sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

O PROCESSO DE FAVELIZAÇÃO NO BRASIL

  Favela, bairro de lata, musseque ou caniço é um assentamento urbano informal densamente povoado caracterizado por moradias precárias e miséria.
  De modo geral, a favela pode ser caracterizada por uma aglomeração de habitações, com características variadas, mas em sua maioria construídas precariamente, onde há carência de uma série de serviços básicos (rede de esgoto, de água, de energia elétrica e de telefonia), de calçamento e asfaltamento de vias, de postos de saúde, escolas etc.
  As favelas foram um fenômeno comum na história urbana dos Estados Unidos, Canadá e na Europa durante o século XIX e início do século XX. A partir da segunda metade do século XX, as favelas passaram a ser encontradas predominantemente em regiões urbanas em desenvolvimento e em regiões subdesenvolvidas do mundo.
Favela na Cidade do Cabo - África do Sul
  A favela tem uma história antiga. Em 1897, um grupo de combatentes que lutaram na Guerra de Canudos, na Bahia, foi para a cidade do Rio de Janeiro com a promessa do governo de ganhar casas na então capital federal. Como o governo não cumpriu a promessa, os combatentes ergueram uma comunidade de casebres denominada Morro da Favela. A comunidade recebeu esse nome porque estava localizada em uma área coberta por um arbusto grande e comum no sertão baiano chamado de favela. Atualmente o local é chamado de Morro da Providência.
  A partir de então, o termo "favela" passou a ser utilizado para designar aglomerações de habitações, construídas pelos próprios moradores, como barracos de madeira e papelão, de alvenaria, frequentemente sem acabamento, erguidas em áreas invadidas (terrenos públicos ou particulares), às margens de rios e córregos ou encostas de morros, embaixo de viadutos e pontes, em áreas centrais e periféricas, sobretudo nas grandes e médias cidades brasileiras.
Morro da Providência, em 1900
  As favelas formam-se e crescem em muitas partes diferentes do mundo e por razões distintas. Entre as causas para o surgimento delas estão o rápido êxodo rural (saída em massa de pessoas do campo para as cidades), a estagnação ou depressão econômica, o elevado nível de desemprego, a pobreza, a economia informal, a falta de planejamento urbano, os desastres naturais e os conflitos sócio-políticos.
  Entre as diversas estratégias que tentaram reduzir, transformar e melhorar as favelas em diferentes países, com graus de sucesso distintos, estão uma combinação de processos de remoção e urbanização de favelas, planejamento urbano, grande desenvolvimento de infraestruturas de transporte público e os projetos de habitação social.
  Há casos, como o da Rocinha, no Rio de Janeiro, em que a mobilização dos moradores vem proporcionando melhorias, como serviços básicos, regularização da posse dos terrenos, com direito a títulos de propriedade. Esse é um exemplo no qual a atuação do poder público pode tornar possível a urbanização da favela. Apesar disso, muitos moradores ainda não têm condições de pagar as taxas e impostos que acabam sendo cobrados com a implantação dessas melhorias.
Rocinha - Rio de Janeiro - RJ
  O processo de favelização do Brasil é uma consequência do modelo de desenvolvimento do país, que concentrou riquezas (renda e propriedades), excluiu uma grande parcela da população de seus benefícios e contribuiu para o aumento do desemprego e a perda do poder de compra de boa parte dos trabalhadores. Além disso, faltou, por parte do governo, implantar uma política habitacional popular que contribuísse, de forma efetiva, para aumentar a oferta de moradias a custos baixos.
  A cidade do Rio de Janeiro documentou a sua primeira favela no censo de 1920. Por volta dos anos 1960, mais de 33% da população do Rio de Janeiro morava nas favelas. As favelas apresentam altas taxas de criminalidade, suicídio, uso de drogas e doenças.
Paraisópolis - São Paulo - SP
  As favelas no Brasil são consideradas uma consequência da má distribuição de renda e do déficit habitacional no país. A migração da população rural para o espaço urbano em busca de trabalho, nem sempre bem remunerado, aliada à histórica dificuldade do poder público em criar políticas habitacionais adequadas, são fatores que têm levado ao crescimento dos domicílios em favelas.
  De acordo com dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), coletados durante o censo de 2010, cerca de 11,4 milhões de pessoas (o que corresponde a 6% da população do país) vivem em "aglomerados subnormais". Nesse mesmo censo, o IBGE identificou 6.329 favelas em todo o país, localizadas em 323 dos 5.565 municípios brasileiros.
Favela Nordeste de Amaralina - Salvador - BA
  As cidades com maior proporção de habitantes morando em favelas foram: Belém - que tem mais da metade da população (53,9%) vivendo nesse tipo de aglomeração -, Salvador (26,1%), São Luís (24,5%) e Recife (23,2%). As duas maiores cidades do país, São Paulo e Rio de Janeiro, têm 11% e 22% da população morando em favelas, respectivamente.
  A favelização e a segregação são dois processos que estão diretamente ligados. Tais fenômenos são decorrentes das desigualdades socioeconômicas e dos problemas de planejamento e gestão urbanos. A formação de favelas contribui para a intensificação e reprodução da segregação socioespacial.
Favela do Coque, em Recife - PE
  O processo de favelização é decorrente do processo de inchamento e macrocefalia urbana. A macrocefalia urbana refere-se ao crescimento desordenado das cidades, sem o controle estatal, o que contribui para a precarização das condições de vida na cidade e da incapacidade do Estado de oferecer estruturas para o atendimento das necessidades mínimas de boa parte da população.
Favela Via Sul, em Candelária - Natal - RN
FONTE: Lucci, Elian Alabi
Geografia: homem & espaço, 7º ano / Elian Alabi Lucci, Anselmo Lázaro Branco, - 20. ed. - São Paulo: Saraiva, 2010.

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

AS REGIÕES DESÉRTICAS DO GLOBO

  Deserto, em geografia, é uma região que recebe pouca precipitação pluviométrica. Há desertos bastante quentes, como o do Saara, na África, ou frios, como o da Patagônia, no sul da Argentina e do Chile.
  Por causa da falta de chuvas, vivem no deserto apenas as espécies que sobrevivem com pouca água, como cactos, gramíneas, camelos, algumas aves e répteis. A aridez também dificulta a ocupação humana e o desenvolvimento de atividades econômicas.
  O clima dos grandes desertos, em geral, é seco, com grande amplitude térmica diária (quente durante o dia e frio durante à noite), com uma pluviosidade inferior a 300 milímetros anuais. A vegetação desértica é rala, composta de plantas que sobrevivem com pouca água.
  Aproximadamente, 20% da superfície continental da Terra é composta por desertos. As paisagens desérticas têm alguns elementos comuns. O solo, geralmente, é composto de areia, com frequente formação de dunas. Paisagens de solo rochoso também é comum, e refletem o reduzido desenvolvimento do solo e a escassez de vegetação. As terras baixas podem ser de planícies cobertas de sal, e o processo de erosão eólica é importante na formação das paisagens desérticas.
Principais áreas desérticas do globo
  Os desertos algumas vezes contêm depósitos minerais valiosos que foram formados no ambiente árido ou expostos pela erosão. Por serem locais secos, os desertos são ideais para a preservação de artefatos humanos e fósseis. Sua vegetação é constituída por gramíneas e pequenos arbustos, é rala e  espaçada, ocupando apenas lugares em que a pouca água existente pode se acumular (fendas do solo ou debaixo das rochas).
  A fauna predominante no deserto é composta por animais roedores (ratos, cangurus), répteis (serpentes e lagartos) e insetos. Muitos dos animais das regiões desérticas só saem à noite, e outros podem passar a vida inteira sem beber água, extraindo-a do alimento que ingerem.
Canguru - animal típico do deserto australiano
  Os desertos podem ser classificados de diferentes tipos como:
  • Desertos em regiões de contra-alísios
  Os ventos contra-alísios ocorrem em duas faixas do globo divididas pela linha do Equador, e se formam pelo aquecimento do ar junto à região equatorial. Estes ventos secos dissipam a cobertura de nuvens, permitindo que mais luz do Sol aqueça o solo. A maioria dos grandes desertos da Terra está em regiões cruzadas por ventos contra-alísios. Um exemplo desse tipo de deserto é o Saara, na África, que é o maior deserto do mundo.
    Deserto do Saara, na Líbia
  • Desertos de latitudes médias
  Desertos de latitudes médias ocorrem entre os paralelos 30º e 50º Norte ou Sul, em zonas de alta pressão subtropical. Estes desertos estão em bacias de drenagem distantes dos oceanos e possuem grandes variações de temperaturas anuais. São exemplos desse tipo de deserto, o deserto de Sonora, no sudoeste da América do Norte, e o deserto de Tengger, na China.
Deserto de Tengger - China
  • Desertos devido a barreiras ao ar úmido
  Desertos deste tipo se formam devido a grandes barreiras montanhosas que impedem a chegada de nuvens úmidas nas áreas a sotavento. À medida que o ar sobe a montanha, a água se precipita e o ar perde seu conteúdo úmido, formando o deserto no lado oposto. São exemplos desse tipo de deserto, os desertos da Judeia, entre Israel e a Palestina, e o deserto do Vale da Morte, nos Estados Unidos.
Vale da Morte, Califórnia - EUA
  • Desertos costeiros
  Desertos costeiros geralmente se localizam nas bordas ocidentais de continentes próximos aos trópicos de Câncer e de Capricórnio. Eles são afetados por correntes oceânicas costeiras frias, que correm paralelamente à costa. Devido aos sistemas de vento locais dominarem os ventos alísios, estes desertos são menos estáveis que os outros tipos de desertos. No inverno, nevoeiros, produzidos por correntes frias ascendentes, frequentemente cobrem os desertos costeiros com um manto branco que bloqueia a radiação solar. São exemplos desse tipo de deserto o Atacama, no Chile (o deserto mais seco do mundo) e o deserto da Namíbia, entre a Namíbia e Angola, África.
Deserto da Namíbia - Namíbia
  • Desertos de monção
  "Monção", derivada de uma palavra árabe que significa "estação climática", refere-se a um sistema de ventos com acentuada reversão sazonal. As monções se desenvolvem devido a variações de temperatura entre o continente e o oceano. Os ventos alísios do sul do oceano Índico, é o grande responsável pela grande quantidade de chuvas que ocorre no Sul e Sudeste da Ásia durante o verão. Na Índia, a monção de verão é responsável por uma grande quantidade de chuva, principalmente no sul do país. Conforme a monção cruza o território indiano, ela perde umidade no lado oriental da cadeia montanhosa de Aravalli. No lado oeste dessa cadeia origina-se dois grandes desertos: o deserto do Rajastão, na Índia, e o deserto de Thar, no Paquistão.
Deserto do Rajastão - Índia
  • Desertos polares
  Os desertos polares são áreas onde a evaporação supera duas ou mais vezes a precipitação anual e possuem uma temperatura média no mês mais quente abaixo dos 10ºC. Os desertos polares cobrem cerca de 5 milhões de quilômetros quadrados e são quase todos cobertos de rocha ou cascalho. A maior parte dos desertos polares do planeta estão localizados principalmente na Antártida e na Groenlândia.
Região desértica da Groenlândia
CARACTERÍSTICAS DOS DESERTOS
  A areia cobre apenas 20% dos desertos terrestres. A maior parte da areia está em lençóis de areia e bancos de areia. Quase 50% das superfícies dos desertos são planícies, onde a ação eólica expõe cascalho solto. Outras superfícies de terras áridas são compostas de leitos de pedra aflorados e expostos, solos desérticos e depósitos fluviais, como depósitos aluviais, leitos secos, lagos do deserto e oásis.
  Os oásis são áreas com vegetação irrigada por fontes subterrâneas, poços ou por irrigação. Muitos oásis são artificiais e, frequentemente, é o único lugar no deserto que permite ao homem efetuar plantios e fixar moradia permanente.
Oásis de Ubari - Líbia
  Os solos que se formam em climas áridos são predominantemente minerais com pouca matéria orgânica. A repetida acumulação de água em alguns solos forma muitos depósitos de sal.
  O caliche é um depósito avermelhado, quase marrom ou tendente ao branco, encontrado em muitos solos de deserto. Ele normalmente ocorre em forma de nódulos ou como cobertura de grânulos minerais formados pela interação entre a água e o gás carbônico e liberado pelas raízes das plantas ou pela decomposição de matéria orgânica.
Deserto do Kalahari, na Namíbia
  A vegetação do deserto é bastante esparsa e muito diversificada. A região desértica com a vegetação mais complexa é o deserto de Sonora, no sudoeste dos Estados Unidos. Nesse deserto aparece o gigantesco Cactus saguaro, que fornece ninho às aves do deserto e funciona como "árvore". O saguaro cresce lentamente, mas pode viver duzentos anos.
  A maioria das plantas do deserto são tolerantes à seca e à salinidade. Algumas armazenam água em suas folhas, raízes e caules. Outras plantas do deserto têm longas raízes que penetram até o lençol freático, são responsáveis por firmar o solo e evitar a erosão.
  As principais plantas das regiões desérticas são os cactos, porém, existem outros tipos de plantas que se adaptaram ao clima árido, como plantas da família das ervilhas e do girassol. Nos desertos frios, a vegetação predominante são as gramíneas e os arbustos.
Vegetação no deserto de Sonora, Arizona - EUA
  A chuva às vezes cai nos desertos, e são frequentes nas regiões desérticas as tempestades, que ocorrem de forma violenta. Grandes tempestades no deserto do Saara podem despejar quase 1 milímetro de chuva por minuto. Canais normalmente secos, chamados de arroios ou wadis, podem encher após chuvas pesadas e rápidas, tornando esses lugares bastante perigosos.
  Apesar das poucas chuvas que caem nos desertos, estes recebem água corrente de fontes efêmeras, alimentadas pela chuva e neve de montanhas adjacentes. Estas correntes enchem os canais com uma camada de lama e frequentemente transportam consideráveis quantidades de sedimento por um ou dois dias.
  Apesar da maioria dos desertos se situarem em bacias com drenagem fechada ou interior, uns poucos desertos são atravessados por rios "exóticos", ou seja, com nascente e parte do curso fora da área desértica. Esses rios infiltram-se no solo e perdem por evaporação grandes quantidades de água em suas jornadas pelos desertos. Porém, devido ao grande volume de água que possuem, eles mantêm a sua perenidade. Dentre esses rios se destacam o Nilo na África, o Colorado nos Estados Unidos, e o Amarelo na China.
Rio Colorado, Arizona - EUA
  Lagos se formam onde a chuva ou a água de degelo no interior das bacias de drenagem é suficiente. Os lagos dos desertos são geralmente rasos, temporários e salgados. Por serem rasos e terem um gradiente de profundidade reduzido, a força do vento pode fazer com que as águas dos lagos se espalhem por vários quilômetros quadrados. Quando os pequenos lagos secam, deixam uma crosta de sal no fundo. A área plana formada com argila, lama ou areia encrustada com sal é conhecida como salar, ou, no México, "playa". Há mais de cem "playas" nos desertos da América do Norte. Muitas são relíquias de grandes lagos que existiram durante a última era glacial.
  O Lago Bonneville possuía cerca de 52.000 km² e quase 300 metros de profundidade entre Utah, Nevada e Idaho, nos Estados Unidos, durante a última glaciação. Hoje, os remanescentes desse lago, incluem o Grande Lago Salgado, o lago Utah e o lago Sevier.
Grande Lago Salgado, em Utah - EUA
  Alguns depósitos minerais formaram, foram enriquecidos ou preservados por processos geológicos que ocorrem em regiões áridas. A água no solo lixivia os minerais e redeposita em zonas próximas ao lençol freático. Este processo de lixiviação concentra estes minerais em depósitos que podem ser minerados.
  A evaporação em terras áridas aumenta a acumulação mineral em áreas onde se formam lagos temporários. Os salares ou "playas" podem ser fontes de depósitos minerais formados por evaporação. Os minerais formados nestes depósitos após evaporação dependem da composição e da temperatura das águas salinas no momento de sua formação.
  Entre os minerais valiosos encontrados em zonas áridas destacam-se o cobre, nos desertos dos Estados Unidos, Chile, Peru e Irã; minérios de ferro, chumbo e zinco na Austrália; cromita na Turquia; ouro, prata e urânio na Austrália e nos estados Unidos. Também são comuns a ocorrência de minerais não metálicos como berilo, mica, lítio, argila, pedra-pomes, escória, entre outros.
  Algumas das áreas mais produtivas em petróleo do nosso planeta são encontradas em regiões áridas e semiáridas da África e do Oriente Médio.
Exploração de minério de ferro no deserto australiano
  As regiões desérticas são bastante hostis e potencialmente mortal para seres humanos despreparados. Nos desertos quentes, as altas temperaturas causam perda rápida de água devido ao suor e à ausência de fontes de água para recuperar o líquido perdido, podendo resultar em desidratação e morte dentro de poucos dias, além do risco de insolação. As tempestades de areia em alguns desertos, são outra ameaça para os seres humanos, pois pode causar problemas respiratórios e visuais.
  Apesar de todos esses pontos que dificultam a vida nessas regiões, alguns povos fizeram dos desertos quentes o seu lar durante milhares de anos, como os beduínos, berberes e tuaregues na África, e os índios pueblos na América do Norte. A tecnologia moderna e avançada, incluindo sistemas de irrigação, dessalinização e ar condicionado, tornaram os desertos bem mais hospitaleiros. Nos Estados Unidos e em Israel, fazendas desérticas têm sido amplamente utilizadas.
Cultivos no deserto de Neguev - Israel
PRINCIPAIS DESERTOS DO MUNDO
  Dentre os principais desertos do mundo, se destacam:
  • Deserto do Saara
Em rosa, a área coberta pelo deserto do Saara
  O deserto do Saara é o maior e mais quente deserto habitável por humanos do mundo (oficialmente só perde para a Antártica, mas esta não é um deserto permanentemente habitado, exceto por cientistas que ficam durante um curto período de tempo). Localizado no norte da África, possui uma área de 9.065.000 km², sendo habitado por uma população de mais de 2,5 milhões de pessoas. A região do Saara é habitada há mais de 500 mil anos. A área do deserto do Saara abrange os seguintes países: Argélia, Chade, Egito, Mali, Líbia, Mauritânia, Marrocos, Níger, Saara Ocidental, Sudão e Tunísia. É delimitado pelo Mar Vermelho a leste, Mar Mediterrâneo e Cadeia do Atlas ao norte, pelo Sahel ao Sul e pelo oceano Atlântico a oeste.
Oásis no deserto do Saara, em Erfoud - Marrocos
  Este deserto faz fronteira com todos os países do norte da África, onde predomina a cultura árabe. As dunas começam perto do Alto Atlas e se estendem até zonas tropicais mais ao sul.
  Há várias ecorregiões neste deserto, fruto das diferenças de temperatura, precipitações, altitude e geologia, que abrigam plantas e animais de várias espécies. Dentre as ecorregiões do deserto do Saara, estão:
  • Deserto Costeiro Atlântico - ocupa uma estreita faixa ao longo da costa do oceano Atlântico e onde crescem líquens e plantas suculentas;
  • Estepe do Saara Setentrional - ocupa a faixa setentrional do deserto. É uma zona de transição entre as regiões de clima mediterrâneo (ao norte) e o deserto árido (ao sul);
  • Deserto do Saara - é a parte central do deserto, sendo extremamente seco e com pouquíssimos índices pluviométricos;
  • Estepes e Savanas Arborizadas do Saara Meridional - é a zona de transição entre o deserto árido e a savana de acácias do Sahel;
  • Monte Xerófilo do Saara Ocidental - compreende várias planícies vulcânicas em direção ao oeste do deserto, com um clima mais úmido e fresco;
  • Monte Xerófilo do Maciço de Tibesti e Monte Uweinat - zonas de altitude no centro do Saara;
  • Depressões Salinas do Saara e Deserto Costeiro do Mar Vermelho - faixa costeira do Mar Vermelho, Egito e Sudão.
Deserto do Saara, em Araouane - Mali
  Dentre os poucos animais que habitam a região, destacam-se escorpiões, lagartos, cobras, dromedários, antílopes (adaptados às condições desérticas) e cabras.
  Durante a última glaciação, o deserto do Saara foi mai úmido (como o Leste africano) do que é agora, e já possuiu densas florestas tropicais.
  Alternando longos períodos secos e outros úmidos, o solo da região reduziu-se a areia e deu origem ao grande deserto há mais de 200 mil anos. Alguns fatores colaboram para manter essa característica árida, entre eles a passagem da Corrente das Canárias pela costa atlântica. Suas águas frias evaporam pouco, o que dificulta a formação de nuvens e de chuvas em todo o oeste do deserto do Saara. Outro fator é a circulação das massas de ar no continente africano.
Rio Nilo e deserto do Saara - Egito
  A região atravessada pela linha do equador é a mais quente do planeta, a que tem maior evaporação e, consequentemente, mais chuvas. O calor faz o ar subir. Quando o ar quente atinge as altas camadas da atmosfera, é levado para a região dos trópicos, onde chega resfriado e mais denso. Por isso, desce sobre a região tropical com muita força, formando centros de alta pressão que empurra o ar em direção ao equador. As massas de ar que vêm do norte - da região do Trópico de Câncer - sopram sobre o deserto do Saara e impedem que as nuvens se acumulem em uma vasta área que praticamente não tem vegetação nem rios, deixando as chuvas ainda mais raras.
  Os ventos que sopram dos trópicos para o equador são chamados de alísios. São ventos que ocorrem nas baixas camadas da atmosfera. Muitas vezes esses ventos provocam tempestades de areia. Quando os alísios sopram com força, enormes volumes de areia podem ser levados tanto para o sul do Saara quanto para o norte, chegando a atingir a Europa. Os ventos contra-alísios sopram do equador para os trópicos em altas camadas da atmosfera e são secos.
Sistema de circulação de ventos na África
  Na maior parte do Saara, a precipitação é de apenas 25 mm anuais; na porção leste chega a ser quase nula, apenas 5 mm anuais. A concentração populacional está no entorno semiárido do deserto, onde o pastoreio nômade de cabras se destaca como atividade econômica.
  Em algumas regiões do Saara existem os oásis. Eles nascem em locais onde a água do lençol freático consegue chegar até a superfície passando pelas fendas das rochas. Ali desenvolve uma vegetação que ameniza o clima e favorece as condições de se plantar alimentos. Os oásis foram e continuam sendo importantes, pois permitem que viajantes do deserto encontrem abrigo e água em locais onde a temperatura pode chegar a 50 ºC durante o dia.
Oásis em Timimoun - Argélia
Desertificação no Sahel
  Ao sul do deserto do Saara, aparece a região chamada de Sahel, que em árabe significa "fronteira", "limite", de clima tropical semiárido, coberta por uma vegetação de estepe pouco espessa no norte e pela savana na parte meridional. O Sahel é a faixa de transição entre o deserto do Saara e a savana africana. Pobres em recursos, os países dessa região ficaram em situação de miséria extrema após serem colonizados e explorados.
Região do Sahel
  O Sahel funciona como um cinturão verde que protege a savana dos ventos secos e da areia que vem do Saara. As chuvas são escassas nessa região, mas mesmo assim é possível cultivar alimentos.
  As constantes derrubadas de árvores para estabelecimento de atividades agropastoris e para aproveitamento da madeira, única fonte de energia das populações extremamente carentes da região, vêm provocando a extensão do fenômeno de desertificação.
  Nessa região, extremamente pobre e com um crescimento demográfico elevado, as populações têm como única fonte energética a lenha, o que leva à constante derrubada de árvores. Além disso, o alto crescimento demográfico exige a ampliação dos rebanhos, que consomem enormes quantidades de pastagens e acabam esterilizando grandes extensões de terra.
Agricultor do Sahel, no Níger
  • Deserto da Líbia
  O deserto da Líbia está localizado ao norte e leste do deserto do Saara, ocupando o sudoeste do Egito, leste da Líbia noroeste do Sudão. Abrange uma área de aproximadamente 1.100.000 km². Este deserto é formado praticamente apenas por areia e rocha plana, e é habitado pelos senussis (ordem muçulmana político-religiosa). A vida selvagem é constituída praticamente por serpentes e escorpiões.
  Existem oito importantes depressões no deserto da Líbia, e todas são consideradas oásis, com exceção das menores, como Qattara, devido suas águas serem salgadas.
  A depressão de Qattara, que contém o segundo ponto mais baixo da África, possui aproximadamente 15.000 km² e grande parte está abaixo do nível do mar.
Depressão de Qattara - Líbia
  • Deserto da Namíbia
  O deserto da Namíbia estende-se ao longo da costa sudoeste da África, desde o sul da Namíbia até a costa sudoeste de Angola. A palavra namib, no idioma local, significa "enorme". Esse deserto ocupa uma área de cerca de 50 mil quilômetros quadrados, estendendo-se por 1.600 quilômetros ao longo do litoral do oceano Atlântico. Sua largura leste-oeste varia de 50 a 160 quilômetros.
  Trata-se de uma das regiões mais secas do mundo. O litoral dessa região é percorrido pela corrente fria de Benguela, que tem origem no sul do oceano Atlântico, perto da Antártida. A presença dessa corrente faz com que se formem poucas nuvens, porque a evaporação da água é mínima, e que a umidade trazida do Atlântico pelos ventos se condense antes de chegar a terra, originando o extenso e seco deserto da Namíbia.
Dunas no deserto do Namibe - Angola
  • Deserto do Kalahari
  O deserto do Kalahari possui cerca de 600.000 km² e localiza-se no sul da África, estendendo-se pelos territórios de Botsuana, Namíbia, Angola, Zâmbia e África do Sul. Em boa parte desse deserto, em que predomina a vegetação arbustiva, a precipitação média anual é de 250 mm; em outras porções, a pluviosidade fica abaixo dos 170 mm anuais. É habitado por tribos nômades, que vivem da coleta e da caça.
  O deserto do Kalahari é formado pela forte influência da Corrente de Benguela, que não permite a formação de massas de ar úmidas. Porém, esse deserto é na verdade uma área semiárida, pois recebe umidade, embora pouca, de outras regiões da África.
  O Kalahari possui uma vasta área coberta por areia avermelhada sem afloramento de água em caráter permanente. A flora do Kalahari apresenta árvores dispersas, como palmeiras e baobás, formações arbustivas, matagais xerófilos e herbáceos próprios de savanas. A fauna é constituída principalmente por suricatas e hienas.
Deserto do Kalahari, na África do Sul
  • Deserto do Atacama
  O deserto do Atacama está localizado no norte do Chile, próximo à fronteira com o Peru, e é o deserto mais alto e seco do mundo. Está a uma altitude média de 2.440 metros e possui uma extensão de 1.000 km².
  O surgimento do deserto do Atacama está relacionado a corrente fria de Humboldt. O ar quente e úmido vindo do oeste, ao passar pelas águas frias dessa corrente marinha, perde bastante umidade, chegando quase seco ao litoral. O resfriamento e o condensamento do vapor d'água provoca precipitações no oceano. O vento chega com umidade insuficiente para provocar chuva em áreas continentais.
Visão noturna do deserto do Atacama
  As temperaturas no deserto do Atacama variam entre 0ºC à noite e 40ºC durante o dia. Em função destas condições existem poucas cidades e vilas no deserto. A principal cidade desse deserto é São Pedro de Atacama, que possui uma população de menos de 3 mil habitantes. Por ser bem isolada, essa cidade é considerada um oásis no meio do deserto, e é o principal ponto de encontro de viajantes.
  A região foi primeiramente habitada pelos atacamenhos, povo que habitava a região, juntamente com os aymaras. Esses povos deixaram um legado inestimável em termos arqueológicos.
São Pedro de Atacama - Chile
  O deserto do Atacama é bastante quente durante o dia e frio durante à noite. Além das correntes marinhas do Pacífico, que dificultam a formação de chuvas, outro fator que influencia no índice pluviométrico da região é a Cordilheira dos Andes, que impede a chegada de umidade vindo da Amazônia.
  O deserto do Atacama é formado basicamente por árvores de pequeno porte, como a algaroba, e pequenos arbustos, que crescem na sua maioria ao longo dos vales e na região da pré-cordilheira, além dos cactos, que crescem nas serras próximas à costa.
  Apesar de ser um deserto bastante seco e não apresentar um índice pluviométrico relevante, o deserto do Atacama apresenta alguns lagos que permanece com água o ano quase todo, servindo de fonte de vida, tanto para os habitantes da região quanto para os animais que lá habitam.
  O deserto do Atacama é muito visitado por turistas, principalmente de aventuras, que procuram a região para praticarem esportes radicais, além dos turistas que buscam apreciar a paisagem e os monumentos arqueológicos.
Paisagem do deserto do Atacama
  • Deserto da Patagônia
  O deserto da Patagônia é o maior deserto das Américas e está localizado no sul da Argentina e em uma pequena parte do Chile. É um deserto gelado, que possui geleiras que avançam e retrocedem de acordo com a época do ano, e é formado por bosques verdes que logo se petrificam pela variação de temperatura.
  A Patagônia passou a ter uma grande importância econômica para a Argentina no início do século XX, quando foi descoberta imensas jazidas minerais, principalmente de petróleo e gás natural. Além do petróleo e do gás natural, o subsolo da Patagônia é também rico em minério de ferro.
Paisagem da Patagônia
  Além da extração mineral, a agricultura de cereais e a pecuária, além do turismo, são as outras atividades econômicas que predominam na região.
  O deserto da Patagônia é limitado pelo oceano Atlântico a leste e pela Cordilheira dos Andes a oeste. As temperaturas variam de - 20ºC no inverno, até 45ºC no verão. A vegetação predominante na Patagônia são as estepes, além de árvores de maior porte, que são encontradas nos bosques próximos à Cordilheira dos Andes.
  A paisagem da Patagônia é constituída por geleiras gigantescas, montanhas, lagos e rios formados pela ação do degelo, bem como paisagens pampeanas e desertos.
Paisagem do deserto da Patagônia
  • Deserto de Mojave
  O deserto de Mojave é o nome dado a parte mais elevada do deserto da Califórnia. Esse deserto possui um clima bastante hostil e abriga algumas formações geológicas importantes, como o Vale da Morte, com seus leitos de lagos secos e cheios de sal. Abriga também o maior cemitério de aviões do mundo, que consiste em um depósito onde jatos antigos de grandes empresas aéreas ficam aguardando serem desmontados para aproveitamento de seus materiais recicláveis.
  O deserto tem esse nome devido a grande predominância de cobras mojave, um tipo de cobra da família da cascavel. A principal cidade abrangida pelo deserto é a cidade de Las Vegas, no estado de Nevada.
Deserto de Mojava, Nevada - EUA
  • Deserto de Sonora
  O deserto de Sonora, também conhecido como deserto de Gila e Baixo Deserto, é a parte mais baixa do deserto da Califórnia, e está localizado na fronteira entre os Estados Unidos e o México. Possui uma área de aproximadamente 311.000 km². O deserto é cortado pelos rios Colorado e Gila, e sua extensão cobre os estados do Arizona, Califórnia e Novo México.
  O deserto é muito quente durante o dia e frio durante à noite, e bastante seco durante o ano, com temperaturas variando de 0ºC a 40ºC.
  A escassez de chuva nessa região é devido à altitude e às montanhas, que impedem as nuvens que vêm do oceano Pacífico cheguem ao deserto. A vegetação do deserto de Sonora é formada basicamente por árvores de pequeno porte, arbustos e cactos, com destaque para o cacto saguaro. Apesar de ser bastante seco, o deserto de Sonora apresenta alguns lagos que possuem água quase o ano todo.
Paisagem do deserto de Sonora, Arizona - EUA
  • Deserto de Chihuahua
  O deserto de Chihuahua se estende pela região da fronteira entre os Estados Unidos e o México, possuindo terras nos estados do Arizona, Texas e Novo México (EUA) e Chihuhahua, Coahuila, Durango e Zacatecas (México). Esse deserto possui vales separados por cordilheiras, com elevações que alcançam mais de 3 mil metros na Sierra Madre Ocidental, e cidades importantes, como Ciudad Juarez e Chihuahua, no México. É o maior deserto da América do Norte, com mais de 450 mil km².
Deserto de Chihuahua - México
  • Deserto de Thar
  O deserto de Thar, também conhecido como Grande Deserto Indiano, é extremamente árido e domina a paisagem do noroeste da Índia, desde o Hindu Kush até o oceano Índico. Está situado em sua maior parte no território indiano do Estado do Rajastão, mas possui terras também no Paquistão, na província de Sind. Cerca de 10% do deserto de Thar é formado por dunas móveis. O restante do território que compreende o deserto é formado por dunas fixas, afloramentos de rochas e bancos de sal, áreas quase desprovidas de vegetação.
Deserto de Thar - Índia
  • Deserto da Arábia
  O deserto da Arábia está localizado em terras da Arábia Saudita, Síria, Jordânia, Omã, Iraque, Kuwait, Qatar e Iêmen, possuindo uma área total de 2.330.000 km². É um deserto que possui pouca biodiversidade animal, com destaque para gazelas, uma espécie de gato, camundongos e lagartos, que convivem com espécies em risco de extinção, como as hienas, o chacal e texugos (da família dos roedores). Devido a caça, a invasão territorial, a destruição dos habitats e a grande exploração mineral, principalmente do petróleo, a vida animal neste deserto está bastante comprometida.
Deserto da Arábia, na Arábia Saudita
  O clima é muito seco, e oscila entre temperaturas extremas de calor e secas sazonais, com médias variando de 40ºC a 50ºC no verão, e 5ºC a 15ºC no inverno.
  O deserto da Arábia é habitada por vários povos, como árabes, curdos, turcos, assírios e armênios. Essa região sofreu uma grave crise ambiental na década de 1990, decorrente da sabotagem do petróleo kuwaitiano pelas forças iraquianas de Saddam Hussein, durante a Guerra do Golfo, o que causou enormes derrames de hidrocarbonetos, provocando a liberação de toxinas na atmosfera. Grande parte do petróleo consumido no mundo sai desse deserto.
    Deserto da Arábia, nos Emirados Árabes Unidos
  • Deserto de Neguev
  O deserto de Neguev está localizado no sul de Israel, em uma região triangular entre o Egito do lado ocidental, e a Jordânia do lado oriental, e ocupa cerca de 60% do território israelense. Seu solo é extremamente rochoso, o que dificulta a agricultura. Apesar dos fatores que dificultam o cultivo agrícola no deserto, desde os períodos mais remotos da história da humanidade, algumas civilizações conseguiram cultivar e sobreviver neste local.
  Nessa região, as precipitações pluviométricas são muito baixas, mas no inverno, são comuns chuvas repentinas e breves. Cursos d'água temporários (ueds) cortam a região mais acidentada.
  A agricultura irrigada, a mineração e a urbanização empreendida no século XX, mudaram a face do Neguev. A modernização agrícola do Neguev iniciou-se com a implantação, em 1943, dos kibutzim (fazendas coletivas). Após a criação do Estado de Israel, em 1948, a região ganhou importância, produzindo grandes safras de cereais, forragem, frutas, legumes e verduras.
    Deserto de Neguev - Israel
  • Deserto de Gobi
  O deserto de Gobi está situado entre a província chinesa da Mongólia Interior e o sul da Mongólia. É um dos desertos mais áridos do mundo. Muito distante de qualquer oceano, não recebe nenhuma influência da maritimidade e fica longos períodos sem chuvas. O deserto afeta a vida de milhões de chineses, principalmente. Durante o inverno, o vento frio e seco lança enormes nuvens de areia sobre diversas cidades chinesas.
  A ocorrência do deserto de Gobi se deve às montanhas que formam a Cordilheira do Himalaia- elas se transformam em barreiras que impedem os ventos úmidos, vindos do mar, de atravessar o continente. Assim, formam-se áreas desérticas e semiáridas na região do Gobi.
  A população do deserto de Gobi é historicamente nômade, vagueia pela região em busca dos raros campos férteis onde é possível cultivar alimentos. A economia destaca-se pelo pastoreio, especialmente de bovinos, ovinos e caprinos.
Deserto de Gobi - Mongólia
  Nas últimas décadas, o governo chinês implantou diversos projetos de irrigação no deserto de Gobi, para atrair população de outras regiões do país que estão muito povoadas. O governo oferece terras gratuitas e perfura poços artesianos para famílias que queiram se instalar nessa região. Mesmo com as vantagens oferecidas pelo governo, são poucas as famílias que se arriscam a deslocar-se para essa parte do país.
  As tempestades de areia oriundas do deserto de Gobi são especialmente afetadas por agregar elementos poluentes das áreas industrializadas e populosas da China, prejudicando diretamente a vida das pessoas e dos animais da região.
Oásis em forma de meia-lua, no deserto de Gobi - China
  • Deserto de Taklamakan
  O deserto de Taklamakan está localizado na província chinesa de Xinjiang. É formado por enormes planaltos áridos. Esses planaltos estão separados por áreas mais baixas que constituem típicas depressões. É um deserto dominado por extremos de temperatura. No verão o calor é intenso, e no inverno as temperaturas descem bem abaixo de zero.
  A população dessa região é formada principalmente por pastores que ainda praticam o nomadismo, sempre em busca de pastagens para os seus rebanhos, formados geralmente por caprinos e ovinos.
  Nos últimos 30 anos, o governo chinês tem permitido a entrada de empresas estrangeiras nesse deserto para explorar as jazidas de petróleo e gás natural que se formaram em suas bacias sedimentares. A indústria petroquímica promoveu a construção de gasodutos e oleodutos, fato que deu maior dinamismo à economia local.
Deserto de Taklamakan - China
  • Deserto Australiano
  A Austrália é um país predominantemente árido e quente, com uma rede hidrográfica pouco extensa. A aridez na Austrália é explicada por dois fatores. Primeiro, as altas pressões atmosféricas dominantes ao longo do Trópico de Capricórnio. Como o trópico corta o centro da Austrália, essa região constitui uma zona dispersora de ventos, que sopram tanto para o norte quanto para o sul, afastando a umidade oceânica e as nuvens e dando origem aos desertos. Outro fator que influencia a ocorrência de desertos no território australiano é a ação de correntes marinhas frias que se deslocam ao longo do oceano Índico.
  A maioria dos desertos australianos situam-se na porção centro-oeste, cobrindo boa parte do país. Essa característica tende a dificultar o desenvolvimento das atividades agrícolas. Trata-se de desertos quentes que abrangem o Grande Deserto de Gibson, o Grande Deserto de Areia, o Grande Deserto de Vitória, o Deserto de Sturt Stony e o Deserto de Simpson.
Localização dos desertos australianos
  Os australianos se referem aos desertos como outback, cujo significado é "tudo o que está para trás", se referindo ao "interior" do país. As populações que tradicionalmente habitam os desertos são os aborígenes.
  Nos desertos australianos, o ar seco e o solo pedregoso-arenoso deixam extensas áreas sem nenhuma vegetação.
  Dentre os principais desertos australianos, destacam-se:
Deserto de Gibson
  O deserto de Gibson cobre uma grande área da Austrália Ocidental, possuindo cerca de 155.000 km². Situa-se ao longo do trópico de Capricórnio, e inclui uma área de planícies onduladas de areia e campos de dunas e rochas, além de montanhas de cascalhos e porções significativas com elevado grau de formações de laterita.
  Vários lagos de água salgada isoladas ocorrem no centro desse deserto. Em grande parte da região, principalmente na sua porção ocidental mais seca, os únicos habitantes humanos são os aborígenes australianos, muitos dos quais tiveram contato muito limitado com o mundo exterior.
  O deserto de Gibson faz parte da meseta da Austrália Ocidental. O nome desse deserto deve-se a Alfred Gibson, navegador que morreu em sua tentativa de cruzar a Austrália durante uma expedição em 1874, junto a outro navegador, Ernest Giles, que sobreviveu e batizou o deserto em honra ao seu colega.
  As precipitações no deserto de Gibson fica em torno dos 200-250 mm anuais. O clima é bastante seco, com máximas térmicas que atingem os 40ºC no verão e 18ºC no inverno.
Paisagem do deserto de Gibson
Grande Deserto de Areia
  O Grande Deserto de Areia ou Arenoso, estende-se ao longo de 360.000 km² e está localizado no noroeste da Austrália. Faz parte de uma vasta e plana região conhecida como Deserto do Oeste, no estado da Austrália Ocidental.
  O Grande Deserto Arenoso contém extensas áreas de dunas. Ao nordeste desse deserto  localiza-se a cratera do Wolfe Creek - formação causada pelo impacto de um meteorito. Essa cratera possui uma média de 875 metros de diâmetros e 60 metros de profundidade.
Cratera Wolfe Creek
  Na costa há várias granjas de ovelhas. O resto da região é escassamente povoada. As precipitações são escassas ao longo de toda a costa e no norte. A área do deserto mais chuvosa é próximo à região de Kimberley, com uma média superior a 300 milímetros, mas distribuída de forma bastante irregular.
  Na fauna do Grande Deserto de Areia predominam os roedores, répteis e insetos adaptados à falta d'água, além de grandes mamíferos. Esse deserto possui uma grande biodiversidade, graças à água subterrânea da bacia artesiana dos rios Murray e Darling.
Grande Deserto Arenoso - Austrália
Grande Deserto de Vitória
  O Grande Deserto de Vitória é uma ecorregião inóspita, árida e escassamente povoada do sul da Austrália, localizada entre os estados da Austrália Meridional e Austrália Ocidental, e que apresenta grande quantidade de pequenas dunas de areia e extensos lagos de água salgada. Possui uma superfície de 424.400 km², é muito árido e quente, com escassa produção agrícola. Dentro deste deserto encontra-se o Mamungari Conservation Park, uma das doze Reservas Mundiais da Biosfera da Austrália.
Grande Deserto de Vitória - Austrália
FONTE: Perspectiva geografia, 6 / Cláudia Magalhães ... [et al.]. 2. ed. - São Paulo: Editora do Brasil, 2012. (Coleção perspectiva)

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