O conjunto rochoso dos maciços antigos brasileiros enterra numerosas jazidas de diversos minérios. Minérios são todos os minerais ou associações de minerais, metálicos ou não, que têm grande importância econômica. É o caso do ferro, do manganês, do cobre ou da bauxita. Esses maciços antigos são também chamados de escudos cristalinos.
O escudo cristalino é uma grande área composta de rochas ígneas ou metamórficas de alta temperatura que surgiram durante a era Pré-Cambriana e se encontram expostas, formando zonas tectonicamente estáveis. Em todos os escudos, a idade das rochas é superior a 570 milhões de anos, chegando até aos 3 bilhões e meio de anos. Compreendem as primeiras formações rochosas terrestres.
|
Serra Caiada. Localizada no município de Serra Caiada - RN, é a rocha mais antiga das Américas |
No Brasil, os maciços antigos antigos correspondem a cerca de 36% da área total
do território brasileiro e são divididos em duas porções: o escudo das
Guianas, ao norte da planície Amazônica, e o escudo Brasileiro, na parte
centro-oriental do país, cuja grande extensão permite dividi-lo em sete
escudos menores ou núcleos, segundo Aziz Nacib Ab'Saber, que são:
Sul-Amazônico, Atlântico, Araguaia-Tocantins ou Goiano, Sul-Rio
Grandense, Gurupi, Nordestino e Bolívio-Matogrossense.
|
Mapa da estrutura geológica do Brasil, segundo Ab'Saber |
Nesses escudos são encontrados alguns dos principais minerais metálicos.
FERRO
A utilização em larga escala do minério de ferro tem início no século
XV, quando começam a ser utilizados os altos-fornos. Esses fornos são
grandes estruturas verticais que atingem temperaturas muito elevadas,
acima dos 1.200°C, mediante a queima do carvão. Essa temperatura é
necessária para que o metal contido no minério de ferro assuma forma
líquida ou pastosa e, assim, possa ser depositado em moldes e
transformados em vários objetos, como ferramentas e máquinas.
As reservas de minério de ferro são muito abundantes em todo o mundo.
Porém, 73% das jazidas desse mineral estão concentradas em apenas cinco
países, dentre os quais o Brasil e a Austrália, cujas reservas
apresentam teor de ferro mais elevado.
No Brasil, o minério de ferro é extraído, principalmente, em Minas Gerais, no Pará e no Mato Grosso do Sul.
Em Minas Gerais, a mineração concentra-se no Quadrilátero Ferrífero.
Várias empresas de mineração atuam nessa região, e a maior delas é a
Vale, empresa criada em 1942 pelo governo nacional-desenvolvimentista de
Getúlio Vargas, com o nome Companhia Vale do Rio Doce, que foi privada
em 1997, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. Atualmente, a
Vale é uma das maiores companhias de mineração do mundo.
O Quadrilátero Ferrírfero, localizado na porção centro-sul do estado de
Minas Gerais e com extensão territorial de aproximadamente 7 mil km², é
uma área vizinha a Belo Horizonte formada pelas cidades de Sabará, Rio
Piracicaba, Congonhas, Casa Branca, Itaúna, Itabira, Nova Lima, Santa
Bárbara, Mariana, Ouro Preto, entre outras.
|
Mapa da região do Quadrilátero Ferrífero |
A descoberta de ouro nessa área ocorreu no final do século XVII, fato
que proporcionou a criação de importantes cidades mineiras, tais como
Ouro Preto e Mariana. Também atraiu grandes fluxos migratórios de
mineradores, contribuindo para a ocupação do interior do Brasil, visto
que nesse período a população se concentrava basicamente nas áreas
litorâneas.
O Quadrilátero Ferrífero continua a sendo a região de maior
concentração urbana de Minas Gerais, além de ser uma área de fundamental
importância para o desenvolvimento econômico estadual, impulsionando o
setor industrial, sobretudo o segmento siderúrgico.
Dentre os vários minérios extraídos do Quadrilátero Ferrífero estão o
ouro, o manganês e o ferro. É a maior região produtora de minério de
ferro do Brasil, respondendo por cerca de 60% da produção nacional desse
produto.
|
Mariana - MG. Importante cidade do Quadrilátero Ferrífero |
A intensa exploração desses recursos sem uma devida preocupação
ambiental desencadeou uma série de impactos na natureza. Entre os
problemas detectados estão a poluição do lençol freático e do solo,
perda da biodiversidade, erosões, entre outros.
Para exportar o minério de ferro extraído do Quadrilátero Ferrífero, a
Vale utiliza a Estrada de Ferro Vitória-Minas, cuja administração está
sob seu controle. Essa ferrovia escoa o minério até o porto de Tubarão
(ES). Ao longo de mais de 900 quilômetros de extensão, a Estrada de
Ferro Vitória-Minas atravessa também o chamado Vale do Aço, a mais
importante região siderúrgica de Minas Gerais.
|
Produção de minério de ferro em Mariana - MG |
Para exportar o minério de ferro extraído do Quadrilátero Ferrífero, a
Vale utiliza a Estrada de Ferro Vitória-Minas, cuja administração está
sob seu controle. Essa ferrovia escoa o minério até o porto de Tubarão
(ES). Ao longo de mais de 900 quilômetros de extensão, a Estrada de
Ferro Vitória-Minas atravessa também o chamado Vale do Aço, a mais
importante região siderúrgica de Minas Gerais.
A Estrada de Ferro Vitória-Minas, também conhecida pela abreviação
EFVM, interliga a Região Metropolitana de Vitória, no Espírito Santo, a
Belo Horizonte, capital de Minas Gerais. Sua construção teve início no
final do século XIX e tinha como objetivo inicial o transporte
ferroviário de passageiros e escoar a produção cafeeira do Vale do Rio
Doce e Espírito Santo. No entanto, seu foco foi alterado em 1908,
passando a visar Itabira e escoar o minério de ferro extraído no
município até os complexos portuários capixabas.
|
Mapa da Estrada de Ferro Vitória-Minas |
A partir da construção da via férrea, estruturaram-se povoados que
deram origem a novos municípios, como Coronel Fabriciano e,
posteriormente, ao Vale do Aço, cujo crescimento industrial só foi
possível pela existência da EFVN, que também passou a servir como forma
de escoamento da produção das indústrias locais. Em 1994, a ferrovia
alcançou a capital mineira, configurando-se como a única no Brasil a
fornecer trens de passageiros com saídas diárias a longa distâncias.
|
Estrada de Ferro Vitória-Minas, em Itapina - MG |
Existe também o transporte por dutos,
chamado mineroduto, ligando
Mariana (MG) a Anchieta (ES), com extensão de aproximadamente 400 km e
que atravessa 25 municípios. Recentemente foi construído um mineroduto ligando o
município de Alvorada de Minas (MG) até o Complexo Portuário do Açu, em
São João da Barra (RJ). O comprimento total do duto é de 525 km,
passando por 32 municípios. O transporte pelo duto tem uma duração de
três dias, e utiliza bombas de alta pressão.
|
Mineradora Samarco, em Anchieta -ES |
O Vale do Aço concentra várias indústrias siderúrgicas, que também exportam parte de sua produção para a Europa, o Japão e a China, utilizando a ferrovia Vitória-Minas e o porto de Tubarão.
O Vale do Aço é uma região metropolitana de Minas Gerais formada pelos municípios de Ipatinga, Coronel Fabriciano, Santana do Paraíso e Timóteo, e pelo colar metropolitano, que é composto pelos seguintes municípios: Açucena, Antônio Dias, Belo Oriente, Braúnas, Bugre, Córrego Novo, Dionísio, Dom Cavati, Entre Folhas, Iapu, Ipaba, Jaguaraçu, Joanésia, Marliéria, Mesquita, Naque, Periquito, Pingo-d'Água, São João do Oriente, São José do Goiabal, Sobrália e Vargem Alegre. Foi criada pela lei complementar n° 51, de 30 de dezembro de 1998, e oficializada pela lei complementar n° 90, de 12 de janeiro de 2006. O desenvolvimento e estabelecimento dessa região metropolitana se deve às grandes empresas situadas na região, como a Aperam South America, em Timóteo; a Usiminas, em Ipatinga; e a Cenibra, no município de Belo Oriente.
|
Mapa da região do Vale do Aço Mineiro |
Outro estado brasileiro que se destaca na produção de minério de ferro é o Pará, onde a extração também é realizada exclusivamente pela Vale. A empresa atua na Serra do Carajás, no sudeste do estado, em plena Amazônia. A extração de ferro em Carajás só se tornou possível depois que o governo brasileiro providenciou uma série de obras de infraestrutura.
O Projeto Carajás, oficialmente conhecido como Projeto Grande Carajás (PGC), é um projeto de exploração mineral, lançado em 1979 e iniciado em 1980, na mais rica área mineral do planeta, pela Vale. Estende-se por 900 mil km², numa área que corresponde a um décimo do território brasileiro, e que é cortada pelos rios Xingu, Tocantins e Araguaia, e engloba terras do sudeste do Pará, norte do Tocantins e sudoeste do Maranhão. Essa região possui um dos maiores potenciais minerais do Brasil, com imensas jazidas de minério de ferro (20 bilhões de toneladas), manganês (60 milhões de toneladas), cobre (1 bilhão de toneladas), bauxita (40 milhões de toneladas), níquel, cassiterita e ouro.
|
Mapa do Projeto Grande Carajás |
O PGC tinha como objetivo realizar a exploração integrada dos recursos dessa província mineralógica, considerada a mais rica do mundo, contendo minério de ferro de alto teor, ouro, estanho, bauxita, manganês, níquel, cobre e minérios raros. A vida útil das reservas de minério de ferro, estimada na década de 1980, era de cerca de 500 anos.
Carajás não se limitou apenas a explorar a mineração; existiam outros projetos agropecuários e de extração florestal, que tinham por objetivo o desenvolvimento da região.
Para a consolidação desse ambicioso projeto, foi implantada uma importante infraestrutura, que incluiu a Usina Hidrelétrica de Tucuruí, a Estrada de Ferro Carajás e o Porto de Ponta da Madeira, localizado no Porto de Itaqui, em São Luís (MA).
|
Mapa da Estrada de Ferro Carajás |
A Estrada de Ferro Carajás, que se estende por quase 900 quilômetros e liga a Serra dos Carajás ao porto de Itaqui, em São Luís (MA), é operada pela Vale. Possui 5 estações, 10 paradas e percorre ao todo 892 km ligando os municípios de São Luís, Santa Inês, e Açailândia (MA), Marabá e Paraubebas (PA).
Junto com as ferrovias, as condições hídricas dos rios amazônicos (com grande volume de águas) são fundamentais para o escoamento dos minerais extraídos, e também para assegurar a operação da usina de Tucuruí, necessária para o funcionamento das indústrias de transformação de minerais.
|
Trem da Estrada de Ferro Carajás |
Outra grande obra ligado à exploração de Carajás é a usina hidrelétrica de Tucuruí, no rio Tocantins, que fornece toda a energia necessária para a extração e o transporte do minério.
A Usina Hidrelétrica de Tucuruí é uma central hidrelétrica localizada no rio Tocantins, no município de Tucuruí, distante cerca de 300 km ao sul de Belém. É a maior usina hidroelétrica totalmente brasileira. Integrante do Subsistema Norte do Sistema Interligado Nacional (SIN), é responsável pelo abastecimento de grande parte das redes da Celpa (no Pará), Cemar (no Maranhão) e da Celtins (no Tocantins).
|
Usina Hidrelétrica de Tucuruí |
O minério de ferro também é encontrado em abundância no estado do Mato Grosso do Sul, especialmente no município de Corumbá, onde aflora um grande maciço cristalino antigo: o Maciço de Urucum. Ali, o minério de ferro é explorado por duas empresas, a Vale e a Rio Tinto. A produção é quase toda exportada sem qualquer beneficiamento, em estado bruto, ou seja, como o minério se apresentava no momento em que foi extraído. O minério é escoado em grandes barcaças, que descem os rios Paraguai e Paraná, principalmente para a Argentina, o Uruguai e o Paraguai. Apesar de está distante das grandes siderúrgicas brasileiras, o Maciço de Urucum é uma importante área de extração de minério de ferro.
|
Mapa da região do Maciço de Urucum |
O Maciço de Urucum ou Morro de Urucum, recebeu este nome pela cor avermelhada de suas terras, que se assemelha ao urucum (fruto do urucuzeiro, do qual se produz o colorau). Está localizado na zona rural de Corumbá, no Mato Grosso do Sul e é famoso por ser a maior e mais culminante formação rochosa do Estado, com altitude de 1.065 metros. Em razão da natureza de suas rochas, o Maciço de Urucum possui grandes reservas minerais, que se destaca o manganês tipo pirolusita e criptomelana, possuindo a maior reserva do Brasil e uma das maiores do mundo, podendo ser extraído mais de 30 milhões de toneladas, e o ferro tipo hematita e itabirita (terceira maior reserva do Brasil).
|
Maciço de Urucum |