sexta-feira, 7 de março de 2014

ASPECTOS FÍSICOS DA AMÉRICA ANGLO-SAXÔNICA

  A expressão América Anglo-Saxônica refere-se aos países das Américas que tem como principal idioma o inglês e que também possuem laços históricos, étnicos, linguísticos e culturais com o Reino Unido. Os dois países que compõem essa parte do continente são os Estados Unidos e o Canadá.
  No continente americano existe outros países que também possuem forte relação com o Reino Unido, mas não fazem parte da América Anglo-Saxônica devido a sua condição de subdesenvolvimento, como Belize e algumas ilhas do Caribe, na América Central, e a Guiana, na América do Sul.
  Os Estados Unidos é um dos países mais extensos do mundo. Ele contém terras contínuas, onde se encontram 48 dos 50 estados da Federação e ainda porções descontínuas, como os estados do Alasca (que se situa ao norte do Canadá) e o Havaí, um arquipélago vulcânico que se localiza no oceano Pacífico.
Divisão política dos Estados Unidos
  O Canadá, mesmo tendo vasta extensão (é o segundo maior país em extensão do mundo, perdendo apenas para a Federação Russa), apresenta baixa densidade demográfica. Essa característica pode ser explicada pelo fato de boa parte de sua área localizar-se nas proximidade e até mesmo dentro do Círculo Polar Ártico, o que resulta em condições climáticas extremamente rigorosas, dificultando, assim, a ocupação do território canadense.
  Os Estados Unidos e o Canadá apresentam grande diversidade de paisagens em razão da interação entre suas formas de relevo, seus tipos climáticos e suas formações vegetais.
Divisão política do Canadá
O RELEVO DA AMÉRICA ANGLO-SAXÔNICA
  Os territórios do Canadá e dos Estados Unidos são divididos em três grandes unidades de relevo: as montanhas e planaltos antigos do leste, as montanhas jovens do oeste e as planícies centrais.
Mapa físico da América Anglo-Saxônica
Montanhas e planaltos antigos do leste
  Essa área da América Anglo-Saxônica abrange os planaltos Laurenciano e do Labrador e os montes Apalaches, um conjunto de planaltos e montanhas muito antigos e desgastados pela erosão, que atua há muito tempo sobre as rochas formadas nos primeiros períodos da Terra e, por isso, apresentam altitudes moderadas, oscilando entre mil e dois mil metros. Sendo a primeira região a ser colonizada pelos europeus, encontra-se hoje intensamente transformada. Seus recursos naturais, especialmente os minérios, sustentaram por muito tempo a industrialização dos Estados Unidos. O ponto culminante dessa porção do relevo é o monte Mitchell, nos Estados Unidos, com 2.037 metros. A planície litorânea ou costeira acompanha o contorno do oceano Atlântico.
Monte Mitchell, nos Estados Unidos
Montanhas jovens do oeste
  Estão situadas em uma extensa área de contato entre a placa tectônica do Pacífico e a Norte-Americana. Nesta região, no período terciário da Era Cenozoica (entre 70 e 2 milhões de anos atrás), formou-se uma ampla cadeia de montanhas denominada de Montanhas Rochosas ou Rochosas. Essa extensa cordilheira chega a elevar-se cerca de 4 mil metros de altitude, chegando a mais de 6 mil metros.
  As Montanhas Rochosas seguem por mais de 4.800 quilômetros a partir da parte norte da Colúmbia Britânica, no oeste do Canadá, até o Novo México, no sudoeste dos Estados Unidos. O pico mais alto de toda a América Anglo-Saxônica é o monte McKinley, no Alasca, com 6.194 metros acima do nível do mar.
Monte McKinley
  As Montanhas Rochosas foram formadas há cerca de 65 milhões de anos atrás pela Orogenia Laramide. A erosão pela água e os glaciares são os principais agentes modeladores do relevo na região, dando origem a vales e picos íngremes.
  Grande parte da cordilheira foi transformada no Parque Nacional das Montanhas Rochosas. Atualmente, a área conservada preserva os ecossistemas naturais e a beleza cênica do local. O turismo é uma das principais atividades econômicas desenvolvidas na região.
Parque Nacional das Montanhas Rochosas, no Canadá
  Na porção oeste dos Estados Unidos encontra-se o Grand Canyon, formado em áreas constituídas de rochas sedimentares, que, no decorrer de milhões de anos, vem sendo desgastadas pelas águas do Rio Colorado, que percorre a região. Os processos erosivos vêm desenhando longos e profundos vales em forma de canyons.
  O Grand Canyon é considerado uma das sete maravilhas naturais do mundo e é um ponto turístico visitado por milhares de turistas anualmente. Possui  cerca de 126.025 metros e fica localizado entre Las Vegas e Albuquerque.
Grand Canyon
Planícies Centrais
  Localizado no centro da América Anglo-Saxônica, as planícies centrais são extensas áreas de planície que vão do Golfo do México até as águas do Oceano Glacial Ártico, cujas altitudes vão além dos 500 metros. O Rio Mississipi atravessa as planícies centrais nos Estados Unidos e forma, com seus afluentes vindos dos  montes Apalaches a leste e das montanhas Rochosas a oeste, uma densa rede hidrográfica. No norte, os lagos são muito numerosos, caracterizando as planícies lacustres do Canadá. No centro, aparecem as planícies dos Grandes Lagos. Essas planícies correspondem às regiões mais férteis dos dois países.
Cataratas do Niágara, nas planícies centrais canadenses
A HIDROGRAFIA DA AMÉRICA ANGLO-SAXÔNICA
  A América Anglo-Saxônica possui uma enorme região lacustre no nordeste, na fronteira dos Estados Unidos com o Canadá - a chamada região dos Grandes Lagos. Existe também vários lagos interiores, como o Superior, Michigan, Erie e Ontário, em meio a muitos outros menores. Esses lagos estão ligados ao oceano Atlântico pelo rio São Lourenço.
  A América Anglo-Saxônica possui vários rios de grande importância para os dois países. Esses rios estão divididos em quatro vertentes: Pacífico, Golfo do México, Atlântico e Ártico.
Mapa da hidrografia da América Anglo-Saxônica
Vertente do Ártico
  Essa vertente compreende os rios que nascem nas Montanhas Rochosas ou no Planalto Canadense e correm para o norte. A maior parte deles deságua na Baía de Hudson.
  A principal característica dos rios da vertente Ártica é que suas águas ficam congeladas durante boa parte do ano, pois estão localizados em altas latitudes da América Anglo-Saxônica. Além disso, são rios sem muita importância socioeconômica, pois correm sobre terras escassamente povoadas ou despovoadas.
  O Rio Mackenzie é o maior e mais importante rio da vertente Ártica. Ele nasce no Grande Lago de Escravo e deságua no Oceano Glacial Ártico, depois de percorrer mais de 4.200 quilômetros sobre terras geladas do Canadá.
Rio Mackenzie
Vertente do Pacífico
  Devido ao relevo das regiões que percorre, os rios da vertente do Pacífico são geralmente pequenos e têm curso encachoeirado, pois quase sempre descem das altas montanhas do Oeste.
  Na América Anglo-Saxônica, diferente dos rios da América Latina, onde as montanhas jovens são mais largas e de menores altitudes que na América do Sul, há alguns rios de relativa expressão. Entre eles, destaca-se o Rio Colorado.
  O Rio Colorado nasce no planalto de mesmo nome e seu curso tem 2.334 quilômetros. Ao percorrer rochas sedimentares pouco resistentes à erosão, o Rio Colorado escavou profundos vales chamados canyons, como o Grand Canyon.
Rio Colorado na Horseshoe Bend (Dobra da Fechadura)
Vertente do Golfo do México
  Diversos rios deságuam no Golfo do México, vindos tanto das montanhas jovens do oeste quanto das montanhas velhas do leste. O principal deles é o rio Mississipi.
  O Mississipi nasce perto dos Grandes Lagos e corre para o sul, atravessando a grande planície que leva seu nome. É um típico rio de planície, sendo navegável em quase toda a sua extensão, que é de 3.779 quilômetros. Graças a sua condição de navegabilidade, esse rio desempenhou um papel histórico importante, a ponto de ser apelidado de "rio da unidade nacional".
Nascente do Rio Mississipi
  Além do Mississipi, outro rio destaca-se na vertente do Golfo do México: o Rio Grande. Esse rio nasce no Planalto do Colorado e serve de fronteira natural entre os Estados Unidos e o México. Por dividir os dois países, vários mexicanos e latino-americanos já morreram tentando atravessá-lo para buscar trabalho e melhores condições de vida nos Estados Unidos.
Rio Grande, na fronteira entre os Estados Unidos e o México
Vertente do Atlântico
  A vertente do Atlântico é a mais extensa de todo o continente americano. É também a mais importante por causa do grande número de bacias que dela fazem parte e do papel desempenhado por muitos rios no povoamento e na economia das regiões que percorrem.
  Na América Anglo-Saxônica, ao contrário da América do Sul, os rios dessa vertente são de pequena dimensão, com exceção do Rio São Lourenço, que nessa porção do continente, é o principal rio da vertente do Atlântico. Outro rio de grande importância, por banhar uma das maiores cidades do mundo, Nova York, é o Rio Hudson.
Rio Hudson
  O Rio São Lourenço, que conecta os Grandes Lagos com o oceano Atlântico. Sua foz é o Golfo de São Lourenço, o maior estuário do mundo. Às margens desse rio encontram-se importantes cidades como Kingston, Montreal, Quebec e Trois-Riviéres, no Canadá.
Rio São Lourenço, em Quebec - Canadá
A região dos Grandes Lagos
  Os  Grandes Lagos são um conjunto de cinco lagos situados na América Anglo-Saxônica. Formado pelos lagos Superior, Michigan, Huron, Erie e Ontário, os Grandes Lagos são o maior grupo de lagos de água doce do mundo. Esses lagos nasceram com o recuo da imensa calota glaciária que, há mais de 10 mil anos, cobria o Canadá e o norte dos Estados Unidos.
Imagem de satélite dos Grandes Lagos
  A região dos Grandes Lagos é dotada de uma singular importância histórica, cultural e econômica para os Estados Unidos e o Canadá, que apresentam perto das suas margens as mais tradicionais zonas de povoamento e industrialização. Além de desempenharem, há mais de um século, o papel de zona de trânsito e transporte entre polos industriais, passou a servir, a partir de 1959, também à navegação e ao comércio transoceânico em razão da abertura da via marítima do Rio São Lourenço. Essa via permite aos navios de regiões distantes chegarem a importantes cidades, como Detroit, Cleveland e Chicago, nos Estados Unidos, ou Toronto e Hamilton, nas margens canadenses, todas situadas longe das costas marítimas mais acessíveis.
Lago Superior, no Canadá
  A intensa e antiga presença humana vem gerando sérios impactos ambientais e alterações nas paisagens dessa porção da América Anglo-Saxônica, e a poluição das águas representa hoje uma das mais sérias ameaças à exuberância de sua natureza.
O CLIMA DA AMÉRICA ANGLO-SAXÔNICA
Mapa climático da América Anglo-Saxônica
  A inter-relação entre fatores naturais existentes na América Anglo-Saxônica propiciam a formação de uma grande variedade de climas e vegetação.
  A totalidade da América Anglo-Saxônica situa-se ao norte do Trópico de Câncer, onde o clima temperado, predominante na região, é responsável por temperaturas médias anuais inferiores a 20ºC. O clima temperado caracteriza regiões cuja temperatura varia regularmente ao longo do ano, com a média acima de 10ºC, nos meses mais quentes, e entre -3ºC e -18ºC, nos meses mais frios. Esse clima possui quatro estações bem definidas: um verão relativamente quente, um outono com temperaturas gradativamente mais baixas com o passar dos dias, um inverno frio, e uma primavera com temperaturas gradativamente mais altas com o passar dos dias. A umidade depende da localização e condições geográficas de uma dada região.
Clima temperado continental úmido de Nova York - EUA
  A cadeia montanhosa, localizada a oeste do território, representa uma barreira natural para as massas de ar que vêm do oceano Pacífico em direção ao interior do continente. Essa barreira bloqueia a umidade das chuvas e contribui para a formação de áreas de desertos.
  As áreas desérticas da América Anglo-Saxônica correspondem ao deserto de Sonora, do qual faz parte os desertos do Arizona e o de Mojave, na Califórnia, localizados no oeste dos Estados Unidos.
Deserto de Sonora, no Arizona - EUA

  Nos territórios anglo-saxões localizados nas porções norte do continente, registra-se a presença de climas mais frios, visto que há menor incidência direta de radiação solar nas áreas de elevada latitude. Nessas áreas predomina o clima polar.
  O clima polar possui temperaturas médias muito baixas ficando entre -30ºC. No verão as temperaturas não ultrapassam os 10ºC, porém, durante o inverno a temperatura pode chegar a -50ºC. Os ventos são intensos e o solo fica coberto de gelo a maior parte do ano. No inverno há dias em que o Sol não nasce - a chamada noite polar - e no verão, há dias em que o Sol não se põe no horizonte - o chamado sol da meia-noite.
Área de clima polar em Nunavut - Canadá
  A corrente marítima quente do Golfo, propicia a entrada de ventos úmidos e a formação de climas mais chuvosos na porção leste dos Estados Unidos. Já as correntes frias, como a da Califórnia que atinge a porção oeste do território estadunidense, diminuem a evaporação, favorecendo a existência de climas mais frios e secos.
A VEGETAÇÃO DA AMÉRICA ANGLO-SAXÔNICA
Mapa das formações vegetais da América Anglo-Saxônica
  A vegetação obedece às condições impostas pelo clima. Na América Anglo-Saxônica, as principais formações vegetais presentes são a floresta temperada, a floresta boreal ou taiga, a savana, a vegetação de estepes e pradarias, a vegetação mediterrânea, a vegetação de altitude, a tundra e a vegetação desértica.
Tundra
  Localizada no extremo norte do continente, nos territórios do Canadá e do Alasca, a vegetação de tundra é um tipo de vegetação que só ocorre durante o curto verão polar, quando o gelo derrete e a vegetação floresce e se reproduz. É composta por arbustos, ciperáceas - plantas herbáceas -, gramíneas, líquens e musgos. Logo após o verão, quando se reinicia o longo inverno, a tundra volta a desaparecer sob o gelo.
Vegetação de tundra no norte do Canadá
Floresta de coníferas
  Também denominada de floresta boreal ou taiga, desenvolve-se em regiões de clima frio que apresenta apenas duas estações: um inverno longo e um verão curto. No Canadá, usa-se o termo floresta boreal para designar a parte mais meridional desse bioma, e o termo taiga é usado para designar as áreas menos arborizadas ao sul da linha de vegetação arbórea do Ártico.
  Na floresta de coníferas, diferente da tundra, o solo descongela por completo no verão permitindo a formação de florestas aciculifoliadas - plantas com folhas em forma de agulha - e há migração de animais de grande e médio portes. As principais espécies desse tipo de vegetação são larícios, abetos, pinheiros e espruces, além de algumas plantas de folhas largas, como vidoeiros, faias, salgueiros e sorveiras.
Floresta boreal no Canadá
Floresta temperada
  A floresta temperada é um tipo de vegetação que cresce nas áreas onde as quatro estações do ano são bem definidas. A vegetação predominante é a caducifólia - que perde suas folhas durante uma certa estação do ano. As principais espécies são o carvalho, os bardos, as faias, as nogueiras, entre outras. Atualmente, essa vegetação se encontra fortemente alterada pela ação humana.
Floresta temperada em Oregon - EUA
Vegetação de estepes e pradarias
  As estepes e as pradarias ocorrem na região central dos Estados Unidos, cuja vegetação predominante são gramíneas e herbáceas. É uma formação vegetal de planície com poucas árvores, composta de herbáceas e pequenos bosques. As estepes ocorrem mais em áreas de clima semiárido e as pradarias ocorrem em áreas de clima mais úmido. Às vezes aparece numa zona de transição vegetativa e climática entre a área de savana e o deserto.
Vegetação de pradarias em Kansas - EUA
Vegetação desértica
  Ocorre nas regiões onde atua o clima desértico, muito seco ao longo do ano. Nessas áreas encontram-se plantas adaptadas a escassez de água, as denominadas plantas xerófilas.
  As paisagens desérticas têm alguns elementos em comum. O solo do deserto é principalmente composto de areia, com frequente formação de dunas. Paisagens de solo rochoso são típicas, e refletem o reduzido desenvolvimento do solo e a escassez de vegetação. Os processos de erosão eólica (provocada pelo vento) são importantes fatores na formação de paisagens desérticas.
Deserto do Arizona - EUA
Vegetação de alta montanha
  Localizada nas áreas de altas montanhas, trata-se de uma vegetação bastante variável conforme a altitude e a posição do relevo. Predominantemente campestre, é composta de gramíneas e arbustos nas partes mais baixas do relevo, e musgos e línquens nas partes mais elevadas.
Vegetação de montanhas no Canadá
Vegetação mediterrânea
  O litoral sudoeste dos Estados Unidos apresenta uma vegetação densamente arborizada, caracterizada por árvores de pequeno e médio porte adaptadas a períodos secos. Essa região, normalmente, recebe ventos úmidos e chuva durante o inverno, apresentando verões quentes e secos e invernos úmidos e frios.
Vegetação mediterrânea, na Califórnia - EUA
FONTE: Torrezani, Neiva Camargo. Vontade de saber geografia, 8º ano / Neiva Camargo Torrezani. - 1. ed. - São Paulo: FTD, 2012.

segunda-feira, 3 de março de 2014

NOVAS RELAÇÕES DE TRABALHO NOS ESPAÇOS DA GLOBALIZAÇÃO

  A globalização é um dos processos de aprofundamento internacional da integração econômica, social, cultural e política que teria sido impulsionada pelo barateamento dos meios de transporte e comunicação dos países no final do século XX e início do século XXI.
  Embora vários estudiosos situem a origem da globalização em tempos modernos, outros traçam a sua história muito antes da era das descobertas e viagens ao Novo Mundo pelos europeus. No final do século XIX e início do século XX, a conexão das economias e culturas do mundo cresceu muito rapidamente.
  O termo globalização tem estado em uso crescente desde meados da década de 1980 e, especialmente, a partir de 1990.
  Em 2000, o Fundo Monetário Internacional (FMI) identificou quatro aspectos básicos da globalização: comércio e transações financeiras, movimentos de capital e de investimento, migração e movimento de pessoas e a disseminação de conhecimento. Além disso, os desafios ambientais, como a mudança climática, poluição do ar e excesso de pesca do oceano estão ligadas à globalização.
A expansão das transnacionais pelo mundo é um dos exemplos da globalização
  As novas tecnologias presentes nos espaços da globalização alteraram as relações espaço-tempo, intensificando a produção e os fluxos de mercadorias, pessoas e informações entre os lugares.
  O trabalho de vendas ou de atendimento ao consumidor está presente em quase todos os produtos comercializados e serviços prestados, como na área de saúde, de TV a cabo, telefonia fixa e móvel, internet, energia elétrica, serviços bancários, de cartão de crédito, entre outros. É comum a presença de dezenas de funcionários num mesmo ambiente de trabalho onde se utilizam, principalmente, as tecnologias do computador e do telefone. Essa forma de se relacionar entre empresas, prestadores de serviços, clientes, e entre as pessoas, é uma das características atuais da economia capitalista que predomina no mundo globalizado.
Tecnologia da Informação (TI)
  A influência da tecnologia transformou as relações na sociedade e contribuiu para uma nova organização do trabalho nos mais diversos setores da economia - financeiro, saúde, educação, lazer, entre outros -, tanto nos países industrializados como nos que estão em desenvolvimento.
  A produção para atender diferentes mercados, em todos os países e continentes, e a necessidade de ter custos menores acompanhados de inovações tecnológicas intensificaram  o uso da automação no processo produtivo. Essa informação reduziu o número de vagas e, consequentemente, de empregados nas empresas, provocando o chamado desemprego estrutural.
  O desemprego estrutural resulta das mudanças da estrutura da economia. Estas provocam desajustamentos no emprego da mão de obra, assim como alterações na composição da economia associada ao desenvolvimento. Existem duas causas para este tipo de desemprego: insuficiência da procura de bens e de serviços e insuficiência de investimento em torno da combinação de fatores produtivos desfavoráveis.
O uso cada vez maior da tecnologia vem provocando o chamado desemprego estrutural
  Nos países mais desenvolvidos, a utilização cada vez maior de recursos tecnológicos na produção industrial e na prestação de serviços gera desemprego nas fábricas. Em contrapartida, crescem as atividades no setor de serviços e o emprego nessa área. Já nos países menos desenvolvidos, o uso da tecnologia impulsionam também as atividades de serviços, mas provocam desemprego ainda maior na produção industrial e aumenta a pobreza. Os principais setores atingidos pelo desemprego estrutural são a agricultura, a estrutura de terceirização, a prestação de serviços e a indústria.
A mecanização da agricultura contribui para o êxodo rural
  Até a primeira metade do século XX, quando grande parte dos empregos estava voltada para a produção de bens, como automóveis, eletrodomésticos, roupas e outros objetos de uso pessoal, o trabalhador passava muitas horas na linha de produção, realizando movimentos repetitivos e mecânicos. Esse modelo de organização do trabalho tinha o objetivo de fabricar mercadorias de forma mais eficiente e rápida possível.
  Os trabalhadores - inclusive os mais especializados, os que não atuavam diretamente na linha de produção e que trabalhavam no setor administrativo - geralmente criavam vínculos fortes com a empresa, permanecendo no mesmo lugar de trabalho por vários anos, na mesma atividade. Porém, a partir da segunda metade do século XX, as mudanças na economia provocadas pela expansão mundial das grandes empresas e pela competitividade tornaram mais flexíveis a organização da produção e as relações de trabalho.
Uma das grandes mudanças nas relações de trabalho se deu com o fordismo
  Assim, o objetivo de melhorar os índices de produtividade dos funcionários e da competitividade do produto continua o mesmo, mas os instrumentos que tornam isso possível num mercado agora globalizado avançaram enormemente. A capacidade de inovar, interagir e cooperar no ambiente de trabalho são atualmente habilidades e atitudes valorizadas nas novas relações de trabalho a fim de aumentar a eficiência do empregado, e são estimuladas pelas empresas com gratificações e prêmios.
  O local de trabalho, por sua vez, também se tornou mais flexível. Em algumas atividades profissionais, as tarefas podem ser desenvolvidas fora do ambiente da empresa. Com a utilização de computadores pessoais ou portáteis, da internet, de celulares, tablets e sistemas de voz e imagem via internet, alguns profissionais podem inclusive trabalhar em casa, na mesma cidade da empresa ou até em outro país.
O avanço das telecomunicações permitiu as pessoas trabalharem sem sair de casa
  Apesar das mudanças nas relações de trabalho e de produção assinaladas nas últimas décadas, nem todas as empresas têm modelos de organização modernos. Muitas atividades produtivas procuram se tornar atuais, enfrentando várias dificuldades para serem competitivas no mercado.
  Além disso, muitos trabalhadores ainda vivenciam condições consideradas degradantes de trabalho em vários países do mundo: jornadas de trabalho sem períodos de descanso adequados, trabalhadores constantemente vigiados e controlados para atingirem a quantidade prevista de produção, salários baixos, muitas vezes insuficientes para garantir a sua sobrevivência.
A vigilância é uma das formas de pressionar os trabalhadores
  Com o avanço da tecnologia, os trabalhadores não qualificados são os que mais sofrem no mercado de trabalho. Sem oportunidades, acabam por entrar no mundo do subemprego.
  Subemprego é uma situação econômica localizada entre o emprego e o desemprego. Ocorre normalmente quando a pessoa não tem recursos financeiros ou formação técnica profissional para se recolocar no mercado de trabalho. Tal situação, que deveria ser temporária, transforma-se em definitiva quando o trabalhador não consegue mais voltar à economia formal, se transformando em trabalhador informal (sem apoio da Previdência Social, salário fixo, carteira assinada, seguro-desemprego, férias, décimo terceiro salário, entre outros).
  São exemplos de subemprego: camelôs, flanelinhas, catadores de material reciclável, ambulantes, entre outros.
Trabalhador informal
FONTE: Geografia nos dias de hoje, 9º ano / Cláudio Giardino ... [et al.]. - 1. ed. - São Paulo: Leya, 2012. - (Coleção nos dias de hoje)

sábado, 1 de março de 2014

A REGIÃO DO JALAPÃO

  O Jalapão é uma região árida pontilhada de oásis, situada a leste do estado do Tocantins, com temperatura média de 30ºC e uma área de aproximadamente 34 mil quilômetros quadrados de um ecossistema frágil, caracterizada por muita água subterrânea, alguns rios, serras e solo arenoso com cobertura de cerrado, sendo um dos lugares mais fascinantes do Brasil. O Jalapão abrange os municípios de Ponte Alta do Tocantins, Mateiros, São Félix do Tocantins, Lizarda, Novo Acordo, Santa Tereza do Tocantins, Lagoa do Tocantins e Rio da Conceição.
  Os rios Sono, Soninho, Novo, Balsas, Preto e Caracol banham a paisagem árida e rasteira, que varia do cerrado baixo à campina. Matas de galeria surgem próxima de rios, cachoeiras, lagoas, dunas de areia, serras e chapadões de até 800 metros de altura. A jalapa-do-brasil, que deu nome ao Jalapão, pode ser encontrada em toda a parte. Também no Jalapão encontra-se a comunidade dos Mumbucas, comunidade quilombola descendentes de ex-escravos que fugiram da Bahia.
Rio Balsas
  A fauna do Jalapão é composta por veados-campeiros, tamanduás-bandeiras, antas, capivaras, lobos-guarás, raposas, gambás, macacos, jacarés, onças, cobras (sucuris, cascavéis e jiboias), tucanos, papagaios, araras-azuis, siriemas, emas, urubus, entre outros. A densidade demográfica do Jalapão é muito baixa, em torno de 0,8 hab./km². A região é considerada a principal atração turística do estado do Tocantins.
  Em 2001, foi criado o Parque Estadual do Jalapão, uma unidade de conservação brasileira de proteção integral à natureza. O território do parque abrange uma área de 158.970,95 hectares e está distribuído pelos municípios de Mateiros e São Félix do Tocantins.
  Sua posição estratégica possui continuidade com a área de proteção ambiental do Jalapão, a Estação Ecológica Serra Geral do Tocantins e o Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba.
Parque Estadual do Jalapão
POVOADO DE MUMBUCA E O SEU ARTESANATO
  O povoado de Mumbuca, está localizado no município de Mateiros, distante 35 quilômetros da cidade. Foi nesse lugar, formado por uma maioria de descendentes de escravos, que surgiu o artesanato em capim dourado.
  A população de Mumbuca é de cerca de 200 habitantes. Nessa comunidade, homens e mulheres dividem bem definidamente as suas tarefas. Os homens plantam para o consumo da família, enquanto as mulheres colhem a produção e preparam a farinha, além de atuarem como artesãs.
As moradias simples fazem parte da paisagem de Mumbuca
  O capim dourado só brota nas veredas do Jalapão. Dele, é utilizado sua haste fina de intenso brilho metálico que as mulheres do lugar, com suas mãos habilidosas, transformam o capim em uma diversidade de peças artesanais: bolsas, brincos, pulseiras, chapéus, mandalas, cestas e diversos objetos de decoração. Peças de beleza única, que ultrapassaram os limites do Tocantins, conquistam mercado em todos os estados brasileiros e no exterior.
Peças de artesanato confeccionadas com o capim dourado, em Mumbuca - TO
  A arte de trabalhar com o capim dourado foi ensinado às mulheres do local por Dona Miúda, uma matriarca do povoado de Mumbuca. Antes, a técnica foi passada por índios que habitavam a região à avó de Dona Miúda e depois a sua mãe.
  Hoje, as técnicas do artesanato em capim dourado continuam sendo ensinadas, de geração em geração, no povoado de Mumbuca e também nas cidades de Mateiros, Ponte Alta, Novo Acordo, Santa Tereza, Lagoa do Tocantins e no Prata, um vilarejo do município de São Félix do Jalapão.
Artesão confeccionando seus produtos no Jalapão
  O que se chama de capim dourado (Syngonanthus nitens) é a haste de uma pequena flor branca da família das sempre-vivas. É na flor que se encontram as sementes que garantem a perpetuação da planta (nativa do Jalapão) e que gera renda para centenas de famílias da região.
CACHOEIRA DA VELHA
  Alimentada pelas águas do Rio Novo, a Cachoeira da Velha é uma das principais atrações e a maior cachoeira do Jalapão. Nela, as águas correm em grande quantidade, despencando por duas quedas em formato de ferradura, cada uma com mais de 20 metros de largura. Próximo à Cachoeira da Velha existe uma prainha, de águas doces e mansas, cercada por matas de galeria.
Cachoeira da Velha
MIRANTE
  Cartão postal da região do Jalapão, a Serra do Espírito Santo é uma elevação imponente que, através do processo de erosão provocado pelas chuvas e pelo vento, dá origem às dunas que se formam no seu sopé. Nessa serra existe um mirante, onde no seu cume têm-se uma visão privilegiada de toda a região. O topo da serra é uma grande área plana, que lembra uma imensa mesa elevada, ideal para se observar as paisagens e os horizontes do Jalapão.
  As dunas móveis do Jalapão estão em constante movimento, guiadas pelos ventos. Essas dunas se originam próximo à Serra do Espírito Santo, de formação arenosa, cuja ação dos ventos causa a erosão, originando as dunas.
Dunas do Jalapão e ao fundo a Serra do Espírito Santo
RAFTING
  O Jalapão é também um lugar ideal para a prática de rafting - descida nas corredeiras com boias -, que é realizado nas corredeiras do Rio Novo. O melhor período para a prática desse esporte é de maio a setembro, época de seca no estado do Tocantins, onde as estradas que dão acesso ao Jalapão estão em melhores condições de tráfego.
Prática de rafting no Rio Novo
DESTRUIÇÃO DAS CACHOEIRAS DO JALAPÃO
  Tornou-se um drama para o meio ambiente uma das soluções encontradas pelo governo para atender à crescente demanda por energia elétrica. Por necessitarem apenas de uma pequena queda de água e pouca vazão, as Pequenas Centrais Hidreléticas, chamadas PCHs, proliferam sem controle, engolem cavernas e destroem corredeiras.
  Como não ocupam grandes espaços e nem precisam de lagos gigantescos, as PCHs podem ser construídas enfileiradas umas atrás das outras. É o que está acontecendo no município de Dianópolis, localizada a 350 quilômetros a sudeste de Palmas.
  A região é um dos portões de entrada do Parque Estadual do Jalapão. A Estação Ecológica da Serra Geral e o Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba são vizinhos do Jalapão.
Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba
  Por causa da construção das PCHs em sequência, não há mais como praticar o rafting no Rio Palmeiras.
  As obras destroem as cachoeiras porque precisam de um desnível no rio que dê à água que cai força suficiente para rodar as turbinas. Elas destroem também grutas e outros acidentes geográficos.
  O Rio Palmeiras, nasce na Serra Geral, que divide os estados da Bahia, Goiás e Tocantins. Seu curso segue para oeste. Ao chegar em Dianópolis, desloca-se para o sul.
  O problema é que, além de destruírem cachoeiras, ao contrário das grandes centrais hidrelétricas, que pagam pesados royalties aos municípios - permitindo assim compensações e investimentos em preservação ambiental -, as pequenas hidrelétricas não deixam dinheiro no local onde funcionam.
As PCHs, que poderiam ser a solução para o problema energético, acabam se tornando problemas para o meio ambiente
FONTE: Giardino, Cláudio. Geografia nos dias de hoje, 7º ano / Cláudio Giardino, Lígia Ortega, Rosaly Braga Chianca. - 1. ed. - São Paulo: Leya, 2012. - (Coleção nos dias de hoje).

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