  O grande sucesso econômico do Japão foi uma eficiente combinação de livre mercado com planejamento estatal. O todo-poderoso Ministério da Indústria e do Comércio Internacional (MITI), criado em 1951, teve papel importante na elaboração de diretrizes macroeconômicas de longo prazo. Em 2001, após passar por um processo de reorganização, teve seu nome mudado para Ministério da Economia, Comércio e Indústria (METI). Funcionando em sintonia com os grandes grupos econômicos, o Estado japonês, após a Segunda Guerra Mundial, deu sustentação e apoio à aguerrida luta para a conquista de mercados no exterior.
  No início dos anos 1990, a economia japonesa perdeu fôlego. A crise japonesa é, de certa forma, consequência do sucesso dos anos anteriores. O grande acúmulo de riquezas no país levou os agentes econômicos a uma crescente especulação com ações, provocando uma enorme alta na Bolsa de Valores de Tóquio. Ao mesmo tempo, os bancos japoneses, que chegaram a ocupar oito das dez primeiras posições entre os maiores do mundo em 1990, fizeram grandes empréstimos sem critério, principalmente para o ramo imobiliário, o que gerou grande especulação nesse setor. Os preços dos imóveis no Japão, que já estavam entre os mais altos do mundo, subiram exageradamente, atingindo valores estratosféricos.
Prédio da Bolsa de Valores de Tóquio
  Essa bolha especulativa - financeira e imobiliária - estourou no início dos anos 1990. Os preços das ações e dos imóveis despencaram, fazendo a crise se propagar pela economia real, ao provocar o fechamento de empresas e o aumento do desemprego. Os bancos, não tendo como receber dos devedores, deixaram de fazer novos empréstimos. Muitas empresas (industriais e comerciais) e instituições financeiras (bancos, corretoras de valores etc.) foram á falência, levando o país à estagnação econômica.
  Agravando esse quadro, a população, receosa com a crise, passou a poupar mais, reduzindo os níveis de consumo. Esse fato, além de aumentar a historicamente alta taxa de poupança interna, tem dificultado a retomada do crescimento econômico.
ALGUNS DADOS DO JAPÃO
NOME OFICIAL: Japão 
FUNDAÇÃO NACIONAL: 660 a.C
LOCALIZAÇÃO: Oceano Pacífico, a leste do mar do Japão, da República Popular da China, da Coreia do Norte, da Coreia do Sul e da Rússia, se estendendo do mar de Okhotsk, no norte, ao mar da China Oriental e Taiwan, ao sul.
CAPITAL: Tóquio
Centro de Tóquio
ÁREA: 377.873 km² (62º)
POPULAÇÃO (ONU - 2011): 126.475.664 habitantes (10º)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA (ONU): 334,70 hab./km² (18°)
CIDADES MAIS POPULOSAS:
Tóquio: 12.890.000 habitantes (2009); Região Metropolina: 37.000.000 de habitantes
Tóquio - maior cidade do Japão e uma das maiores do mundo
Yokohoma: 3.679.133 habitantes (2009)
Yokohoma - segunda maior cidade do Japão
Osaka: 2.868.776 habitantes (2009)
Osaka - terceira maior cidade do Japão
LÍNGUA: japonês
IDH (ONU - 2010): 0,884 (11º)
PIB (FMI - 2010):  U$ 5,458 trilhões (3°)
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU - 2005/2010): 82,6 anos (1º)
MORTALIDADE INFANTIL (ONU - 2005/2010): 3,2/mil (3º)
TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA WORLD FACTBOOK - 2008): 66% (72º)
MOEDA: Iene
RELIGIÃO: xintoísmo (51,3%), budismo (38,3%), cristianismo (1,2%), outras (9,2%)
DIVISÃO: o Japão está dividido em 8 regiões, administrativamente em 47 províncias ou prefeituras.
FONTE: Moreira, João Carlos. Geografia: volume único / João Carlos Moreira; Eustáquio de Sene. - São Paulo: Scipione, 2005.

domingo, 17 de julho de 2011

A GEOGRAFIA DAS INDÚSTRIAS

  A indústria é um dos três setores da economia. Os outros dois são os serviços e a agropecuária. A atividade industrial é muito importante nas economias dos países desenvolvidos e de muitos países em desenvolvimento, especialmente os emergentes. Entretanto, não é simples captar a importância do setor industrial na economia de um país. Nos países industrializados mais avançados a maior contribuição para o PIB vem do setor de serviços, não do industrial. Os serviços contribuem em média com 70% do PIB, a indústria com mais ou menos 30% e o setor agrícola com 1% ou 2%.
Setor de serviços - o setor que mais gera empregos e renda  na economia
  Por outro lado, há países muito pobres em que a participação da indústria é muito reduzida, como é o caso de muitos países africanos, que dependem basicamente da agropecuária e as indústrias existentes são, em sua grande maioria, de beneficamento de alimentos, e outros que, mesmo sendo pobres, a participação do setor industrial é elevado, como muitos países do Oriente Médio, devido à exploração de petróleo.
Muitos países africanos dependem exclusivamente da produção agrícola
  A participação da indústria no PIB, não é suficiente para mostrar a importância quantitativa e qualitativa da atividade industrial de um país. Por isso, a Organização de Desenvolvimento Industrial das Nações Unidas (Unido) trabalha com o índice de competitividade industrial, um indicador que mede várias dimensões desse setor de atividade em 122 países. Com base nele é possível avaliar de forma mais abrangente a importância da indústria e seu grau de desenvolvimento tecnológico.
Produção de petróleo - fator que eleva o índice de competitividade industrial de muitos países
  O índice de competitividade industrial é composto de quatro dimensões:
a) Capacidade industrial - medida pelo valor industrial agregado per capita;
b) Capacidade de exportação de produtos industrializados - medida pela exploração de maquinofaturados per capita;
c) Intensidade de industrialização - medida pela participação do setor industrial no PIB e de produtos de alta e média tecnologia no valor industrial agregado;
d) Qualidade da exportação - medida pela participação dos produtos industrializados e dos bens de alta e média tecnologia no total das exportações.
   Entretanto, as atividades agrícolas, o comércio e os serviços não funcionariam caso não existisse a indústria. A agricultura moderna utiliza ferramentas, sementes selecionadas, adubos, inseticidas, máquinas e diversos outros insumos produzidos industrialmente; as diversas lojas existentes nas cidades - de roupas, sapatos, eletrodomésticos, automóveis, móveis etc. -, além de supermercados e farmácias, não teriam mercadorias para vender caso não existisse a indústria de bens de consumo.
Agricultura moderna - exemplo de utilização dos produtos industriais
  O mesmo se dá com a maioria das atividades de prestação de serviços. Não existiria manutenção de diversos aparelhos, fornecimento de energia elétrica, de água, as telecomunicações, os transportes, entre outros, se não fossem a indústria de bens de capital para produzir os equipamentos necessários para esses serviços essenciais funcionarem.
  Sem contar que para uma indústria funcionar são necessários serviços de administração, limpeza, transporte, manutenção, alimentação, segurança etc., gerando muitos empregos no setor de serviços.
  A crescente automatização, especialmente nos países desenvolvidos e em alguns emergentes, tem reduzido relativamente o número de pessoas empregadas na indústria. Hoje, nos países industriais mais avançados a maioria dos trabalhadores está empregada no setor de serviços. Quanto mais avançada uma economia, menos trabalhadores são empregados na indústria e mais nos serviços.
Robotização - principal responsável pelo desemprego na indústria
CLASSIFICAÇÃO DAS INDÚSTRIAS
  Segundo a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) do IBGE, todas as atividades desenvolvidas na economia brasileira estão classificadas em 21 grandes categorias: A - Agricultura, pecuária, produção florestal e silvicultura; B - Pesca; C - Indústrias extrativas; D - Indústria de transformação; E - Produção e distribuição de eletricidade, gás e água; F - Construção; G - Comércio, reparação de veículos automotores, objetos pessoais e domésticos; e assim vai, até chegar a letra U. Cada uma dessas atividades é dividida em setores e subsetores. A classificação da CNAE segue padrões internacionais utilizados em levantamentos estatísticos para permitir comparações entre o Brasil e outros países.
Educação - classificação M
  A CNAE classifica toda a produção industrial brasileira em duas grandes categorias: indústrias extrativas, dividida em 5 setores - extração de petróleo e gás natural, extração de minerais metálicos etc. - e indústrias de transformação, distribuídas em 24 setores - fabricação de produtos alimentícios, de máquinas e equipamentos, metalurgia etc.
Indústria alimentícia - tipo de indústria de transformação
  O que comumente é chamado de indústria da construção civil, o IBGE chamou de construção (item F da lista da CNAE), categoria que abriga os setores de construção de edifícios e de obras de infraestrutura.
Indústria da construção civil
  Há outra classificação, com base na qual o órgão do IBGE coleta dados e divulga os Indicadores da produção industrial por categorias de uso. Nessa classificação, o órgão agrupa todos os setores e subsetores das indústrias de transformação da CNAE em três categorias, que são:
Segundo a função
a) Indústrias germinativas - são as que geram o aparecimento de outras indústrias. Exemplo: petroqímica.
Indústria petroquímica - exemplo de indústria germinativa
b) Indústrias de ponta - são as indústrias dinâmicas, que comandam a produção industrial. Exemplo: indústrias químicas e automobilística.
Indústria automobilística - também chamada de indústria de ponta
Segundo a tecnologia
a) Indústrias tradicionais - são as que ainda estão ligadas às vantagens oriundas da Primeira Revolução Industrial. Podem ser empresas familiares (empresas "clânicas") e denunciam sua presença pelos seus aspectos internos e externos e por sua localização.
Indústria de calçados - exemplo de indústria tradicional
b) Indústrias dinâmicas - são aquelas ligadas ao desenvolvimento recente da química, eletrônica e petroquímica. Utilizam muito capital e tecnologia e relativamente pouca mão de obra. Possuem uma flexibilização maior de localização.
Indústria aeroespacial - exemplo de indústria dinâmica
Segundo a aplicação dos recursos ou fatores
a) Indústrias capital-intensivas - as que aplicam os maiores recursos nos fatores capital-tecnologia.
Agroindústria - exemplo de indústria capital-intensiva
b) Indústrias trabalho-intensivas - as que empregam os maiores recursos em força de trabalho.
Produção de telhas - um exemplo de indústria trabalho-intensiva
   Considerando os bens produzidos, o IBGE classifica as indústrias de transformação em três categorias: indústrias de bens intermediários, de bens de capital e de bens de consumo.
a) Indústrias de bens intermediários - fabricam produtos semiacabados utilizados como matérias-primas por outros setores industriais. São também chamadas de indústrias pesadas por transformarem grandes quantidades de matérias-primas. Tendem a se localizar perto dos recursos naturais ou de portos e ferrovias, o que facilita a recepção de matérias-primas e o escoamento da produção. São exemplos dessa indústria a siderúrgica, a petroquímica, a de celulose e papel, a de cimento etc.
Produção de aço em uma indústria siderúrgica
b) Indústrias de bens de capital - são responsáveis por equipar as indústrias em geral, assim como a agricultura, os serviços e toda a infraestrutura. Tendem a se localizar em lugares onde há boa infraestrutura industrial, nas proximidades de empresas consumidoras de seus produtos, ou seja, em grandes regiões urbano-industriais. São exemplos desse tipo de indústria as máquinas e equipamentos para: indústrias em geral, agricultura, transportes, geração de energia etc.
Máquinas agrícolas - exemplo de indústria de bens de capitais
c) Indústrias de bens de consumo - também chamadas de indústrias leves, são as mais dispersas espacialmente: estão localizadas em grandes, médios e pequenos centros urbanos, ou mesmo na zona rural de diversos países. Porém, concentram-se preferencialmente em regiões urbano-industriais onde há maior disponibilidade de mão de obra e mais facilidade de acesso ao mercado consumidor. Divide-se em: 
1. Indústrias de bens de consumo não duráveis - são as indústrias que atuam na produção de mercadorias perecíveis, ou seja, em produtos que devem ser consumidos em um curto período de tempo, como a indústria alimentícia, de bebidas, de remédios etc.
Exemplo de produto da indústria de bens de consumo não duráveis
2. Indústrias de bens de consumo semiduráveis -  são aquelas que produzem itens cujo tempo de duração não é muito curto nem muito longo, como por exemplo as indústrias de vestuário, acessórios, calçados etc.
Indústria têxtil - exemplo de indústria de bens de consumo semiduráveis
3. Indústrias de bens de consumo duráveis - atuam na produção de mercadorias de grande vida útil, como as indústrias de móveis, eletrodomésticos, automóveis etc.
Automóveis - exemplo de produto da indústria de bens de consumo duráveis
FONTE: Sene, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil, volume 2: espaço geográfico e globalização: ensino médio / Eustáquio de Sene, João Carlos Moreira. - São Paulo: Scipione, 2010.

sábado, 16 de julho de 2011

SUDÃO DO SUL SE TORNA O 193º PAÍS MEMBRO DA ONU

ASSEMBLEIA GERAL ADMITIU O NOVO PAÍS POR ACLAMAÇÃO. NAÇÃO AFRICANA SE TORNOU INDEPENDENTE NO DIA 10 DE JULHO DE 2011.


  O Sudão do Sul é o mais novo país do mundo, após ter oficializado sua independência em relação ao Sudão. A separação foi definida em um referendo realizado em janeiro, quando 99% dos votantes apoiaram a divisão do país, marcado por vários conflitos.
  Assim como no restante da África, as fronteiras do Sudão foram desenhadas pelas potências europeias, pouco preocupadas com a realidade étnica e cultural do continente africano.
  Enquanto o Sudão do Sul tem uma paisagem repleta de selvas e pântanos, o norte é mais desértico. A maioria da população do norte é muçulmana e fala o árabe; o sul é composto de vários grupos étnicos, de maioria cristã ou animista.
Paisagem típica do norte do Sudão
  Com o governo centralizado no norte, em Cartum, a população do sul se dizia discriminada e rejeitava tentativas de imposição da lei islâmica no país. Os dois lados lutaram entre si durante a maior parte de sua história.
  Nesta quinta-feira (14 de julho), a Assembleia Geral da ONU aprovou a admissão do Sudão do Sul como seu Estado membro número 193, poucos dias depois de o país ter proclamado sua independência ao fim de décadas de guerra civil no Sudão.
Vice-presidente do Sudão do Sul, Riek Marchar (à dir.) durante a votação na ONU
  A votação ocorreu depois da recomendação feita na quarta-feira pelo Conselho de Segurança para a admissão do Sudão do Sul como novo membro da ONU.
  No sábado, o Sudão do Sul declarou sua independência diante de dezenas de milhares de cidadãos e de diversos estrangeiros após quase 50 anos de guerra com o Sudão e milhões de mortes.
Milícia sudanesa
  O Sudão do Sul tem Juba como capital, e foi reconhecida oficialmente na sexta-feira pelo governo do Sudão, com sede em Cartum, horas antes da secessão formal.
  Milhares de pessoas dançavam nas ruas, agitavam bandeiras e fogos de artifícios foram lançados para comemorar a data.
Sudaneses do Sul comemoram a sua independência
  Apesar de ser rico em petróleo, o Sudão do Sul nasce como um dos países mais pobres do mundo, com altas taxas de mortalidade materna, a maioria de crianças fora da escola e alto índice de analfabetismo, que entre as mulheres chega a 84%.
A pobreza domina no Sudão do Sul
  No Sudão do Sul estão 75% das reservas de petróleo do antigo Sudão, localizadas sobretudo na região de Abyei. Porém, é no norte que se encontram os oleodutos e os portos.
Veja alguns dados do Sudão e do Sudão do Sul.
SUDÃO
NOME OFICIAL: República do Sudão
INDEPENDÊNCIA: 1 de janeiro de 1956 do Egito e do Reino Unido
CAPITAL: Cartum
Vista de Cartum, capital do Sudão
ÁREA: 1.886.068 km² (15°)
POPULAÇÃO: 31.894.000 (37°)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 16,91 hab./km² (170°)
CIDADES MAIS POPULOSAS:
Omdurman: 2.395.159 habitantes
Omdurman - cidade mais populosa do Sudão
Cartum: 2.431.323 habitantes
Cartum - capital e segunda cidade mais populosa do Sudão
LÍNGUA: árabe e inglês
IDH (ONU): 0,379 (154°)
PIB (FMI - 2010): U$ 68,441 bilhões (65°)
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU): 51,42 anos (171°)
MORTALIDADE INFANTIL(ONU): 64,9/mil (155°)
TAXA DE URBANIZAÇÃO (ONU): 43% (126°)
ALFABETIZAÇÃO (ONU): 60,9% (148°)
MOEDA: Dinar Sudanês
RELIGIÃO: islamismo sunita (72%), crenças tradicionais (17%), cristianismo (11%)
DIVISÃO: o Sudão encontra-se dividido em 16 estados, que se subdividem em 90 distritos. Os estados são: Cartum, Al Jazirah, Al Qadarif, Cordofão do Norte, Cordofão do Sul, Darfur do Norte, Darfur do Sul, Darfur Ocidental, Kassala, Lagos, Mar Vermelho, Nilo Azul, Nilo Branco, Norte, Rio Nilo e Sennar.

SUDÃO DO SUL
 
NOME OFICIAL: República do Sudão Meridional
INDEPENDÊNCIA: 9 de julho de 2011
CAPITAL: Juba
Rua em Juba
ÁREA: 619.745 km² (43°)
POPULAÇÃO: entre 7.500.000 e 9.000.000 de habitantes
CIDADES MAIS POPULOSAS:
Juba (244.493 habitantes)
Vista aérea de Juba - capital do Sudão do Sul
Malakal: 139.434 habitantes
Malakal - segunda maior cidade do Sudão do Sul
LÍNGUA: inglês
IDH: sem dados
PIB: U$ 54,68 bilhões
EXPECTATIVA DE VIDA: sem dados
MORTALIDADE INFANTIL: sem dados
TAXA DE URBANIZAÇÃO: sem dados
MOEDA: Dinar Sudanês
RELIGIÃO: predomínio de cristãos e animistas
DIVISAO: o Sudão do Sul está dividido em dez estados, criados a partir de três regiões históricas do país: Bahr el Ghazal, Equatória e Greater Upper Nile. Os estados estados estão subdivididos em 86 condados.
1. Gharb Bahr al-Ghazal  2. Schamal Bahr al-Ghazal 3. Al-Wahda 4. A'li an-Nil 5. Warab 6. Junqali 7. Al-Buhairat 8. Gharb al-Istiwa'iyya 9. Al-Istiwã'iyya al-Wustã 10. Scharq al-Istiwa'iyya
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FONTE: Globo Notícias

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