segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

MARTE: O PLANETA VERMELHO

Marte é o quarto planeta mais próximo do Sol e o segundo menor planeta do Sistema Solar. Apresenta uma coloração avermelhada devido à presença de óxido de ferro na sua superfície. Recebeu esse nome em homenagem ao deus romano da guerra. Possui duas pequenas luas de formato irregular: Phobos (medo) e Deimos (pânico). Seus nomes derivam da mitologia grega e representam os filhos de Ares (Marte) e Afrodite (Vênus). Marte é um dos planetas mais estudados do Sistema Solar, e um dos que melhor podemos ver a olho nu no céu. A duração do dia em Marte aproxima-se do planeta Terra, com 24 horas e 37 minutos, porém, o ano marciano tem uma duração de 687 dias.

Imagem de satélite de toda a superfície de Marte

Características de Marte

  Marte é um planeta muito frio, árido e rochoso. A sua temperatura máxima é de aproximadamente 25ºC, com uma média de -60ºC, a qual pode chegar até a -140ºC durante a noite. O diâmetro de Marte é metade do diâmetro da Terra, sendo também menos denso que o nosso planeta, possuindo cerca de 15% do seu volume e 11% de sua massa, resultando em uma aceleração da gravidade na superfície, que é cerca de 38% da que se observa na Terra. A aparência vermelho-alaranjada da superfície marciana é causada pela grande quantidade de óxido de ferro existente nesse planeta.

  Assim como a Terra, Vênus e Mercúrio, Marte faz parte dos chamados Planetas Rochosos, sendo que suas camadas são compostas por atmosfera, crosta, manto e núcleo. A maioria das rochas na superfície de Marte é composta por basalto. Sua atmosfera é muito fina, sendo composta essencialmente por gás carbônico, e em menor quantidade por nitrogênio, oxigênio, argônio, dentre outros gases.

Animação mostrando a rotação do planeta Marte

  A distância entre Marte e o Sol é de 228 milhões de quilômetros. Marte possui dois satélites naturais que são as "duas luas de Marte". Esses satélites foram descobertos em 1877 e muitos cientistas acreditam que podem ter sido asteroides capturados pela gravidade de Marte.

  Durante a formação do Sistema Solar, Marte foi criado como resultado de um um processo de evoluções. O planeta possui muitas características próprias causadas por sua posição no sistema Solar. Elementos com pontos de ebulição relativamente baixos, como cloro, fósforo e enxofre são muito mais comuns em Marte do que na Terra. Estes elementos podem ter sido removidos das áreas mais próximas ao Sol pelo vento solar.

Marte e suas duas luas: Deimos (esquerda)Phobos (direita)

História geológica de Marte

  A história geológica de Marte é dividida em vários períodos, sendo três principais: Noachiano, Hesperiano e Amazônico.

  O Período Noachiano é um dos períodos de formação mais antigos de Marte, entre 4,5 e 3,5 bilhões de anos de anos. Nesse período, as superfícies sofreram grandes crateras de impacto. Acredita-se que a parte mais elevada de Tharsis (um planalto vulcânico) tenha se formado durante este períiodo, com extensas inundações por água líquida no final desse período.

  O Período Hesperiano, entre  3,5 e 2,9-3,3 bilhões de anos, é marcado pela formação de extensas planícies de lavas. O Período Amazônico, ocorrido entre 2,9-3,3 bilhões de anos até o presente, têm poucas crateras de impactos de meteoritos, porém, são bastante variadas. Nesse período formou-se o Monte Olimpo, juntamente com fluxos de lavas em outros lugares de Marte. O Monte Olimpo é um vulcão extinto do planeta Marte, e também o vulcão mais elevado do Sistema Solar, com uma altitude de 21,9 km acima do nível médio da superfície marciana.

Comparação entre o Monte Olimpo (ponto mais elevado do Sistema Solar) e o Monte Everest (ponto mais elevado do planeta Terra)

Vida em Marte

  Conhecido desde a Antiguidade, a partir do século XIX, Marte tem despertado maior atenção entre astrônomos e cientistas, uma vez que o planeta vermelho se assemelha à Terra em diversos aspectos, como as estações do ano, o relevo (vales, dunas, planícies, planaltos, cânions, entre outros) e aproximação do dia terrestre (quase 24 horas). Isso faz com que muitas pessoas acreditem haver vida em Marte. No entanto, o fato de ser envolvido numa atmosfera fina e bastante rarefeita reforça a impossibilidade de vida no planeta.

Planícies vulcânicas (em vermelho) e bacias de impacto (em azul), dominam a topografia do planeta Marte

  O que despertou ainda mais o interesse dos cientistas na atualidade foi um estudo realizado em 2000 pela NASA (Agência Espacial Norte-Americana), no qual foi confirmada a existência de processos erosivos no planeta, o que evoca a possibilidade da existência de água e, consequentemente, de vida em Marte.

  Em 25 de julho de 2018, cientistas da Agência Espacial Italiana anunciaram que existe água líquida em Marte, de forma constante. Para especialistas, essa descoberta, de um reservatório subterrâneo permanente de água líquida, aumenta consideravelmente as chances de haver vida no planeta. A água líquida e perene foi encontrada 1,5 km abaixo de uma camada de gelo, próxima ao Polo Sul de Marte.

Possível escoamento de água no solo de Marte

  Em julho de 2020, a NASA lançou a Mars 2020, cujo objetivo é coletar amostras do solo marciano para verificar se há vestígios de vida no planeta. No dia 28 de setembro de 2020, a sonda Marsis, da Agência Espacial Europeia (ESA), indicou a existência de novos reservatórios de água em Marte. As pesquisas indicaram que o Polo Sul de Marte apresentou água em estado líquido, porém, uma água salobra abaixo de uma camada de gelo. A sonda não é capaz de fazer perfurações, por isso, ainda não foi possível dizer qual a profundidade dos lagos marcianos.

Fotografia do pôr-do-sol em Marte feita pelo robô Spirit

terça-feira, 17 de novembro de 2020

A LUA: O SATÉLITE NATURAL DA TERRA

 

  A Lua é o satélite natural da Terra. Consiste de um corpo rochoso com 3.476 km de diâmetro, quase um terço do tamanho da Terra. A distância média da Terra à Lua é de 384.400 km.

  A Lua não tem atmosfera para proteger o ser humano ou outro ser vivo da exposição direta às radiações solares, como a radiação ultravioleta. Também não existe água nem vulcões porque, ao contrário da Terra, a Lua tem a parte mais interna em estado sólido (não apresenta magma). Mas há muitas crateras, geralmente formadas pelo impacto de corpos celestes no passado. As colisões derreteram rochas e formaram lavas, que esfriam e aparecem como áreas escuras na Lua, chamadas de mares. A temperatura na sua superfície varia, em média, de 100°C a -150°C. Todas essas condições não permitem a existência de seres vivos na Lua.

Estrutura Lunar

  Os principais movimentos da Lua são: translação ao redor da Terra e rotação sobre seu próprio eixo. Esses movimentos têm praticamente o mesmo tempo de duração: aproximadamente 27 dias e 8 horas. Por esse motivo, a Lua mantém sempre a mesma face voltada para a Terra.

As fases da Lua

  O brilho da Lua é reflexo da luz do Sol. Da mesma forma que os planetas, ela não tem luz própria. O observador terrestre vê partes diferentes da Lua iluminadas pelo Sol, enquanto ela se movimenta ao redor da Terra. Esses diferentes aspectos, denominados fases da Lua, são: Lua Nova, Quarto Crescente, Lua Cheia e Quarto Minguante. Quarto, significa 1/4. O Sol ilumina a metade da esfera lunar e, daqui da Terra, vemos apenas a metade da porção iluminada pelo Sol, isto é, 1/4 da Lua.

Animação mostrando as fases da Lua

  A fase de Lua Nova é quando a sua face está do lado oposto à Terra. Para nós, está voltada a face não iluminada. Nessa fase a Lua não é vista no céu noturno. Nos dias seguintes, a Lua tem a aparência de um arco iluminado e, às vezes, pode ser vista à tardinha. À medida que a Lua translada ao redor da Terra, aumenta a parte que vemos iluminada. Após cerca de sete dias, ela está na sua fase Quarto Crescente.

  A Lua segue a sua órbita. A cada dia aumenta a sua região iluminada vista da Terra. Quando a Lua está em posição oposta à posição do Sol em relação à Terra, a Lua fica com a face voltada para nós completamente iluminada: é a fase da Lua Cheia. Nesse período, a Lua surge no céu no início da noite.

Praia de Ponta Negra, em Natal/RN, em uma noite de Lua Cheia

  Nas noites seguintes, podemos observar que a parte iluminada da Lua começa a diminuir até que só a metade da sua face é vista. Ela aparece no céu bem mais tarde da noite e pode ser vista ao amanhecer: é a fase Quarto Minguante.

  A Lua segue na sua translação, mudando de posição em relação à Terra e ao Sol. Para quem a observa da Terra, vai diminuindo a parte iluminada, até que ela novamente não é vista no céu. A Lua, então, completa o seu ciclo e retorna à fase de Lua Nova.

  As quatro fases da Lua acontecem em ciclos contínuos, num período de 29 dias e 12 horas. Os eclipses são fenômenos que ocorrem devido à posição entre a Lua, a Terra e o Sol.

Lua crescente e o planeta Vênus numa madrugada de Nova York, EUA

Eclipse Lunar

  O eclipse lunar acontece na fase da Lua Cheia. Ocorre quando a Terra fica entre o Sol e a Lua, que passa pela região da sombra da Terra. A Terra, nessa ocasião, bloqueia os raios solares que iluminam a Lua. A sombra da Terra se projeta na Lua, cobrindo-a parcial (eclipse parcial) ou totalmente (eclipse total). O eclipse lunar é visto em todas as partes do mundo.

Figurinha mostrando a posição dos astros durante um eclipse lunar

Eclipse Solar

  O eclipse solar ocorre quando a Lua fica entre o Sol e a Terra, ou seja, na fase de Lua Nova e todos ficam alinhados em uma reta só. Nessa ocasião, a Lua bloqueia os raios solares que iluminam parte da Terra.

  O eclipse solar poder ser parcial para algumas regiões. Esse fenômeno ocorre pelo menos duas vezes ao ano; no entanto, ocorre raramente num mesmo local da Terra. Diferentemente do eclipse lunar, o eclipse solar é visto apenas em algumas regiões do planeta.

Figurinha mostrando como ocorre um eclipse solar

Influência da Lua sobre a Terra

  A Lua é a principal causa dos fenômenos das marés. A força de atração entre a Terra e a Lua e entre a Lua e o Sol, provoca a subida e a descida do nível das águas do mar. A subida é a maré alta ou preamar. A descida é a maré baixa ou a baixa-mar.

  As marés acontecem porque a força gravitacional é maior no lado da Terra que está mais próximo à Lua do que no lado oposto, mais afastado.

  Mas a influência da atração gravitacional da Lua e dos planetas sobre o corpo humano pode ser desprezada diante da influência do planeta Terra e até de corpos muito mais leves, porém, muito mais próximos.

Imagem da Lua passando na frente da Terra a partir da perspectiva da sonda Deep Space Climate Observatory

A Lua de Neve

  O fenômeno recebe esse nome porque tribos nativas americanas e de toda a Europa costumavam nomear as Luas com base nos atritos que associavam às estações do ano no Hemisfério Norte.

  Assim, a Lua Cheia em fevereiro é chamada de Lua de Neve por causa das fortes nevascas que normalmente ocorrem ao longo do mês em algumas partes do mundo. Algumas tribos a chamavam de Lua de Fome, porque o clima de inverno criava condições difíceis de caça e escassez de alimentos.

Visão da Lua sobre o deserto de Mojave, na Califórnia - EUA

Superlua

  A Superlua ocorre quando a Lua ocupa a posição de maior proximidade com a Terra, apresentando-se aproximadamente 15% maior e com cerca de 30% a mais de luminosidade. O fenômeno torna-se especial com a fase da Lua Cheia, fazendo com que a Lua seja percebida com um tamanho muito superior ao normal.

Superlua vista dos céus de Atenas - Grécia

Lua de Sangue

  Também chamado de Lua Sangrenta, é um dos fenômenos astronômicos mais belos vistos a olho nu. No entanto, Lua de Sangue é só um nome impactante que deram para o fenômeno em que a Lua fica avermelhada.

  O fenômeno é raro e acontece em eclipses da Superlua. A junção da Superlua com o eclipse lunar causa a Lua de Sangue. A cor avermelhada deve-se a uma relação entre a proximidade da Lua com a atmosfera terrestre e os raios solares. O Sol emite luzes de todas as cores, mas quando a Lua está próxima da Terra, apenas as cores de baixa frequência, como o vermelho, são refletidas da atmosfera terrestre para o nosso satélite natural, o que torna a Lua vermelha.

Animação sobre a Lua

domingo, 25 de outubro de 2020

O PLANETA VÊNUS

   Vênus é o segundo planeta do Sistema Solar mais próximo do Sol. Tem cerca de 800 milhões de anos e, além do Sol e da Lua, é o corpo celeste mais brilhante no céu, motivo pelo qual é conhecido desde a Antiguidade.

  Também chamado de Estrela Dalva, Estrela da Manhã, Estrela Vespertina e Joia do Céu, é considerado um planeta irmão da Terra. Isso decorre em virtude das similaridades de massa, densidade e volume entre ambos.

  Vênus orbita em torno do Sol a cada 224,7 dias. Recebeu seu nome em homenagem à deusa romana do amor e da beleza Vênus, equivalente a Afrodite. É considerado um planeta telúrico (terrestre), sendo coberto por uma camada opaca de nuvens de ácido sulfúrico altamente reflexivas, impedindo que a sua superfície seja vista do espaço na luz visível.

  Vênus possui a mais densa atmosfera entre todos os planetas do Sistema Solar, sendo constituído principalmente de dióxido de carbono. O planeta não possui um ciclo de carbono para fixar o carbono em rochas ou outros componentes da superfície, nem parece ter qualquer vida orgânica para absorvê-lo como biomassa. A primeira missão à Vênus data de 1961. Chamou-se Venera 1 e era soviética.

Imagem obtida por radar da superfície de Vênus

  Acredita-se que no passado Vênus possuía oceanos como os da Terra, que se evaporaram quando a temperatura se elevou, restando uma paisagem desértica, seca e poeirenta, com muitas pedras em forma de placas. A água provavelmente se dissociou e, devido à inexistência de um campo magnético, o hidrogênio foi arrastado para o espaço interplanetário pelo vento solar. A pressão atmosférica na superfície do planeta é 92 vezes a da Terra.

Animação mostrando o eixo de rotação de Vênus

  A superfície venusiana foi objeto de especulação até que alguns dos seus segredos foram revelados pela ciência planetária no século XX. O solo apresenta evidências de extenso vulcanismo e o enxofre na atmosfera pode indicar que houve algumas erupções recentes. Entretanto, a falta de evidência de fluxo de lava acompanhando algumas das caldeiras visíveis permanece um enigma. O planeta possui poucas crateras de impacto, demonstrando que a superfície é relativamente jovem, com idade de aproximadamente 300-600 milhões de anos. Não há evidência de placas tectônicas, possivelmente porque a crosta é muito forte para ser reduzida, sem água para torná-la menos viscosa. Em vez disso, Vênus pode perder seu calor interno em eventos periódicos de reposição da superfície.

Como podemos ver Vênus no início da noite

  Vênus tem 12.104 km de diâmetro. A superfície é coberta de lava e composta principalmente de dióxido de carbono e ácido sulfúrico, os quais formam nuvens densas responsáveis pelo fenômeno do efeito estufa. É isso que faz a temperatura aumentar a níveis suficientes para derreter o chumbo. Pelo menos 97% da composição atmosférica de Vênus é de dióxido de carbono. O restante é composto de nitrogênio e traços de dióxido de enxofre, vapor d'água, monóxido de carbono, argônio, hélio, neônio, cloreto de hidrogênio e fluoreto de hidrogênio. A temperatura de Vênus é de 482 ºC. A velocidade orbital desse planeta é de 35 km/h e a excentricidade orbital é circular, sendo considerada a menos excêntrica do Sistema Solar.

Crateras de impacto na superfície de Vênus


segunda-feira, 19 de outubro de 2020

PLANETA MERCÚRIO: O MENOR PLANETA DO SISTEMA SOLAR

  Mercúrio é o planeta mais próximo do Sol e o menor do Sistema Solar. O movimento de rotação de Mercúrio é o menor de todos os planetas, orbitando em torno do Sol a cada 87,969 dias terrestres. O tamanho de Mercúrio é quase o tamanho da Lua, o satélite natural da Terra. Possui uma área de superfície de 7,48 X 10km². O diâmetro equatorial de Mercúrio é de 4.879,4 km, seu volume de 6,083 X 1010 km², sua massa é de 3,3011 X 1023 kg, sua densidade média é de 5,427 g/cm³ e possui uma gravidade superficial de 3,7 m/s².

  Mercúrio só pode ser visto da Terra pouco antes do amanhecer ou logo após o pôr do Sol, não tem satélites naturais e tem uma órbita muito excêntrica, cujo raio varia de 46 a 70 milhões de quilômetros. Seu nome vem do deus romano Mercúrio.

Fotografia de Mercúrio em cores, feita pela sonda Messenger, em 2008

  Mercúrio é o planeta que passa a maior parte do tempo sendo o mais próximo da Terra, dado que a Terra passa parte do tempo no lado oposto da órbita de Vênus.

  As duas primeiras espaçonaves a explorar o planeta Mercúrio foi a Mariner 10, que mapeou aproximadamente 45% da superfície do planeta entre 1974 e 1975, e a MESSENGER, que mapeou outros 30% da superfície durante um sobrevoo em 14 de janeiro de 2008.

  Mercúrio tem uma aparência similar à Lua, com crateras de impacto e planícies lisas, não possuindo satélites naturais nem uma atmosfera substancial. Entretanto, diferentemente da Lua, Mercúrio possui uma grande quantidade de ferro no núcleo, que gera um campo magnético cuja intensidade é cerca de 1% da intensidade do campo magnético da Terra. A temperatura em sua superfície varia entre -183°C a 427°C. O ponto subpolar é a região mais quente e o fundo das crateras perto dos polos, as regiões mais frias.

  As primeiras observações registradas de Mercúrio datam pelo menos do século IV a.C. Antes desse período, astrônomos gregos acreditavam que se tratasse de dois objetos distintos: um visível no nascer do Sol, ao qual chamavam Apolo, e outro visível ao pôr do Sol, chamado de Hermes. O nome em português para o planeta provém da Roma Antiga, onde o astro recebeu o nome do deus romano Mercúrio, que tinha na mitologia grega o nome de Hermes.

Estrutura interna de Mercúrio

  Mercúrio pode ter se formado muito cedo, antes mesmo da estabilização da energia do Sol. Grande parte da superfície de Mercúrio teria sido vaporizada, formando uma atmosfera de vapor de rock, que era então transportada pelo vento solar, e é bastante rico em ferro. É um dos quatro planetas telúricos (sólidos) do Sistema Solar e seu corpo rochoso é igual à Terra. Cerca de 70% da superfície de Mercúrio é composta por material metálico e 30% de silicatos.

  A atmosfera de Mercúrio é composta por uma camada muito fina de átomos elevada à superfície pelo vento solar. Uma vez que Mercúrio é muito quente, os seus átomos escapam rapidamente para o espaço. A superfície de Mercúrio revela enormes escarpas, alguns com centenas de quilômetros de largura e 3.000 metros de altura. Algumas quebras nos anéis das crateras e outras características do terreno semelhante, indicam que estas eram formadas por escarpas de compressão.

Imagem de Mercúrio

  Mercúrio foi intensamente bombardeado por cometas e asteroides durante e logo depois de sua formação, há 4,6 bilhões de anos, como também durante um possível episódio subsequente denominado "Intenso bombardeio tardio", que se encerrou há 3,8 bilhões de anos. Durante esse período de intensa formação de crateras, o planeta recebeu impactos sobre toda a sua superfície, o que foi facilitado pela ausência de qualquer atmosfera que diminuísse os impactos. Durante esse período o planeta teve atividade vulcânica e bacias como a Caloris, preenchidas por magma do interior planetário, que produziram planícies suaves similares aos mares lunares.

  As crateras de impacto em Mercúrio variam desde pequenas cavidades em forma de tigelas até bacias de impacto com multi-anéis de centenas de quilômetros de tamanho. Elas aparecem em todos os estados de degradação, de crateras raiadas relativamente intactas até remanescentes de crateras altamente degradadas. Crateras mercurianas diferem sutilmente das lunares em função de a área coberta pela matéria ejetada ser muito menor, devido à ação de uma força gravitacional mais forte.

Como podemos ver Mercúrio no início da noite

  A maior cratera conhecida é a bacia Caloris, que possui um diâmetro de 1.550 quilômetros. O impacto que criou a bacia Caloris foi tão forte que causou erupções de lava e deixou um anel concêntrico com mais de 2 quilômetros de altura em volta do impacto. Na antípoda da bacia Caloris existe uma grande região conhecida como "Terreno Esquisito". Uma das hipóteses de sua origem seria que as ondas de choque geradas pelo impacto da bacia Caloris viajaram em torno do planeta, convergindo na antípoda da bacia. As altas tensões resultantes fraturaram a superfície. Outra teoria sugere que o terreno foi formado com um resultado de convergência da ejeta nesta antípoda da bacia.

  Ao todo, aproximadamente 15 bacias de impacto foram identificadas na área mapeada de Mercúrio. Uma bacia notável é a bacia Tolstoj, com 400 quilômetros de tamanho e multi-anéis, que teve material ejetado cobrindo uma extensão de mais de 500 quilômetros da sua borda e um piso que foi preenchido por materiais de planícies suaves.

  A bacia Beethoven tem um tamanho similar de material ejetado e uma borda de 625 quilômetros de diâmetro. Assim como a Lua, a superfície de Mercúrio sofreu os efeitos de processos de erosão espacial, incluindo o vento solar e o impacto de micrometeoritos.

Bacia Caloris de Mercúrio - um dos maiores acidentes de impacto do Sistema Solar

sexta-feira, 16 de outubro de 2020

A CORRENTE MARÍTIMA DE HUMBOLDT

 

  O norte do Chile apresenta climas árido e semiárido por causa da corrente marítima fria de Humboldt. Ela impede a chegada de massas de ar úmidas provenientes do Oceano Pacífico ao continente.

  A corrente de Humboldt, também chamada de corrente do Peru, nasce próximo à Antártida, e é a corrente mais fria do mundo, com uma temperatura aproximada de 7º°C inferior à temperatura média do oceano na mesma latitude.

  A corrente de Humboldt resfria o ar atmosférico, provocando a condensação do vapor de água de massas de ar úmidas provenientes do oceano e causando chuvas. Quando essas massas de ar atingem o norte do território chileno, já perderam a umidade e se tornaram massas de ar secas. É aí que surge o deserto do Atacama, considerado o deserto mais árido do mundo.

Corrente de Humboldt

  Alexander von Humboldt foi um naturalista, cientista e viajante alemão que viveu entre 1769 e 1859. Durante a sua vida fez várias expedições, inclusive no continente americano. Em 1802, foi à costa americana do Pacífico. No litoral peruano, numa área de clima tropical, deparou com pinguins e um clima intrigantemente fresco.

  Humboldt mediu a temperatura da água no litoral de Callao (Peru), de onde saiu para Guayaquil (Equador). Graças à corrente marítima que vem do sul do Chile, essa viagem costeira levava 5 dias, muito rápido para a época, mas a volta podia demorar semanas.

  A corrente era conhecida desde o século XVI, mas o cientista foi o primeiro a verificar que suas águas eram bem mais frias que as águas que as circundavam.

  A baixa temperatura impede a evaporação e deixa a umidade relativa do ar baixa, deixando a massa de ar seca e ajudando a formar o clima seco do deserto do Atacama.

Vale da Lua, no deserto do Atacama - é considerado o deserto mais seco do mundo devido à atuação da corrente de Humboldt

  Durante o fenômeno El Niño, a corrente de Humboldt desaparece e deixa em seu lugar uma corrente quente, diminuindo o plâncton e aumentando as precipitações pluviométricas na costa sul-americana do Pacífico. Suas águas têm características diferentes das águas oceânicas. Por terem outra temperatura, salinidade, coloração e densidade, elas não se misturam facilmente com as águas do mar por onde passam.

  Com essas e outras observações, Humboldt concluiu que a corrente tinha origem no Polo Sul e era a responsável pelas temperaturas amenas no litoral sul-americano do Pacífico.

Esquema mostrando o efeito da corrente de Humboldt

  Graças às águas frias, à baixa salinidade e ao plâncton - seres microscópicos que vivem em suspensão nos meios aquáticos e servem de alimentos para alguns animais -, transportados pela corrente de Humboldt, a costa da América do Sul banhada pelo Oceano Pacífico, apresenta um dos ecossistemas marinhos de maior riqueza no mundo. Isso permite a região ter uma fauna marinha diversificada e torna os litorais, especialmente do Peru e do Chile, muito piscosos.

  Com alimento em abundância, a costa oeste da América do Sul atraem muitos cardumes, principalmente sardinhas, anchovas e carapaus do Pacífico.

  Dentre os animais encontrados nessa região, estão: pardelas-de-pata-rosada, lobos-marinhos, o pinguim-de-humboldt, entre outros, animais típicos da Antártida. O pinguim de Humboldt é encontrado na costa do Chile, e tem esse nome em homenagem à Alexander von Humboldt.

Pinguim-de-humboldt (Spheniscus humbolditi)

domingo, 11 de outubro de 2020

A MULHER NO MERCADO DE TRABALHO

 

  A inserção da mulher no mercado de trabalho de forma mais ativa e participativa está intrinsecamente associada a industrialização e urbanização. Esse processo promove novas atividades econômicas, principalmente no setor terciário (comércio e prestação de serviços), que absorve essa mão de obra significativa.

  Essa temática envolve os acontecimentos recentes associados à Revolução Industrial, à Revolução Técnico-Científico-Informacional e à urbanização, que devem ser associadas às alterações no mundo de trabalho.

  Nas fábricas a questão da mulher tem aparecido com mais força. No entanto, pelo caráter de controle muito mais potente da mão de obra, o peso do machismo, homofobia e inclusive racismo ainda é muito grande.

Mulheres trabalhando numa fábrica no início de século XX

  Com o passar dos anos e transformações das concepções sociais e de gênero, muitas prioridades mudaram para as mulheres. Se antes constituir uma família e ser mãe estava entre elas, hoje firmar-se profissionalmente é a principal preocupação. Entre os muitos motivos que determinaram a entrada da mulher no mercado de trabalho, destacou-se a necessidade de contribuir com os gastos financeiros da família. O primeiro momento na história em que houve considerável absorção da mão de obra feminina foi a Revolução Industrial, quando as fábricas contrataram mulheres com o objetivo de reduzir as despesas com salários e discipliná-las ao seu modo. No entanto, é apenas após as duas Guerras Mundiais que esse movimento ganha força e as mulheres passam a assumir funções antes executadas por homens.

  Em virtude das guerras que ocorreram na primeira metade do século XX, muitas mulheres assumiram as empresas e negócios de suas famílias, além da posição dos homens na condução do lar. Isso aconteceu, em grande medida, não apenas durante os anos de conflito, mas também posteriormente, em razão do grande número de mortes e de acidentes que deixavam os homens inaptos para o trabalho.

Mulheres trabalham em uma fábrica de munição em Londres, Inglaterra, em 1916

  Mesmo com a criação de leis que garantiam alguns direitos para as mulheres, como licença do trabalho nas últimas semanas de gestação e proibição do trabalho feminino das 22 horas às 5 horas, uma série de violações perduraram durante anos. Entre elas, estava a jornada de trabalho, que podiam chegar a 18 horas e elevadas diferenças salariais.

  A luta por equidade de direitos passou por um momento importante nos anos 1960. A década é marcada pela libertação sexual das mulheres, possibilitada pela introdução dos métodos contraceptivos, e reivindicação de maior participação política e social. Alguns episódios, como o Maio de 68, na França, e o Movimento Hippie, impulsionaram mudanças e colaboraram com a expansão do movimento feminista. Ele, por sua vez, contribuiu com a emancipação feminina, permitindo que as mulheres decidissem sobre si próprias.

Franceses saem às ruas numa série de protestos que ficou conhecido como Maio de 68

  No Brasil é crescente a participação da mulher no mercado de trabalho e notório o aumento de sua importância na economia. É progressiva também a responsabilidade feminina no sustento da família e destaque profissional em diversos setores.

  A mulher brasileira obteve inúmeras conquistas em relação à saúde e à participação no mercado de trabalho e na política brasileira. Sua contribuição para a economia do país tornou-se cada vez mais significativa. Porém, ainda há muito que conseguir. Se compararmos quesitos como ganhos salariais, cargos políticos e empresariais, podemos perceber a discrepância entre homens e mulheres.

Gráfico mostrando a relação entre ocupação de homens e mulheres no Brasil em 2019

  Abaixo nós temos alguns dados sobre a participação da mulher no mercado de trabalho, de acordo com pesquisas feitas em vários anos pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

  • em 2010, 41% das mulheres contribuíam com a renda familiar;
  • em 2018, 45% das pessoas que trabalhavam no Brasil eram mulheres;
  • 84% da mão de obra feminina em 2016 encontrava-se nos setores de comércio e serviços;
  • em 2019 a população feminina representava 51,8%, enquanto que a de homens era de 48,2%;
  • em 2018, as mulheres ganharam 33% a menos que os homens;
  • em 2018, os homens ocupavam 61% de cargos de chefia, enquanto as mulheres ocupavam 39%.

Infográfico mostrando os setores que mais empregam mão de obra feminina no Brasil

quarta-feira, 7 de outubro de 2020

A CONQUISTA DE DIREITOS CULTURAIS NA ÁSIA

 

  A Ásia é o maior dos continentes, tanto em área como em população. Abrange um terço das partes sólidas da superfície da Terra e é responsável por abrigar quase três quintos da população mundial.

  A cultura da Ásia é o agregado artificial da herança de muitas nacionalidades, sociedades, religiões e grupos étnicos da região, tradicionalmente chamada um continente de uma perspectiva central ocidental. A arte, a música e a culinária, bem como a literatura, são partes importantes da cultura asiática. A filosofia oriental e a religião também desempenham um papel principal, como budismo, hinduísmo, taoísmo, confucionismo, judaísmo, islamismo e cristianismo. Uma das partes mais complexas da cultura asiática é a relação entre culturas tradicionais e o mundo ocidental.

Mapa físico da Ásia

  Durante o século XX, os projetos de construção e de desenvolvimento nacional quase sempre estiveram ligados à ideia de nação culturalmente homogênea. Como resultado, perseguições culturais e até mesmo extermínios étnicos se somaram a discriminações históricas contra minorias.

  A Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, contribuiu para o crescimento da luta por liberdade cultural e tornou as políticas de reparação medidas cada vez mais aceitas na redução das tensões  sociais e na promoção do respeito às diferenças.

Comemoração do Ano Novo Chinês, em fevereiro de 2018

  Abaixo temos alguns casos em que minorias étnicas conquistaram direitos culturais na Ásia.

  • O direito às terras ancestrais nas Filipinas

  O arquipélago filipino é extremamente rico, tanto em diversidade cultural quanto em diversidade biológica. É um dos doze países com megadiversidade biológica do mundo e possui mais de 127 grupos culturais.

  Não obstante, a biodiversidade caiu drasticamente e, atualmente, o país é considerado um dos mais importantes "hotspots" do planeta (lugares com maior riqueza em matéria de espécies de plantas e animais e, ao mesmo tempo, os mais ameaçados, demandando urgentes medidas de preservação). Nesse contexto, o Convênio de Diversidade Biológica (CDB) é extremamente pertinente para o país, e vice-versa. As organizações indígenas argumentam que a história de erosão da biodiversidade em terras indígenas está ligada a sua conversão para a mineração e atividade madeireira, realizada através de concessões por contatos políticos e a projetos de "desenvolvimento" em grande escala inadequados, como represas, plantações, etc.

  Após décadas de luta e confrontos violentos, os indígenas das Filipinas obtiveram, no dia 29 de outubro 1997, o direito às terras que historicamente ocupavam e ao usufruto de seus recursos por meio da Lei Nacional Nº 8.371, uma lei para Reconhecer, Proteger e Promover os Direitos das Comunidades Culturais Indígenas e Povos Indígenas. Com isso, o Estado passou a garantir a manutenção do modo de vida dessas minorias, embora a lei tenha beneficiado, até os dias atuais, apenas uma fração dos 8 milhões de indígenas do país.

Dança tradicional de povos indígenas das Filipinas

  • Multilinguísmo no Sri Lanka

  O Sri Lanka (antigo Ceilão) é um país insular da Ásia Meridional, bastante diversificado e multicultural, sendo o lar de muitas religiões, etnias e línguas. Além da maioria cingalesa, é o lar de grandes grupos de tâmeis indianos, mouros, burgheres, malaios, cafres e o aborígene Vedda. O país tem uma rica herança budista, e os primeiros escritos budistas conhecidos do Sri Lanka, o Cânone Páli, remonta ao Quarto Concílio Budista, em 29 a.C.

  A cultura do Sri Lanka foi influenciada por diversos fatores no passado, em especial pela região e colonização de Portugal, Países Baixos e Reino Unido. O país é predominantemente hindu, budista e muçulmano e suas principais festividades estão ligadas à religião, como o Ano Novo.

  De 1983 a 2009, o Sri Lanka viveu uma guerra civil motivada por ressentimentos históricos entre a minoria tâmil e a maioria cingalesa por políticas excludentes, como a imposição do uso da língua cingalesa. Em 2011, o governo anunciou, como parte do processo de reconciliação nacional, o ensino tanto do cingalês quanto do tâmil e do inglês nas escolas do país.

Típica família tâmil do Sri Lanka

  • O modo de vida tradicional dos nenets na Rússia

  Os nenets são um povo de etnia samoieda que vive na Nenétsia, região autônoma do norte da Sibéria. Eles trabalham como pastores e preservam com carinho a cultura mais tradicional e colorida de todos os povos nômades do mundo, há várias gerações.

  As moradias dos nenets (chamada de chum) é bastante tradicional, e consiste em peles de renas costuradas e enroladas em postes de madeira organizados em círculo. No meio há uma lareira usada para enriquecer e manter mosquitos afastados.

  Para muitas tribos com os nenets, contar histórias é uma das principais maneiras pelas quais a tradição e o patrimônio são transmitidos de geração em geração. Cada família nenets tem histórias próprias, que são bastante ricas: tradições no casamento, como é a vida em crescimento, a importância da preservação de sua cultura, a luta entre manter suas raízes tradicionais e prosperar em um mundo modernizado.

Aldeia nenets

  Na tradição nenets, cintos de dentes de urso protegem as pessoas de maus espíritos e perigos. Os cintos nunca são enterrados com o proprietário, mas são passados de geração em geração. As tradições nenets são muito importantes para cada membro da família e trabalham para mantê-las vivas.

  Após séculos de perseguição ao seu modo de vida, os nenets passaram a ser reconhecidos pelo governo como um povo autônomo. Isso garante aos nenets direitos exclusivos, como a permissão para percorrer rotas migratórias em território russo, prática milenar desse povo. A migração tem o objetivo de engordar as renas, base de alimentação nenet.

Homem nenet com seu rebanho de renas

  • Respeito à diversidade de crenças na Índia

  O hinduísmo é a religião de quase 1 bilhão de indianos. Mesmo com essa expressa maioria, a constituição da Índia não adota nenhuma crença como oficial. As leis buscam garantir os direitos essenciais dos cidadãos e protegem a diversidade cultural do país, ao permitir que sejam praticados costumes e tradições das diferentes comunidades religiosas em diversos aspectos da vida, como o divórcio e a herança.

Estátua de Shiva - um dos deuses do hinduísmo

terça-feira, 6 de outubro de 2020

A RESEX CHAPADA LIMPA

  Uma floresta com árvores frutíferas resiste imponente no coração do cerrado maranhense. O bacurizeiro alcança o teto da mata e se mostra superior em meio à vegetação retorcida de Chapada Limpa, no leste do Maranhão. Este imenso pomar selvagem por muito pouco não desapareceu para dar lugar ao agronegócio. Em vinte anos, 70 mil hectares de cerrado foram desmatados na região do baixo Parnaíba para o plantio de soja.

  A Reserva Extrativista Chapada Limpa é uma unidade de conservação federal do Brasil categorizada como reserva extrativista e criada por meio do Decreto Presidencial em 26 de setembro de 2007, numa área de 11.973,05 hectares, no município de Chapadinha, na região do rio Munim, no estado do Maranhão. Foi a quinta reserva extrativista do Maranhão e a primeira nos biomas Cerrado e Mata dos Cocais dentro do estado.

Rio Munim

  A reserva foi criada com o objetivo de proteger o modo de vida dos extrativistas e o uso sustentável do cerrado. Também buscou pôr fim a um longo período de tensão social na região entre fazendeiros e camponeses.

  Trata-se de uma área de extrema importância para a sobrevivência de distintas formas de vida, pois é uma área de transição de três biomas diferentes. Além do Cerrado, na Reserva Extrativista Chapada Limpa podem ser encontradas espécies típicas, tanto da Amazônia quanto da Caatinga.

Vegetação da Resex Chapada Limpa

  A dinâmica produtiva é tradicionalmente baseada no agroextrativismo. As comunidades que vivem na parte alta da chapada ou vizinhas a ela têm no bacuri o principal produto do extrativismo. As que moram nas porções baixas da região praticam o extrativismo de babaçu, como fonte de renda, e das palmeiras típicas de ambientes alagáveis (juçara, buriti e bacaba) e para consumo da família. Os moradores da região também praticam a agricultura de subsistência para suprimento de alimentos básicos, como arroz, feijão e milho.

  A criação da Resex Chapada Limpa foi estratégica para a conservação de um dos biomas mais ameaçados do país, sobretudo neste canto do leste maranhense. Serviu também para por fim ao um longo período de tensão social na região. A chapada esteve durante anos no meio de um conflito entre fazendeiros e camponeses. As populações tradicionais agora podem transitar livremente e usar de modo sustentável tudo o que o cerrado oferece.

Paisagem da Resex Chapada Limpa

sábado, 3 de outubro de 2020

ÁFRICA DO SUL: O PAÍS MAIS DESENVOLVIDO DA ÁFRICA

  A África do Sul é o país de economia mais desenvolvida da África. Favorecido pela abundância de recursos minerais em seu território e por investimentos estrangeiros, esse país desenvolveu uma atividade industrial diversificada, com indústrias de bens de consumo (têxtil, alimentícia, de vestuário etc.) e indústrias de bens de produção (máquinas, equipamentos, metalúrgicas, siderúrgica química etc.), além de indústria naval, de armamentos, automobilística entre outras. Destaca-se ainda como primeiro produtor mundial de cromo e de platina e o quinto de diamante. As principais cidades do país concentram os maiores centros industriais.
  A África do Sul tem três capitais: Cidade do Cabo (legislativa), Pretória (executiva) e Bloemfontein (judiciária), além de outras importantes cidades como Joanesburgo, Port Elizabeth e Durban.
  Atualmente, a África do Sul vive sob um regime democrático e com certa estabilidade política. No entanto, seu passado é muito dramático, porque a maioria da população, formada por negros, sofria privação de direitos.
  O grande desafio da África do Sul é enfrentar as heranças do apartheid e construir uma sociedade democrática de base multiétnica, menos desigual e sem preconceitos, além de erradicar a pobreza que atinge parte significativa dos sul-africanos.
Mapa da África do Sul
HISTÓRIA
  A África do Sul contém alguns dos mais antigos sítios arqueológicos e fósseis humanos do mundo. Vários restos de fósseis foram recuperados a partir de uma série de cavernas na província de Gauteng. A área é Patrimônio Mundial da UNESCO e foi denominada o Berço da Humanidade. O primeiro fóssil de hominídeo descoberto na África, a Criança de Taung, foi encontrado perto da cidade de Taung, na província Noroeste, em 1924.
  Os assentamentos de povos de língua bantu, que eram agricultores e pastores que manejavam ferro, já estavam presentes ao sul do rio Limpopo (atual fronteira norte com Botswana e Zimbábue) nos séculos IV e V. Eles deslocaram-se, conquistaram e absorveram os povos khoisan, khoikhoi e san. Os bantus se moveram lentamente em direção ao sul ao longo do tempo. Os primeiros sinais de siderurgia na atual província de Kwazulu Natal datam de cerca de 1050.
  O grupo meridional era o povo xhosa, cuja linguagem incorpora certos traços linguísticos dos povos khoisan. Os xhosas chegaram ao rio Great Fish, na atual Província do Cabo Oriental e, eles migravam, essas populações maiores da Idade do Ferro deslocavam ou assimilavam os povos anteriores.
Nativos san usando um método primitivo de criar fogo
  Na época do contato europeu o grupo étnico dominante eram os povos bantu, que migraram de outras partes da África cerca de dois mil anos antes. Os dois principais grupos eram os xhosas e os zulu. Em 1487, o explorador português Bartolomeu Dias, liderou a primeira viagem europeia ao desembarcar em território que atualmente faz parte da África do Sul.
  Em 8 de janeiro de 1488, impedido de prosseguir ao longo da costa devido às fortes tempestades, Dias navegou em alto mar e passou o ponto mais meridional da África sem vê-lo. Ele chegou até a costa oriental da África, no que chamou de Rio do Infante, provavelmente o atual rio Groot, em maio de 1488, mas em seu retorno, viu o Cabo, que chamou de Cabo das Tormentas. Mais tarde, o rei João II de Portugal rebatizou o ponto de Cabo da Boa Esperança, uma vez que levava às riquezas das Índias Orientais. A façanha de Dias foi posteriormente imortalizada por Luís de Camões, no poem épico Os Lusíadas.
Cabo da Boa Esperança
  Em 1652, a Companhia Holandesa das Índias Orientais fundou uma estação de abastecimento que mais tarde viria a ser a Cidade do Cabo, que tornou-se uma colônia britânica em 1806. A colonização europeia expandiu-se na década de 1820 com os bôers (colonos de origem holandesa, flamenga, francesa e alemã), enquanto os colonos britânicos se assentaram no norte e no leste do país. Nesse período, conflitos surgiram entre os grupos Xhosa, Zulu e Afrikaners, que competiam por território.
  Durante a década de 1830, cerca de 12.000 bôers partiram da Colônia do Cabo, onde tinham sidos submetidos ao controle britânico. Eles migraram para as regiões que mais tarde se tornariam Natal, Estado Livre de Orange e Transvaal. Os bôers fundaram a República Sul-Africana (atual Gauteng, Limpopo, Mpumalanga e Províncias do Oeste e do Norte) e o Estado Livre de Orange.
  A descoberta de diamantes, em 1867, e de ouro, em 1884, no interior do território, provocou o início da "Revolução Mineral" e o aumento do crescimento econômico e da imigração. Isto intensificou a subjugação dos povos indígenas pelos sul-africanos europeus. A luta para controlar esses importantes recursos econômicos foi um fator decisivo nas relações entre os europeus e os nativos, e também entre os bôers e os britânicos.
Zulus atacam um acampamento bôer em 1838
  As repúblicas bôers resistiram com sucesso às invasões britânicas durante a Primeira Guerra dos Bôers (1880-1881), usando táticas de guerrilha, que foram bem adaptados às condições locais. Os britânicos voltaram com um número maior de homens, com mais experiência e com uma nova estratégia na Segunda Guerra dos Bôers (1899-1902), mas sofreram pesadas perdas durante os conflitos, apesar de terem sido os vencedores.
  Dentro do país, as políticas antibritânicas entre brancos sul-africanos focavam na independência. Durante os períodos coloniais holandês e britânico, a segregação racial era majoritariamente informal, apesar de algumas legislações terem sido promulgadas para controlar o estabelecimento e a livre circulação de povos nativos.
  Oito anos após o fim da Segunda Guerra dos Bôers e após quatro anos de negociações, uma lei do Parlamento Britânico (Ato da África do Sul de 1909), criou a União Sul-Africana em 31 de maio de 1910. A união era um domínio britânico que incluía as antigas colônias holandesas do Cabo e de Natal, bem como as repúblicas dos Estado Livre de Orange e de Transvaal.
  A Lei das Terras dos Nativos, de 1913, restringiu severamente a propriedade de terras por negros; nessa época, os nativos controlavam apenas 7% do território do território do país. A quantidade de terra reservada para os povos indígenas foi mais tarde ligeiramente aumentada.
Mulheres e crianças bôers em campo de concentração inglês
  Em 1931, a União tornou-se efetivamente independente do Reino Unido, com a promulgação do Estatuto de Westminster. Em 1934, o Partido Sul-Africano e o Partido Nacional se fundem para formar o Partido Unido, buscando a reconciliação entre os africânderes e os brancos anglófonos. Em 1939, o partido se divide sobre a entrada da União na Segunda Guerra Mundial como uma aliada do Reino Unido, uma decisão que os seguidores do Partido Nacional se opuseram.
  Em 1948, o Partido Nacional foi eleito e chegou ao poder. Esse grupo político reforçou a segregação racial, que já tinha começado sob o domínio colonial inglês e holandês. O Governo Nacionalista classificou todos os povos em três raças, com direitos e limitações desenvolvidas para cada uma. A minoria branca controlava a grande maioria negra. Essa segregação ficou conhecida como apartheid. Enquanto a minoria branca sul-africana usufruía do mais alto padrão de vida de toda a África (comparável aos de nações de países subdesenvolvidos ocidentais), a maioria negra ficou em desvantagem em quase todos os aspectos, como renda, educação, habitação e expectativa de vida. A Carta da Liberdade, adotada em 1955 pela Aliança do Congresso, exigiu uma sociedade não racial e o fim da discriminação.
Bandeira da União Sul-Africana
  A África do Sul abandonou a Commonwealth em 1961, na sequência de um referendo que ditou a proclamação da república. Apesar da oposição dentro e fora do país, o governo manteve o regime do apartheid. Alguns países e instituições ocidentais começaram a boicotar os negócios com a África do Sul por causa das suas políticas de opressão racial e de direitos civis.
  Em 1983 é adotada uma nova Constituição que garantiu uma política de direitos limitados às minorias asiáticas, mas continuou a excluir os negros do exercício dos direitos políticos e civis. A maioria negra não tinha direito de voto nem representação parlamentar. O partido branco dominante durante a era do apartheid era o Partido Nacional, enquanto a principal organização política negra era o Congresso Nacional Africano (ANC)
  Após anos de protestos internos, em 1990, o governo sul-africano iniciou negociações que levaram ao desmantelamento das leis de discriminação e às eleições democráticas em 1994. O país então aderiu à Comunidade das Nações.
Germinston - com uma população de 3.335.804 habitantes (estimativa 2020) é a quarta cidade mais populosa da África do Sul
  No período pós-apartheid, o desemprego tem sido extremamente alto, enquanto o país luta para lidar com as muitas mudanças. Enquanto muitos negros subiram para as classes média e alta, a taxa de desemprego de negros aumentou consideravelmente entre 1994 e 2003. A pobreza entre os brancos, antes rara, aumentou. Além disso, o governo sul-africano tem se esforçado para alcançar uma disciplina monetária e fiscal para garantir, tanto a distribuição da riqueza quanto o crescimento econômico.
  Em maio de 2008, motins deixaram mais de sessenta pessoas mortas. O Centro pelo Direito à Moradia contra Despejos estimou que mais de cem mil pessoas foram expulsas de suas casas. Os migrantes e os refugiados que procuraram asilo no país eram os principais alvos, mas um terço das vítimas eram de cidadãos sul-africanos.
  Em 2010, a África do Sul sediou a Copa do Mundo de Futebol, sendo também o primeiro e único país do continente a sediar esse torneio.
Vídeo de abertura da Copa do Mundo da África do Sul, em 10/06/2010
O regime do apartheid
  Por mais de 40 anos (1948-1992), o país viveu sob um regime de segregação racial imposto pela minoria branca, composta de africânderes e descendentes de britânicos. Durante esse regime, denominado de apartheid, foram promulgadas várias leis, entre elas as que impediam a maioria negra de participar da política e possuir terras.
  Por décadas, esse regime separou brancos e negros, proibindo a convivência entre eles nas escolas, nos parques, nos ônibus e nos bairros (viviam em zonas separadas). Até mesmo o matrimônio entre brancos e negros era vetada por lei.
  Baseado na segregação racial, o apartheid tinha como intuito a exploração da mão de obra africana e a legitimação do poder dos brancos no território sul-africano.
A Lei de Reserva dos Benefícios Sociais de 1953 possibilitou a divisão de locais públicos por raça. Esta placa encontrada numa praia de Durban, em 1989, indica - em inglês, africâner e zulu - se tratar de uma "área de banho reservada para uso exclusivo por integrantes do grupo racial branco".
  Obrigados a viver em zonas residenciais, os negros tinham de obter permissão para frequentar os mesmos espaços que os brancos.
  Na década de 1980, a ONU impôs sanções ao país para pressionar o regime racista. As mudanças políticas passaram a ocorrer a partir de 1989. Em 1992, uma reforma política foi legitimada por um plebiscito, do qual somente os brancos puderam participar. Pressionados pela opinião da comunidade internacional, que condenava o regime e defendia a luta dos negros para o fim dessa segregação, o fim do apartheid foi aprovado.
 Em 1994, houve a primeira eleição multirracial na África do Sul, na qual foi eleito o primeiro presidente negro, Nelson Mandela, líder do Congresso Nacional Africano (CNA), partido que lutava contra o apartheid. Antes disso, Mandela, condenado pelo regime dominante, ficara preso por 28 anos (1962-1990).
  Nelson "Madiba" Mandela (1818-2013), foi o principal líder da luta contra o regime do apartheid. Preso na década de 1960 e condenado à prisão perpétua, Mandela foi libertado em 1990.
  Embora não tenha provocado todas as transformações esperadas na organização social do país, Mandela institucionalizou o fim do racismo e a inserção dos negros em setores econômicos e políticos da África do Sul.
  Com o fim do apartheid, profundas transformações econômicas e políticas ocorreram. Apesar disso, o país enfrenta o desafio de acabar com a grande desigualdade social e econômica que deixa boa parte de sua população vivendo na pobreza.
Nelson Mandela - primeiro presidente negro e principal líder na luta contra o regime do apartheid na África do Sul
GEOGRAFIA
  A África do Sul está localizada no extremo sul do continente africano, com uma região costeira que se estende por mais de 2.500 quilômetros, sendo também banhada por dois oceanos (Atlântico e Índico). É limitado pela Namíbia, Botsuana e Zimbábue ao norte; Moçambique e Essuatíni a leste; e com o Lesoto, um enclave totalmente rodeado pelo território sul-africano.
  A África do Sul tem uma paisagem variada. Na parte ocidental, estende-se um grande planalto composto em parte por deserto e em parte por pastagens e savanas, cortado pelo curso do rio Orange e do seu principal afluente, o Vaal. Ao sul, erguem-se as cordilheiras do Karoo e, a leste, o Drakensberg, a maior cadeia montanhosa da África Meridional, onde se situa o ponto mais elevado do país, o monte Mafadi, com 3.450 metros, localizado na fronteira entre a África do Sul e o Lesoto.
Mafadi - ponto mais elevado da África do Sul
  Ao norte, o curso do rio Limpopo serve de fronteira com o Botsuana e o Zimbábue. O clima varia entre uma pequena zona de clima mediterrâneo, no extremo sul, na região do Cabo, a desértico a noroeste. No Drakensberg há áreas com clima de montanha e há queda de neve nos pontos mais elevados, comumente no inverno.
  A África do Sul assinou a Convenção sobre Diversidade Biológica em 4 de junho de 1994 e tornou-se uma parte da convenção em 2 de novembro de 1995. O país produziu posteriormente, uma Estratégia Nacional de Biodiversidade e um Plano de Ação, que foi recebida pela convenção em 7 de junho de 2006, e está em sexto lugar entre os 17 países megadiversos do mundo.
  Inúmeros mamíferos são encontrados na região das savanas, como leões, leopardos, rinocerontes-brancos, gnus-azuis, cudos, impalas, hienas, hipopótamos, elefantes, girafas, entre outros. A maior parte de área de savana localiza-se no nordeste do país, como o Parque Nacional de Kruger e na Reserva Mala Mala, bem como no extremo norte da Biosfera Waterberg. A África do Sul abriga muitas espécies endêmicas, como o coelho bosquímano (Bunolaqus monticularis), do Karoo.
Grupo de elefantes-africanos no Parque Nacional de Kruger
  O bioma predominante na África do Sul é a pradaria, onde a cobertura vegetal é dominada por diferentes gramíneas, arbustos baixos e árvores de acácia. A vegetação torna-se escassa no nordeste, devido à baixa pluviosidade. Existem várias espécies de suculentas que armazenam água, como os aloés e euphorbias na área seca de Namaqualand. As pradarias lentamente se transformam em um mato alto de cerrado no nordeste do país, com um crescimento mais denso. Há um número significativo de baobás nesta área, perto da extremidade norte do Parque Nacional Kruger.
Campo de flores no Parque Nacional West Coast
POPULAÇÃO
  A África do Sul é uma nação com quase 60 milhões de habitantes de diversas origens, culturas, línguas e crenças. Cerca de 80,2% da população do país é constituída por negros de diversas etnias, 8,5% é de origem europeia (destacando-se ingleses e holandeses), cerca de 8,8% de euroafricanos e 2,5% de asiáticos (principalmente descendentes de indianos). A população branca, embora minoritária, detém cerca de 60% da renda nacional e usufrui das melhores condições de vida no país.
  O país tem uma taxa de urbanização superior à do continente (67,4% em 2020). Estima-se que em 2030 a população residente nas cidades ultrapassará os 75%, enquanto que no continente essa parcela da população representará um pouco mais de 50% do total.
  Atualmente, um grave problema social é a alta taxa de desemprego (que atingiu cerca de 28% em 2019). A maior parte da população sul-africana vive em situação de pobreza, em um contexto de grande desigualdade socioeconômica e péssimas condições de saúde. Cerca de 19% dos adultos são portadores do vírus HIV, doença que contribui para que a expectativa de vida no país seja de 63 anos.
Pirâmide etária da África do Sul
ECONOMIA
  A África do Sul responde sozinha por cerca de 20% do PIB da África Subsaariana. A maior parte de suas divisas provêm das atividades industrial e mineral, especialmente ouro e diamante.
  A África do Sul possui a agricultura mais moderna e diversificada do continente africano. O país apresenta uma grande diversidade climática, que possibilita o cultivo de vários produtos agrícolas. Na zona mediterrânea destacam-se os vinhedos, o que transformou o país em grande produtor e exportador de vinhos.
  A pecuária é desenvolvida em cerca de 69% do território da África do Sul. As principais criações são suínos, caprinos, bovinos e ovinos.
Pretória - com uma população de 3.066.059 habitantes (estimativa 2020) é a quinta cidade mais populosa da África do Sul
  A África do Sul é um dos países com as maiores reservas de minérios no continente africano, sendo o maior produtor mundial de platina, cromo, manganês e titânio, o quinto maior produtor de diamante e o sexto maior produtor de ferro do mundo. O país exporta minérios brutos, dos quais é um dos principais fornecedores mundiais e o maior da África. Cerca de 25,5% de sua pauta de exportação é composta de minérios diversos. Entretanto, possui indústrias que processa internamente grande parte da produção mineral; usinas siderúrgicas e metalúrgicas, que produzem diversos tipos de metais - ferro, aço, alumínio, cobre, etc. -, os quais, por sua vez, alimentam outras indústrias, como a automobilística.
Porto Elizabeth - com uma população de 1.209.144 habitantes (estimativa 2020) é a sexta cidade mais populosa da África do Sul
  O parque industrial da África do Sul é o maior, mais diversificado e mais moderno da África. Isso contribui para que sua economia seja a segunda maior entre todos os países africanos (em termos de PIB, na África, a África do Sul só perde para a Nigéria).
  Entre os outros fatores que exerceram influência em sua economia está a entrada de investimentos ingleses e estadunidenses e os investimentos em infraestrutura e nas indústrias de base. Além disso, os imigrantes europeus trouxeram conhecimentos e experiência em diversas modalidades de trabalho, e a superexploração da mão de obra de xhosas, zulus e outras etnias do país durante o regime do apartheid trouxe altos lucros às empresas nacionais e estrangeiras. Hoje, há a garantia de uma série de direitos aos trabalhadores, reduzindo o grau de exploração.
East London - com uma população de 787.334 habitantes (estimativa 2020)é a sétima cidade mais populosa da África do Sul
ALGUNS DADOS SOBRE A ÁFRICA DO SUL
NOME: República da África do Sul
INDEPENDÊNCIA: do Reino Unido
União Sul-Africana: 31 de maio de 1910
Estatuto de Westminster: 11 de dezembro de 1931
República: 31 de maio de 1931
CAPITAIS: 
Executiva: Pretória
Centro Financeiro de Pretória - capital executiva da África do Sul
Legislativa: Cidade do Cabo
Centro Financeiro da Cidade do Cabo - capital legislativa da África do Sul
Judiciária: Bloemfontein
Bloemfontein - capital judiciária e oitava cidade mais populosa da África do Sul. Segundo estimativas para 2020 sua população é de 757.385 habitantes
GENTÍLICO: sul-africano (a), austro-africano (a)
LÍNGUA OFICIAL: a África do Sul tem 11 línguas oficiais. O país também reconhece oito línguas não oficiais como "línguas nacionais". Das línguas oficiais, duas são línguas indo-europeias - inglês e africâner - enquanto as outras nove são línguas da família bantu.
Mapa da África do Sul com a distribuição das línguas faladas no país
GOVERNO: República Parlamentarista Unitária de Partido Dominante
LOCALIZAÇÃO: extremo sul da África
ÁREA: 1.221.037 km² (24º) - inclui as Ilhas do Príncipe Eduardo
POPULAÇÃO (ONU - Estimativa para 2020): 59.098.284 habitantes (24°)
DENSIDADE POPULACIONAL: 48,40 hab./km² (127º). Obs: a densidade demográfica, densidade populacional ou população relativa, é a medida expressa pela relação entre a população total e a superfície de um determinado território.
CRESCIMENTO POPULACIONAL (ONU - Estimativa 2019): 0,55% (159°). Obs: o crescimento vegetativo, crescimento populacional ou crescimento natural é a diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade de uma determinada população e é contada da maior para a menor.
CIDADES MAIS POPULOSAS (Estimativa para 2020):
Joanesburgo: 4.654.350 habitantes
Joanesburgo - maior cidade da África do Sul
Cidade do Cabo: 3.925.157 habitantes
Cidade do Cabo - segunda cidade mais populosa da África do Sul
Durban: 3.612.757 habitantes
Durban - terceira cidade mais populosa da África do Sul
PIB (FMI - 2019): US$ 368,135 bilhões (34º). Obs: o PIB (Produto Interno Bruto), representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região (quer sejam países, estados ou cidades), durante um período determinado (mês, trimestre, ano).
PIB PER CAPITA (FMI 2019): U$ 6.229 (80°). Obs: o PIB per capita ou renda per capita é o Produto Interno Bruto (PIB) de um determinado lugar dividido por sua população. É o valor que cada habitante receberia se toda a renda fosse distribuída igualmente entre toda a população. 
IDH (ONU - 2019): 0,705 (113º) Obs: o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é uma medida comparativa usada para classificar os países pelo seu grau de desenvolvimento econômico e a qualidade de vida oferecida à população. Este índice é calculado com base em dados econômicos e sociais, variando de 0 (nenhum desenvolvimento humano) a 1 (desenvolvimento humano total). Quanto mais próximo de 1, mais desenvolvido é o país. No cálculo do IDH são computados os seguintes fatores: educação (anos médios de estudos), longevidade (expectativa de vida da população) e PIB per capita. A classificação é feita dividindo os países em quatro grandes grupos: baixo (de 0,0 a 0,500), médio (de 0,501 a 0,800), elevado (de 0,801 a 0,900) e muito elevado (de 0,901 a 1,0).
Mapa do IDH no mundo
EXPECTATIVA DE VIDA (OMS - 2019): 63,11 anos (154°). Obs: a expectativa de vida refere-se ao número médio de anos para ser vivido por um grupo de pessoas nascidas no mesmo ano, se a mortalidade em cada idade se mantém constante no futuro, e é contada da maior para a menor.
TAXA DE NATALIDADE (ONU - 2019): 17,94/mil (105º). Obs: a taxa de natalidade é a porcentagem de nascimentos ocorridos em uma população em um determinado período de tempo para cada grupo de mil pessoas, e é classificada do maior para o menor.
TAXA DE MORTALIDADE (CIA World Factbook - 2019): 22,0/mil (7º). Obs: o índice de mortalidade reflete o número de mortes registradas, em média por mil habitantes, em uma determinada região em um período de tempo, e é contada da maior para a menor.
TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL (CIA World Factbook - 2019):  44,42/mil (166°). Obs: a taxa de mortalidade infantil refere-se ao número de crianças que morrem no primeiro ano de vida entre mil nascidas vivas em um determinado período, e é classificada do menor para o maior.
Mapa com um gráfico que apresenta a taxa de mortalidade infantil dos países
TAXA DE FECUNDIDADE (CIA World Factbook - 2020): 2,22 filhos/mulher (91°). Obs: a taxa de fecundidade refere-se ao número médio de filhos que a mulher teria do início ao fim do seu período reprodutivo (15 a 49 anos), e é classificada do maior para o menor.
Mapa com a taxa de fertilidade dos países
  7-8 crianças
  6-7 crianças
  5-6 crianças
  4-5 crianças
  3-4 crianças
  2-3 crianças
  1-2 criança(s)
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2019):  93,1% (116º). Obs: essa taxa refere-se a todas as pessoas com 15 anos ou mais que sabem ler e escrever.
Mapa com o índice de alfabetização
TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2020): 67,4% (81°). Obs: essa taxa refere-se a porcentagem da população que mora nas cidades em relação à população total.
Mapa com o índice de urbanização entre os países
MOEDA: Rand
RELIGIÃO: protestantismo (73,2%), sem religião (14,9%), catolicismo (7,4%),  islamismo (1,7%), hinduísmo (1,1%), outras religiões (1,7%).
DIVISÃO: a África do Sul encontra-se dividida em nove províncias desde 1994. As províncias encontram-se divididas em municípios metropolitanos e distritos municipais. Estes últimos encontram-se subdivididos em municípios locais e zonas de gestão distrital. A delimitação dos municípios encontra-se inscrita na Constituição, e cada alteração implica em uma emenda; a última ocorreu em abril de 2006.
Mapa da África do Sul com suas províncias

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