sábado, 16 de março de 2013

AS FRONTEIRAS SE ABREM: "A FUGA DE CÉREBROS"

  A migração de pessoas sem qualificação profissional foi um elemento importante para o mercado de trabalho de países desenvolvidos cuja população já não admitia desempenhar tarefas consideradas menos nobres, como a construção civil e serviços de limpeza de ruas. Essa mão de obra ainda é importante, e os mercados de trabalho desses países continuam sendo abastecidos pelos migrantes do Sul com pouca ou nenhuma especialização.
  Nas últimas décadas, um novo tipo de movimento populacional tem se destacado: a migração de cérebros, ou seja, a migração de mão de obra qualificada. Embora a grande maioria dos migrantes qualificados parta do Sul, existe também a migração Norte-Norte, bem menos expressiva.
A mão de obra barata e qualificada, facilita a "fuga de cérebros" dos países do Sul para os países do Norte.
  Esse tipo de migração tem um caráter econômico adequado às políticas seletivas introduzidas pelos países receptores. Os primeiros países a adotar essas políticas foram a Austrália e o Canadá, ainda na década de 1980. Na década seguinte, foi a vez dos Estados Unidos e, mais recentemente, dos países europeus.
  A mobilidade internacional dos trabalhadores qualificados pode ser vista de diferentes ângulos. Para o país de origem, a saída dos "cérebros" limita suas possibilidades de desenvolvimento, já que fica desfalcado de trabalhadores especializados. Por outro lado, esses emigrantes geram fundos ao enviarem dinheiro para as famílias que permaneceram no país. Para o país de chegada, os "cérebros" suprem a necessidade de mão de obra qualificada, mas podem também representar prejuízo para a mão de obra local na disputa por postos de trabalho.
Mapa da emigração de pessoas qualificadas profissionalmente
O SUL ABASTECE OS MERCADOS ESPECIALIZADOS DO NORTE
  É inegável o peso quantitativo e qualitativo dos emigrantes asiáticos no deslocamento populacional de trabalhadores especializados. A Índia é um dos países com maior "fuga de cérebros". Anualmente, dos 50 mil especialistas indianos do setor de informática, cerca de 15 mil dirigem-se para o Vale do Silício, na Califórnia (EUA), região que abriga as mais famosas empresas de tecnologia, muitas das quais fundadas por imigrantes vindos da Índia, do Paquistão ou de Hong Kong. Essas empresas, por sua vez, contratam novos imigrantes da Ásia ou da América Latina.
Vale do Silício - um dos locais escolhidos pelos trabalhadores qualificados do Sul.
  A Europa Ocidental vive situação semelhante à dos Estados Unidos. Desde 2000, os países dessa região passaram a receber trabalhadores especializados dos países da Comunidade dos Estados Independentes - CEI (sobretudo da Rússia e da Ucrânia), dos países da Europa Central e Oriental e dos países do Sul, principalmente do Magreb, da África Subsaariana, da Índia, da China e da América Latina.
  Na Europa, somam-se aos trabalhadores especializados nos setores de ponta os trabalhadores do setor de saúde, necessários para cuidar do número crescente de idosos. Assim, para o Reino Unido dirigem-se médicos indianos e, para a França, médicos romenos e búlgaros. Portugal recebe um grande número de dentistas brasileiros, e a Itália, enfermeiras asiáticas, principalmente das Filipinas.
Pessoas que moram no Reino Unido por local de nascimento
IMIGRANTES ESPECIALIZADOS NA UNIÃO EUROPEIA
  Na maior parte dos países-membros da União Europeia, o recrutamento de trabalhadores estrangeiros é feito por iniciativa do empregador e deve obedecer a uma série de princípios estabelecidos pelo bloco.
  Um desses princípios determina que a admissão de um imigrante especializado só poderá ser feita se nenhum  trabalhador de qualquer outro país do bloco estiver disponível. Somente se mesmo após colocar anúncios em jornais ou em agências de emprego - a vaga continuar em aberto será possível a contratação do estrangeiro.
  A Alemanha encontrou uma brecha para atender à necessidade de trabalhadores no setor de informática; o governo alemão fornece uma carta verde para trabalho temporário com prazo máximo de cinco anos.
Percentual de população de imigrantes em cada país

  Mais de 50%
  20% a 30%
  10% a 20%
  4% a 10%
  1% a 4%
  Menos de 1%
  Sem dados

FONTE: Geografia, 2° ano: ensino médio / organizadores Fernando dos Santos Sampaio, Ivone Silveira Sucena. - 1. ed. - São Paulo: Edições SM, 2010. - (Coleção ser protagonista).

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