terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

A REGIÃO DE FLANDRES E O SEPARATISMO NA BÉLGICA

  Flandres é uma região localizada no norte da Bélgica. Nessa região, a língua predominante é o holandês (neerlandês), embora o dialeto local desta língua seja conhecida popularmente por flamengo, mesmo nome dado aos seus habitantes. Considera-se que o flamengo e o holandês seja uma mesma língua, embora com algumas variações regionais ao nível da terminologia. Ao sul da Bélgica, encontra-se a região da Valônia.
  A população flamenga é de origem predominantemente holandesa e a sua gênese remonta ao período em que Flandres ainda fazia parte dos Países Baixos (popularmente conhecida como Holanda). Há também uma diversidade de povos vindos de diferentes partes do mundo.
Mapa da Bélgica
  Durante a ocupação espanhola, muitos protestantes abandonaram a região (que hoje possui uma maioria católica) e mudaram-se para a República das Sete Províncias Unidas dos Países Baixos. Historicamente, a região de Flandres não possui uma religião oficial, mas predomina o catolicismo.
  Flandres é uma região administrativa e política belga criada desde a criação do país. Possui um governo, parlamento e receitas próprias, e tem procurado maior autonomia, sendo atualmente a de maior poder econômico da Bélgica.
  Flandres é dividido em províncias, cada uma com uma cidade principal. As províncias com suas respectivas capitais são: Antuérpia (Antuérpia), Limburgo (Hasselt), Flandres Oriental (Gent), Flandres Ocidental (Bruges) e Brabante Flamengo (Leuven). A capital da Bélgica, Bruxelas, é uma região autônoma, mas se localiza na região de Flandres.
Mapa da Bélgica dividido em regiões
  Devido sua localização estratégica (bem no meio das rotas comerciais da Europa e com a presença de grandes portos), Flandres tem uma história marcada por mudanças de poder,  conquistas e casamentos com intuitos políticos.
  Essa região da Bélgica é bastante famosa por sua arte flamenga (grande produção de cerveja artesanal, chocolate e a famosa Folha-de-Flandres) e por ser o berço de famosos artistas de estilo, principalmente grandes pintores (Jan Gossaert, Joachim Patinir, Jean Clouet, Rosso Fiorentino, Francesco Primaticio, Eyck, Rogier van de Weyden, Peter Paul Rubens, Hans Memling, Hugo van der  Goes, Hieronymus Bosch, Peter Bruegel, dentre outros).

Caronte atravessando o Estige, obra de Joachim Patinir
  As cidades de Flandres preservam toda a riqueza de sua história, do seu legado cultural e sua identidade. Pode-se visitar castelos e ver  as majestosas casas das guildas medievais em Bruxelas ou Antuérpia, dentre outras centenas de atrações.
  Todos os monumentos e locais de interesse estão concentrados numa pequena área, o que facilita o passeio, seja qual for a cidade escolhida. Flandres é também é famosa pela sua cerveja, pelos seus deliciosos chocolates e queijos e por sua fina culinária.
A Descida da Cruz - obra de Peter Paul Rubens, e que está exposta na Catedral de Antuérpia
  Conhecida por sua cultura da moda e como o centro mundial de diamantes, Antuérpia fica a cerca de 46 quilômetros da capital Bruxelas. Possui uma população de 523.432 habitantes (estimativa 2018) e é a cidade do pintor Peter Paul Rubens.
  Os principais pontos turísticos da cidade são: a Estação Central - Antwerpen Centraal Station - (construída no século XIX e considerada a mais bonita da Europa), o Castelo Het Steen (construído no início da Idade Média, é considerada a construção mais antiga da cidade), a Catedral de Nossa Senhora (Onze Lieve Vrouwekathedraal - construída no século XIV, possui uma torre de 123 metros de altura), o Forte Steen, o Grote Maarkt, entre outras.
Castelo Het Steen
O SEPARATISMO BELGA
  A história da fundação da Bélgica como país promoveu o surgimento de movimentos separatistas flamengos e valões. Do lado de Flandres, partidos como o Nieuw-Vlaamse Alliantie (Nova Aliança Flamenga) e o extremamente conservador Vlaams Belang (Interesse Flamengo) lutam pela separação da região.
  Questões socioeconômicas e étnicas são as principais causas da tensão entre duas regiões na Bélgica. Ao norte predomina a comunidade flamenga, na região de Flandres. Por meio de seu partido conservador, os flamengos querem a separação da região sul, conhecida como Valônia, onde a maioria da população é de origem francesa.
Antuérpia - Bélgica
  Esta questão tem sua gênese no passado da Bélgica, quando a Valônia era a região mais rica e o seu povo menosprezava Flandres e tudo o que dela vinha, pelo fato de se considerar que os flamengos eram de condições mais modestas. Nesse período, os flamengos foram oprimidos por falarem uma língua diferente do francês, considerada como inferior, e possuíam poucos ou quase nenhum direito civil, se comparados com os seus compatriotas da Valônia. Quando a situação se inverteu, muitos flamengos que se sentiam injustamente oprimidos, adotaram uma posição radical.
Boom - Bélgica
  Uma das grandes questões discutidas hoje é o conservadorismo dos valões. Apesar de o holandês ser uma das línguas oficiais da Bélgica, poucos francófonos fazem questão de o aprender, optando até mesmo pelo inglês, quando se trata de se comunicar com seus compatriotas do norte. Em contrapartida, os flamengos esforçam-se por aprender o francês (língua oficial da Valônia), assim como o alemão, que é falado em uma pequena parte do país (numa zona junto à fronteira alemã e que faz, oficialmente, parte da Valônia).
Grote Maarkt - Antuérpia
  Esta complexa situação está na origem da profunda crise política vivida pela Bélgica desde 2009, cujo aspecto mais visível é a dificuldade em constituir governo (como aconteceu em 2010-2011, quando o país ficou 541 dias sem governo). Entre os flamengos verifica-se uma significativa tendência para se defender a separação da Bélgica, ou seja, para obter a independência total de Flandres. A maioria, no entanto, rejeita esta solução, sendo favorável a uma maior autonomia. Por outro lado, existem camadas da juventude belga, tanto na Valônia como em Flandres, que começaram a manifestar-se em 2011 contra o bloqueio político provocado pelo conflito entre as regiões, ridicularizando-o sob a designação de "guerra das batatas fritas".
Essen - Bélgica
  Embora a dissolução de um Estado-membro da União Europeia levaria a admissão automática de estados resultantes, existem na Europa discrepâncias sobre a sua adequação, pois acredita que poderia ser o caminho para continuar a encorajar o separatismo em outras regiões, como o País Basco e a Catalunha na Espanha, ou a Escócia no Reino Unido.
  Em relação a isto e, dada a heterogeneidade cultural da população belga e suas semelhanças respectivas com os países próximos, alguns círculos conservadores propõem a dissolução da Bélgica e sua integração com os países vizinhos: Flandres aos Países Baixos, Valônia à França e a comunidade germanófona do leste da Valônia à Alemanha. Propõe-se também que, em tal caso, a cidade de Bruxelas se torne um assunto federal, administrado diretamente pela União Europeia, que agiria como a capital do bloco.
Bruxelas - capital da Bélgica
REFERÊNCIA: Projeto Apoema geografia 9 / Cláudia Magalhães... [et al]. -- 2. ed. -- São Paulo: Editora do Brasil, 2015. -- (Projeto Apoema; v.9).

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

A DIVISÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO (DIT)

  Um dos grandes acontecimentos do século XX foi o fim dos impérios coloniais entre 1945 e 1975. As novas nações independentes, em sua maioria localizadas na África e na Ásia, passaram a fazer parte do grande bloco de países subdesenvolvidos, então chamados Terceiro Mundo, do qual também faziam parte as antigas colônias da América, com exceção dos Estados Unidos e do Canadá.
  Nesse contexto, estabeleceu-se a Divisão Internacional do Trabalho (DIT), denominação clássica que caracterizava as relações entre os países desenvolvidos e os países subdesenvolvidos não industrializados.
  A DIT é uma divisão produtiva em âmbito internacional. Os países emergentes ou em desenvolvimento que obtiveram uma industrialização tardia e que possuem economias ainda frágeis e passíveis de crises econômicas, oferecem aos países industrializados um leque de benefícios e incentivos para a instalação de indústrias, tais como a inserção parcial ou total de impostos, mão de obra abundante e barata, entre outros.
  Com a independência política do então Terceiro Mundo e a oligopolização dos mercados, as empresas multinacionais, hoje chamadas, mais apropriadamente, transnacionais, mantiveram a sede em seu país de origem e abriram unidades de produção em países subdesenvolvidos para conseguir menores custos de matéria-prima, mão de obra, incentivos fiscais e mercado consumidor. Isso criou condições para que esses países se industrializassem. Foi o que aconteceu com Brasil, México, Argentina, Índia e África do Sul, em uma primeira etapa, e, mais tarde, com Cingapura, Taiwan, Coreia do Sul e Hong Kong, os chamados Tigres Asiáticos.
  Com a industrialização de alguns países subdesenvolvidos e a crescente movimentação de capitais na economia mundial, outra Divisão Internacional do Trabalho passou a vigorar com a DIT clássica, expressando as relações entre os países desenvolvidos e os países subdesenvolvidos industrializados.
  Essa nova DIT é muito mais complexa, pois envolve o fluxo de mercadorias e de capital, de ambos os lados, isto é, os novos países industrializados deixaram de ser unicamente fornecedores de matéria-prima para os países desenvolvidos.
  A DIT direciona uma especialização produtiva global, já que cada país fica designado a produzir um determinado produto ou partes do mesmo, dependendo dos incentivos oferecidos em cada país. Esse processo se expandiu na mesma proporção que o capitalismo. Nesse sentido, um exemplo que pode ser dado é a montagem de um automóvel realizado na Argentina, porém, com componentes oriundos de diferentes países, como a parte elétrica e eletrônica de Taiwan, borrachas da Indonésia e assim por diante. Isso ocorre porque cada país oferece atrativos. Desta forma, o custo do produto final será menor, aumentando os lucros.
  Em meados do século XX, com a superação da crise, a economia retomou seu crescimento, fazendo com que a concentração empresarial se tornasse mais complexa. Foi quando surgiram os conglomerados, constituídos por empresas que diversificam sua produção para dominar a oferta de determinados produtos ou serviços. Geralmente, esses conglomerados são administrados por holdings (empresa criada para administrar outras), que pode ser definida como o estágio mais avançado do capitalismo monopolista.
  Também nesse período surgiram nova invenções, como os primeiros computadores (1946), o transistor (componente eletrônico utilizado como amplificador e interruptor de sinais elétricos) e os satélites artificiais, e novos materiais, como diversos tipos de plástico (desenvolvidos pela indústria petroquímica), fertilizantes agrícolas e inúmeros outros produtos que envolvem tecnologia de ponta e vultosos investimentos controlados por grandes corporações empresariais.
  Como consequência da utilização de novas tecnologias, o capitalismo foi se tornando informacional e incorporou cada vez mais o conhecimento à atividade produtiva, levando a economia a iniciar sua jornada rumo à globalização, aprimorando cada vez mais a DIT.
  Após a segunda metade do século XX, os computadores e as tecnologias de comunicação se aperfeiçoaram e permitiram o armazenamento de dados e a transmissão de informação com velocidade cada vez maior. Isso tornou possível a reestruturação do modo de produção capitalista, fazendo com que esse sistema entrasse na era informacional.
  A partir da década de 1970, o conhecimento tornou-se tão importante que empresas passaram a investir bilhões de dólares em pesquisa e desenvolvimento (P&D). Nessa nova etapa da DIT, os avanços tecnológicos podem agregar mais valor aos produtos fabricados ou serviços oferecidos e proporcionar melhorias na produção por meio do processamento de informações e da expansão das atividades que fazem parte do setor terciário, como atividades financeiras, os transportes e os serviços em geral.
  Surge, assim, uma sociedade pós-industrial, chamada sociedade da informação, que se torna parte de uma economia global, devido às novas tecnologias de comunicação e de transporte. Os principais componentes dessa economia, como consumo, circulação, trabalho, matéria-prima, tecnologia e mercado funcionam em escala mundial, daí chamarmos globalização esse processo de fortalecimento do capitalismo.
  Assim, a dependência econômica dos fluxos informacionais garante poder a quem domina e controla suas tecnologias, tornando as regiões excluídas cada vez menos importantes no cenário da economia global e consolidando uma nova Divisão Internacional do Trabalho, na qual é possível distinguir:
  • produtores de alto valor, que mantêm seus negócios com base no trabalho informacional: centros industriais de alta tecnologia (informática, biotecnologia, robótica, telecomunicações, aeroespaciais, etc.), os chamados tecnopolos, como Bangalore (Índia), Campinas, São Carlos e São José dos Campos - SP (Brasil), Vale do Silício (Estados Unidos), Tsukuba (Japão), Taedok (Coreia do Sul), dentre outras;
  • produtores de grandes volumes, com trabalho de menor custo: países e regiões que obtêm grande produção com mão de obra não qualificada (de baixo custo), como México, Brasil, Argentina, China, dentre outros;
  • produtores de matérias-primas que são recursos naturais: a maioria dos países da África, da América Latina e da Ásia, que são produtores e exportadores de minérios e de produtos agrícolas. Esse grupo enfrenta também o fato de as matérias-primas estarem desvalorizadas em relação aos produtos de alta tecnologia;
  • produtores cujo trabalho perde valor nesse sistema: regiões nas quais o desemprego é expressivo e crescem o trabalho informal e o subemprego.
Bangalore - Índia
  Assim, a nova DIT não segue as fronteiras nacionais. As diversas categorias podem ser encontradas em um mesmo país, seja ele desenvolvido, seja ele em desenvolvimento. Um exemplo disso é o Brasil, que apresenta centros de alta tecnologia (Campinas, São José dos Campos e São Carlos); regiões com agroindústrias, como o planalto ocidental paulista, onde se encontram as cidades de Araçatuba, Presidente Prudente, Catanduva, entre outras; e centros produtores de matérias-primas minerais e agrícolas, como o Complexo de Carajás, no Pará.
Unidade de produção de laticínios da Nestlé, em Araçatuba - SP
  Três fatores conjugados dão aos lugares a diversificação de excelência: o conhecimento de altas tecnologias, o nível educacional da população e a mão de obra qualificada.
  A Divisão Internacional do Trabalho também provoca desigualdades. Os países emergentes ou em desenvolvimento, como México, Argentina, Brasil e outros, adquirem tecnologias a preços altos, enquanto que os produtos exportados pelos países citados não atingem preços satisfatórios, favorecendo os países ricos.
REFERÊNCIA: Almeida, Lúcia Marina Alves de
Fronteiras da globalização / Lúcia Marina Alves de Almeida, Tércio Barbosa Rigolin. -- 3. ed. --São Paulo: Ática, 2016.

sábado, 13 de janeiro de 2018

NOLLYWOOD: A INDÚSTRIA DO CINEMA NIGERIANO

  Duzentos filmes por mês e mais de 250 milhões de dólares por ano. Esses são os números que fizeram com que Nollywood, a indústria cinematográfica da Nigéria, se destacasse como a segunda maior indústria do cinema mundial em número de filmes produzidos por ano (só perdendo para Bollywood, a indústria cinematográfica da Índia, sediada na cidade de Mumbai), à frente até mesmo da poderosa Hollywood e a terceira em rendimentos.
  O cinema da Nigéria tem crescido nos últimos anos e, embora seja um mercado extremamente informal, teve uma grande explosão de produção nos últimos anos que tem chamado a atenção mundial por suas características únicas. Todas as produções são realizadas em vídeo.
Produção de cinema na Nigéria
  O mercado da Nigéria é exclusivamente de homevídeo (com 90% da produção sem distribuição oficial, legalizada), pois praticamente não existem mais salas de cinema no país. Com este panorama, não é possível apontar com alguma precisão o tamanho desta indústria.
  Com temas de interesse da população, como divulgação religiosa, tradições e dilemas do cotidiano da África moderna, o cinema nigeriano atrai pessoas em todo o país e também em outras partes do continente.
  Os custos não ultrapassam os 40 mil dólares por produção. Os filmes são feitos com câmeras de vídeo digital, e a representação é feita de maneira quase caseira, em salas com cerca de 20 cadeiras, uma televisão e um aparelho de DVD.
Filme nigeriano
  Sem salas de cinema, a Nigéria conta com cerca de 15 mil videoclubes e locadoras, e em quase todo tipo de comércio pode-se encontrar filmes para vender ou alugar. Estima-se que cada filme venda cerca de 25 mil cópias. No entanto, não é possível saber o número de locações de cada cópia e quantas pessoas assistem a cópia por cada locação. Os preços das cópias e das locações são compatíveis com os preços do mercado pirata, na tentativa de poder competir de igual para igual, mas mesmo assim a pirataria também é um problema grave na Nigéria, país onde a grande maioria da população é de baixa renda.
  Nascida na década de 1960, Nollywood enfrentou dificuldades no início, devido aos altos custos das produções. Ainda na década de 1980, a abertura televisiva no país garantiu as primeiras concessões e logo cada estado possuía sua emissora. A limitação de conteúdos estrangeiros na televisão fez com que os produtores de Lagos, capital nigeriana, passassem a produzir peças de teatro televisionadas. Mas a consagração se deu em meados da década de 1990, quando Kenneth Nnebue utilizou cassetes de filmes importados para produzir seu próprio filme e distribuir entre sua rede de contatos. O sucesso do filme resultou em diversas novas produções caseiras que invadiu toda a Nigéria.
  O sucesso desta indústria reside principalmente na temática dos filmes ter um apelo direto com o público local, por tratar de preocupações, conflitos e realidades que frequentam o noticiário e o imaginário da população nigeriana. Os temas mais frequentes são AIDS, corrupção, prostituição, religião e ocultismo.
  A produção é realizada em diferentes línguas, assim como acontece em Bollywood. Na Nigéria, cerca de 40% da produção é em inglês, 35% em iorubá, 17,5% em hauçá e os 7,5% restantes em outras línguas e dialetos locais. Nollywood também começa a conquistar espaço em outros países da África, com seus atores fazendo sucesso na região entre Gana e Zâmbia, e vai aos poucos ganhando prestígio internacional.
  A repercussão da produção nacional de vídeo na Nigéria tem chamado também a atenção do governo local e, nos últimos anos, surgiram ações como a criação da Comissão de Filmes Nigeriana, uma escola de cinema e a criação de um stúdio, o Tinapa Film Studio, que foi construído pelo governo nigeriano em parceria com a companhia privada norte-americana Dream Entertainment. O governo também estuda a criação de um fundo de U$ 40 milhões para a produção de filmes.
  A inserção do cinema na Nigéria é atrelada com o fim do sistema colonial imposto pelos britânicos. Após a independência do país, o governo nigeriano utilizou a rede de televisão e fomentou a produção de filmes que convergissem com as políticas e ideologias desse novo governo, como uma ferramenta de propaganda. Nas décadas de 1960 e 1970, a produção de filmes nigeriana para a televisão apresentou aspectos que visavam uma espécie de descolonização na mente. Para o novo governo, os filmes televisivos acabavam servindo como um link de relações públicas. Com o boom do petróleo, na década de 1970, a economia do país começou a se firmar, possibilitando o financiamento e investimento estatal para o setor cinematográfico.
REFERÊNCIA: Silva, Ângela Corrêa da
Geografia: contextos e redes / Ângela Corrêa da Silva, Nelson Bacic Olic, Ruy Lozano. - 2.ed. - São Paulo: Moderna, 2016.

quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

ETIÓPIA: UM DOS PAÍSES MAIS ANTIGOS DO MUNDO

  A Etiópia é um país encravado no Chifre da África, sendo um dos mais antigos do mundo. É a segunda nação mais populosa da África. Considerando que a maioria dos Estados africanos têm menos de um século de idade, a Etiópia foi um país independente continuamente desde tempos passados. Um Estado monárquico que ocupou a maioria de sua história, a Dinastia Etíope tem suas raízes no século X a.C.. Quando o continente africano foi dividido entre as potências europeias na Conferência de Berlim, a Etiópia foi um dos dois únicos países que mantiveram sua independência (o outro foi a Libéria). A Etiópia foi uma das três nações africanas que fizeram parte da criação da Liga das Nações (além da Libéria e África do Sul) e, após um breve período de ocupação italiana, o país tornou-se membro das Nações Unidas.
Mapa da Etiópia
  Quando as outras nações africanas se tornaram independentes após a Segunda Guerra Mundial, muitas delas adotaram cores da bandeira da Etiópia, e Adis Abeba tornou-se a sede de várias organizações internacionais focadas na África. Atualmente, a capital etíope é sede da União Africana e da Comissão das Nações Unidas para a África.
  Além de ser um país antigo, a Etiópia é um dos sítios de existência humana mais antigos e, segundo especialistas, foi no seu território que surgiu o Homo sapiens.
Crânio de Lucy, um fóssil de Australopithecus afarensis de 3,2 milhões de anos, que foi encontrado no deserto de Afar, Etiópia
GEOGRAFIA
  A Etiópia faz fronteira com o Sudão e o Sudão do Sul a oeste, com Djibuti e a Eritreia ao norte, com a Somália a leste, e com o Quênia ao sul. A maior parte do território etíope se situa no Chifre da África, que é a parte mais oriental do continente africano.
  O território da Etiópia assenta-se sobre quatro formações geológicas:
  • as rochas do Pré-Cambriano, com mais de 540 milhões de anos, formam o complexo basal da Etiópia;
  • a base Pré-Cambriana está coberta por outras formações geológicas mais recentes, exceto em alguns lugares ao norte, oeste e sul, onde se encontram expostas camadas rochosas de granito e xisto;
  • processos geológicos da era Mesozoica (que datam entre 245 e 66,4 milhões de anos) contribuíram com camadas sedimentares de calcário e arenito, muitas das quais erodidas por rochas vulcânicas;
  • rochas sedimentares mais recentes encontram-se no norte do país e no fundo do Rift Valley, onde lavas do Terciário e Quaternário (que datam de 66,4 milhões de anos até o presente) formaram camadas de basalto que cobrem cerca de dois terços da Etiópia, com espessuras que variam de 300  até 3.000 metros.
Mapa topográfico da Etiópia
  As regiões mais elevadas possuem temperaturas que variam de 0 ºC a 16 ºC; a zona temperada, nas elevações entre 1.500 metros e 2.400 metros, possui temperaturas que variam de 16 ºC a 30 ºC; a zona mais quente, onde as altitudes são inferiores a 1.500 metros, tem condições tropicais e áridas, com temperaturas diurnas variando entre 27 ºC e 50 ºC. A estação chuvosa normal vai de meados de junho a meados de setembro (com maiores precipitações nos planaltos do sul), precedido por chuvas intermitentes de fevereiro a março; o restante do ano, geralmente é seco.
Paisagem da Etiópia
  A Etiópia é um país ecologicamente diversificado, possuindo desde desertos ao longo da fronteira oriental, às florestas tropicais no sul e ao extenso Afromontane (sub-regiões do reino afrotropical) nas partes norte e sudoeste. O Lago Tana, ao norte, é a fonte do Nilo Azul. O país tem um grande número de espécies endêmicas, notavelmente o gelada e o lobo-etíope. Outra planta endêmica da Etiópia é o café, originária das terras altas do país. A ampla gama de altitudes, deu ao país uma variedade de áreas distintas ecologicamente, ajudando a estimular a evolução de espécies endêmicas por isolamento ecológico.
Propriedade rural na Etiópia
  Entre o vale do Nilo Azul e a fronteira da Etiópia com a Eritreia, há uma região de elevados planaltos, onde se localizam várias cadeias de montanhas. Estes planaltos e montanhas constituem as Terras Altas da Etiópia. Em quase todos os lugares, as paredes dos planaltos têm subidas abruptas, constituindo em cadeias montanhosas. As Terras Altas servem como divisão orográfica do país.
  Os picos mais altos do território etíope são encontrados nas serras de Semien e Bale. As montanhas Semien situam-se a nordeste do Lago Tana e tem seu cume no pico coberto de neve, com destaque para o Ras Dashan, que possui uma altitude de 4.550 metros e é o ponto mais elevado da Etiópia.
Ras Dashan - ponto mais elevado da Etiópia
  Poucos quilômetros a leste e a norte do Ras Dashan, situam-se os montes Biuat e Abba Yared, com 4.437 e 4.460 metros, respectivamente. As montanhas Bale são separadas da maior parte das terras altas pelo Rift Valley, um dos maiores e mais profundos abismos, não só da Etiópia, como também de toda a África. Os picos mais altos das montanhas Bale são o Tullu Dimtu (4.377 metros), o Batu (4.307 metros), o Chilalo (4.036 metros) e o Monte Kaka (3.820 metros).
Montanhas Bale
  Paralelo à escarpa oriental, há algumas elevações, como os montes Biala (3.810 metros), Abuna Yosef (4.190 metros) e Kollo (4.300 metros). Entre o Lago Tana e e as colinas do leste encontram-se os montes Guna (4.210 metros) e o Uara Sahia (3.960 metros). Nas montanhas Choga, o Monte Choga (também chamado de Monte Birhan), possui uma altitude de 4.154 metros.
Monte Biuat
  O Monte Chukalla é um antigo vulcão, atualmente inativo, localizado na região de Oromia. Está localizado na sub-região de Woreda, e sobe de uma planície a 30 quilômetros ao sul de Debre Zeyit. É conhecido pelo seu lago elíptico, formado na cratera vulcânica, que é chamado Lago Dembel.
Monte Chukalla
  A maioria dos planaltos da Etiópia têm uma inclinação que desce na direção noroeste, de modo que quase todos os rios fluam nesta direção ao rio Nilo, compreendendo cerca de 85% da água do país. Assim como os rio Tekezé ao norte, Abay no centro, e o Sobat ao sul, cerca de quatro quintos de toda a rede hidrográfica do país é descarregado nessas três artérias. O restante é levado pelo Awash, que corre ao longo da fronteira com o Djibuti; pelos rios Shebelle e Jubba, que fluem a sudeste através da Somália (embora o Shebelle não consiga chegar ao Índico); e pelo Omo, o principal distribuidor de águas da bacia endorreica (área na qual a água não flui superficialmente, por rios, até o mar) do Lago Turkana.
Lago Turkana, entre a Etiópia e o Quênia
  O rio Tekezé, que é, na verdade, o curso superior do rio Atbarah, tem suas nascentes no planalto central e possui descidas que vão de 2.100 a 750 metros. A enorme fenda da qual ele flui para oeste e norte, forma a parte da fronteira com a Eritreia, e percorre seu caminho em terras ocidentais até chegar ao Sudão. Durante o período chuvoso, seu volume chega a aumentar cerca de 5 metros acima do normal e, nesta época, forma uma barreira intransponível entre as regiões norte e central, por isso, ele e conhecido por "Terrível". No seu baixo curso, o rio é conhecido pelo nome árabe de Setit, e, no Sudão, se torna afluente do Atbarah.
Rio Tekezé - Etiópia
  O rio Gash, ou Mareb, que forma a fronteira com a Eritreia, é o mais setentrional dos rios de planalto que fluem em direção ao vale do Nilo. Sua nascente flui em direção ao escapamento leste por cerca de 80 quilômetros até a Baía Annesley, no Mar Vermelho. Ele atinge as planícies do Sudão, e suas águas estão sujeitas a cheias repentinas durante a temporada chuvosa. Apenas a margem esquerda no curso superior do rio pertence ao território etíope.
  O rio Abay - que é o curso superior do Nilo Azul -, se origina no Monte Denguiza, nas montanhas Choga e flui primeiramente por cerca de 110 quilômetros próximo ao monte devido à margem norte e sul do Lago Tana. O Lago Tana, que mede de 750 metros a 1.000 metros abaixo do nível normal do planalto, tem o aspecto físico de uma cratera inundada, possuindo uma área de 2.800 km², e uma profundidade, em algumas partes, de 75 metros. No sudeste, a borda da cratera é aberta por uma fenda profunda através do qual o Abay segue seu caminho até as planícies de Sennar, onde recebe o nome de Bahr-el-Azrak ou Nilo Azul.
Lago Tana - Etiópia
  O Abay possui muitos afluentes, com destaque para os rios Bashilo, Jamma, Muger, Didessa (o maior afluente do Abay), Dabus, dentre outros. Todos eles são rios perenes. Os afluentes da margem direita fluem principalmente no lado ocidental do planalto, possuem declives acentuados e são geralmente de caráter torrencial.
Queda d'água no rio Abay - Etiópia
  O principal rio da Etiópia que flui na direção leste é o rio Awash, que nasce nas terras altas de Shewan e perfaz uma curva semicircular a sudeste e nordeste. Ele alcança a depressão de Afar através de uma grande fenda na escarpa oriental do planalto, do qual ele é unido na sua margem esquerda por seu principal afluente, o Germana (ou Kasam), e depois volta em direção ao Golfo de Tadjoura. Lá, o Awash segue um fluxo de 60 quilômetros de comprimento e 1,2 de largura, mesmo na época da seca. Durante as cheias, o rio alcança uma largura de 15 a 20 metros acima do nível do mar, inundando as planícies por muitos quilômetros ao longo de suas margens. Após um curso sinuoso de cerca de 800 quilômetros, passa, em sua parte inferior, por várias lagoas até chegar ao Lago Abbe, na fronteira com o Djibuti, onde o rio desaparece. Este fenômeno notável é explicado pela posição do lago, que se encontra no centro de uma depressão com salinas lacustres há vários metros abaixo do nível do mar.
Rio Awash - Etiópia
  Enquanto a maioria das outras lagoas são altamente salinizadas, com incrustações de sal rodeando suas margens, o Abbe permanece fresco durante todo o ano, devido à grande massa de água lançada pelo Awash.
Margens do Lago Abbe
  A Depressão de Afar (também chamada de Depressão de Danakil ou Triângulo de Afar) é a região do Chifre da África onde as placas Africana, Arábica e Indiana estão se separando e nelas se origina o Rift Valley (ou Vale do Rift).
Localização do Triângulo de Afar
  Engloba terras da Eritreia, Etiópia e Djibuti, e é uma região de estresse da crosta terrestre, resultando no surgimento de fissuras, vulcões, escarpas, falhas, fumarolas (abertura na superfície terrestre e que emite vapor de água e gases) e fontes termais.
Fissura na Depressão de Afar provocada pelo afastamento das placas Africana, Arábica e Indiana, e que poderá dividir o continente africano ao meio
  Nessa região também está localizado o Lago Assal, que marca o ponto mais baixo do continente africano, a 155 metros abaixo do nível do mar. Devido à baixa elevação, o Mar Vermelho acabou inundando a Depressão de Afar, deixando para trás depósitos de sal que hoje são explorados por mercadores.
Lagos de sal na Depressão de Afar
HISTÓRIA
   A história da Etiópia está documentada como uma das mais antigas do mundo. Segundo descobertas recentes, a espécie Homo sapiens seria originária dessa região e daí teria se espalhado pelo planeta. Lucy, descoberta no Vale de Awash, é considerado o segundo mais antigo, preservado e mais completo fóssil adulto Australopithecus já encontrado. A espécie de Lucy é chamada Australopithecus afarensis, que significa "macaco do sul de Afar", região da Etiópia onde a descoberta foi feita. É estimado que Lucy tenha vivido na Etiópia há cerca de 3,2 milhões de anos atrás. Houve várias outras descobertas notáveis de fósseis no país, incluindo o fóssil humano mais antigo, Ardi ou Ardipithecus ramidus. O Ardipithecus ramidus é uma espécie de hominídeo, provavelmente bípede, e que poderia ter sido um dos antepassados da espécie humana.
Paisagem da Depressão de Afar - nessa região foram encontrados os fósseis mais antigos do Homo sapiens
  Junto com seus vizinhos (Eritreia, Sudão, Djibuti, Somália e Somalilândia), esta região hospedou também o Império de Axum. A origem de Axum, por sua vez, remonta ao reino de Sabá (ou Shebah), no Iêmen, referido na Bíblia, que, por volta do ano 1.000 a.C., se estendia, aparentemente, por todo o Chifre da África e por parte da Península Arábica.
  Desde aproximadamente o século IV a.C., os gregos chamavam de "Etiópia" a todos os países com população de raça negra, sem distinguir reinos nem países. Portanto, a Etiópia, segundo os gregos, poderia ser a Núbia (região do vale do Nilo que atualmente é partilhada pelo Egito e pelo Sudão), ou poderia ser o Império de Axum, que se concentrava nos arredores da Eritreia e ao norte da Etiópia.
Parque das Estrelas, em Axum
  A tradição etíope considera como marco da fundação de sua dinastia real a união entre a Rainha de Sabá e o rei Salomão. Dessa união nasce Menelik I, pai de toda a linhagem etíope. As culturas pastorais e agrícolas prosperam entre os séculos VIII e VI a.C. O reino de Da'amat se estabelece no século VII a.C.
  Após a queda dos Da'amat, no século IV a.C., a região veio a ser dominada por reinos sucessores menores, até a ascensão de um desses reinos durante o século I a.C., o Império Axumita (ou Império de Axum), ancestral da Etiópia moderna e medieval. Este reino estabeleceu bases nas terras altas do norte do Planalto Etíope e de lá, expandiu-se em direção ao sul.
Mapa do Império de Axum
  Fontes gregas referem que o Império de Axum era extremamente rico no século I d.C. e a cidade de Adúlis (que fica na Eritreia) é frequentemente mencionada como um dos mais importantes portos da África. Documentos oficiais, contudo, colocam a cidade de Axum como a capital onde se encontrava a corte da Rainha de Sabá. Esse reino tinha, no século II d.C., direito de receber tributos de estados da Península Arábica e tinha conquistado o Reino de Cuche, atual Sudão. Há indicações de caráter cosmopolita desse reino com populações judaicas, núbias, cristãs e minorias budistas. Esse reino durou até o século X, quando começou a entrar em declínio, dando lugar ao Reino de Zagué.
Obelisco de Axum
  O Reino de Zagué governou algumas partes da região em que atualmente se situam a Etiópia e a Eritreia, entre 1137 e 1270. O nome da dinastia vem do povo Agaw, que falam línguas cuchíticas, no norte da Etiópia. Durante o século XIII, o rei Lalibela, o mais famoso governante da dinastia, mandou construir na rocha uma série de igrejas. Em 1270, Yekuno Amlak, um príncipe que se dizia descendente do rei Salomão e da Rainha de Sabá, derrubou a dinastia. O Império dividiu-se em pequenos reinos, depois de uma série de guerras contra os invasores muçulmanos.
  No início do século XV, a Etiópia procurou realizar contatos diplomáticos com reinos europeus. Em 1508, a Etiópia mantém suas primeiras relações contínuas com um país europeu, Portugal, que ajudou o país na guerra Etíope-Adal. Esta guerra foi uma das primeiras guerras por procuração, quando o Império Otomano e Portugal tomaram conta das partes envolvidas no conflito.
Castelo do Rei Fasilides
  Em 1624, o Imperador Susenyos, converteu-se ao catolicismo, ano de revolta e agitação civil, resultando em milhares de mortes. Os missionários jesuítas atacaram a fé ortodoxa dos etíopes locais e, em 25 de junho de 1632, o filho de Susenyos, o Imperador Fasilides, declarou a Igreja Ortodoxa Etíope como a religião oficial do Estado, expulsando os missionários jesuítas e outros europeus do país, contribuindo para o isolamento político da Etiópia.
Nazareth (também chamada de Adama) - com uma população de 264.993 habitantes (estimativa 2018) é a quarta maior cidade da Etiópia
  De 1755 a 1855, a Etiópia viveu o período chamado de "Zemene Mesafint" ou "Idade dos Príncipes". Os imperadores tornaram-se figurativos, controlados por senhores de guerra.
  O isolacionismo etíope terminou após uma missão britânica que promoveu uma aliança entre as duas nações. Em 1855 chega ao poder o Imperador Tewodros II, que promoveu a união entre os etíopes e modernizou o país, promovendo uma maior abertura externa.
  Apesar de ter promovido uma união, o governo de Tewodros II sofreu com várias rebeliões. Milícias Oromos do norte, rebeliões tigrínias e as constantes incursões do Império Otomano e forças etíopes próximas ao Mar Vermelho, levaram ao enfraquecimento e a queda do Imperador, que morreu em uma batalha com uma força expedicionária britânica. Em 1868, a Etiópia e o Egito entraram em guerra. As forças do norte da Etiópia, lideradas pelo Imperador Yohannes IV, derrotaram os egípcio.
Bahir Dar - com uma população de 209.151habitantes (estimativa 2018) é a quinta maior cidade daEtiópia
  Entre o final da década de  1880 e início da década de 1890, a Etiópia começa a expandir seu reino em direção ao sul e ao leste, em áreas que ainda não haviam sido exploradas e em outras áreas que nunca estiveram sob seu litígio, resultando nas fronteiras do país até os dias atuais. Entre 1888 e 1892, houve uma grande fome no território etíope, provocando a redução de um terço de sua população.
  Entre 1884/85 ocorre a Conferência de Berlim e, nesse período, a Etiópia começa seu processo de modernização, além da rivalização entre italianos e britânicos por influência em regiões vizinhas. Asseb, um porto próximo à entrada sul do Mar Vermelho, foi comprada em março de 1870 do sultão de Afar, vassalo do Imperador Etíope, por uma companhia italiana, a qual, em 1890, levou à colônia italiana de Eritreia. Conflitos entre os dois países resultaram na Batalha de Adwa, em 1896, através da qual os etíopes derrotaram os italianos e permaneceram independentes sob o governo de Menelik II. A Etiópia e a Itália assinaram um tratado provisório de paz em 25 de outubro de 1896.
Ilustração etíope mostrando seu lado durante a vitória, conduzida por São Jorge
  Halle Selassie chega ao poder em 1916, após a deposição de Iyasu V, e é nomeado Ras e Regente pela Rainha Zewditu, viúva de Menelik II. Após a morte de Zewditu, Selassie foi coroado imperador em 2 de novembro de 1930, e empreendeu uma grande modernização no país. Selassier ficou conhecido como uma figura unitária tanto na Etiópia quanto no continente africano.
  A violenta invasão italiana da Etiópia, em 1936, gerou intenso debate em torno da legitimidade dos povos ditos "civilizados".
  De um lado estava a Etiópia, Estado africano independente que já havia derrotado os italianos em 1896, tornando-se assim a referência central para os movimentos africanos de autonomia. Sua história era uma das mais antigas do mundo. O território do poderoso e ancestral Reino de Axum foi local de confluência das três principais religiões monoteístas do globo: judaísmo, cristianismo e islamismo.
Haile Selassie (1892-1975)
  Sob o reinado do imperador Haile Selassié I, a Etiópia havia se modernizado com a construção de ferrovias e estradas de rodagem que ligavam a capital às províncias. Introduziu-se uma legislação eleitoral e uma Constituição escrita e, desde 1923, o país tornara-se membro da Liga das Nações.
  Do outro lado se colocava a Itália fascista de Benito Mussolini, que havia empregado todas as armas modernas, incluindo bombardeios aéreos e gases venenosos, para derrotar e dividir o país africano num conjunto de províncias coloniais complementares à Eritreia e à Somália italianas. Para os africanos de toda a África, bem como para a população negra dos Estados Unidos e da Europa, a Etiópia era símbolo de uma grande injustiça, pois o argumento de que se tratava  de "civilizar" era confrontado com as barbáries dos meios utilizados.
  Os etíopes resistiram e confrontaram os italianos durante todo o período de ocupação (1936-1941). Com a eclosão da guerra, os etíopes se aliaram às tropas britânicas para expulsarem definitivamente os italianos.
Etíopes com armas tomadas dos italianos, em 1941
  Em 1952, Haile Selassie orquestrou uma federação com a Eritreia, a qual viria a ser dissolvida em 1962. Essa anexação desencadeou a Guerra de Independência da Eritreia. Embora Selassie tenha sido visto como herói nacional, muitas vozes se voltaram contra ele, em vista da crise mundial do petróleo de 1973, a escassez de alimentos, a incerteza a respeito da sua sucessão, guerras fronteiriças e um descontentamento da classe média criada pela modernização do país.
  O regime de Selassie chegou ao fim em 1974, quando uma junta militar marxista-lenista, a chamada Derg, liderada por Mengistu Haile Mariam, o depôs e estabeleceu um estado unipartidário.
Gondar - com uma população de 190.594 habitantes (estimativa 2018) é a sexta maior cidade da Etiópia
  O regime que se seguiu sofreu vários golpes, rebeliões, secas em grande escala e o aumento de refugiados. Em 1977, ocorreu a Guerra de Ogaden, quando a Somália invadiu a região de Ogaden, que depois foi recuperada pela Etiópia, graças ao recebimento de equipamentos militares soviéticos e a presença militar de forças de Cuba, Alemanha Oriental e Iêmen do Sul.
  Durante o governo de Mengistu, centenas de milhares de pessoas foram mortas, resultado do Terror Vermelho, de deportações forçadas ou da fome generalizada no país. O Terror Vermelho foi realizado em resposta ao que o governo chamou de "Terror Branco", supostamente uma cadeia de eventos violentos, assassinatos e mortes realizadas pela oposição. Em 2006, após um longo julgamento, Mengistu foi considerado culpado pelo genocídio.
Dessie - com uma população de 168.480 habitantes (estimativa 2018) é a sétima maior cidade da Etiópia
  No início dos anos 1980, uma série de períodos de fome atingiu a Etiópia, afetando cerca de 8 milhões de pessoas e levando à morte mais de 1 milhão de habitantes. Insurreições contra o governo comunista surgiram, em particular, nas regiões do norte de Tigré e na Eritreia. Em 1989, a Frente de Libertação dos Povos Tigrínios (FLPT) fundiu-se com outros movimentos de oposição para formar a Frente Democrática Revolucionária dos Povos Etíopes (FDRPE). Paralelamente, a União Soviética começou a retirar-se dos países aliados socialistas, graças à realização das medidas adotadas pelo presidente soviético, Mikhail Gorbachev, como a glasnost e a peretroika, reduzindo a ajuda externa, tanto à Etiópia quanto aos demais aliados do bloco socialista. Isto resultou em dificuldades econômicas ainda mais intensas e no colapso do militarismo, em face às investidas das forças e guerrilhas do norte. Com isso, a visão estrategista de Mengistu rapidamente se deteriorou.
A fome ocorrida no final da década de 1980 e início da década de 1990, levou à morte de milhões de pessoas, não só na Etiópia, como em todo o Chifre da África
  Em maio de 1991, as forças da FDRPE  avançaram sobre Adis Abeba, provocando a deposição de Mengistu, que teve que fugir do país e se exilar em Zimbábue. O governo de transição criou um Conselho de Representações, composto por 87 membros e guiado por uma Carta Nacional, que funcionou como uma Constituição de transição.
  Em junho de 1992, a Frente de Libertação de Oromo se retirou do governo; em março de 1993, membros da Coalizão Democrática dos Povos do Sul da Etiópia, também deixaram o governo. Em 1994, uma nova Constituição foi promulgada, formando uma legislatura bicameral e um sistema judicial. A primeira eleição livre e democrática ocorreu em maio de 1995, na qual Meles Zenawi foi eleito primeiro-ministro e Negasso Gidada, presidente.
Awasa  - com uma população de 164.816 habitantes (estimativa 2018) é a oitava maior cidade da Etiópia
  Em 1993, um referendo foi feito e supervisionado pela missão das Nações Unidas chamada UNOVER, com sufrágio universal e feito na Eritreia (entre comunidades eritreias que se encontravam dispersas pelo mundo e os que residiam na região), votaram pela independência da Eritreia, onde quase 99% dos eritreus votaram pela criação do novo país, que foi declarado independente em 24 de maio de 1993.
  Em maio de 1998, uma disputa fronteiriça entre a Etiópia e a Eritreia, levou os dois países a entrarem em guerra, que durou até junho de 2000. Este conflito prejudicou a economia dos dois países, porém, fortaleceu a coalizão governista.
  Em 2002, a Etiópia foi novamente castigada pela fome, provocada pelas grande secas desse ano e do ano anterior. Em contraste com a seca, em maio de 2003, o excesso de chuvas causou dezenas de mortes no sul do país, e deixou milhares de desabrigados. Nesse ano ocorreu também uma epidemia de malária e um alto índice de pessoas infectadas pelo vírus HIV.
Jima - com uma população de 158.883 habitantes (estimativa 2018) é a nona maior cidade da Etiópia
  No início de 2004, conflitos étnicos na região de Gambella, na parte ocidental do país, provocaram dezenas de mortes e a fuga de milhares de pessoas para o Sudão.
  Em 15 de maio de 2005, a Etiópia realizou novas eleições pluripartidárias, que foram bastante disputadas, com um dos grupos de oposição alegando fraude. Embora o Carter Center (órgão norte-americano criado pelo ex-presidente Jimmy Carter e sua esposa Rosalynn Carter, e que trabalha como observador em processos eleitorais em várias partes do mundo) tenha aprovado as condições de pré-eleição, promoveu sua insatisfação com as questões pós-eleitorais. Observadores continuaram a acusar o partido do governo de manipulação de votos.
  Apesar das desconfianças com a eleição, os partidos de oposição ganharam mais de 200 assentos parlamentares, comparado a apenas 12 nas eleições de 2000.
Debre Zeit - com uma população de 129.039 habitantes (estimativa 2018) é a décima maior cidade da Etiópia


ECONOMIA
  A economia da Etiópia depende praticamente do setor primário. Aproximadamente, 80% da População Economicamente Ativa (PEA) do país estão inseridos nesse setor, mais precisamente na agricultura, que é a principal fonte de renda, correspondendo a 90% do PIB (Produto Interno Bruto). Os principais produtos cultivados no país são: café, sementes oleaginosas, leguminosas (feijão), flores, cana-de-açúcar, trigo, milho, sorgo e cevada. Na Etiópia, há o cultivo de uma planta conhecida por qat (Catha edulis), que possui propriedades psicotrópicas quando mascada. O tefe (Eragrostis tef) é um tipo de cereal comum nas terras altas do país e da Eritreia, e constitui a base da alimentação da população etíope.
  As condições naturais são favoráveis à agricultura, mas as técnicas agrícolas praticadas são arcaicas, fazendo com que a maior parte da produção seja destinada à subsistência. Mais da metade da população do país sofre de subnutrição crônica.
Propriedade rural na Etiópia, com destaque para o Warka Water: recipiente criado para armazenar água potável
  Como ocorre com a maior parte dos países africanos, a Etiópia tem, no subdesenvolvimento e na fome, seus maiores problemas. As secas periódicas, a erosão e o esgotamento do solo, o desmatamento, a elevada densidade populacional e a infraestrutura precária contribuem para precarizar a distribuição de alimentos no país. Os camponeses foram reunidos nas cooperativas e granjas do Estado, mas essas medidas oficiais, destinadas a melhorar a produção agrícola, tiveram pouco êxito.
Camponeses afetados pela seca na Etiópia
  A pesca, a pecuária e as atividades extrativas também apresentam problemas relacionados com métodos ainda rudimentares de produção. Os principais rebanhos do país são de bovinos e camelos.
  No setor industrial, as principais indústrias são de alimentos, couro, calçados, produtos têxteis, metalúrgicos e químicos, porém, esse setor ainda é bastante incipiente. No setor terciário, há um grande destaque para a área de serviços, principalmente ligada ao turismo, onde o governo vem incentivando bastante essa atividade, melhorando os parques nacionais e a infraestrutura hoteleira.
Parque Nacional do Simien - Etiópia
CULTURA
  A Etiópia tem uma cultura predominantemente marcada pelas religiões professadas pelos seus vários povos. Local onde se cruzaram tendências religiosas judaicas, cristãs (coptas) e muçulmanas, a religião é quase sempre o ponto de referência para a produção cultural, da qual se destaca a música, que recebeu influências das tribos circundantes e do Egito. A música reggae tem suas fontes a partir da cultura etíope.
Mulheres de uma tribo etíope
  Haile Selassie está indissoluvelmente ligada ao movimento religioso Rastafári, surgido na Jamaica entre operários e camponeses negros na década de 1930 e que teve no cantor jamaicano Bob Marley o mais ilustre seguidor. O movimento Rastafári, baseado nos ideais do pan-africanismo, professa a ideia de que um monarca africano de um reino independente reunirá e liderará todos os povos de origem africana em direção à terra prometida. Para muitos rastafáris, Haile Selassié não morreu e é uma espécie de messias que irá realizar o destino glorioso dos negros africanos.
Celebração do Movimento Rastafári, na Etiópia
ALGUNS DADOS SOBRE A ETIÓPIA
NOME: República Democrática Federal da Etiópia
ESTABELECIMENTO:
Reino de D'mt: século XIII a.C.
Império de Axum: século I a.C.
Invasão Italiana: outubro de 1935 - maio de 1936
Campanha da África Oriental: junho de 1940 - novembro de 1941
CAPITAL: Adis Abeba
Rua de Adis Abeba
GENTÍLICO: etíope, etiopiano (a)
LÍNGUA OFICIAL: o país não possui uma língua oficial, porém, o aramaico possui um status de língua de trabalho
GOVERNO: República Federal Parlamentarista
LOCALIZAÇÃO: Chifre da África
ÁREA: 1.104.300 km² (26º)
POPULAÇÃO (ONU - Estimativa 2018): 96.953.376 habitantes (14°)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 87,79 hab./km² (87°). Obs: a densidade demográfica, densidade populacional ou população relativa é a medida expressa pela relação entre a população total e a superfície de um determinado território.
CRESCIMENTO POPULACIONAL (ONU - Estimativa 2017): 2,51% (29°). Obs: o crescimento vegetativo, crescimento populacional ou crescimento natural é a diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade de uma  determinada população.
CIDADES MAIS POPULOSAS (Estimativa 2018):
Adis Abeba: 5.559.561 habitantes
Adis Abeba - capital e maior cidade da Etiópia
Dire Dawa: 346.386 habitantes
Dire Dawa - segunda maior cidade da Etiópia
Mek'ele: 266.904 habitantes
Mek'ele - terceira maior cidade da Etiópia
PIB (FMI - 2016): US$ 61,629 bilhões (71º). Obs: o PIB (Produto Interno Bruto), representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região (quer sejam países, estados ou cidades), durante um período determinado (mês, trimestre, ano).
PIB PER CAPITA (FMI 2016): US$ 687 (168°). Obs: o PIB per capita ou renda per capita é o Produto Interno Bruto (PIB) de um determinado lugar dividido por sua população. É o valor que cada habitante receberia se toda a renda fosse distribuída igualmente entre toda a população. 
IDH (ONU - 2017): 0,448 (174°). Obs: o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é uma medida comparativa usada para classificar os países pelo seu grau de desenvolvimento econômico e a qualidade de vida oferecida à população. Este índice é calculado com base em dados econômicos e sociais, variando de 0 (nenhum desenvolvimento humano) a 1 (desenvolvimento humano total). Quanto mais próximo de 1, mais desenvolvido é o país. No cálculo do IDH são computados os seguintes fatores: educação (anos médios de estudos), longevidade (expectativa de vida da população) e PIB per capita. A classificação é feita dividindo os países em quatro grandes grupos: baixo (de 0,0 a 0,500), médio (de 0,501 a 0,800), elevado (de 0,801 a 0,900) e muito elevado (de 0,901 a 1,0).
  Muito alto
  Alto
  Médio
  Baixo
  Sem dados
Mapa do IDH
TAXA DE NATALIDADE (ONU - 2016): 37,39/mil (29º). Obs: a taxa de natalidade é a porcentagem de nascimentos ocorridos em uma população em um determinado período de tempo para cada grupo de mil pessoas, e é classificada do maior para o menor.
TAXA DE MORTALIDADE (CIA World Factbook 2016): 14,86/mil (27º). Obs: a taxa de mortalidade ou coeficiente de mortalidade é um índice demográfico que reflete o número de mortes registradas, em média por mil habitantes, em uma determinada região por um período de tempo e é classificada do maior para o menor.
TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL (CIA World Factbook - 2016): 75,29/mil (197°). Obs: a taxa de mortalidade infantil refere-se ao número de crianças que morrem no primeiro ano de vida entre mil nascidas vivas em um determinado período, e é classificada do menor para o maior.
Mapa da taxa de mortalidade infantil no mundo
TAXA DE FECUNDIDADE (Population Reference Bureal - PRB - 2017): 4,6 filhos/mulher (32º). Obs: a taxa de fecundidade refere-se ao número médio de filhos que a mulher teria do início ao fim do seu período reprodutivo (15 a 49 anos), e é classificada do maior para o menor.
Mapa da taxa de fecundidade no mundo
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2016): 39,4% (203). Obs: essa taxa refere-se a todas as pessoas com 15 anos ou mais que sabem ler e escrever.
Mapa da taxa de alfabetização no mundo
TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2016): 17,5% (186°). Obs: essa taxa refere-se a porcentagem da população que mora nas cidades em relação à população total.
Mapa da taxa de urbanização no mundo
MOEDA: Birr Etíope
RELIGIÃO: a Etiópia tem laços históricos próximos com as três principais religiões abraâmicas do mundo. No século IV, a região foi uma das primeiras do mundo a adotar o cristianismo como religião oficial. Como resultado das resoluções do Concílio de Calcedônia, em 451, os miafisistas (forma cristológica das igrejas ortodoxas orientais e de várias outras igrejas que aderiram somente aos três primeiros concílios ecumênicos), que incluíam a grande maioria dos cristãos no Egito e na Etiópia, foram acusados de monofisismo e designados como hereges sob o nome comum de cristianismo copta. Apesar de não ser uma religião oficial, a Igreja Ortodoxa Etíope continua a ser a maior denominação cristã. Há também um número substancial de muçulmanos, representando cerca de um terço da população. Além disso, a Etiópia é o local da primeira hégira, uma grande emigração na história islâmica. Uma cidade na região de Tigré, Negash, é o assentamento muçulmano mais antigo da África. Até a década de 1980, uma população substancial de Beta Israel (judeus etíopes) residia na Etiópia.
Mesquita em Negash - Etiópia
  De acordo com o censo de 2007, os cristãos representam 62,8% da população etíope (sendo 43,2% de ortodoxos etíopes e 19,3% de outras religiões cristãs), 33,9% são muçulmanos, 2,6% praticam religiões tradicionais e 0,7% praticam outras religiões.
Igreja de São Jorge, uma das igrejas escavadas na rocha, em Lalibela - um Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco
DIVISÃO: antes de 1996, a Etiópia era dividida em 13 províncias, muitas derivadas de regiões históricas. O país agora tem um sistema de governo que consiste em um governo federal dividido conforme a etnicidade das regiões em: estados, zonas, distritos (woredas) e bairros (kebele). Atualmente, a Etiópia é dividida em nove estados administrativos baseados etnicamente e subdivididos em 68 zonas e duas cidades com status especial. A nação ainda é subdividida em 550 distritos e vários distritos especiais. A Constituição atribui poder extensivo aos nove estados regionais, dando-lhes o direito de estabelecer seus próprios governos e democracias. As nove regiões e as duas cidades com status especial são (os números abaixo correspondem aos números no mapa): 1. Adis Abeba (cidade com status especial) 2. Afar 3. Amhara 4. Benishamqul-Gumaz 5. Dire Dawa (cidade com status especial) 6. Gambela 7. Harari 8. Oromia 9. Somali 10. Região das Nações, Nacionalidades e Povos do Sul 11. Tigré.
Mapa da divisão administrativa da Etiópia
REFERÊNCIA: Campos, Flávio de
Oficina de história: volume 3 / Flávio de Campos, Júlio Pimentel Pinto, Regina Claro. -- 2. ed. -- São Paulo: Leya, 2016.

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