sexta-feira, 15 de março de 2013

A BATALHA PELO OURO NEGRO NA ÁFRICA NEGRA

  Existe um grande prejuízo causado ao meio ambiente pelo amplo uso do petróleo, e esse recurso não é renovável, irá se esgotar mais cedo ou mais tarde. Apesar disso, estamos longe de chegar a acordos firmes para reduzir o consumo de petróleo ou de adotar uma fonte energética que realmente o substitua.
  Em 2008, a capacidade de produção de petróleo era apenas 3,1% superior à demanda, o que pareceu pôr um freio ao crescimento do uso desse recurso. Mas já em 2010 o consumo tornou a subir. Em boa parte, esse aumento deve-se ao fortíssimo crescimento econômico chinês.
  Para manter a taxa de crescimento em 9% ao ano, a China precisa de cada vez mais petróleo. Hoje a China é uma grande investidora na África e, em particular nos estados muçulmanos da região, como o Sudão. Em troca, o Sudão envia 60% de seu petróleo para a potência asiática.
Importações de petróleo por país
  Apesar da África não ser tão rica em hidrocarbonetos (tanto gás como petróleo) como os países do Oriente Médio, a produção e as reservas do continente são significativas. Por isso, a África é objeto de grande competição por parte das companhias de petróleo e gás.
  Alguns especialistas pensam que a produção petrolífera africana, em especial ao longo do litoral Atlântico do continente, poderá atrair grandes investimentos, contribuindo com mais de 30% da produção mundial de hidrocarbonetos líquidos nos próximos anos. No final da década de 2000, de cada quatro barris de petróleo descoberto fora da América do Norte, um foi encontrado na África. Imagina-se que até 100 bilhões de barris estejam por ser descobertos - próximo das reservas do Iraque.
Reservas de petróleo em altomar
  O congressista estadunidense William Jefferson anunciou alegremente em 2004: "No ano passado, 8 bilhões de barris de petróleo foram descobertos ao redor do mundo, e sete bilhões deles estão além da costa da África Ocidental". O tesouro está lá e já está em disputa.
  O atentado de 11 de setembro de 2001 (quando foram destruídos os edifícios do World Trade Center, em Nova York) fortaleceu a decisão estadunidense de incluir a África em suas prioridades geopolíticas. Fundado em 2002, o Grupo de Iniciativa Política do Petróleo Africano (Aopig), que conta com representantes do governo estadunidense e de empresas privadas, tem influenciado a política energética dos Estados Unidos.
Exportações de petróleo por país
  No século XX, o norte da África dominava a produção, mas hoje o centro petrolífero se deslocou para o golfo da Guiné, englobando os ricos campos que vão da Nigéria a Angola. Uma vantagem adicional dessa região, do ponto de vista estadunidense, é que suas reservas já estão voltadas para o Atlântico, facilitando o transporte até a costa leste dos Estados Unidos. Atualmente, está em construção o oleoduto Chade-Camarões, pelo qual flui para o litoral atlântico o óleo produzido no interior do continente.
Oleoduto Chade-Camarões
  Atualmente o continente representa por volta de 10% da produção de petróleo mundial e 9,3% das reservas conhecidas. Seus campos são menores e mais profundos do que os do Oriente Médio, o que torna o custo de produção mais alto. Mas o petróleo bruto africano tem geralmente baixo teor de enxofre, e isso é bastante atrativo. A África tem atualmente doze grandes produtores de petróleo, todos membros da Associação Africana de Produtores de Petróleo. Os maiores são Nigéria, Argélia, Líbia e Angola, que respondem por cerca de 75% da produção total.
  Na primeira década do século XXI, as companhias americanas de petróleo investiram mais de 60 bilhões de dólares na África. O investimento petrolífero representa agora mais de 50% de todo o investimento direto estrangeiro no continente. Os interesses estratégicos dos Estados Unidos certamente incluem não só acessar importações petrolíferas de baixo teor de enxofre, baratas e de confiança, como também manter à margem os chineses (por exemplo no Sudão) e os sul-coreanos (na Nigéria, por exemplo) - novos e agressivos atores no negócio do petróleo africano.
Reservas mundiais de petróleo por região
  Um dado extra ajuda a entender o interesse estadunidense e chinês pelo petróleo na África: entre os países africanos ao sul do Saara, apenas a Nigéria e Angola são membros da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo). Com o fortalecimento da produção africana, o controle do mundo árabe sobre os preços teria uma contrapartida.
  Ao olharmos para a Guiné Equatorial podemos observar um exemplo da ação dos Estados Unidos no continente. Com reservas avaliadas em 2 bilhões de barris de petróleo e um produto interno bruto (PIB) que cresceu 70% em 2001, o país foi apelidado de "Kuwait da África". O governo de George W. Bush (presidente dos Estados Unidos de 2001 a 2009) reabriu seu consulado na capital, Malabo (fechado durante o governo anterior, de Bill Clinton), e excluiu o país da lista de países africanos reprovados por violações de direitos humanos. Dois terços das concessões para prospecção de petróleo na Guiné Equatorial foram concedidas a operadoras estadunidenses ligadas ao governo Bush. A partir de 2004, as manobras militares regulares americanas passaram a incluir a região.
Produção de petróleo na África
  O ouro negro que jorra do subsolo africano colocou a África novamente nos circuitos comerciais ocidentais, mas também no centro da geopolítica energética mundial. Historicamente, a atuação da indústria do petróleo é conhecida por ser invasiva e turbulenta. O impacto de sua ação no continente só poderá ser avaliada nos próximos anos.
FONTE: Geografia, 2° ano: ensino médio / organizadores Fernando dos Santos Sampaio, Ivone Silveira Sucena. - 1. ed. - São Paulo: Edições SM, 2010. - (Coleção ser protagonista).

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