terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

FILOSOFIA: A ORIGEM DAS CIÊNCIAS

QUAL O SENTIDO DA FILOSOFIA? O QUE FAZ O FILÓSOFO? POR QUÊ?
  Inconformismo, descontentamento, insatisfação... É o que sente quem não aceita explicações simplistas sobre a realidade e quer conhecer a verdade. Por sua vez, perplexidade, dúvida e procura de explicações impulsionam a busca do conhecimento. Foram esses sentimentos que levaram alguns homens, por volta do século VI a.C., na Grécia Antiga, a refletir sobre a natureza e a vida humana. Quem sou eu? Por que estou aqui? Qual a minha função? Como relacionar-me com os outros? As respostas que deram a essas e tantas outras questões originaram grandes correntes de pensamento que até hoje influenciam boa parte da humanidade.
Paul Gauguin. De onde viemos? Quem somos? Para onde vamos? (1897/98)
QUAL O SENTIDO DE FAZER TANTAS PERGUNTAS? PARA QUE SERVE FILOSOFIA?
  É uma manhã de céu claro e limpo. De repente uma forte ventania traz nuvens carregadas, que transformam o dia em noite, e uma tempestade apavorante despenca sobre a cidade. Por que os fenômenos naturais ocorrem? Como a natureza se transforma? Uma árvore sofre uma poda radical que só lhe deixa o tronco; um ano depois, pequenos brotos rompem a casca dura da árvore e ela volta a verdejar. O que é a vida? E a morte?
  Assim como nós, os primeiros filósofos também se surpreenderam com a natureza. Buscaram entender os fenômenos por meio da observação e da reflexão sem se contentar com uma resposta que dependesse da vontade dos deuses ou do sobrenatural. Libertando-se das crenças religiosas e procurando explicações pela razão, os filósofos gregos deram o primeiro passo na direção de uma forma científica de pensar. A busca do conhecimento e da verdade os levou a diferentes respostas. Era o começo de uma longa gestação, da qual nasceram as ciências. Todas as ciências que hoje conhecemos, são filhas da Filosofia.
Frontispício da Instauratio Magma, de Francis Bacon, 1620. Na parte inferior está escrito: Multi pertransibunt et augebitur scientia (Muitos passarão, e o conhecimento aumentará). As colunas representam as limitações da filosofia antiga e medieval. 
O QUE HÁ DE ESPECIAL NESSAS "PRIMEIRAS RESPOSTAS"? A QUE IDEIAS OS FILÓSOFOS GREGOS PODIAM CHEGAR SEM DISPOR DE LABORATÓRIOS E APARELHOS PARA PESQUISA?
  A única ferramenta dos filósofos gregos era sua razão e, com ela, procuram respostas para a origem da vida. Tales de Mileto, por exemplo, considerava a água a origem de todas as coisas. Para Anaxímenes, toda forma de vida surge do ar. Empédocles afirmou que tudo se originava da combinação de quatros elementos básicos ou "raízes": a terra, o ar, o fogo e a água. Um pedaço de madeira queimando mostra como esses elementos estão presentes na natureza: O fogo é o que vemos. O estalo da madeira indica que a água está se soltando do seu interior. O ar se manifesta pela fumaça. E quando as chamas se apagam, sobram as cinzas, que é a terra. Se substituirmos as palavras "terra", "ar", "água" e "fogo" por "sólido", "gasoso", "líquido" e "energia", encontraremos as ideias básicas que envolvem todas as reações químicas. E isso foi pensado há mais de 2,5 mil anos!
Discussão noite adentro, de William Blades: o debate franco de ideias, conforme os padrões da argumentação lógica, é uma das características centrais da atividade filosófica.
  Heráclito afirmava que a característica mais fundamental da natureza eram suas constantes transformações. "Tudo flui", dizia. Tudo está em movimento, nada dura para sempre. "Não podemos entrar duas vezes no mesmo rio: quando entro pela segunda vez, tanto eu como o rio já estamos mudados". Heráclito também nos chama a atenção para o fato de que o mundo está impregnado de opostos (saúde-doença, guerra-paz, fome-saciedade, bem-mal, etc.) e que eles são necessários para a ávida. Sem a constante interação dos opostos, o mundo deixaria de existir.
Heráclito de Éfeso - membro da Escola Jônica
  Anaxágoras afirmou que a natureza era composta por partículas minúsculas, invisíveis a olho nu, que ele chamou de "sementes" ou "germes". Cada uma delas continha um pouco de tudo - um pensamento muito próximo à ideia de célula e de estrutura genética. Imaginou que um tipo de de força era responsável pela origem e pela criação de homens, animais, flores e árvores. A esta força ele deu o nome de "inteligência".
Anaxágoras de Clazômenas - membro da Escola da Pluralidade
  Já Demócrito dizia que todas as coisas eram constituídas por uma infinidade de partículas invisíveis, mas cada uma delas era eterna, imutável e indivisível. Chamou-as de "átomos", palavra que significa "indivisíveis". Os átomos tinham, segundo ele, diferentes formas, que se combinavam e davam origem a corpos diversos. Os átomos não morrem quando um ser se decompõe, seus átomos se espalham e dão origem a outros corpos.
Busto de Demócrito de Abdera - membro da Escola Atomismo
  Demócrito errou em muito pouco. Hoje sabemos que a natureza é composta de diferentes átomos, que se ligam a outros para depois se separarem novamente. Um átomo de hidrogênio presente numa célula do meu dedo pode ter pertencido um dia à pata de um elefante. Um átomo de carbono do meu coração pode ter estado, no passado, na vértebra de um dinossauro. Mas, ao contrário do que pensava Demócrito, o átomo pode ser dividido, pois compõe-se de partículas ainda menores, prótons, nêutrons e elétrons.
  Talvez o mais importante legado que os filósofos gregos nos deixaram seja a atitude de pesquisa racional e desinteressada. Sua preocupação com a verdade e com o conhecimento continua presente na ciência atual.
ALGUMAS DESCOBERTAS E IDEIAS DE FILÓSOFOS GREGOS (Datas referentes ao período a.C.)
585: Ocorre o eclipse previsto por Tales de Mileto.
580: Tales anuncia que a água é a origem da vida.
520: Pitágoras anuncia seu teorema do triângulo retângulo.
510: O geógrafo grego Hecateu desenha o primeiro mapa próximo à realidade: Terra redonda, Europa ao norte, África ao sul e Ásia a leste.
Mapa do mundo na concepção de Hecateu de Mileto
500: Fenícios realizam a circunavegação da África.
500: Alcmeon, médico grego, disseca cadáveres humanos.
500: Heráclito fala do fluxo universal e da síntese dos opostos.
500: Pitágoras dá o nome de Afrodite ao planeta hoje chamado Vênus.
490: Heráclito afirma que os sonhos são pensamentos da própria pessoa e não forças sobrenaturais.
460: Empédocles fala da teoria dos quatro elementos.
440: Demócrito lança sua ideia do "átomo".
430: Sócrates dá aulas em Atenas.
A morte de Sócrates, de Jacques-Louis David, 1787
420: Hipócrates, médico grego, afirma que toda doença tem causa natural, não divina.
387: Platão funda a Academia, uma escola de estudos matemáticos onde Aristóteles também deu aula.
350: Aristóteles explica porque a Terra é redonda.
350: Eudoxus, matemático grego, traça o primeiro mapa celeste, usando linhas imaginárias que se cruzam (longitude e latitude).
332: Aristóteles funda o Liceu, centro dedicado às ciências naturais.
300: Euclides, matemático grego, escreve o livro Elementos.
300: Praxágoras, médico grego, descreve as artérias e as veias e descobre a ligação entre o cérebro e a medula espinal.
280: Herófilo descreve o fígado e o baço e batiza a retina e o duodeno.
280: Erasístrato percebe a diferença entre o cérebro e o cerebelo.
270: Aristarco calcula o tamanho da Terra, da Lua e do Sol e suas distâncias.
270: Ctesíbius inventa o relógio de água, chamando-o de clepsidra.
260: Arquimedes lança o princípio da alavanca e da flutuação.
240: Eratóstenes calcula a circunferência da Terra corretamente.
Eratóstenes e o raio da Terra
150: Hiparco, o maior astrônomo grego, funda a trigonometria.  
FONTE: ASIMOV, Isaac. Cronologia das ciências e das descobertas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1993.

ENEM 2012

QUESTÕES DE GEOGRAFIA
1) O uso da água aumenta de acordo com as necessidades da população no mundo. Porém, diferentemente do que se possa imaginar, o aumento do consumo de água superou em duas vezes o crescimento populacional durante o século XX.
TEIXEIRA, W. et. al. Decifrando a Terra. São Paulo: Cia Editora Nacional, 2009.
Uma estratégia socioespacial que pode contribuir para alterar a lógica da água apresentada no texto é a:
a) ampliação de sistemas de reutilização hídrica;
b) expansão da irrigação por aspersão das lavouras;
c) intensificação do controle do desmatamento das florestas;
d) adoção de técnicas tradicionais de produção;
e) criação de incentivos fiscais para o cultivo de produtos orgânicos.
Comentário: a água usada, depois de tratamento, pode servir para a agricultura, para a lavagem de roupas, louças etc. A aspersão consome uma quantidade de água muito grande, além da perda excessiva por causa da evaporação; o ideal seria uma irrigação por gotejamento. Não deve-se fazer o controle do desmatamento, e sim evitá-lo, principalmente em áreas de nascentes e próximo às margens dos rios. A adoção de técnicas tradicionais contribui para um maior consumo de água, devido à pouca preocupação com o consumo de água. A agricultura orgânica é uma agricultura de uso sustentável, porém, se o agricultor se preocupar apenas em não usar fertilizantes ou agrotóxicos e consumir uma grande quantidade de água, ela pode deixar de ser sustentável.
2) Nós nos recusamos a acreditar que o banco da justiça é falível. Nós nos recusamos a acreditar que há capitais insuficientes de oportunidade nesta nação. Assim, nós viemos trocar este cheque, um cheque que nos dará o direito de reclamar as riquezas de liberdade e a segurança da justiça.
(KING Jr., M. L. Eu tenho um sonho, 28 ago. 1963. Disponível em: www.palmares.gov.br. Acesso em: 30 nov. 2011 - Adaptado).
O cenário vivenciado pela população negra, no sul dos Estados Unidos nos anos 1950, conduziu à mobilização social. Nessa época, surgiram reivindicações que tinham como expoente Martin Luther King e objetivavam:
a) a conquista dos direitos civis da população negra;
b) o apoio aos atos violentos patrocinados pelos negros em espaço urbano;
c) a supremacia das instituições religiosas em meio à comunidade negra sulista;
d) a incorporação dos negros no mercado de trabalho;
e) a aceitação da cultura negra como representante do modo de vida americano.
Comentário: Martin Luther King Jr. lutava pelo fim do preconceito racial nos Estados Unidos, e essa luta se deu de forma pacífica. Martin Luther King Jr. era um pastor protestante, e isso não era motivo da supremacia religiosa perante as comunidades negras. Os negros participavam ativamente do mercado de trabalho nos Estados Unidos, porém, os trabalhos destinados a eles eram inferiores aos dos brancos.Eles também, exigiam respeito à cultura negra perante a sociedade norte-americana. Os protesto de Martin Luther King foi inspirado no modelo de protesto proposto na Índia por Mahatma Gandhi.
3)
LORD WILLINGDON'S DILEMMA
Disponível em: www.gandhiserve.org. Acesso em: 21 nov. 2011. 
O cartum, publicado em 1932, ironiza as consequências sociais das constantes prisões de Mahatma Gandhi pelas autoridades britânicas na Índia, demonstrando:
a) a ineficiência do sistema judiciário inglês no território indiano;
b) o apoio da população hindu à prisão de Gandhi;
c) o caráter violento das manifestações hindus frente à ação inglesa;
d) a impossibilidade de deter o movimento liderado por Gandhi;
e) a indiferença das autoridades britânicas frente ao apelo popular hindu.
Comentário: Mahatma Gandhi (ou "A Grande Alma") foi um idealizador e fundador do moderno Estado indiano e o maior defensor do Satyagraha (princípio da não agressão, ou seja, uma forma não-violenta de protesto). Gandhi ganhou notoriedade internacional pela sua política de desobediência civil e pelo jejum como forma de protesto. Por esses motivos sua prisão foi decretada diversas vezes pelas autoridades britânicas, prisões às quais sempre se seguiram de protestos pela sua libertação. Outra estratégia eficiente de Gandhi pela independência foi a política do swadeshi - o boicote a todos os produtos importados, especialmente os produzidos na Inglaterra. Aliada a esta estratégia estava sua proposta de que todos os indianos deveriam vestir o khadi - vestimentas caseiras - ao invés de comprar os produtos têxteis bitânicos. A caricatura de Gandhi sendo preso por Lord Willingdon, do início da década de 1930, representa a compreensão de que colocá-lo tantas vezes na prisão terminou por ser uma forma de multiplicar seus ensinamentos.
4)
(Disponível em: http://quadro-a-quadro.blog.br. Acesso em: 27 jan. 2012)
Com sua entrada no universo dos gibis, o Capitão chegaria para apaziguar a agonia, o autoritarismo militar e combater a tirania. Claro que, em tempos de guerra, um gibi de um herói com uma bandeira americana no peito aplicando um sopapo no Fürer só poderia ganhar destaque, e o sucesso não demoraria a chegar.
(COSTA, C. Capitão América, o primeiro vingador: crítica. Disponível em: http://revistastart.com.br. Acesso em: 27 jan. 2012 - Adaptado).
A capa da primeira edição norte-americana da revista Capitão América demonstra sua associação com a participação dos Estados Unidos na luta contra:
a) a Tríplice Aliança, na Primeira Guerra Mundial;
b) os regimes totalitários, na Segunda Guerra Mundial;
c) o poder soviético, durante a Guerra Fria;
d) o movimento comunista, na Guerra do Vietnã;
e) o terrorismo internacional, após 11 de setembro de 2001.
Comentário: totalitarismo (ou regime totalitário) é um sistema político no qual o Estado, normalmente sob o controle de uma única pessoa, político, facção ou classe, não reconhece limites à sua autoridade e se esforça para regulamentar todos os aspectos da vida pública e privada. É caracterizado pelo autoritarismo (onde os cidadãos comuns não têm participação significativa na tomada de decisão do Estado) e da ideologia (um esquema generalizado de valores promulgado por meios institucionais para orientar a maioria). Os regimes totalitários mantêm o poder político através de uma propaganda abrangente divulgada pelos meios de comunicação controlados pelo Estado, um partido único que muitas vezes é marcado por culto de personalidade, o controle sobre a economia, a regulação e restrição da expressão, a vigilância em massa e o disseminado uso do terrorismo de Estado. Dentre os regimes totalitários, destacaram-se o nazismo na Alemanha, o facismo na Itália, o imperialismo no Japão, o stalinismo na União Soviética e o maoísmo na China. Recentemente, na Venezuela, o presidente Hugo Chávez adotou um regime totalitário, só que com um nome diferente, o bolivarianismo, em referência à Simón Bolívar, considerado o "Libertador da América". Os regimes totalitários foram os principais responsáveis pela Segunda Guerra Mundial. Durante a Segunda Grande Guerra, duas alianças se enfrentaram: o Eixo (composto por Itália, Alemanha e Japão) e os Aliados (formado por União Soviética, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha e Brasil). E foi a ameaça de expansão dos regimes totalitários que os Estados Unidos lutou durante essa guerra.
5)A maior parte dos veículos de transporte atualmente é movida por motores à combustão que utilizam derivados de petróleo. Por causa disso, esse setor é o maior consumidor de petróleo do mundo, com altas taxas de crescimento ao longo do tempo. Enquanto outros setores têm obtido bons resultados na redução do consumo, os transportes tendem a concentrar ainda mais o uso de derivados do óleo.
MURTA, A. Energia: o vício da civilização. Rio de Janeiro: Garamond, 2011 (adaptado)
Um impacto ambiental de tecnologia mais empregada pelo setor de transportes e uma medida para promover a redução de seu uso estão indicados, respetivamente, em:
a) aumento da poluição sonora - construção de barreiras acústicas;
b) incidência da chuva ácida - estatização da indústria automobilística;
c) derretimento das calotas polares - incentivo aos transportes de massa;
d) propagação de doenças respiratórias - distribuição de medicamentos gratuitos;
e) elevação das temperaturas médias - criminalização da emissão de gás carbônico.
Comentário: os grandes aglomerados urbanos brasileiros amargam congestionamentos cada vez maiores. Todos os dias, milhões de veículos, entre eles automóveis, caminhões, motocicletas, tratores e ônibus, que, além de provocar estresse, trazem graves problemas para o meio ambiente por meio da queima de combustíveis fósseis. O trânsito excessivo nas grandes cidades provoca consequências muito mais graves do que os atrasos e transtornos enfrentados diariamente pelos motoristas. Os congestionamentos custam muito dinheiro, prejudicam a saúde da população, limita o direito de ir e vir e atrapalham o crescimento do país. Além de diminuir a velocidade média dos carros e ônibus, os congestionamentos retardam os serviços de emergência, como o deslocamento de ambulâncias e veículos do Corpo de Bombeiros. O aumento do número de carros nas ruas provoca aumento no consumo de combustíveis, elevando o preço desse produto. Os combustíveis fósseis são limitados na natureza. Os renováveis, como o álcool, precisam de insumos, área de plantio e sofrem com a entressafra. Além disso, são commodities (produtos que têm preços cotados pelas bolsas de valores de acordo com a lei da oferta e da procura). O número excessivo de transportes nas ruas, provoca nas pessoas expostas à sua rotina, altos índices de substâncias tóxicas no organismo e chance dobrada de desenvolver câncer de pulmão, além de doenças como bronquite, asma, infarto, hipertensões etc. O estômago das pessoas que estão expostas ao trânsito nas ruas, passa a fabricar suco gástrico além da conta, podendo levar à gastrite e à úlcera. Para resolver esses problemas e diminuir os congestionamentos e a poluição nas cidades, os governantes devem investir pesado no transporte de massa. Se os governos investirem pesado em ônibus, trem, metrôs, diminiriam os congestionamentos e a poluição atmosférica nas grandes cidades.
6) As mulheres quebradeiras de coco-babaçu dos Estados do Maranhão, Piauí, Pará e Tocantins, na sua grande maioria, vivem numa situação de exclusão e subalternidade. O termo quebradeira de coco assume o caráter de identidade coletiva na medida em que as mulheres que sobrevivem dessa atividade e reconhecem sua posição e condição desvalorizada pela lógica da dominação, se organizam em movimentos de resistência e de luta pela conquista da terra, pela libertação dos babaçuais, pela autonomia do processo produtivo. Passam a atribuir significados ao seu trabalho e as suas experiências, tendo como principal referência sua condição preexistente de acesso e uso dos recursos naturais.
ROCHA, M.R.T. A luta das mulheres quebradeiras de coco-babaçu, pela libertação do coco preso e pela posse da terra. In: Anais do VII Congresso Latino-Americano de Sociologia Rural. Quito, 2006 (adaptado).
A organização do movimento das quebradeiras de coco de babaçu é resultante da:
a) constante violência nos babaçuais na confluência de terras maranhenses, piauienses, paraenses e tocantinenses, região com elevado índice de homicídios;
b) falta de identidade coletiva das trabalhadoras, migrantes das cidades e com pouco vínculo histórico com as áreas rurais do interior do Tocantins, Pará, Maranhão e Piauí;
c) escassez de água nas regiões de veredas, ambientes naturais dos babaçus, causada pela construção de açudes particulares, impedindo o amplo acesso público aos recursos hídricos;
d) progressiva devastação das matas dos cocais, em função do avanço da sojicultura nos chapadões do Meio-Norte brasileiro;
e) dificuldade imposta pelos fazendeiros e posseiros no acesso aos babaçuais localizados no interior de suas propriedades.
Comentário: as quebradeiras de coco babaçu, são mulheres extrativistas, donas de casa, mães, avós, esposas, trabalhadoras rurais organizadas pelo MIQCB (Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu), que integra quatro estados: Maranhão, Tocantins, Pará e Piauí. Esse movimento nasceu de forma organizada a partir da segunda metade da década de 1980, num processo de enfrentamento de tensões e conflitos específicos pelo acesso e uso comum de áreas de ocorrência de babaçu, que haviam sido cercadas e apropriadas injustamente por fazendeiros, pecuaristas e empresas agropecuárias a partir das políticas públicas federais e estaduais para as regiões Norte e Nordeste. O objetivo da criação desse movimento é garantir o controle das áreas e da produção, agregando valor aos produtos e visando a competição no mercado, além de buscar a mobilização de representantes dos governos federal, estaduais e municipais para debater alternativas de desenvolvimento para as regiões de babaçuais.
7)Diante dessas inconsistências e de outras que ainda preocupam a opinião pública, nós, jornalistas, estamos encaminhando este documento ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, para que o entregue à Justiça; e da Justiça esperamos a realização de novas diligências capazes de levar à completa elucidação desses fatos e de outros que porventura vierem a ser levantados.
(Em nome da verdade. In: O Estado de S. Paulo, 3 fev. 1976. Aput, FILHO, I. A. Brasil, 500 anos em documentos. Rio de Janeiro: Mauad, 1999).
A morte do jornalista Vladimir Herzog, ocorrida durante o regime militar, em 1975, levou a medidas como o abaixo-assinado feito por profissionais da imprensa de São Paulo. A análise dessa medida tomada indica a:
a) certeza do cumprimento das leis;
b) superação do governo de exceção;
c) violência dos terroristas de esquerda;
d) punição dos torturadores da polícia;
e) expectativa da investigação dos culpados.
Comentário: Vlado Herzog, nasceu em Osijek, Iugoslávia, em 27 de junho de 1937 e faleceu em São Paulo em 25 de outubro de 1975. Foi um jornalista, professor e dramaturgo. Passou a assinar "Vladimir" por considerar seu nome muito exótico nos trópicos. Com o intuito de escaparem do Estado Independente da Croácia (Estado fantoche controlado pela Alemanha Nazista e pela Itália Fascista), seus pais decidiram migrar com o filho para o Brasil na década de 1940, onde alguns anos mais tarde ele naturalizou-se brasileiro. Herzog se formou em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP) em 1959. Depois de formado, trabalhou em importantes órgãos de imprensa no Brasil, notavelmente em O Estado de S. Paulo. Na década de 1970, assumiu a direção do departamento de telejornalismo da TV Cultura, de São Paulo. Também foi professor de jornalismo na Escola de Comunicações e Artes da USP. Herzog passou a atuar politicamente no movimento de resistência contra a ditadura militar brasileira, como também no Partido Comunista Brasileiro (PCB). Em 1974, o general Ernesto Geisel tomou posse da Presidência da República com um discurso de abertura política (na época chamado de "distensão"), o que na prática significaria a diminuição da censura, investigar as denúncias de torturas e dar maior participação aos civis no governo. Todavia, o governo enfrentava dois fatores adversos: a derrota nas eleições parlamentares e a crise do petróleo. Além disso, o general Ednardo D'Ávila Mello fazia afirmações de que os comunistas estariam infiltrados no governo de São Paulo, na época chefiado por Paulo Egydio Martins, o que criou uma certa tensão entre estes. Nesse cenário, a linha dura sentiu-se ameaçada, e em 1975 a repressão continuava forte. O Centro de Informações do Exército (CIE) se voltou contra o Partido Comunista Brasileiro, do qual Herzog era militante, mas não desenvolvia atividades clandestinas. Através do jornalista Paulo Markun, Herzog chegou a ser informado que seria preso, mas não fugiu. Na noite do dia 24 de outubro de 1975, agentes dos serviços de inteligência foram à TV Cultura convocar o jornalista Vladimir Herzog, diretor de jornalismo da empresa, para prestar depoimento sobre suas ligações com o PCB. Ele prometeu comparecer, na manhã do dia seguinte ao quartel da rua Tutóia. Seu depoimento foi uma sessão de tortura. Dois jornalistas presos com ele, Jorge Benigno Duque Estrada e Leandro Konder, confirmaram o espancamento. Herzog morreu nesse mesmo dia. A nota oficial divulgada pelo II Exército informava, de maneira categórica e minuciosa, que Herzog teria confessado participar efetivamente do PCB. Ele teria ainda denunciado outros companheiros antes de se enforcar. Segundo a versão oficial, Herzog teria se enforcado na cela com um cinto do macacão de presidiário. Seu corpo foi apresentado à imprensa pendurado em uma grade pelo pescoço. A grade era mais baixa que a altura do jornalista. Mesmo assim, a versão oficial era de suicídio. Em 1978, a Justiça responsabilizou a União por prisão ilegal, tortura e morte do jornalista. Em 1996, a Comissão Especial dos Desaparecidos Políticos reconheceu que Herzog fora assassinado no DOI-Codi de São Paulo e decidiu conceder uma indenização para sua família.
8) Portadora de memória, a paisagem ajuda a construir os sentimentos de pertencimento; ela cria uma atmosfera que convém aos momentos fortes da vida, às festas, às comemorações.
CLAVAL, P. Terra dos homens: a geografia. São Paulo: Contexto, 2010 (adaptado).
No texto, é apresentada uma forma de integração da paisagem geográfica com vida social. Nesse sentido, a paisagem, além de existir como forma concreta, apresenta uma dimensão:
a) política de apropriação efetiva do espaço;
b) econômica do uso de recursos do espaço;
c) privada de limitação sobre a utilização do espaço;
d) natural de composição por elementos físicos do espaço;
e) simbólica de relação subjetiva do indivíduo com o espaço.
Comentário: a paisagem geográfica (segundo a visão da geografia crítica), é a manifestação crítica da sociedade. Os elementos construídos passam a simbolizar subjetivamente os indivíduos em sua interação com a sociedade e conceituando o espaço geográfico. O fragmento destaca o papel simbólico da paisagem, na medida em que é ponto de partida para a construção dos chamados "sentimentos de pertencimento" do homem em relação ao seu espaço.
9) 
Disponível em: http://primeira-serie.blogspot.com.br. Acesso em: 07 dez. 2011 (adaptado)
Na imagem do início do século XX, identifica-se um modelo produtivo cuja forma de organização fabril baseava-se na(o):
a) autonomia do produtor direto;
b) adoção da divisão sexual do trabalho;
c) exploração do trabalho repetitivo;
d) utilização de empregados qualificados;
e) incentivo à criatividade dos funcionários.
Comentário: a imagem apresenta uma fábrica adotando o modelo de produção fordista. O fordismo é um sistema de produção criado pelo empresário norte-americano Henry Ford, cuja principal característica é a fabricação em massa. Ford criou este sistema em 1914 para a sua indústria de automóveis, projetando um sistema baseado numa linha de montagem. O objetivo principal deste sistema era reduzir ao máximo os custos de produção e assim baratear o produto, podendo vender para um maior número possível de consumidores. Desta forma, dentro deste sistema de produção, uma esteira rolante conduzia o produto e cada funcionário executava uma pequena etapa. Logo, os funcionários não precisavam sair do seu local de trabalho, resultando numa maior velocidade de produção. Também não era necessária a utilização de mão de obra muito capacitada, pois cada trabalhador executava apenas uma pequena tarefa dentro de sua etapa de produção. Enquanto para os empresários o fordismo foi muito positivo, para os trabalhadores ele gerou alguns problemas, como o trabalho repetitivo e desgastante, além da falta de visão geral sobre as etapas de produção e a baixa qualificação profissional. O sistema também se baseava no pagamento de baixos salários como forma de reduzir os custos de produção.
10) A singularidade da questão da terra na África Colonial é a expropriação por parte do colonizador e as desigualdades raciais no acesso à terra. Após a independência, as populações de colonos brancos tenderam a diminuir, apesar de a proporção de terra em posse da minoria branca não ter diminuído proporcionalmente.
MOYO, S. A terra africana e as questões agrárias: o caso das lutas pela terra no Zimbábue. In: FERNANDES, B. M,; MARQUES, M. I. M.; SUZUKI, J. C. (Org.). Geografia agrária: teoria e poder. São Paulo: Expressão Popular, 2007.
Com base no texto, uma característica socioespacial e um consequente desdobramento que marcou o processo de ocupação do espaço rural na África subsaariana foram:
a) exploração do campesinato pela elite proprietária - domínio das instituições fundiárias pelo poder público;
b) adoção de práticas discriminatórias de acesso à terra - controle do uso especulativo da propriedade fundiária;
c) desorganização da economia rural de subsistência - crescimento do consumo interno de alimentos pelas famílias camponesas;
d) crescimento dos assentamentos rurais com mão de obra familiar - avanço crescente das áreas rurais sobre as regiões urbanas;
e) concentração das áreas cultiváveis no setor agroexportador - aumento da ocupação da população pobre em territórios agrícolas marginais.
Comentário: no século XIX, a Revolução Industrial avançava na Europa. Com o desenvolvimento das máquinas, a produção era cada vez mais acelerada e os produtores, por isso, necessitavam de mercados consumidores e fornecedores cada vez maiores. Assim, manteve-se o interesse das potências europeias pela África. Os vastos recursos  naturais do continente, como metais e solos férteis, passaram a ser ainda mais cobiçados. Iniciou-se então uma verdadeira corrida dos exércitos europeus para a África, fato que acirrou as rivalidades entre as potências europeias. Temendo um grande conflito, os líderes europeus passaram a buscar um entendimento para dividir a África entre eles. A reunião que promoveu a divisão do continente africano ficou conhecida como Conferência de Berlim (1884-85). Diversas companhias europeias se encarregaram de explorar e comercializar as riquezas africanas. Quando a população de europeus se tornou ainda maior no continente africano, no final do século XIX, ocorreram radicais transformações no espaço geográfico e no modo de vida dos africanos. As formas tradicionais de organização em clãs familiares, monarquias e grupos étnicos foram pouco a pouco substituídas por Estados organizados com fronteiras, forças políticas, regras e leis novas e tantas outras características impostas pelos europeus que eram totalmente estranhas aos africanos. Além disso, as atividades econômicas tradicionais foram substituídas por novos modelos produtivos. Introduziram-se as plantations de borracha, café, amendoim, entre outros produtos muito utilizados pelas indústrias europeias. A mão de obra africana foi utilizada a serviço das empresas europeias, na extração de minérios, na agricultura e na construção de portos e prédios, impedindo qualquer possibilidade de desenvolvimento interno das nações africanas e desprezando as necessidades de sua população. Para escoar os produtos agrícolas e minerais, construíram-se ferrovias que interligaram as principais áreas produtoras aos portos, alterando radicalmente o espaço geográfico africano.
11) 
Texto I
A Europa entrou em estado de exceção, personificado por obscuras forças econômicas sem rosto ou localização física conhecida que não prestam contas a ninguém e se espalham pelo globo por meio de milhões de transações diárias no ciberespaço.
(ROSSI, C. Nem fim do mundo nem mundo novo. Folha de S. Paulo, 11 dez. 2011 - Adaptado)
Texto II
Estamos imersos numa crise financeira como nunca tínhamos visto desde a Grande Depressão iniciada em 1929 nos Estados Unidos.
(Entrevista de George Soros. Disponível em: www.nybooks.com. Acesso em: 17 ago. 2011 - Adaptado)
A comparação entre os significados da atual crise econômica e do crash de 1929 oculta a principal diferença entre essas duas crises, pois:
a) o crash da Bolsa em 1929 adveio do envolvimento dos EUA na Primeira Guerra Mundial e a atual crise é o resultado dos gastos militares desse país nas guerras do Afeganistão e Iraque;
b) a crise de 1929 ocorreu devido a um quadro de super-produção industrial nos EUA e a atual crise resultou da especulação financeira e da expansão desmedida do crédito bancário;
c) a crise de 1929 foi o resultado da concorrência dos países europeus reconstruídos após a Primeira Guerra e a atual crise se associa à emergência dos BRICs como novos concorrentes econômicos;
d) o crash da Bolsa em 1929 resultou do excesso de proteções ao setor produtivo estadunidense e a atual crise tem origem na internacionalização das empresas e no avanço da política de livre mercado;
e) a crise de 1929 decorreu da política intervencionista norte-americana sobre o sistema de comércio mundial e a atual crise resultou do excesso de regulação do governo desse país sobre o sistema monetário.
Comentário: durante a Primeira Guerra Mundial, a economia norte-americana estava em pleno desenvolvimento. As indústrias dos EUA produziam e exportavam em grandes quantidades, principalmente para os países europeus. Após a guerra o quadro não mudou, pois os países europeus estavam voltados para a reconstrução das indústrias e cidades, necessitanto manter suas importações, principalmente dos EUA. A situação começou a mudar no final da década de 1920. Reconstruídas, as nações europeias diminuíram drasticamente a importação de produtos industrializados e agrícolas dos Estados Unidos. Com a diminuição das exportações para a Europa, as indústrias norte-americanas começaram a aumentar os estoques de produtos, pois já não conseguiam mais vender como antes. Grande parte destas empresas possuíam ações na Bolsa de Valores de Nova York e milhões de norte-americanos tinham investimentos nestas ações. Em outubro de 1929, percebendo a desvalorização das ações de muitas empresas, houve uma correria de investidores que pretendiam vender suas ações. O efeito foi devastador, pois as ações se desvalorizaram fortemente em poucos dias. Isso foi o motivo da crise de 1929. Já a atual crise teve início no setor imobiliário dos Estados Unidos, e atingiu o setor financeiro devido a expansão desmedida do crédito bancário, principalmente nos países europeus.
12) A soma do tempo gasto por todos os navios de carga na espera para atracar no porto de Santos é igual a 11 anos - isso, contando somente o intervalo de janeiro a outubro de 2011. O problema não foi registrado somente neste ano. Desde 2016 a perda de tempo supera uma década.
Folha de S. Paulo, 25 dez. 2011 (adaptado)
A situação descrita gera consequências em cadeia, tanto para a produção quanto para o transporte. No que se refere à territorialização da produção no Brasil contemporâneo, uma dessas consequências é a:
a) realocação das exportações para o modal aéreo em função da rapidez;
b) dispersão dos serviços financeiros em função da busca de novos pontos para o escoamento;
c) redução da exportação de gêneros agrícolas em função da existência de fronteiras terrestres;
d) priorização do comércio com países vizinhos em função da existência de fronteiras terrestres;
e) estagnação da indústria de alta tecnologia em função da concentração de investimentos na infraestrutura de circulação.
Comentário: existe no Brasil uma grande deficiência de infraestrutura nos modais de transporte. O congestionamento no porto de Santos, é decorrente de uma grande sobrecarga por causa da burocracia estatal e da ausência de mão de obra para agilizar o processo. Com isso, há uma diminuição da produção, motivada pela ausência de matérias-primas e máquinas e o comprometimento da exportação de gêneros agrícolas em função do difícil escoamento. Assim, o país não consegue mais mercados internacionais e acaba perdendo a competitividade no mercado internacional.
13) 
Minha vida é andar
Por esse país
Pra ver se um dia
Descanso feliz
Guardando as recordações
Das terras por onde passei
Andando pelos sertões
E dos amigos que lá deixei
GONZAGA, L.; CORDOVIL, H. A vida de viajante, 1953. Disponível em: www.recife.pe.gov.br. Acesso em: 20 fev. 2012.
A letra dessa canção reflete elementos identitários que representam a:
a) valorização das características naturais do Sertão nordestino;
b) denúncia da precariedade social provocada pela seca;
c) experiênciade deslocamento vivenciada pelo migrante;
d) profunda desigualdade social entre as regiões brasileiras;
e) discriminação dos nordestinos nos grandes centros urbanos.
Comentário: a letra da música destaca experiências e sensações oriundas da vivência de um migrante em deslocamento, fato muito comum num país com grandes dimensões territoriais como o Brasil. A migração de pessoas ocorre desde o período de colonização, quando os portugueses se estabeleceram ao longo do litoral e começaram a povoar o interior. Isso se deu graças aos ciclos econômicos e o processo de concentração espacial. A obra de Luiz Gonzaga faz referência a essas migrações, vivenciando ambientes e povos diferentes, cujo contato é, por vezes, traumático, por vezes, enriquecedor.

14) 
Na charge faz-se referência a uma modificação produtiva ocorrida na agricultura. Uma contradição presente no espaço rural brasileiro derivada dessa modificação produtiva está presente em:

a) expansão das terras agricultáveis, com manutenção de desigualdades sociais;
b) modernização técnica do território, com redução do nível de emprego formal;
c) valorização de atividades de subsistência, com redução do nível de emprego formal;
d) desenvolvimento de núcleos policultores, com ampliação da concentração fundiária;
e) melhora da qualidade dos produtos, com retração na exportação de produtos primários.
Comentário: nas últimas décadas, houve um aumento das áreas agricultáveis no mundo, principalmente nos países subdesenvolvidos. Esse aumento foi seguido pelo desenvolvimento tecnológico de produção por meio da biotecnologia, destacando-se os produtos transgênicos. Essa transformação, porém, não contribuiu para a diminuição da fome e das desigualdades no mundo, pois a produção é, em grande parte, destinada aos países desenvolvidos, onde as melhores terras são utilizadas para o plantio de gêneros alimentícios voltados para a exportação, como é o caso da soja e do milho, enquanto que, a parcela mais pobre da população fica à mercê desses produtos. Assim, continua a exploração dos trabalhadores e a concentração de terras e de renda nos países menos desenvolvidos.
15) 
Composição da população residente urbana por sexo, segundo os grupos de idade - Brasil - 1991/2010
Fonte: IBGE, Censo Demográfico 1991/2010.
Composição da população residente rural por sexo, segundo os grupos de idade - Brasil - 1991/2010
Fonte: IBGE, Censo Demográfico 1991/2010. BRASIL IBGE, Censo Demográfico 1991-2010. Rio de Janeiro, 2011.
A interpretação e a correlação das figuras sobre a dinâmica demográfica brasileira demonstram um(a): 
a) menor proporção de fecundidade na área urbana;
b) menor proporção de homens na área rural;
c) aumento da proporção de fecundidade na área rural;
d) queda da longevidade na área rural;
e) queda do número de idosos na área urbana.
Comentário: nas últimas décadas têm ocorrido mudanças significativas na pirâmide etária do Brasil. O maior acesso à informação, à disseminação de métodos contraceptivos, à entrada da mulher no mercado de trabalho, o maior custo de criação dos filhos, à urbanização, dentre outros, contribuíram para essas mudanças, fazendo com que haja uma diminuição nas taxas de natalidade e fecundidade e, consequentemente, um aumento na expectativa de vida. Essas mudanças têm sido maior nas cidades em relação à zona rural. Na zona rural é comum os filhos de agricultores participarem das tarefas diárias, até mesmo os menores de idade, visando ajudar a família no sustento da casa. As famílias têm um número maior de filhos, geralmente os pais têm pouca instrução e concluem que, para realizar trabalhos no campo não é necessário oferecer estudos aos filhos, até porque criança na escola significa gastos. No campo, as pessoas tendem a casar mais jovens. Nas cidades, ocorre o inverso, devido à modernização da sociedade e de seus instrumentos, o custo com as crianças é maior, devido os gastos com roupas, escolas, brinquedos etc. As pessoas que vivem nas cidades geralmente são mais esclarecidas, por isso reconhecem a importância do estudo na vida de uma pessoa. Nas áreas urbanas, geralmente, as pessoas casam mais tarde e o hábito de vida é totalmente diferente do hábito do campo. No campo, a vida é mais tranquila, já nas cidades a vida é mais agitada, os meios de produção oferecem uma extensa lista de opções e lazer e a quantidade de filhos limita a vida social dos pais. São esses e outros motivos que diferenciam a pirâmide etária urbana da rural.
16) As plataformas de crátons correspondem aos terrenos mais antigos e arrasados por muitas fases de erosão. Apresentam uma grande complexidade litológica, prevalecendo as rochas metamórficas muito antigas (Pré-Cambriano Médio e Inferior). Também ocorrem rochas intrusivas antigas resíduos de rochas sedimentares. São três as áreas de plataforma de crátons no Brasil: a das Guianas, a Sul-Amazônica e a São Francisco.
ROSS, J. L. S. Geografia do Brasil. São Paulo: Edusp, 1988.
As regiões cratônicas das Guianas e a Sul-Amazônica têm como arcabouço geológico vastas extensões de escudos cristalinos, ricos em minérios, que atraíram a ação de empresas nacionais e estrangeiras do setor de mineração e destacam-se pela sua história geológica por:
a) apresentarem áreas de intrusões graníticas, ricas em jazidas minerais (ferro, manganês);
b) corresponderem ao principal evento geológico do Cenozoico no território brasileiro;
c) apresentarem áreas arrasadas pela erosão, que originaram a maior planície do país;
d) possuírem em sua extensão terrenos cristalinos ricos em reservas de petróleo e gás natural;
e) serem esculpidas pela ação do intemperismo físico, decorrente da variação de temperatura.
Comentário: crátons são porções do continente muito antigas e estáveis. As regiões cratônicas das Guianas (localizadas no norte do território brasileiro) e a Sul-Amazônica, se destacam pela presença de ricas jazidas minerais, como o manganês, bastante explorado na Serra do Navio (AP) e o ferro, que é bastante abundante na Serra do Carajás (PA). Essa riqueza mineral atraiu grandes empresas do setor de mineração para a região, onde se desenvolveram grandes projetos, como o Projeto Grande Carajás, responsável pelo desenvolvimento econômico nessa parte do Brasil.
17) A irrigação da agricultura é responsável pelo consumo de mais de 2/3 de toda a água retirada dos rios, lagos e lençóis feáticos do mundo. Mesmo no Brasil, onde achamos que temos muita água, os agricultores que tentam produzir alimentos também enfrentam secas periódicas e uma competição crescente por água.
MARAFON, G. J. et. al. O desencanto da Terra: produção de alimentos, ambiente e sociedade. Rio de Janeiro: Garamond, 2011.
No Brasil, as técnicas de irrigação utilizadas na agricultura produziram impactos socioambientais como:
a) redução do custo de produção;
b) agravamento da poluição hídrica;
c) compactação do material do solo;
d) aceleração da fertilização natural;
e) redirecionamento dos cursos fluviais.
Comentário: as técnicas de irrigação utilizadas na agricultura produzem muitos impactos socioambientais devido ao uso intensivo da irrigação, associada ao emprego de produtos agroquímicos, entre outros. Isso tem intensificado a contaminação das águas dos rios e lençóis freáticos, causada pelo aumento de substâncias dissolvidas na água, que foram transportados dos solos e das lavouras, muitas vezes, contaminados por agrotóxicos, através do encharcamento do solo por meio da irrigação do pivô central, que carrega produtos químicos do solo para o subsolo, comprometendo a qualidade da água. Outro impacto ambiental provocado pelo uso intensivo do solo na agricultura, é o redirecionamento dos cursos fluviais, principalmente em áreas onde há um cultivo de gêneros agrícolas cujo principal destino da produção é a exportação, como ocorre no oeste da Bahia e no Polo Agrícola do Rio Grande do Norte, que compreende Mossoró e o Vale do Açu, além do Polo Agrícola do São Francisco e do projeto de transposição das águas do Rio São Francisco.
18) A interface clima/sociedade pode ser considerada em termos de ajustamento à extensão e aos modos como as sociedades funcionam em relação harmônica com seu clima. O homem e suas sociedades são vulneráveis às variações climáticas. A vulnerabilidade é a medida pela qual uma sociedade é suscetível de sofrer por causas climáticas.
AYODE, J. O. Introdução a climatologia para os tópicos. Rio de Janeiro: Betrand Brasil, 2010 (adaptado)
Considerando o tipo de relação entre ser humano e condição climática apresentado no texto, uma sociedade torna-se mais vulnerável quando:
a) concentra suas atividades no setor primário;
b) apresenta estoques elevados de alimentos;
c) possui um sistema de transportes articulado;
d) diversifica a matriz energética;
e) introduz tecnologias à produção agrícola.
Comentário: em países que possui sua pauta econômica baseado em setores climáticos, como as atividades primárias (que envolvem, principalmente, a agricultura), as alterações climáticas alteram diretamente as populações cujas atividades econômicas vinculam-se ao meio natural, mostrando uma tendência a utilizar vastos espaços geográficos, implicando em desmatamentos e alterações nos cursos de água. Quanto mais voltado para a agricultura, maior será a alteração que essa sociedade poderá infligir ao meio ambiente e, consequentemente, ao meio onde vive. Embora os avanços tecnológicos tenham contribuído para diminuir sua vulnerabilidade frente às adversidades naturais, mais aumenta os casos de desequilíbrio ao meio ambiente, provocando estiagens, desertificação e escasez de recursos hídricos, encarecendo os preços das commodities agrícolas e de produtos alimentares.
19) Uma mesma empresa pode ter sua sede administrativa onde os impostos são menores, as unidades de produção onde os salários são os mais baixos, os capitais onde os juros são os mais altos e seus executivos vivendo onde a qualidade de vida é mais elevada.
SEVCENKO, N. A corrida para o século XXI: no loop da montanha russa. São Paulo: Companhia das Letras, 2001 (adaptado).
No texto estão apresentadas estatégias empresariais no contexto da globalização. Uma consequência social derivada dessas estratégias tem sido:
a) o crescimento da carga tributária;
b) o aumento da mobilidade ocupacional;
c) a redução da competitividade entre as empresas;
d) o direcionamento das vendas para os mercados regionais;
e) a ampliação do poder de planejamento dos Estados nacionais.
Comentário: no processo de globalização, a economia global cria uma especialização dos espaços que acaba por determinar o grau de capacitação da mão de obra, onde as empresas mudam seus modos operacionais, promovendo uma maior mobilidade ocupacional e produzindo de acordo com vantagens competitivas oferecidas pelos diferentes espaços. Isso leva a uma circulação mais rápida de capitais, tecnologias, técnicas e informações, possibilitando a separação espacial entre a produção, o planejamento, a execução e o consumo, em razão dos meios de comunicação que encurtaram os espaços, sendo esta um reflexo da posição do espaço na divisão internacional do trabalho.
20) A moderna "conquista da Amazônia" inverteu o eixo geográfico da colonização da região. Desde a época colonial até meados do século XIX, as correntes principais de população movimentaram-se no sentido Leste-Oeste, estabelecendo uma ocupação linear articulada. Na últimas décadas, os fluxos migratórios passaram a se verificar no sentido Sul-Norte, conectando o Centro-Sul à Amazônia.
OLIC, N. B. Ocupação da Amazônia, uma epopeia inacabada. Jornal Mundo, ano 16, n. 4, ago. 2008 (adaptado)
O primeiro eixo geográfico de ocupação das terras amazônicas demonstra um padrão relacionado à criação de:
a) núcleos urbanos em áreas litorâneas;
b) centros agrícolas modernos no interior;
c) vias férreas entre espaços de mineração;
d) faixas de povoamento ao longo das estradas;
e) povoados interligados próximos a grandes rios.
Comentário: o processo de ocupação da Amazônia teve início com a criação do forte de Belém, em 1616. A partir dessa cidade, a ocupação amazônica se interiorizou utilizando os vales fluviais como eixo de penetração e assentamento, onde surgiram povoados interligados próximos aos grandes rios, em virtude das facilidades iniciais de navegação como forma de integração nacional. Porém, a partir da implantação de rodovias, como a Belém-Brasília, os povoados e cidades foram surgindo ao longo dessas estradas, caracterizando as faixas de povoamento e a distribuição populacional da região nos dias atuais.
21) A partir dos anos 70, impõe-se um movimento de desconcentração da produção industrial, uma das manifestações do desdobramento da divisão territorial do trabalho no Brasil. A produção industrial torna-se mais complexa, estendendo-se, sobretudo, para novas áreas do Sul e para alguns pontos do Centro-Oeste, do Nordeste e do Norte.
SANTOS, M. ; SILVEIRA, M. L. O Brasil: território e sociedade no início do século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2002 (fragmento)
Um fator geográfico que contribuiu para o tipo de alteração da configuração territorial descrito no texto é:
a) obsolescência dos portos;
b) estatização de empresas;
c) eliminação de incentivos fiscais;
d) ampliação de políticas protecionistas;
e) desenvolvimento dos meios de comunicação.
Comentário: o desenvolvimento dos meios de comunicação permite que o empresário, mesmo distante do sistema de produção, controle a empresa remotamente. Essa condição ganhou maior intensidade com o advento da globalização, reforçando uma das características marcantes do chamado Toyotismo ou Terceira Revolução Industrial, a desconcentração industrial. O principal fator que levou ao processo de desconcentração industrial no Brasil foi o aumento dos custos de produção nas áreas mais concentradas da Região Sudeste. Foi graças a ampliação da disponibilidade dos meios de comunicação, aliado aos incentivos fiscais e à mão de obra barata e disponível, que houve uma maior proliferação dos parques industriais no país.
22) De repente, sente-se uma vibração que aumenta rapidamente; lustres balançam, objetos se movem sozinhos e somos invadidos pela estranha sensação de medo do imprevisto. Segundos parecem horas, poucos minutos são uma eternidade. Estamos sentindo os efeitos de um terremoto, um tipo de abalo sísmico.
ASSAD, L. Os (não tão) imperceptíveis movimentos da Terra. ComCiência: Revista Eletrônica de Jornalismo Científico, nº 117, abr. 2010. Disponível em: http://comciencia.br. Acesso em: 2 mar. 2012.
O fenômeno físico descrito no texto afeta intensamente as populações que ocupam espaços próximos às áreas de:
a) alívio da tensão geológica;
b) desgaste da erosão superficial;
c) atuação do intemperismo químico;
d) formação de aquíferos profundos;
e) acúmulo de depósitos sedimentares.
Comentário: terremotos, também chamados de abalos sísmicos, são tremores passageiros que ocorrem na superfície terrestre. Esse fenômeno natural pode ser desencadeado por fatores como atividade vulcânica, falhas geológicas e, principalmente, pelo encontro de diferentes placas tectônicas. Conforme da teoria da Deriva Continental, a crosta terrestre é uma camada rochosa fragmentada, formada por vários blocos, denominados placas litosféricas ou placas tectônicas. Esses gigantescos  blocos estão em constante movimento, podendo se afastar (zona de divergência) ou se aproximar (zona de convergência). Nas zonas de convergência pode ocorrer a colisão entre diferentes placas tectônicas ou a subducção (quando uma placa mais densa mergulha sob outra menos densa). Esses fatos produzem o acúmulo de pressão e descarga de energia, que se propaga em forma de ondas sísmicas, caracterizando o terremoto. O local onde há o encontro entre as placas tectônicas é chamado de hipocentro (no interior da Terra) e o epicentro é o ponto da superfície acima do hipocentro. As consequências podem ser sentidas a quilômetros de distância, dependendo da proximidade da superfície que ocorreu a colisão (hipocentro) e da magnitude do terremoto.
23) Para diminuir o acúmulo de lixo e o desperdício de materiais de valor econômico e, assim, reduzir a exploração de recursos naturais, adotou-se, em escala internacional, a política dos três erres: Reduzir, Reutilizar e Reciclar. Um exemplo de reciclagem é a utilização de:
a) garrafas de vidro retornáveis para cerveja ou refrigerante;
b) latas de alumínio como material para a fabricação de lingotes;
c) sacos plásticos de supermercado como acondicionamento de lixo caseiro;
d) embalagens plásticas vazias e limpas para acondicionar outros alimentos;
e) garrafas PET recortadas em tiras para a fabricação de cerdas de vassouras.
Comentário: para reduzir, é necessário evitar o desperdício, reduzindo o consumo desnecessário de bens; para reutilizar um produto, é necessário, mais de uma vez, independente de este manter uma característica ou não, como o reaproveitamento de potes de sorvetes para servir como recipientes de alimentos e elementos de arte, decoração e iluminação feitos com garragas PET; para se reciclar um produto, precisa-se reaproveitar os materiais como matéria-prima para a formação de um novo produto. A diferença entre reutilização e reciclagem é que a reciclagem envolve o retorno ao início do ciclo produtivo (industrial), enquanto que a reutilização envolve apenas o reaproveitamento direto ou através de transformação direta do produto final. Assim, o alumínio passa por um processo de reciclagem, no qual primeiro é aquecido para a eliminação de impurezas e fusão do metal, que a seguir é resfriado e moldado, como por exemplo, em lingotes (barras).
24) Suponha que você seja um consultor e foi contratado para assessorar a implantação de uma matriz energética em um pequeno país com as seguintes características: região plana, chuvosa e com ventos constantes, dispondo de poucos recursos hídricos e sem reservatórios de combustíveis fósseis.
De acordo com as características desse país, a matriz energética de menor impacto e risco ambientais é baseada na energia:
a) dos biocombustíveis, pois temos menos impacto ambiental e maior disponibilidade;
b) solar, pelo seu baixo custo e pelas características do país favoráveis à sua implantação;
c) nuclear, por ter menos risco ambiental a ser adequadeada a locais com menor extensão territorial;
d) hidráulica, devido ao relevo, à extensão territorial do país e aos recursos naturais disponíveis;
e) eólica, pelas características do país e por não gerar gases do efeito estufa nem resíduos de operação.
Comentário: a matriz considerada de menor impacto ambiental das opções acima é a eólica, desde que esse país possua características ideais para a sua implantação e que não gera resíduos e apenas um pouco de poluição visual. O fato caracterizado para a implantação dessa energia nesse país são os ventos constantes. As outras alternativas não podem ser pois todos os biocombustíveis emitem poluentes; a energia solar possui alto custo e se o país for chuvoso ou frio, não favorece a esse tipo de energia; as usinas nucleares são de altíssimo risco ambiental em caso de acidente, embora sejam ideais em países muito pequenos e com poucos recursos energéticos naturais; se o país possuir poucos recursos hídricos ou se os rios forem de planície, a produção de energia hidrelétrica ficaria comprometida, além das usinas hidrelétricas gerarem grandes impactos ambientais.

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