Chama-se Planícies Centrais (também chamada de Grandes Planícies) uma faixa larga de pradarias que se estendem a leste das Montanhas Rochosas, nos Estados Unidos e no Canadá, na porção central da América Anglo-Saxônica, indo desde o sul do Canadá até o Golfo do México. Têm origem na deposição de sedimentos em eras geológicas recentes, trazidos por rios ou lagos naturais.
As Grandes Planícies ocupam a totalidade ou parte dos Estados do Novo México, Texas, Oklahoma, Colorado, Kansas, Nebraska, Wyoming, Montana, Dakota do Sul e Dakota do Norte, nos Estados Unidos, e das províncias canadenses de Manitoba, Saskatchewan e Alberta, onde são denominadas de pradarias (praieries), formando assim as Pradarias Canadenses.
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Mapa das Planícies Centrais |
Historicamente, as Planícies Centrais eram domínio dos bisontes (grandes mamíferos ruminantes) e dos Índios das Planícies (Pikuni, Crows, Sioux, Cheyenne, Arapaho e Comanche, entre outros), que os caçavam. A porção oriental das Planícies Centrais era habitada por tribos semi-sedentárias, que viviam em cabanas de terra.
Com a chegada de Francisco Vásquez de Coronado, um conquistador espanhol enviado pelo Vice-Rei da Nova Espanha, Antonio de Mendoza, assistiu-se à primeira incursão europeia nas Planícies Centrais na direção oeste-noroeste (territórios que atualmente fazem parte do Texas, Kansas e Nebraska), entre 1540 e 1542. Também neste período, Hernando de Soto, atravessou as Planícies Centrais na direção oeste-noroeste, território que atualmente compreende os estados de Oklahoma e do Texas, percurso denominado atualmente de De Soto Trail. O sonho dos espanhóis era encontrar ouro na região.
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Planície Central perto de Kearney, Nebraska |
Nos séculos seguintes, o negócio das peles trouxe milhares de europeus às Planícies Centrais. Caçadores de peles franceses, espanhóis, britânicos, russos e jovens dos Estados Unidos percorreram parte da região em busca desse produto. Com a compra da Luisiana, em 1803, e a subsequente Expedição de Lewis e Clark, em 1804, as Planícies Centrais tornaram-se mais acessíveis. Um centro importante de peles foi instalado em Fort Lisa, à beira do rio Missouri, no Nebraska, tendo estas primeiras implantações aberto a porta para uma vasta expansão para o Oeste, com povoações cobrindo quase todo o território das Grandes Planícies.
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Camping on the Prairie - quadro de óleo sobre papel de Paul Kane, de 1846 |
A colonização das Planícies Centrais levou à quase extinção do búfalo e à deslocação dos nativos americanos para reservas pela década de 1870. Uma parte importante das Planícies Centrais tornaram-se pradarias, onde se estabeleceram enormes ranchos. Durante a primavera e o outono, o gado era recolhido, sendo os vitelos (bezerros ou novilhos) marcados e o gado posto à venda. A prática desta atividade, em inglês ranching, começou no Texas e gradualmente foi se desenvolvendo cada vez mais para o norte. Desde a década de 1950, as Planícies Centrais tornaram-se áreas de culturas produtivas devido à irrigação extensiva.
O clima da maior parte das Planícies Centrais é semiárido, o que corresponde a uma elevada amplitude térmica anual e diária, com chuvas ocasionais e temporárias.
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Bisão-americano (Bison bison) - animal típico das Planícies Centrais |
O relevo suave da Planície Central, que favorece a utilização de máquinas, e a fertilidade do solo foram fundamentais para o crescimento da agricultura dos Estados Unidos, que é a mais desenvolvida do planeta, com produtividade superior aos demais países desenvolvidos. O país é o maior exportador de grãos do mundo, além de grande produtor de soja, milho, algodão, trigo, batata e laranja, entre outros. Essas características naturais, aliadas à alta tecnologia e aos investimentos, fazem da América Anglo-Saxônica grande líder na produção agrícola mundial.
A alta mecanização agrícola, a irrigação de extensas áreas áridas, o uso da biotecnologia e o sistema de belts (cinturões agrícolas) caracterizam a agricultura dos Estados Unidos.
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Pradaria no estado do Kansas - Estados Unidos |
Os belts são áreas especializadas no cultivo de determinados produtos utilizando o sistema de monocultura. Localizam-se nas proximidades das Grande Planícies e nas proximidades dos Grandes Lagos, na fronteira com o Canadá. Além de abastecer a indústria interna, os produtos desses cinturões compõem parte das exportações estadunidenses.
Para o plantio nesse sistema, observa-se principalmente o aspecto climático. Assim, no sul do país, que apresenta temperaturas médias mais elevadas, são plantados produtos tropicais, como o algodão e a cana-de-açúcar, enquanto no centro-norte cultiva o trigo, produto típico de climas mais amenos. Além
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Plantação de milho no estado de Nebraska - Estados Unidos |
O Rio Mississipi, atravessa as Planícies Centrais nos Estados Unidos e forma uma densa rede hidrográfica, com seus afluentes vindos dos Montes Apalaches a leste e das Montanhas Rochosas a oeste, tendo como principal afluente o rio Missouri. Esse rio exerce um papel muito importante para a economia regional, circulando milhões de toneladas de mercadorias todos os anos. A Bacia do Mississipi-Missouri oferece condições de navegabilidade em quase toda sua extensão. Boa parte da produção agrícola da região é transportada através de seus rios. A bacia também abastece muitas cidades do país, além de ser utilizada em sistemas de irrigação agrícola.
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União dos rios Mississipi e Ohio, no estado de Illinois - Estados Unidos |
As pradarias canadenses são uma região localizada ao sul e sudoeste do Canadá, e compreende a porção canadense das Planícies Centrais, abrangendo áreas nas províncias de Alberta, Saskatchewan e Manitoba. Cobre também partes da Colúmbia Britânica, embora essa província não seja tipicamente incluída na região em um sentido político. Caracteriza-se pelo seu solo sedimentar e pelo seu terreno pouco acidentado.
Essa região é a principal responsável pela produção agrícola do Canadá, principalmente trigo, aveia, cevada, centeio e milho.
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Estrada que passa pelas pradarias de Alberta - Canadá |
REFERÊNCIA: Geografia espaço e vivência. 9º ano / Levon Boligian. [et al...]. - 5. ed. -- São Paulo: Saraiva, 2015.