segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

AS PLACAS TECTÔNICAS

  As placas tectônicas ou placas litosféricas são blocos sólidos que se dispõem um ao lado do outro e compõem a litosfera. Essas placas são limitadas por zonas de convergência, zonas de subducção e zonas conservativas.
  As placas tectônicas estão assentadas abaixo da litosfera, na camada da astenosfera, onde as condições térmicas e de pressão levam os materiais existentes nela a apresentar um estado físico que permite a movimentação desses blocos rochosos, a exemplo das rochas fundidas, que geralmente ficam a uma profundidade entre 60 e 400 quilômetros da superfície. Elas são criadas nas zonas de divergência, ou "zonas de rift", e são consumidas em zonas de subducção. É nas zonas de fronteira entre placas que se registra a grande maioria dos terremotos e erupções vulcânicas.
  Ao se movimentarem, as placas tectônicas arrastam consigo, de forma lenta, mas perceptível ao longo de uma escala de tempo geológica muito grande, as massas líquidas e continentais da superfície terrestre, trazendo mudanças na configuração dos continentes na superfície do planeta, de muitos terremotos e erupções vulcânicas.
  Abaixo temos um vídeo sobre o movimento das placas tectônicas.
  O território de alguns países, ou parte deles - como o Japão, a Turquia, a Itália, o Chile, o México e o oeste dos Estados Unidos -, localiza-se sobre as zonas de contato entre as placas. Por isso estão mais sujeitos à ocorrência de atividades vulcânicas e de abalos sísmicos do que outros países, distantes dessas zonas de contato ou colisão das placas, como é o caso do Brasil. 
  O Brasil está situado no centro da placa Sul-Americana, que atinge até 200 quilômetros de espessura. Os sismos nessa localidade raramente possuem magnitude e intensidade elevadas. No entanto, existe a ocorrência de terremotos no território brasileiro causados por desgastes na placa tectônica, promovendo possíveis falhas geológicas. Essas falhas, causadoras de abalos sísmicos, estão presentes em todo o território nacional, proporcionando terremotos de pequena magnitude.
  Porém, já foram registrados alguns terremotos de média intensidade, como foi o caso do Mato Grosso, que em 1955 chegou a medir 6,6 graus na escala Richter, no Ceará, em 1980, que registrou 5,2 graus, e no Amazonas, em 1983, que registrou 5,5 graus. Esses terremotos não provocaram danos materiais e nem vítimas, pois ocorreu em regiões de pouca concentração populacional.
  João Câmara, localizado no Agreste do Rio Grande do Norte, foi atingido por uma série de terremotos na década de 1980. O mais grave deles ocorreu no dia 30 de novembro de 1986, quando a cidade foi sacudida por um terremoto que registrou 5,1 graus na escala Richter, provocando a destruição de mais de quatro mil residências.
Casas destruídas após o terremoto de 1986, em João Câmara - RN
  Em Minas Gerais, no município de Itacarambi, um terremoto de 4,9 graus em dezembro de 2007 promoveu um tremor que durou aproximadamente 20 segundos, promoveu a derrubada de algumas casas e a desestruturação de várias residências.
  O último grande terremoto registrado no Brasil ocorreu no dia 22 de abril de 2008, quando um tremor de 5,2 graus na escala Richter foi sentido nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo, porém, não foi registrado nenhum desabamento nem a ocorrência de vítimas.
Casas destruídas pelo terremoto de Itacarambi - MG, em 2007
OS MOVIMENTOS DAS PLACAS TECTÔNICAS
  De acordo com a teoria de tectônica de placas, as placas litosféricas deslizam e às vezes colidem entre si, em uma velocidade que oscila entre 1 e 10 cm/ano. Os movimentos das placas tectônicas podem ser: divergentes, afastando-se uma das outras; convergentes, aproximando-se uma das outras; e horizontais, deslocando-se em direções contrárias.
  O movimento das placas gera diferenças de pressão e temperatura nas áreas em que ocorre o contato e são responsáveis pela fusão de material sedimentar que dá origem aos vulcões. Esse material fundido, o magma, é chamado de lava vulcânica quando jorra na superfície terrestre.
A lava vulcânica é o material fundido que sai do interior da Terra
1. Placas divergentes
  As placas divergentes se movimentam afastando-se uma das outras. Elas determinam a formação de fendas ou fissuras na crosta. Isso faz com que o magma alcance a superfície e, consequentemente, solidifique-se pelo resfriamento, formando uma lacuna que é preenchida com fragmentos de rochas oriundas do manto em estado líquido. O movimento desta placa solidifica o magma, transformando-o em rocha basáltica dando origem ao assoalho submarino, quando a erupção ocorre no fundo dos oceanos. Esse processo pode ser observado ao longo das extensas cadeias de montanhas, como é o caso da Dorsal Mesoatlântica.
Esquema de uma placa divergente
2. Placas convergentes
  As placas convergentes se deslocam para um mesmo ponto, pressionando-a. Esse movimento forma os chamados dobramentos modernos (ou montanhas jovens), as cadeias montanhosas formadas no Período Terciário da era em que estamos vivendo, a Cenozoica. Quando as duas placas se chocam a borda de uma fica debaixo da outra até chegar ao manto. Além de formar o relevo, os movimentos convergentes podem provocar a ruptura das rochas, o que propaga ondas mecânicas e causadoras de danos na superfície, como as provenientes de terremotos e vulcões. Um fenômeno natural causado pelo movimento desta placa pode ser observado na Cordilheira dos Andes, em que a grande quantidade de energia causou o soerguimento da superfície terrestre.
Esquema de uma placa convergente
3. Placas horizontais
  As placas horizontais, também chamadas transformantes, se deslocam lado a lado. Esse tipo de movimentação faz com que suas bordas se esbarrem provocando, frequentemente, atritos que podem gerar terremotos. Entretanto, os terremotos formados no encontro das placas horizontais possuem uma intensidade menor do que aqueles ocasionados pelo contato das placas convergentes. O movimento desta placa pode gerar falhas geológicas, como a encontrada na Califórnia, nos Estados Unidos. A Falha de Santo André, que se prolonga por cerca de 1.290 km através daquele estado, já produziu terremotos devastadores, como o que atingiu São Francisco em 1906, e destruiu grande parte da cidade.
Esquema de uma placa horizontal ou transformante
PRINCIPAIS PLACAS TECTÔNICAS
  São reconhecidas 52 placas tectônicas, 12 principais e 40 menores. As principais placas tectônicas são:
1. Placa Africana
  A placa Africana é a principal placa do continente africano e faz divisas com as placas Sul-Americana, do Caribe, Euroasiática, Arábica, Indo-Australiana e Antártica. No meio do Atlântico, uma falha submersa abre caminho para o magma do manto inferior, fazendo com que esse bloco se afaste progressivamente da placa Sul-Americana - com quem formava um continente único há 135 milhões de anos, a Gondwana -, e cresça de tamanho. Essa placa mede aproximadamente 65 milhões de km² e a tendência é ultrapassar esse tamanho. O choque da placa Africana com a placa Euroasiática fez surgir o mar Mediterrâneo e o Vale do Rift. 
  Todos os limites da placa Africana são divergentes, exceto o da placa Euroasiática. A placa inclui vários blocos continentais estáveis de rochas antigas, que formaram o continente africano, durante a Gondwana. Esses blocos são, de norte a sul, o Kalahari, Congo, Saara e o bloco Oeste da África.
Deserto do Kalahari, na Namíbia
  Um dos aspectos mais importantes dessa placa é o Rift Valley, no leste. A fratura da placa Africana irá separar uma parte do continente e dividir essa placa em duas: a placa de Núbia e da Somália.
  O encontro da placa Africana com a Euroasiática está fazendo com que o continente europeu comece a mergulhar sob a África, dando origem a uma nova zona de subducção com o potencial de aumentar o risco de terremotos no Mediterrâneo Ocidental. A placa Africana está se afastando em média entre 8 e 10 cm/ano da placa Sul-Americana.
Rift Valley, na Tanzânia
2. Placa Antártica
  A placa Antártica abrange toda a Antártica e a região austral dos oceanos. Faz divisa com as placas de Nazca, Sul-Americana, Africana, Indo-Australiana, Scotia e do Pacífico. Possui aproximadamente 60,9 milhões de km², sendo a quinta maior placa tectônica do mundo.
  O movimento da placa Antártica é estimado em pelo menos 1 cm/ano em direção ao oceano Atlântico. Suas fronteiras com muitas placas são formadas principalmente por cristas oceânicas, especialmente no sudoeste e sudeste dos oceanos Índico, Pacífico, Glacial Antártico e com o Chile.
  Há aproximadamente 200 milhões de anos a parte leste da placa se encontrava bem próxima do que hoje é a Austrália, a Índia e a África, se chocando com outras placas menores que ficavam do lado oeste.
Continente Antártico
3. Placa Arábica
  A placa Arábica abrange áreas da península Arábica e da Turquia, além de parte do Irã e de outros países do Oriente Médio, que sofrem bastante com terremotos originados do choque desta placa com a Euroasiática. Possui em torno de 6,5 milhões de km² e faz divisa com as placas Indo-Australiana, Africana e Euroasiática. Em tempos remotos essa placa foi responsável pela origem do Mar Vermelho.
  A região em que esta placa está localizada passou por vários processos naturais que favoreceram a formação de enormes reservas de petróleo e gás natural. Há aproximadamente 40 milhões de anos, o movimento das placas tectônicas contribuiu para o fechamento dos oceanos primitivos. A água evaporou e minúsculos vegetais marinhos se depositaram no fundo dos mares. Por meio da decomposição e do aumento da pressão e da temperatura, o material orgânico desses microrganismos deu origem às imensas reservas de petróleo existentes atualmente no Oriente Médio.
Extração de petróleo na Arábia Saudita
4. Placa Indo-Australiana
  A placa Indo-Australiana é formada por duas placas: a Australiana e a Indiana. Possui em torno de 45 milhões de km² e sobre esta placa estão assentados a Austrália, a Índia, a Nova Zelândia, parte da ilha de Nova Guiné e do Oceano Índico. Essa placa forma uma zona de convergência com a placa das Filipinas, o que contribui para o aparecimento de ilhas.
  De acordo com estudos recentes, a placa Indo-Australiana encontra-se em processo de divisão, principalmente pela colisão dessa placa com a Euroasiática ao longo da cordilheira do Himalaia. A parte oriental (Austrália) está se movendo em direção ao norte, a uma taxa de 5,6 centímetros por ano, enquanto a parte ocidental (Índia) está se movendo a uma taxa de 3,7 centímetros por ano por causa do Himalaia. Este movimento diferencial dá lugar a uma compressão da placa perto do seu centro em Sumatra, na Indonésia.
Cordilheira do Himalaia, no Nepal
5. Placa do Caribe
  A placa do Caribe, também chamada de placa das Caraíbas, cobre uma área de 3,2 milhões de km², inclui uma parte da América Central Continental e constitui o fundo do Mar do Caribe. Essa placa faz divisa com as placas Norte-Americana, Sul-Americana e de Cocos, e está se movendo na direção sudeste. Sobre a borda desta placa existe uma intensa atividade sísmica com presença de alguns vulcões ativos.
  A placa do Caribe possui várias falhas geológicas, a falha de Motagua, na Guatemala, das ilhas Swan (Honduras), Túmulo Cayman (pequena elevação divergente no fundo do mar do Caribe), em Cuba e o Trench Puerto Rico (trincheira marinha localizada na fronteira entre o mar do Caribe e o Oceano Atlântico).
  A zona de subducção existente nessa placa é responsável pela ocorrência do arco de ilhas vulcânicas existentes nas Pequenas Antilhas, que vai das Ilhas Virgens até a costa da Venezuela. Nesta área encontram-se vários vulcões ativos, como o Soufriere Hils em Montserrat, Monte Pelée em Martinica, o La Grande Soufriere em Guadalupe, o Soufriere São Vicente em São Vicente e Granadina, e o Kick-'em-Jenny em Granada.
Monte Pelée - Martinica
6. Placa de Cocos
  A placa de Cocos localiza-se no oceano Pacífico, na costa oeste da América Central e faz limites com as placas do Pacífico, de Nazca, Norte-Americana e do Caribe. Possui uma área de cerca de 3,4 milhões de km² e fazia parte, junto com a placa de Nazca, da antiga placa de Farallon, que se fragmentou há cerca de 23 milhões de anos atrás. Depois da fissura, a placa foi empurrada para leste, fundindo-se em algumas partes com a placa do Caribe, num processo chamado de subducção, criando um arco vulcânico na América Central Continental (Guatemala e Costa Rica) e em parte do México.
  Na parte sul da placa de Cocos ocorre a dorsal de Cocos, uma cordilheira submarina que vai do Panamá até a ilha de Galápagos, onde nessa ilha está o hotspot Galápagos (arco de vulcões ativos e inativos).
Ilha de Galápagos
7. Placa Euroasiática
  A placa Eurasiática possui uma área de cerca de 100 milhões de km² e é a maior das placas tectônicas, compreendendo quase toda a Eurásia, com exceção do Subcontinente Indiano, da Península Arábica e de parte da Sibéria. Limita-se com as placas Norte-Americana, Africana, Arábica, Indo-Australiana, do Pacífico, das Filipinas, além das placas menores de Okhotsk e Amuria. Essa placa divide-se em Euroasiática Ocidental e Euroasiática Oriental.
  A placa Euroasiática Ocidental possui uma área de cerca de 60 milhões de km² e nela estão localizadas o continente europeu e o oeste do continente asiático. O choque entre essa placa e a Indo-Australiana originou-se a Cordilheira do Himalaia, no sul da Ásia, onde há mais de 100 montanhas com altitudes superiores a 7 mil metros.
  A placa Euroasiática Oriental possui uma área de cerca de 40 milhões de km² e nesse bloco se localiza a parte leste do continente asiático. Essa placa forma uma zona de convergência com as placas das Filipinas e do Pacífico, formando a zona com a maior intensidade de atividades vulcânicas e sísmicas do planeta.
Monte Evereste - a montanha mais alta do mundo
8. Placa das Filipinas
  A placa das Filipinas possui uma área de cerca de 7 milhões de km², e nas zonas de seus limites concentram-se quase a metade de todos os vulcões ativos do planeta. Essa placa faz limites com as placas Euroasiática, Indo-Australiana, do Pacífico e de Amuria e Okhotsk.
  A leste dessa placa, uma zona de subducção com a placa do Pacífico deu origem à Fossa das Marianas, o ponto mais profundo do planeta Terra. O ponto mais setentrional dessa placa é a península de Izu, no Japão, onde encontra-se o monte Fuji.
Monte Fuji - ponto culminante do Japão
9. Placa de Nazca
  A placa de Nazca possui uma área de cerca de 10 milhões de km² e está situada à esquerda da América do Sul, ao lado da cordilheira dos Andes. Essa placa faz fronteira com as placas da Antártica, Sul-Americana, de Cocos, do Pacífico e do Caribe. A zona leste da placa de Nazca está dentro de uma zona de subducção com a placa Sul-Americana, que deu origem à Cordilheira dos Andes. Nessa área há uma intensa atividade sísmica e vulcânica. O limite sul da placa, na fronteira com a placa da Antártica, forma a dorsal do Chile.
Machu Pichu - Peru
10. Placa Norte-Americana
  A placa Norte-Americana possui uma área de aproximadamente 70 milhões de km² e abrange a América do Norte, a Groenlândia, as ilhas de Cuba e das Bahamas, parte ocidental do Oceano Atlântico, parte do Oceano Glacial Ártico e o leste da Sibéria. Faz limite com as placas Euroasiática, de Cocos, do Caribe, Africana, Sul-Americana e do Pacífico.
  Nos últimos tempos (em termos geológico), a placa Norte-Americana vem passando por um processo de subducção com duas outras placas menores (de Kula e a placa Farallon, que desapareceram completamente). O contato entre as placas do Pacífico com a Norte-Americana originou a falha de San Andreas, bem como o choque dessas placas com outras placas originou também o conjunto de montanhas denominados de Montanhas Rochosas.
Montanhas Rochosas, no Colorado - EUA
11. Placa do Pacífico
  A placa do Pacífico possui uma extensão de cerca de 70 milhões de km² e abrange a maior parte do oceano Pacífico. Ao norte ela faz divisas com algumas placas menores, como as placas do Explorador, de Juan Fuca e de Gorda. Estes conflitos geram fissuras na litosfera. Também faz limite com as placas Norte-Americana, de Cocos, Nazca, das Filipinas, Antártica, Indo-Australiana, além de outras placas menores. É a maior placa oceânica e, junto com a placa Norte-Americana, forma uma zona de convergência que é a principal responsável pela ocorrência da Falha de San Andreas.
Falha de San Andreas, na Califórnia - EUA
12. Placa Sul-Americana
  A placa Sul-Americana é uma placa continental que inclui toda a América do Sul e se estende para leste até a Dorsal Média Atlântica. Possui uma extensão de aproximadamente 32 milhões de km² e faz limite com as placas Africana, Antártica, do Caribe, Nazca e outras placas menores. O Brasil está localizado no centro dessa placa, o que explica a inexistência de dobramentos modernos no país.
  A placa Sul-Americana faz um limite divergente com a placa Africana, provocando o afastamento em torno de 5 a 10 cm/ano das duas placas. Esse afastamento vem aumentando o tamanho da dorsal Meso-Oceânica do Atlântico. À medida que se afasta da placa Africana, a placa Sul-Americana vai se aproximando cada vez mais da placa de Nazca, provocando a cada ano a elevação da Cordilheira dos Andes.
Dorsal Meso-Oceânica do Atlântico
 FONTE: Antunes, Celso Avelino. Geografia e participação: 6° ano / Celso Avelino Antunes, Maria do Carmo Pereira e Maria Inês Vieira. - 2. ed. - São Paulo: IBEP, 2012.

domingo, 25 de janeiro de 2015

AS DEZ FLORESTAS MAIS AMEAÇADAS DO MUNDO

  A Conservação Internacional (CI) é uma organização não governamental sediada em Washington D.C. (EUA), que visa a proteção dos hotspots de biodiversidade (região biogeográfica) da Terra, áreas selvagens ou regiões marinhas de alta biodiversidade ao redor do globo. O grupo também é conhecido por suas parcerias locais com ONGs e povos indígenas.
  A CI foi fundada em 1987 e possui mais de 900 funcionários. Seu trabalho se desenvolve em mais de 40 países, principalmente nos países em desenvolvimento na África, na Orla do Pacífico e nas florestas tropicais das Américas do Sul e Central.
Marca da Conservação Internacional
  A Conservação Internacional, organização que atua na defesa da biodiversidade do planeta, lançou uma lista dos dez locais mais ameaçados do mundo em 2011. Esta iniciativa tem como objetivo chamar a atenção para a necessidade de se proteger as florestas com maior chance de desaparecer do mapa. Todos os dez locais mais críticos já perderam 90% ou mais de sua cobertura original. Cada um deles abriga pelo menos 1,5 mil espécies de plantas endêmicas (nativas dessas regiões). A Mata Atlântica brasileira, da qual resta menos de 8% da cobertura original, aparece na lista ocupando a quinta posição.
  As florestas são responsáveis por abrigar 80% da biodiversidade do mundo, garantir o sustento de 1,6 bilhão de pessoas e prover os mais importantes reservatórios de água doce do planeta. Somente as dez florestas ameaçadas, juntas, armazenam mais de 25 gigatoneladas de carbono, auxiliando na diminuição dos efeitos da mudança climática.
Mapa do Brasil mostrando o que era e o que resta da Mata Atlântica
  A Conservação Internacional ainda ressalta a importância de se manter as florestas saudáveis, devido ao seu capital natural, ao oferecimento dos melhores meios econômicos para enfrentar os diversos desafios ambientais trazidos pela mudança climática e à crescente demanda por produtos florestais.
  O objetivo do estudo, segundo a Conservação Internacional é encorajar os países a definirem novas estratégias de proteção aos biomas, exaltando o fato de que também é possível obter benefícios econômicos mantendo a floresta em pé.
Em vermelho estão as áreas mais ameaçadas do planeta
  As dez florestas mais devastadas são:
1. Regiões da Indo-Birmânia
  Localizada na região da Ásia-Pacífico (Tailândia, Mianmar, Laos, Camboja, Vietnã e Índia) essa região é formada por florestas latifoliadas tropicais e/ou subtropicais úmidas, possui rios e pântanos importantes para a conservação da fauna. Boa parte dos rios foi represada para a instalação de usinas hidrelétricas e muitos mangues foram transformados em reservatórios com interesses econômicos. Possuía uma extensão total de 2.373.057 km², mais de sete mil plantas, 73 mamíferos, 73 aves e 343 répteis e anfíbios endêmicos.
  Os rios e pântanos desta área da Ásia são extremamente importantes para a conservação de aves, tartarugas e peixes de água doce, incluindo alguns dos maiores peixes da água doce do mundo. Atualmente, resta menos de 5% de sua cobertura vegetal.
Vegetação em colinas ao longo do rio Mekong, em Laos
2. Nova Zelândia
  Na Nova Zelândia, florestas latifoliadas tropicais e subtropicais úmidas abrigam mamíferos e répteis que não são encontrados em nenhum outro lugar do planeta. A caça e a destruição dos habitats dessas florestas causaram a extinção de algumas espécies. Com a caça e a destruição de habitats nos últimos duzentos anos houve a extinção de inúmeras espécies de aves, invertebrados e plantas. Na Nova Zelândia existem 1.865 plantas, dois mamíferos, 89 aves e 41 répteis e anfíbios endêmicos. Atualmente, restam menos de 5% dessa vegetação no país. As poucas áreas remanescentes dessas florestas estão em lugares de difícil acesso nos Alpes Neozelandeses.
  O Departamento de Conservação da Nova Zelândia desenvolveu um programa de preservação, visando minimizar o impacto ambiental em seu território. Seus objetivos englobam a regeneração da floresta natural, o uso da energia solar e a reciclagem do lixo.
Vegetação da Ilha do Norte - Nova Zelândia
3. Sunda (Indonésia, Malásia e Brunei)
  A área de Sunda é composta por florestas latifoliadas tropicais e subtropicais, possui uma extensão territorial de 1.501.063 km² e abriga 17 mil ilhas equatoriais, sendo as duas maiores, as ilhas de Bornéu e Sumatra. Suas florestas estão sendo dizimadas para o uso comercial, para a produção de borracha, óleo de dendê e celulose, além de outros cultivos agrícolas. Essa região abriga 15 mil plantas, 173 mamíferos, 146 aves e 416 répteis e anfíbios endêmicos, e atualmente possui menos de 7% do habitat remanescente.
Plantação de chá em área de floresta na Malásia
4. Filipinas
  Considerado um dos países mais ricos em biodiversidade do mundo, as Filipinas vêm tendo suas florestas dizimadas por causa das intensas atividades madeireiras e agrícolas, além do crescimento populacional, que provocaram a destruição de cerca de 93% de suas florestas latifoliadas tropicais e subtropicais úmidas, que cobriam juntas cerca de 297.179 km². As Filipinas possui 6.091 plantas, 102 mamíferos, 185 aves e 234 répteis e anfíbios endêmicos.
Montanhas com vegetação destruída nas Filipinas
5. Mata Atlântica (América do Sul)
  Composta por uma floresta latifoliada tropical e subtropical densa, a Mata Atlântica já esteve presente em praticamente toda a costa brasileira, indo do nordeste do Rio Grande do Sul até o norte do litoral nordestino, além de áreas no leste do Paraguai e na província de Missiones, na Argentina, abrigando cerca de vinte mil espécies de plantas.
  Essa vegetação desenvolveu-se graças à umidade trazida pelos ventos que sopram do mar. A maior parte das espécies tem folhas perenes (permanecem verdes o ano todo). Possui uma grande biodiversidade, convivendo nessa floresta árvores gigantescas, como jequitibás e figueiras, e grande variedade de palmeiras, folhagens, arbustos, além de musgos e fungos.
Vegetação de Mata Atlântica na Serra do Mar, no Paraná
  Durante séculos, a Mata Atlântica manteve-se vigorosa e com grande poder de regeneração. Enquanto a natureza esteve em equilíbrio, a própria floresta se encarregava de cobrir rapidamente as clareiras abertas pela queda de alguma grande árvore. Atualmente, menos de 8% da cobertura original continua em pé, a maior parte em pequenos fragmentos de floresta secundária.
  No Brasil, restam menos de 7% de sua cobertura original, sendo a maior parte na Serra do Mar. A destruição da Mata Atlântica começou no início da colonização europeia, com a extração do pau-brasil e, posteriormente com o cultivo da cana-de-açúcar e da atividade cafeeira. Atualmente, a urbanização é o principal responsável pela destruição da Mata Atlântica.
  A Mata Atlântica possui cerca de 8 mil espécies de plantas, 270 de mamíferos, 992 de aves, 569 de répteis e anfíbios e 350 espécies de peixes endêmicos.
As linhas amarelo escuro representa a área coberta pela Mata Atlântica
6. Montanhas do Centro-Sul da China
  As montanhas do Centro-Sul da China cobrem uma área de 262.446 km² e inclui uma grande diversidade de habitats, uma das maiores taxas de endemismo do mundo e a maior parte dos sistemas hídricos da Ásia. É composta por uma floresta de coníferas temperadas, e o seu principal problema ambiental é a construção de barragens para a obtenção de energia, além das atividade ilegais de caça, coleta de lenha e pastagens. Atualmente, menos de 8% da vegetação nativa continua intacta. Essa região abriga 3.500 plantas, cinco mamíferos, uma ave e 55 répteis e anfíbios endêmicos.
Montanhas do Centro-Sul da China
7. Província Florística da Califórnia (EUA)
  A Província Florística da Califórnia, possui uma área de 293.804 km², é formada por florestas latifoliadas tropicais e subtropicais úmidas, possui um clima mediterrâneo e abriga o maior organismo vivo do planeta, a sequoia gigante. É também o local de maior reprodução de aves dos Estados Unidos. Essa região é o lar de 3.500 espécies diferentes de plantas, sendo 61% delas endêmicas. Os principais problemas que ameaçam essa província são a expansão de áreas urbanas, a poluição, a agricultura comercial e a construção de estradas. Atualmente, a região possui menos de 10% de seu habitat natural.
Sequoias localizadas no Sequoia National Park, na Califórnia - EUA
8. Florestas Costeiras da África Oriental (Somália, Quênia e Tanzânia)
  Espalhadas pela Somália, Quênia e Tanzânia, essas florestas ocupavam uma área de 291.250 km², e possuem uma grande diversidade de espécies endêmicas, que sofrem com um solo pobre e o crescimento populacional. Apesar de pequenos e fragmentados, os remanescentes que formam as Florestas Costeiras da África Oriental contêm níveis extraordinários de biodiversidade. São 1.750 plantas, 11 mamíferos, 12 aves e 62 répteis e anfíbios endêmicos. Os primatas são espécies-símbolo da região. A expansão agrícola continua sendo a principal ameaça para essas florestas, principalmente a agricultura de subsistência e a comercial. Atualmente restam menos de 10% de sua cobertura vegetal.
Área que antes era ocupada pela Floresta Costeira na Tanzânia
9. Madagascar e ilhas do Oceano Índico (África)
  Essas ilhas juntas compreendem uma área de 600.461 km² e possuem diversos animais que não são encontrados no continente. São 11.600 plantas, 144 mamíferos, 183 aves e 593 répteis e anfíbios endêmicos. Menos de 10% da área de floresta conseguiu resistir às pressões do crescimento populacional e das atividades mineradoras, agrícolas e de extração não sustentável de madeira, além da caça e da pesca predatória. Este hotspot é um exemplo vivo da evolução de espécies em isolamento e contém uma exuberante coleção de espécies, com altos níveis de endemismo.
Área desmatada em Madagascar
10. Florestas de Afromontane (África)
  As Florestas de Afromontane possuem uma área total de 1.017.806 km² e é uma sub-região de montanhas descontínuas e separadas uma das outras por zonas baixas. Essas florestas possuem uma flora única e abrigam alguns dos lagos mais belos do mundo. A agricultura, especialmente as grandes plantações de banana, feijão e chá, é a principal ameaça desse ecossistema, seguida do comércio, da caça predatória e da extração ilegal de madeira. O Vale do Rift abriga uma grande variedade de plantas, mamíferos, aves, peixes e anfíbios endêmicos. São 2.356 plantas, 104 mamíferos, 110 aves, 172 répteis e anfíbios e 617 espécies de peixes endêmicas vivendo nessas florestas. Atualmente existe menos de 11% da floresta remanescente.
Montanhas Semien, na Etiópia
FONTE: Perspectiva geografia, 6 / Cláudia Magalhães ... [et al.]. - 2. ed. - São Paulo: Editora do Brasil, 2012. - (Coleção perspectiva).

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

REGIÃO HIDROGRÁFICA DO PARANÁ

  A Região Hidrográfica do Paraná corresponde à Bacia do Paraná, composta por seis unidades hidrográficas: Grande, Iguaçu, Paranaíba, Paranapanema, Paraná e Tietê. Juntas, elas representam 6,5% da vazão de água corrente existente no Brasil.
  Sua calha principal, a do Rio Paraná, nasce na junção dos rios Paranaíba e Grande e corre ao longo de 2.900 km até sua foz, no Rio da Prata. Ela constitui um importante eixo de circulação pelo interior do continente, que já era percorrido mesmo antes da chegada dos colonizadores portugueses e espanhóis. Por serem rios de planalto, os rios que formam a Bacia do Paraná apresentam inúmeras quedas-d'água que, apesar do enorme potencial hidráulico, necessitam ser contornadas.
  A construção de usinas hidrelétricas permitiu o uso do potencial hidráulico dessa bacia para a geração de energia elétrica, que representa quase 60% da capacidade instalada no país. Atualmente, existe quase 180 usinas hidrelétricas na Região Hidrográfica do Paraná, várias de grande porte, como a de Itaipu. Em muitas delas foram construídas eclusas (sistema de comporta que permite a descida e a subida de embarcações em um canal fluvial com grande desnível), permitindo a circulação de embarcações pelos rios.
Usina Hidrelétrica do Paraná
Unidade Hidrográfica do Rio Paraná
  O Rio Paraná é o segundo maior sul-americano. Nasce da confluência de dois importantes rios brasileiros: o Rio Grande e o Rio Paranaíba, entre os estados de Minas Gerais, São Paulo e Mato Grosso do Sul. Em seu percurso total, o Rio Paraná adquire uma extensão total de 4.880 quilômetros, o que lhe rende o posto de sétimo rio mais extenso do mundo.
  Em sua parte alta, o rio Paraná separa os estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, e este último com o estado do Paraná, além de demarcar a fronteira entre Brasil e Paraguai, numa extensão de 190 quilômetros até a foz do rio Iguaçu. A partir deste ponto marca o início da fronteira entre Argentina e Paraguai. O rio continua correndo para o sul até próximo a cidade de Posadas (Argentina) onde muda para a direção oeste. Na confluência do rio Paraguai, o Paraná entra totalmente nas terras argentinas e passa a percorrer a direção sul, desaguando no delta do Paraná e, consequentemente, no Rio da Prata.
Parte da cidade de Posadas, na Argentina, tendo ao fundo o rio Paraná
  No trecho brasileiro, há a barragem de Jupiá, que está localizada há 21 quilômetros da confluência com o rio Tietê, assim como também a barragem de Ilha Solteira, enquanto na fronteira do Paraguai com o Brasil está a barragem de Itaipu, e na fronteira entre a Argentina e o Paraguai, a barragem de Yacyretá. As duas hidrelétricas fornecem 99% da eletricidade do Paraguai (sendo que 90% vem de Itaipu), fazendo do país o maior exportador de eletricidade do mundo.
  No rio Paraná, na altura do município de Guaíra, havia o Salto de Sete Quedas, que era a maior cachoeira do mundo em volume de água, mas, com a construção da usina de Itaipu, foi submersa em 1982.
  Os principais afluentes do Rio Paraná nessa unidade hidrográfica são os rios: Sucuriú, Verde, Pardo, Ivinhema e Amambaí.
Usina Hidrelétrica de Ilha Solteira, em Ilha Solteira - SP
Unidade Hidrográfica do Rio Iguaçu
  O rio Iguaçu é um afluente do rio Paraná e é o maior rio do estado do Paraná, formado pelo encontro dos rios Iraí e Atuba na parte leste do município paranaense de Curitiba, junto à divisa deste com os municípios de Pinhais e São José dos Pinhais. O curso desse rio segue o sentido geral leste a oeste com algumas partes servindo de divisa natural entre o Paraná e Santa Catarina, bem como em certo trecho do seu baixo curso faz a fronteira entre o Brasil e a Argentina. Seu ponto negativo é que no ano 2008 foi considerado o segundo rio mais poluído do Brasil, superado apenas pelo rio Tietê. O trecho aproximado do rio Iguaçu é de 910 km.
Visão aérea das Cataratas do Iguaçu
  Os principais afluentes do rio Iguaçu são os rios: Potinga, Claro, Cavernoso, Guarani, Adelaide, Andrada, Gonçalves Dias, Floriano, Jangada, Iratim, Capanema, Santo Antônio, Jordão, Areia, Chopim e Negro. Entre as principais usinas hidrelétricas instaladas na bacia do rio Iguaçu, destacam-se as usinas hidrelétricas de: Foz de Areia, no município de Pinhão; Governador Ney Aminthas de Barros Braga, no município de Mangueirinha; Salto Santiago, entre os municípios de Saudade do Iguaçu e Rio Bonito do Iguaçu; Salto Osório, entre os municípios de Quedas do Iguaçu e São Jorge d'Oeste; e Salto Caxias, no município de Capitão Leônidas Marques, todas localizadas no estado do Paraná.
Usina Hidrelétrica de Salto Santiago
Unidade Hidrográfica do Rio Paranapanema
  O rio Paranapanema é um dos rios mais importantes do estado de São Paulo. Possui uma extensão total de 929 km e suas nascentes estão localizadas na serra Agudos Grandes, no município de Capão Bonito. É considerado o rio menos poluído do estado de São Paulo.
  O rio Paranapanema divide-se em três trechos principais: Baixo Paranapanema, Médio Paranapanema e Alto Paranapanema. Além de ser a divisa natural entre os estados de São Paulo e Paraná, esse rio é um eixo de integração entre duas regiões muito homogêneas: as vertentes paulista e paranaense, que apresentam grande identidade, tanto social, quanto cultural e, principalmente, econômica. A região da bacia do Paranapanema é considerada uma Região de Conservação por possuir um importante acervo ambiental preservado, sobretudo nas porções de cabeceiras dos rios que fazem parte do Paranapanema.
Mapa da Bacia Hidrográfica do Rio Paranapanema
  Na região hidrográfica do Paranapanema desenvolve-se uma agricultura de ponta e um extraordinário potencial para a agricultura irrigada, tanto pela excelência dos seus solos, quanto pela enorme disponibilidade hídrica.
  Os principais afluentes do rio Paranapanema são os rios: Itararé, das Cinzas, Tibagi, Pirapó, Norte Pioneiro, Piraponema, Capivara, Pardo, entre outros. Dentre as hidrelétricas instaladas na bacia do Paranapanema, destacam-se as usinas hidrelétricas de: Jurumirim, no município de Cerqueira César (SP); Paranapanema, no município de Piraju (SP); Chavantes, entre os municípios de Chavantes e Ribeirão Claro (SP); Ourinhos, no município de Jacarezinho (SP); Salto Grande, entre os municípios de Salto Grande (SP) e Cambará (PR); Canoas I, localizada entre os municípios de Itambaracá (PR) e Cândido Mota (SP); Canoas II, entre os municípios de Palmitá (SP) e Andirá (PR); Capivara, entre os municípios de Porecatu (PR) e Taciba (SP); Taquaruçu, entre os municípios de Sandovalina (SP) e Itaguaré (PR); e Rosana, entre os municípios de Rosana (SP) e Diamantina do Norte (PR).
Usina Hidrelétrica de Jurumirim
Unidade Hidrográfica do Rio Tietê
  O rio Tietê é conhecido nacionalmente por atravessar, em seus 1.136 quilômetros, praticamente todo o estado de São Paulo, no sentido leste-oeste, e por banhar a maior cidade a América do Sul, São Paulo. Esse rio nasce na Serra do Mar, no município de Salesópolis, no Parque Nascentes do Rio Tietê, a 1.120 metros de altitude e, apesar de estar há apenas 22 quilômetros do litoral, as escarpas da serra obrigam-no a caminhar no sentido inverso, rumo ao interior, atravessando o estado paulista de sudeste a noroeste até desaguar no lago formado pela barragem Jupiá, no rio Paraná.
  O rio Tietê sempre foi um rio de meandros e devido a construção de avenidas marginais, foi necessário fazer uma mudança brusca no seu curso natural, além da sua canalização, na capital paulista.
Rio Tietê, na cidade de São Paulo em 1900
  Após a expansão urbana provocar a ocupação das áreas de várzea, o crescimento desordenado da cidade fez com que o solo da bacia do Tietê na região da Grande São Paulo fosse sendo impermeabilizado: asfalto, telhados, passeios e pátios foram fazendo com que a água das chuvas não mais penetrasse no solo, impedindo a retenção da mesma. Uma grande porcentagem da precipitação corre imediatamente para as galerias de águas pluviais e dali para os córregos e depois para o Tietê, que não consegue absorver toda a água, provocando constantes alagamentos na cidade de São Paulo. Além dos prejuízos e transtornos sofridos pelas pessoas diretamente atingidas (doenças transmitidas pela água - como tifo, hepatite e leptospirose -, residências, móveis, veículos e documentos destruídos, entre outros), as inundações nas marginais do Tietê acabam atingindo não só a economia da região, mas também a economia do estado e do país.
Transbordamento do rio Tietê após uma chuva caída na capital paulista
  Pelas marginais do rio Tietê, incluindo as do rio Pinheiros, passam a ligação Norte-Sul do Brasil, o acesso a várias rodovias (Presidente Dutra, Ayrton Senna, Fernão Dias, Raposo Tavares, Régis Bittencourt, dos Imigrantes e Anchieta), aos aeroportos de Congonhas e Cumbica e ao Porto de Santos, o mais importante do país.
  O rio Tietê cruza a Região Metropolitana de São Paulo e percorre 1.136 quilômetros ao longo de todo o interior do estado. Logo após sair do município de São Paulo, o rio Tietê encontra, no município de Santana de Parnaíba, a Usina Hidrelétrica de Edgard de Sousa, um pouco mais adiante a Hidrelétrica de Rasgão e, entre estas duas, encontra-se a Barragem de Pirapora do Bom Jesus.
Rio Tietê em Pirapora do Bom Jesus - SP
  O Rio Tietê drena uma área composta de seis sub-bacias hidrográficas (Alto Tietê, Sorocaba/Médio Tietê, Piracicaba-Capivari-Jundiaí, Tietê/Batalha, Tietê/Jacaré e Baixo Tietê) em uma das regiões mais ricas do hemisfério sul e, ao longo de sua extensão, suas margens banham 62 municípios ribeirinhos.
  Os principais afluentes do rio Tietê são os rios: Pinheiros, Aricanduva, Piracicaba, Sorocaba, Jacaré-Pepira, Jacaré-Guaçu, Ribeirão dos Porcos, Batalha, Dourado, Ribeirão Santa Bárbara, Ribeirão Três Irmãos, Ribeirão Água Fria, Tamanduateí, Juqueri, Jundiaí, entre outros.
Rio Tietê entre os municípios de Barra Bonita e Igaraçu do Tietê - SP
  As principais usinas hidrelétricas instaladas no rio Tietê são: Barragem da Usina Parque de Salesópolis (Salesópolis), Usina Hidrelétrica Edgard de Sousa (Santana de Parnaíba), Barragem de Pirapora do Bom Jesus e de Rasgão (Pirapora do Bom Jesus), Barragem Laras (Laranjal Paulista), Barragem Anhembi (Anhembi), Barragem Barra Bonita (Barra Bonita), Barragem Bariri (Bariri), Barragem Ibitinga (localizada entre Borborema, Ibitinga e Iacanga), Usina Hidrelétrica Mário Lopes Leão (entre Promissão e Avanhandava), Barragem Três Irmãos (Pereira Barreto) e Usina Hidrelétrica de Nova Avanhandava (Buritama).
Usina Hidrelétrica Edgard de Sousa, em Santana de Parnaíba - SP
  Em diversas barragens foram implementadas sistemas de eclusas que viabilizaram a manutenção da navegação fluvial. Muitas barcaças fazem o transporte da produção da região a baixo custo. A hidrovia Tietê-Paraná permite a navegação numa extensão de 1.100 quilômetros entre Conchas, no rio Tietê, em São Paulo, e São Simão, em Goiás, no rio Paranaíba, até Itaipu, atingindo 2.400 quilômetros de via navegável.
Nascente do Rio Tietê, em Salesópolis - SP
Unidade Hidrográfica do Rio Grande
  O Rio Grande nasce no Alto do Mirantão, na Serra da Mantiqueira, no município mineiro de Bocaína de Minas, a uma altitude de 1.980 metros e percorre 1.360 km até encontrar o Rio Paranaíba, no município de Carneirinho, em Minas Gerais, quando ambos formam o rio Paraná. A partir dos municípios de Claraval (MG) e Ibiraci (SP), o rio forma a divisa natural do estado de Minas Gerais com São Paulo.
  A partir da nascente, seu curso tem uma orientação sudoeste-nordeste até a divisa dos municípios mineiros de Lima Duarte e Bom Jardim de Minas, onde deste ponto parte para a direção sul-norte, servindo de divisa entre estes dois municípios e entre Lima Duarte e Andrelândia. Mais a jusante, o rio passa a correr para o sul, e se mantém nesta direção até a barragem de Jaguara, em Sacramento (MG). A montante de Jaguara, à altura do reservatório de Estreito, no município de Pedregulho (SP), passa a receber as águas dos rios do estado de São Paulo, servindo de divisa entre este estado e Minas Gerais. A partir dessa cidade, o rio muda seu curso e passa a correr no sentido leste-oeste até sua confluência com o rio Paranaíba.
Cânion do Rio Grande, em Ibiraci - MG
  Os principais afluentes do Rio Grande são os rios: Aiuruoca, Lourenço, Velho, das Mortes, Jacaré, Verde, Sapucaí, Canoas, Pardo e Turvo. As principais usinas hidrelétricas instaladas na bacia do Rio Grande são: Anil (Santana do Jacaré - MG), Camargos e Itutinga (Itutinga - MG), Funil (entre Lavras e Perdões - MG), Furnas (entre São José da Barra e São João Batista da Glória - MG), Marimbondo (entre Icém e Fronteira - MG), Mascarenhas de Morais (Ibirací - MG), Jaguara (Sacramento - MG), Luiz Dias (Itajubá - MG), Poço Fundo (Poço Fundo - MG), Igarapava (Igarapava - SP), Luis Carlos Barreto (Estreito - SP), São Bernardo (São Bernardo - MG), Volta Grande (Conceição das Alagoas - MG), Jacutinga (Jacutinga - MG), Porto Colômbia (entre os municípios de Planura - MG e Guaíra - SP) e Xicão (Campanha - MG).
Usina Hidrelétrica de Volta Grande, em Conceição das Alagoas - MG
Unidade Hidrográfica do Rio Paranaíba
  O rio Paranaíba nasce no município de Rio Paranaíba (MG), na Serra da Mata da Corda, a uma altitude de 1.148 metros e, após percorrer 1.170 km, junta-se ao Rio Grande para formar o rio Paraná. A partir dos municípios de Coromandel e Guarda-Mor, o rio Paranaíba forma a divisa natural entre Minas Gerais e Goiás, e já próximo à sua foz, de Minas Gerais com o Mato Grosso do Sul. O Rio Paranaíba é conhecido principalmente pela sua riqueza diamantífera e pelo grande potencial que apresenta.
Rio Paranaíba, na divisa entre os municípios de Araporã (MG) e Itumbiara (GO)
  Os principais afluentes do rio Paranaíba são os rios: São Marcos, Corumbá, Meia Ponte, Perdizes, Veríssimo, Santa Maria, Jordão, Araguari, Ribeirão da Piedade, dos Bois, Claro, Verde, Corrente, Aporé, Bagagem, Dourados, Araguari e Tejuco. As principais usinas hidrelétricas instaladas na bacia do rio Paranaíba são as usinas hidrelétricas de: Itumbiara (entre os municípios de Itumbiara - GO e Araporã - MG), São Simão (entre São Simão - GO e Santa Vitória - MG), Emborcação (entre Araguari - MG e Catalão - GO), Cachoeira Dourada (entre os municípios de Cachoeira Dourada e Itumbiara - GO e Araporã, Cachoeira Dourada, Capinópolis, Canápolis e Centralina - MG), Corumbá (Caldas Novas - GO), Caçu (Caçu - GO), Barra dos Coqueiros (entre Cachoeira Alta e Caçu - GO) e Salto Rio Verdinho (entre os municípios de Caçu e Itarumã - GO).
Usina Hidrelétrica de São Simã, em São Simão - GO
FONTE:Araújo, Regina. Observatório de geografia / Regina Araújo, Ângela Corrêa da Silva, Raul Borges Guimarães. - 1. ed. - São Paulo: Moderna, 2009.

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