segunda-feira, 3 de março de 2014

NOVAS RELAÇÕES DE TRABALHO NOS ESPAÇOS DA GLOBALIZAÇÃO

  A globalização é um dos processos de aprofundamento internacional da integração econômica, social, cultural e política que teria sido impulsionada pelo barateamento dos meios de transporte e comunicação dos países no final do século XX e início do século XXI.
  Embora vários estudiosos situem a origem da globalização em tempos modernos, outros traçam a sua história muito antes da era das descobertas e viagens ao Novo Mundo pelos europeus. No final do século XIX e início do século XX, a conexão das economias e culturas do mundo cresceu muito rapidamente.
  O termo globalização tem estado em uso crescente desde meados da década de 1980 e, especialmente, a partir de 1990.
  Em 2000, o Fundo Monetário Internacional (FMI) identificou quatro aspectos básicos da globalização: comércio e transações financeiras, movimentos de capital e de investimento, migração e movimento de pessoas e a disseminação de conhecimento. Além disso, os desafios ambientais, como a mudança climática, poluição do ar e excesso de pesca do oceano estão ligadas à globalização.
A expansão das transnacionais pelo mundo é um dos exemplos da globalização
  As novas tecnologias presentes nos espaços da globalização alteraram as relações espaço-tempo, intensificando a produção e os fluxos de mercadorias, pessoas e informações entre os lugares.
  O trabalho de vendas ou de atendimento ao consumidor está presente em quase todos os produtos comercializados e serviços prestados, como na área de saúde, de TV a cabo, telefonia fixa e móvel, internet, energia elétrica, serviços bancários, de cartão de crédito, entre outros. É comum a presença de dezenas de funcionários num mesmo ambiente de trabalho onde se utilizam, principalmente, as tecnologias do computador e do telefone. Essa forma de se relacionar entre empresas, prestadores de serviços, clientes, e entre as pessoas, é uma das características atuais da economia capitalista que predomina no mundo globalizado.
Tecnologia da Informação (TI)
  A influência da tecnologia transformou as relações na sociedade e contribuiu para uma nova organização do trabalho nos mais diversos setores da economia - financeiro, saúde, educação, lazer, entre outros -, tanto nos países industrializados como nos que estão em desenvolvimento.
  A produção para atender diferentes mercados, em todos os países e continentes, e a necessidade de ter custos menores acompanhados de inovações tecnológicas intensificaram  o uso da automação no processo produtivo. Essa informação reduziu o número de vagas e, consequentemente, de empregados nas empresas, provocando o chamado desemprego estrutural.
  O desemprego estrutural resulta das mudanças da estrutura da economia. Estas provocam desajustamentos no emprego da mão de obra, assim como alterações na composição da economia associada ao desenvolvimento. Existem duas causas para este tipo de desemprego: insuficiência da procura de bens e de serviços e insuficiência de investimento em torno da combinação de fatores produtivos desfavoráveis.
O uso cada vez maior da tecnologia vem provocando o chamado desemprego estrutural
  Nos países mais desenvolvidos, a utilização cada vez maior de recursos tecnológicos na produção industrial e na prestação de serviços gera desemprego nas fábricas. Em contrapartida, crescem as atividades no setor de serviços e o emprego nessa área. Já nos países menos desenvolvidos, o uso da tecnologia impulsionam também as atividades de serviços, mas provocam desemprego ainda maior na produção industrial e aumenta a pobreza. Os principais setores atingidos pelo desemprego estrutural são a agricultura, a estrutura de terceirização, a prestação de serviços e a indústria.
A mecanização da agricultura contribui para o êxodo rural
  Até a primeira metade do século XX, quando grande parte dos empregos estava voltada para a produção de bens, como automóveis, eletrodomésticos, roupas e outros objetos de uso pessoal, o trabalhador passava muitas horas na linha de produção, realizando movimentos repetitivos e mecânicos. Esse modelo de organização do trabalho tinha o objetivo de fabricar mercadorias de forma mais eficiente e rápida possível.
  Os trabalhadores - inclusive os mais especializados, os que não atuavam diretamente na linha de produção e que trabalhavam no setor administrativo - geralmente criavam vínculos fortes com a empresa, permanecendo no mesmo lugar de trabalho por vários anos, na mesma atividade. Porém, a partir da segunda metade do século XX, as mudanças na economia provocadas pela expansão mundial das grandes empresas e pela competitividade tornaram mais flexíveis a organização da produção e as relações de trabalho.
Uma das grandes mudanças nas relações de trabalho se deu com o fordismo
  Assim, o objetivo de melhorar os índices de produtividade dos funcionários e da competitividade do produto continua o mesmo, mas os instrumentos que tornam isso possível num mercado agora globalizado avançaram enormemente. A capacidade de inovar, interagir e cooperar no ambiente de trabalho são atualmente habilidades e atitudes valorizadas nas novas relações de trabalho a fim de aumentar a eficiência do empregado, e são estimuladas pelas empresas com gratificações e prêmios.
  O local de trabalho, por sua vez, também se tornou mais flexível. Em algumas atividades profissionais, as tarefas podem ser desenvolvidas fora do ambiente da empresa. Com a utilização de computadores pessoais ou portáteis, da internet, de celulares, tablets e sistemas de voz e imagem via internet, alguns profissionais podem inclusive trabalhar em casa, na mesma cidade da empresa ou até em outro país.
O avanço das telecomunicações permitiu as pessoas trabalharem sem sair de casa
  Apesar das mudanças nas relações de trabalho e de produção assinaladas nas últimas décadas, nem todas as empresas têm modelos de organização modernos. Muitas atividades produtivas procuram se tornar atuais, enfrentando várias dificuldades para serem competitivas no mercado.
  Além disso, muitos trabalhadores ainda vivenciam condições consideradas degradantes de trabalho em vários países do mundo: jornadas de trabalho sem períodos de descanso adequados, trabalhadores constantemente vigiados e controlados para atingirem a quantidade prevista de produção, salários baixos, muitas vezes insuficientes para garantir a sua sobrevivência.
A vigilância é uma das formas de pressionar os trabalhadores
  Com o avanço da tecnologia, os trabalhadores não qualificados são os que mais sofrem no mercado de trabalho. Sem oportunidades, acabam por entrar no mundo do subemprego.
  Subemprego é uma situação econômica localizada entre o emprego e o desemprego. Ocorre normalmente quando a pessoa não tem recursos financeiros ou formação técnica profissional para se recolocar no mercado de trabalho. Tal situação, que deveria ser temporária, transforma-se em definitiva quando o trabalhador não consegue mais voltar à economia formal, se transformando em trabalhador informal (sem apoio da Previdência Social, salário fixo, carteira assinada, seguro-desemprego, férias, décimo terceiro salário, entre outros).
  São exemplos de subemprego: camelôs, flanelinhas, catadores de material reciclável, ambulantes, entre outros.
Trabalhador informal
FONTE: Geografia nos dias de hoje, 9º ano / Cláudio Giardino ... [et al.]. - 1. ed. - São Paulo: Leya, 2012. - (Coleção nos dias de hoje)

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