A Geomorfologia contribui com os estudos geográficos para entender as formas atuais do relevo terrestre, investigando a atuação dos agentes endógenos (tectonismo, vulcanismo e abalos sísmicos) e os exógenos (águas correntes, ventos, geleiras) no modelado. A Geomorfologia não vem apenas explicar as morfologias (formas) e a fisiologia (função) do relevo. Na atualidade, ela ganha um enfoque incorporando em seus estudos o movimento histórico da sociedade.
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Rio Colorado (EUA) - um exemplo da atuação dos agentes exógenos modificadores do relevo |
O enfoque geomorfológico nos estudos geográficos atuais está adquirindo grande relevância na área de planejamento ambiental, referente à implantação de aterros sanitários, instalação de estação de tratamento de esgoto, estudos sobre ocupação de áreas de risco, entre outros. Esta importância é adquirida principalmente por causa de inserção dos fatores sociais na análise do relevo.
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Um aterro sanitário deve seguir regras rígidas ambientais, para evitar o descontrole, como na foto acima |
Quando o homem apropria-se do relevo, inicia-se uma aceleração dos processos geomorfológicos, alterando o equilíbrio dinâmico natural e provocando impactos no ambiente. São as relações política e econômicas que implicam diretamente na apropriação e ocupação do relevo e por meio destes é que teremos as mais diferentes manifestações de impactos. Este quadro só se tornou mais expressivo com a intensificação da urbanização, no contexto das transformações no modo capitalista de produção. A cidade é um local propício para a ampliação das relações capitalistas e, neste contexto, os estudos do relevo ganham uma nova abordagem, cujo enfoque passa a ser as relações econômicas, políticas, culturais e sociais.
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Ocupação em área de risco - é uma economia que pode trazer uma grande dor de cabeça para os seus ocupantes |
Ao estudar o relevo no ambiente urbano, deparamos com uma paisagem construída e marcada por dinâmicas envolvendo a sociedade e a natureza ao longo de um tempo histórico. Nesta perspectiva, os estudos da morfogênese e da morfodinâmica ganham um novo ritmo em um tempo histórico, no qual os processos são acelerados dando origem a novas formações geomorfológicas (relevo tecnogênicos). As áreas urbanas são reflexos desses acontecimentos e os estudos envolvendo o relevo e a cidade tornam-se relevantes. [...]
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Cidade do Rio de Janeiro - RJ |
Para se compreender estas formas torna-se necessário uma análise empírica da morfologia do relevo, que foi moldado pelas dinâmicas sociedade e natureza. É por meio do estudo da paisagem que as marcas do presente são observadas contribuindo no entendimento da construção do espaço. Essa análise empírica realiza-se com levantamento histórico da ocupação do relevo, com a investigação a campo envolvendo as observações dos compartimentos geomorfológicos, incluindo procedimentos como entrevistas, por exemplo. Estes princípios ajudam a desenvolver um estudo da paisagem, no qual se resgata o passado para entender as marcas e a configuração do espaço no presente. [...]
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Monte do Galo, em Carnaúba dos Dantas - RN |
A título de exemplo, pode-se citar a construção de grandes obras de engenharia, tais como a construção de rodovias, no qual o relevo é modelado com cortes (taludes) criando novas formas, novos usos e novas dinâmicas. Outro exemplo refere-se à canalização de rios, que passam a escoar por meio de tubos e canais, alterando não só a dinâmica natural, como também a social. A sociedade idealiza e concretiza seus pensamentos por meio da produção que deixam marcas na paisagem. Na tentativa de aproximação desta discussão com a Geomorfologia, a produção se materializa amparada também no relevo. Neste contexto, a cidade é o resultado da dinâmica social por meio da produção que abrange também a dinâmica ambiental.
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Trecho de serra da Rodovia dos Imigrantes, em São Paulo |
A urbanização constitui-se no processo e, por meio dele, é possível analisar a dinâmica da sociedade interferindo diretamente ou indiretamente na esculturação do relevo. Isso decorre das decisões tomadas pela sociedade, a exemplo quando os compartimentos geomorfológicos são apropriados recebendo diferentes finalidades. Esta interferência ocorre pelo fato de que os agentes de produção do espaço apropriam-se dos compartimentos geomorfológicos destinados às diversas funções (seja residencial, comercial, lazer, etc.).
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Área urbanizada na Baixada Santista |
FONTE: PEDRO, Leda Correia. Ambiente e apropriação dos compartimentos geomorfológicos do Conjunto Habitacional Jardim Humberto Salvador e Condomínio Fechado Damha.
Presidente Prudente: Universidade Estadual Paulista, 2008. pp. 31 a 35.
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