segunda-feira, 11 de novembro de 2019

OS RIBEIRINHOS E OS CAIÇARAS

  Apesar de explorarem ambientes e ecossistemas diferentes (rios e mar) e estarem separados espacialmente, às vezes por grandes distâncias, percebemos muitas similaridades entre as comunidades de caiçaras e ribeirinhos, especialmente no uso de recursos naturais, nos conhecimentos, conflitos e nas ameaças diversas ao seu modo de vida.
  Culturalmente, tanto caiçaras como ribeirinhos são descendentes da miscigenação entre indígenas e colonizadores portugueses. Os caiçaras vivem na região litorânea do sudeste do Brasil, principalmente no litoral de São Paulo e Rio de Janeiro, em regiões onde predomina o bioma da Mata Atlântica, com grande biodiversidade e bastante devastado. Os ribeirinhos encontram-se geralmente nas margens dos grandes rios brasileiros.
Família de ribeirinhos
  As principais atividades econômicas e de subsistência (produção de alimentos) de ambos os grupos culturais consistem principalmente na pesca artesanal, agricultura de pequena escala, complementada por criação de animais e extrativismo vegetal (especialmente na Amazônia), além do turismo (principalmente no litoral).
  A herança indígena de caiçaras e ribeirinhos se manifesta no principal sistema de cultura, a roça de mandioca baseada na queima e derrubada da vegetação, seguindo um sistema de rodízio entre áreas cultivadas e áreas em recuperação.
  As populações tradicionais, entre elas os ribeirinhos e os caiçaras, foram reconhecidas pelo Decreto Presidencial 6.040, de 7 de fevereiro de 2007, onde o Governo Federal reconhece a existência formal das chamadas populações tradicionais.
  No decreto que instituiu a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais (PNPCT), o governo ampliou o reconhecimento que havia sido feito parcialmente, na Constituição de 1988, aos indígenas e aos quilombolas.
Comunidade Caiçara em Paraty - RJ
RIBEIRINHOS
  Os povos ribeirinhos ou ribeirinho é o habitante tradicional das margens dos rios. Estes vivem com as condições oferecidas pela própria natureza, adaptando-se aos períodos das chuvas. Tendo a pesca artesanal como principal atividade de sobrevivência, mas cultivam também pequenos roçados para subsistência e, às vezes, praticam atividades extrativistas.
  Nas ilhas localizadas em frente à capital paraense, Belém, mulheres artesãs de bio joias ampliam os conhecimentos em gestão e comercialização. Nas mesmas ilhas, ribeirinhos produtores rurais, recebem equipes técnicas que realizam um levantamento socioambiental para planejar a assistência técnica e extensão rural sobre as comunidades. Um pouco mais distante dali, na Ilha do Marajó, filhos de pescadores discutem em sala de aula temas relacionados à educação ambiental.
Ribeirinhos do Pará
  A movimentação social que ocorre no norte do Brasil é um reflexo da busca destes grupos por melhores condições de vida e alternativas produtivas que se aliem à realidade em que vivem: a Amazônia e uma incessante busca em aliar geração de renda e conservação socioambiental. Fortalecidos como organizações em diferentes localidades, em processo de transformação social em outras, os ribeirinhos da Região Norte aumentam diariamente o papel de protagonistas e, juntamente com entidades parceiras, realizam e participam de iniciativas que ampliam conhecimentos, apresentam novos mercados para as cadeias produtivas locais e geram inclusão social.
  O aquecimento de um mercado que aumenta a disponibilidade de recursos financeiros na mão do próprio ribeirinho - o de açaí -, e a crescente cobrança para que os poderes públicos busquem na produção local o alimento da merenda escolar, são alguns dos vetores desta mudança de participação social.
Típica comunidade ribeirinha, com casas construídas sobre um barranco, para fugir das cheias dos rios
Caiçaras
  Denominam-se caiçaras os habitantes tradicionais do litoral das regiões Sul e Sudeste do Brasil, formados a partir da miscigenação entre índios, brancos e negros e que têm, em sua cultura, a pesca artesanal, a agricultura de subsistência, a caça, o extrativismo vegetal, o artesanato e, mais recentemente, o ecoturismo.
  O termo "caiçara" tem origem no termo tupi caá-içara, que era utilizado para denominar as estacas colocadas em torno das tabas ou aldeias, e o curral feito de galhos de árvores fincados na água para cercar o peixe.
  A comunidade caiçara é formada pela mescla de populações indígenas, colonos portugueses e negros. Muitas práticas agrícolas (coivara) e de pesca (puçá), assim como a preparação de alimentos (farinha, peixe) apresentam marcante influência indígena.
Casas de madeira na comunidade Caiçara do Marujá, em São Paulo
REFERÊNCIA: Sampaio, Fernando dos Santos
Geração alpha geografia: ensino fundamental: anos finais: 6º ano / Fernando dos Santos Sampaio: editor responsável Flávio Manzatto de Souza: organizadora SM educação: obra coletiva, desenvolvida e produzida por SM Educação. - 2. ed. - São Paulo: Edições SM, 2018.

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