País mais populoso e influente do Reino Unido, a Inglaterra ocupa a parte sul da ilha da Grã-Bretanha e tem fronteiras terrestres com a Escócia e o País de Gales.
A Inglaterra foi responsável por inúmeras inovações no decorrer da história, mas o que levou à posição de potência dominante até o início do século XX foi a Revolução Industrial. Os ingleses inventaram e implantaram o uso das máquinas a vapor na produção de artefatos e, por isso, começaram a dominar os mercados globais a partir do século XVIII.
A força da economia inglesa chegou ao Brasil por meio da implantação de ferrovias e de serviços de iluminação e transportes públicos no século XIX. Grande parte das ferrovias que transportavam o café do estado de São Paulo era inglesa.
Atualmente, o país conta com vários centros urbanos e industriais onde o desenvolvimento tecnológico é muito importante. Nas últimas décadas, o setor da economia que mais tem se desenvolvido é o de serviços. A capital, Londres, é hoje considerada um dos centros urbanos mais dinâmicos e atrativos do Ocidente.
As técnicas de trabalho em ferro chegaram à Grã-Bretanha por volta de 750 a.C., provenientes do sul da Europa, dando início à Idade do Ferro. Por volta de 500 a.C., a cultura celta alcançou quase todo território britânico.
Por volta de 43 a.C., os romanos conseguiram invadir a Grã-Bretanha. Os britânicos defenderam sua terra, mas os romanos, militarmente superiores, conseguiram dominar a ilha. Iniciaram uma forte opressão contra o druidismo, religião mais popular no local na época.
Com a ocupação, os romanos fundaram cidades, como Londres, e fortalezas, utilizando engenharia e arquitetura nunca antes vista na Britânia. Também ergueram muralhas, como a de Adriano, que cruzavam a Grã-Bretanha de oeste para leste, cujo propósito era impedir incursões militares de tribos ao norte (no que é a atual Escócia) contra o território da província romana.
A influência romana também foi muito forte na cultura religiosa britânica, contribuindo para o desaparecimento de deuses celtas, transformando-os apenas em deuses romanos com nomes celtas. Os romanos também levaram para a ilha o cristianismo, que foi o principal responsável pelo desaparecimento do druidismo.
O colapso do governo romano na Grã-Bretanha se deu por volta do ano 410 d.C, e a Inglaterra foi progressivamente ocupada por povos germânicos. Conhecidos coletivamente como anglo-saxões, estes grupos incluíam jutos da Jutlândia, juntamente com um maior número de saxões, provenientes do noroeste da Alemanha, e anglos, provenientes do atual estado alemão de Eslésvico-Holsácia. Antes desses assentamentos, alguns frísios invadiram o leste da Grã-Bretanha durante os anos de 250.
A população da Grã-Bretanha diminuiu drasticamente após o período romano. O principal motivo da redução dessa população foram as doenças, principalmente a peste e a varíola.
Por volta do ano 495, na Batalha do Monte Badon, os ingleses infligiram uma severa derrota a um exército invasor anglo-saxão, que interrompeu o avanço saxônico para o oeste por algumas décadas.
A expansão anglo-saxã foi retomada no século VI. Por volta do ano 577, os saxões ocidentais saíram vitoriosos durante a Batalha de Deorham, levando à captura de algumas cidades britânicas e o avanço anglo-saxão para o Canal de Bristol. A vitória do Reino da Nortúmbria, em 616, na Batalha de Chester, levou à separação dos britânicos de Gales dos britânicos da Cúmbria. Durante os séculos VII, VIII e IX, ocorreu uma expansão gradual dos saxões pelo West Country.
A Grã-Bretanha foi dominada no século VIII pela chamada "Supremacia Mércia". Esse período foi descrito como a Heptarquia.
A incursão anglo-saxão contra o mosteiro de Lindisfarne, em 793, foi o ponto de partida da longa história de ataques vikings contra a Grã-Bretanha. Após um período de saques e incursões, os vikings começaram a colonizar a Inglaterra e a comercializar. Chegaram em barcos com um exército bastante equipado, em sua maioria formado por dinamarqueses, tomando para si quase todos os reinos ingleses que eram independentes. A partir do século IX, eles governaram parte considerável do território inglês, no que era conhecido como o Danelaw.
Por volta do final do século X, os escandinavos promoveram grandes ataques na Inglaterra. No século XI, formou-se um império formado pela Grã-Bretanha, Dinamarca e Noruega.
Em 1066, Guilherme II da Normandia, invadiu a Inglaterra com uma força de normandos numa campanha conhecida como a Conquista Normanda. Nos cinco anos seguintes, Guilherme II enfrentou uma série de rebeliões inglesas em várias partes do país e uma invasão dinamarquesa hesitante, mas ele foi capaz de reprimir toda a resistência e estabelecer um governo duradouro.
A conquista normanda levou a uma mudança radical na história do Estado inglês. Guilherme ordenou a compilação do Domesday Book, uma pesquisa de toda a população, suas terras e propriedades para fins de tributação, revelou que, dentro de 20 anos da conquista, a classe dominante inglesa tinha sido quase completamente desapossada e substituída por proprietários normandos, que também monopolizaram todos os altos cargos do governo e da Igreja. Guilherme e seus nobres falavam e conduziam a corte em francês normando, na Inglaterra, bem como na Normandia. O uso da língua anglo-normanda pela aristocracia, resistiu por séculos e deixou uma marca indelével no quadril do inglês moderno.
A Idade Média inglesa foi caracterizada por guerras civis, guerras internacionais, insurreições ocasionais e intrigas políticas generalizadas entre a elite aristocrática e monárquica.
A Inglaterra era mais do que autossuficiente em cereais, produtos lácteos, carne bovina e de carneiro. A economia internacional do país era baseada no comércio de lã, onde a produção das pastagens de carneiro no norte do país era exportada para as cidades têxteis de Flandres, onde era transformada em tecidos.
A política externa medieval estava mais moldada pelas relações com a indústria têxtil flamenga do que pelas aventuras dinásticas no oeste da França. A indústria têxtil inglesa foi implantada no século XV, fornecendo a base para a rápida acumulação de capital inglesa.
Henrique I, filho de Guilherme I, deu continuidade à política de integração. Durante o desastroso reinado de Estevão I, sobrinho do rei Henrique I (1135-1154), os barões feudais ganharam poder, instalou-se uma guerra civil e houve incursões galesas e escocesas. Com a morte de Henrique I, que havia nomeado sua filha Matilde como sua sucessora ao trono, Estevão se autoproclamara rei. Em 1139, Matilde, que era casada com o Conde de Anjou (Plantageneta), invadiu a ilha e capturou Estevão. Este último foi restaurado em 1148 e, por fim, chegou-se a um entendimento pela qual ele seria sucedido no trono pelo filho de Matilde, Henrique de Anjou.
O filho de Matilde subiu ao trono como Henrique II e logrou centralizar o poder, afastando o país do feudalismo. Seu sucessor, Ricardo I Coração de Leão, dedicou-se à Terceira Cruzada e a defender seus territórios no continente contra Filipe II da França. Com a morte de Ricardo I, seu irmão, João Sem Terra sucedeu-o. João perdeu a Normandia e outros territórios na França, além de hostilizar a nobreza feudal e a Igreja, de tal maneira que estes, em 1215, revoltaram-se contra o rei e forçaram-no a assinar a Magna Carta, que impunha limites ao poder real.
Em 1216, com a morte de João, subiu ao trono seu filho Henrique III. Seu reinado foi um fracasso. Foi derrotado pelos franceses e se submeteu ao papado. Em 1258 instalou-se uma crise entre Henrique III e a nobreza inglesa, a qual forçou o rei a reafirmar os termos da Magna Carta e a jurar as chamadas Provisions of Oxford (Disposições de Oxford), que entregaram o governo do país a um conselho de 15 integrantes e previa que o Parlamento se reuniria três vezes ao ano.
Henrique III tratou de anular os acordos com a ajuda do Papa, mas não foi capaz de submeter a nobreza, o que conduziu a uma guerra civil. Em 1264, Simão V de Monforte fez Henrique III prisioneiro, tomando o poder e exercendo uma forte ditadura. Em 1265, Monforte foi derrotado e morto pelo príncipe herdeiro Eduardo Henrique III, que restaurou e dissolveu o parlamento.
Eduardo I (1272-1307) promulgou leis que restringiam o poder do governo e convocou os primeiros parlamentos oficialmente reconhecidos. Conquistou o País de Gales e procurou ganhar o controle da Escócia, plano este que foi bastante demorado e abandonado após a derrota de seu filho e sucessor, Eduardo II, na Batalha de Bannockburn.
Em fevereiro de 1328 morreu o rei francês Carlos IV. Eduardo III da Inglaterra tinha direitos ao reinado francês por ser sobrinho de Carlos, mas os nobres franceses preferiram Filipe de Valois, que reinou com o nome de Felipe VI. Esse episódio gerou a chamada Guerra dos Cem Anos (1337-1453).
A Peste Negra atingiu a Inglaterra em 1348 e matou um terço da população inglesa. O filho de Eduardo (também chamado de Eduardo e conhecido como "Príncipe Negro") lançou mão da tática da chevauchée ("cavalgada"), incursões profundas em território inimigo desprotegido. Em 1636, Eduardo obteve uma grande vitória ante os franceses em Poitiers, fazendo prisioneiro João II da França. Em 1360, Eduardo III assinou o Tratado de Brétigny, pelo qual o valor do resgate por João era reduzido, os ingleses passavam a dominar desde os Pirineus até o rio Loire e Eduardo III renunciava a seus direitos sobre a Coroa francesa.
Os ingleses apoiaram o rei de Castela, Pedro I, na luta contra seu irmão Henrique II. Em 1369, Pedro foi assassinado pelo seu próprio irmão. A herdeira de Pedro, sua filha Constança, se casou com João de Gante, duque de Lencastre, filho de Eduardo III. Em 1372, a frota castelhana venceu a inglesa na Batalha de La Rochelle.
Em 1381, instituiu-se um imposto para defender a Inglaterra de uma potencial invasão francesa, o que causou uma revolta dos camponeses da zona mais rica do país. Os rebeldes foram derrotados em 28 de junho. Em 1396, Ricardo II assinou uma trégua com a França. Em 1399 João de Gante veio a falecer. Ricardo II recusou-se a permitir que Henrique Bolingbroke, filho de João, recebesse a herança de seu pai. Na ausência de Ricardo II, que comandava uma campanha militar na Irlanda, Bolingbroke retornou à Inglaterra e declarou-se rei, com o nome de Henrique IV. Ricardo II foi capturado e morreu em circunstâncias misteriosas. Henrique fundou a Casa de Lancaster. Até 1498, teve que fazer frente a várias revoltas da nobreza inglesa.
Filho de Henrique IV, Henrique V confirmou seus direitos ao trono francês e reativou a guerra entre França e Inglaterra. Em 1415, obteve a vitória de Azincourt e, em 1417, tomou Caen. Em 1420 firmou-se o Tratado de Troyes, pelo qual Henrique se casaria com Catarina de Valois, filha do rei da França, e o filho resultante da união assumiria o trono francês. Porém, Henrique V morreu antes do rei Carlos VI da França. Sob a regência da João, duque de Bedford, irmão de Henrique V, os ingleses chegaram em 1429 até Orleans. Sob a inspiração de uma camponesa da Lorena, Joana d'Arc, o filho de Carlos VI da França (o futuro Carlos VII) rompeu o cerco de Orleans, foi coroado rei da França em Reims e empreendeu uma campanha para tomar a Normandia e a Gasconha. Em 1450, ele aniquilou o exército francês em Fromigny e, em 1453, tomou Bordéus, recuperando toda a França e pondo fim à Guerra dos Cem Anos.
Outro episódio que marcou a história da Inglaterra foi a Guerra das Rosas. A Guerra das Rosas (1455-1485) foi o conjunto de conflitos intermitentes entre os membros e partidários da Casa de Lancaster contra os da Casa de York, pretendentes ao trono da Inglaterra. Ambas famílias reais tinham origem comum na Casa Real, como descendentes do rei Eduardo III.
O antagonismo entre ambas as casas começou quando o rei Ricardo II foi destronado por seu primo, Henrique Bolingbroke, em 1399. Henrique era o quarto filho de João de Gante, que por sua vez era o terceiro filho de Eduardo III. De acordo com a lei de sucessão inglesa, a Coroa deveria recair nos descendentes masculinos de Leonel de Antuérpia. Com a morte de Bolingbroke, em 20 de março de 1413, assumiu a Coroa seu filho Henrique V. Durante seu curto reinado, Henrique V teve que sufocar uma revolta liderada pelo neto de Henrique III, Ricardo de Conisburgh, Conde de Cambridge. A esposa de Ricardo de Conisburgh, Ana Mortimer, reclamou seus direitos sobre a coroa, já que era filha de Roger Mortimer, descendente de Leonel de Antuérpia. Henrique V morreu em 1422 e Ricardo, duque de York e filho de Ana Mortimer, se propôs a desafiar o novo rei, o frágil Henrique VI.
Durante o governo de Henrique VI perdeu-se totalmente as possessões inglesas no continente europeu (principalmente na França com um armistício e devolução das terras em Anjou e Maine em troca do casamento do rei Henrique VI e a princesa Margarida de Anjou), incluídas as terras ganhadas por Henrique V. Para piorar, Henrique VI sofria de uma enfermidade mental e, por isso, muitos o consideravam incapaz de governar. Assim, a Casa de York fortaleceu sua pretensão sobre a coroa. O crescente descontentamento civil, somado à multiplicação de nobres com exércitos privados e a corrupção da corte de Henrique VI, formaram o clima político ideal para a guerra civil no país.
Em 1453, o rei padeceu gravemente de sua enfermidade, e estabeleceu-se um Conselho de Regência encabeçado por Ricardo de York, que começou de imediato sua campanha de pretensão ao trono, mas a recuperação de Henrique VI, em 1455, frustrou as ambições de Ricardo, que foi despedido rapidamente da corte pela esposa do rei, Margarida de Anjou.
O poder da rainha crescia cada vez mais, fazendo com que ela fizesse várias alianças com nobres contra Ricardo, com a finalidade de reduzir sua influência. A crescente frustração de Ricardo e a agressividade da rainha, levaram a ações armadas, dando início à Primeira Batalha de Sant Albans. Após a derrota das forças de Lancaster, York e seus aliados reconquistaram suas posições de influência.
Em 1460, foi feita a Ata de Acordo, onde o filho de Henrique VI foi deserdado e Ricardo foi considerado sucessor do rei. Este acordo não foi aceito pelos Lancaster, que se reuniram sob o comando da rainha Margarida e do príncipe Eduardo, formando um grande exército. O Duque de York foi morto na Batalha de Wakefield. Com a morte de Ricardo, seu filho tornou-se herdeiro do trono. A batalha pelo trono recomeçou como o filho do Duque de York, Eduardo, de um lado e a rainha Margarida, do outro.
Com o apoio das forças de Warwick, Eduardo entrou com seu exército em Londres e foram aclamados pela multidão. Uma vez consolidada a situação na capital, o exército de York e de Warwick dirigiram-se para o norte, com suas forças até encontrarem o exército da rainha, no povoado de Towton. A Batalha de Towton foi a mais sangrenta da Guerra das Rosas, que foi ganha por Eduardo e dizimou os Lancaster.
A coroação oficial de Eduardo IV ocorreu em junho de 1461. Ele governou em uma relativa paz por mais de dez anos. Eduardo IV morreu repentinamente em 1483, e o herdeiro do seu trono, o seu filho Eduardo V, tinha apenas doze anos. O Duque de Gloucester reivindicou o trono e capturou o jovem rei e seu irmão, prendendo-os na Torre de Londres. Gloucester se converteu no rei Ricardo III. Os dois meninos encarcerados, conhecidos como os "Príncipes da Torre" desapareceram e foram possivelmente assassinados.
Em 1483, o futuro rei Henrique uniu-se a seu primo, Henrique Stafford, duque de Buckingham, contra Ricardo III. A vitória deste último obrigou Henrique a fugir da Inglaterra. Em 1485, depois de receber apoio financeiro do duque da Bretanha, Henrique lançou uma nova rebelião. Em 22 de agosto de 1485, o rei Ricardo III foi morto e seu exército derrotado na Batalha de Bosworth. Henrique se converteu em Henrique VII acabando definitivamente com a Guerra das Rosas e dando início a Dinastia Tudor. Henrique VII morreu em 21 de abril de 1509 e seu filho se tornou rei com o nome de Henrique VIII.
Henrique VIII subiu ao trono em 1509. Seu irmão mais velho, Artur, casou-se com Catarina de Aragão, mas Artur contraiu uma infecção e morreu. Em consequência, aos onze anos de idade, Henrique herdou o direito ao trono. O rei Henrique VIII, ansioso por manter a aliança marital entre Inglaterra e Espanha, conseguiu a permissão papal para casar Henrique com a viúva de seu irmão.
Em 1511, Henrique VIII se uniu à Liga Católica, formada por dirigentes europeus opostos ao rei Luís XII da França. A Liga incluía figuras como o Papa Júlio II, o imperador do Sacro Império Romano, Maximiliano I, e o rei Fernando II da Espanha.
Henrique VIII tinha o desejo de ter um herdeiro do sexo masculino, mas a rainha Catarina não conseguiu lhe dar. Em 1526, Henrique VIII foi motivado a se separar, não só pelo fato dela não poder lhe dar mais filhos, mas também porque sentia-se muito atraído por Ana Bolena (uma de suas amantes). Sem informar o cardeal Wolsey, Henrique VIII apelou diretamente à Santa Sé. Enviou seu secretário William Knigth a Roma para arguir que a Bula de Júlio II (Bula pela qual se permitiu o matrimônio entre Henrique VIII e Catarina de Aragão) fosse anulada e pedia que o papa Clemente VII lhe desse permissão de casar-se com qualquer mulher. Esta permissão era necessária, já que Henrique VIII havia previamente tido relações com a irmã de Ana Bolena, Mary. O papa Clemente VII era praticamente prisioneiro do imperador Carlos V (sobrinho de Catarina) e não esteve de acordo com o pedido de Henrique VIII.
Irritado com o cardeal Wolsey pela demora na resolução da questão, Henrique VIII o despojou de seu poder e riqueza. Junto com o cardeal, caíram outros poderosos membros da Igreja inglesa. O poder passou para as mãos de Sir Thomas More como novo Lord Chanceler, Thomas Cranmer como novo arcebispo de Cantuária e Thomas Cromwell como primeiro conde de Essex e Secretário de Estado da Inglaterra. Em 25 de janeiro de 1533, o rei casou-se com Ana Bolena e, em maio desse ano, anunciou a anulação do seu matrimônio. A princesa Mary, filha de Henrique VIII com Catarina, foi rebaixada a filha ilegítima, e substituída como herdeira por Isabel.
O Papa respondeu a estes acontecimentos excomungando Henrique VIII em julho de 1533. Em 1534, o Ato de Supremacia declarava que "o Rei é a única cabeça suprema da Igreja da Inglaterra". A oposição às políticas religiosas de Henrique VIII foi rapidamente suprimida, vários monges dissidentes foram torturados e executados, inclusive Thomas More. Em 1536, a rainha Ana começou a perder o favor do rei, depois do nascimento da princesa Isabel. Ana teve dois abortos. Henrique se apaixonou por outra mulher, Jane Seymour. Por isso, Ana Bolena foi acusada de traição e tentativa de assassinato do rei, e foi condenada e decapitada. Após a morte de Ana, Henrique VIII casou-se com Jane Seymour, que deu à luz a seu único filho homem, o príncipe Eduardo, em 1537. Jane morreria logo depois e Henrique VIII se casaria ainda mais três vezes.
Henrique VIII gerou três filhos, onde todos subiram ao trono. O primeiro a reinar foi Eduardo VI a partir de 1547, com seu tio Eduardo Seymour. Eduardo foi afastado do poder por João Dudley. Após a morte de Eduardo VI por tuberculose em 1553, Dudley planejou colocar Joana Grey no trono e casá-la com seu filho, mas o golpe falhou e Maria I, filha de Henrique VIII, assumiu a coroa. Maria era uma católica devota e procurou impor o retorno do catolicismo ao país. Sob suas ordens, diversos protestantes foram queimados na fogueira, o que lhe valeu o apelido de "Bloody Mary", ou "Maria Sanguinária". Maria casou-se com Filipe II da Espanha. As perseguições, a presença dos espanhóis em solo britânico e a perda de Calais (uma cidade localizada no norte da França), o último território inglês na parte continental europeia, fizeram com que Maria se tornasse impopular.
A Rainha Isabel (conhecida em vários países como Rainha Elizabeth I), teve em seu início de reinado problemas com a Escócia e França. A rainha da Escócia, Maria Stuart, prima de Isabel, estava casada com Francisco II da França. Francisco II apoiou as pretensões de sua mulher Maria Stuart ao trono inglês, enquanto que a mãe desta última, Maria de Guise permitiu a presença das tropas francesas nas bases escocesas. Diante da ameaça de invasão francesa, Isabel e Felipe II da Espanha se viram forçados a unir forças. Graças à mediação de Felipe II, a Inglaterra assinou um tratado de paz em 1559, no qual Isabel renunciou à soberania inglesa na França, enquanto a França se comprometia a retirar seu apoio às pretensões de Maria Stuart ao torno inglês.
Em 1559, Isabel apoiou a revolução de John Knox, líder protestante escocês, que buscava eliminar a influência católica na Escócia, reacendendo o conflito com sua prima. Em 1560, representantes de Maria Stuart assinaram o Tratado de Edimburgo, eliminando a influência francesa na Escócia. Depois das vitórias na Escócia e a desafortunada intervenção na França, desapareceram os únicos elementos comuns da política exterior de Isabel e Felipe II.
Em 1568, Isabel se sentiu ameaçada pela repressão imposta pelo Duque de Alba nas revoltas protestantes na Holanda e pelo ataque de Felipe II da Espanha contra os barcos de Francis Drake e John Hawkins. Em 1571, Felipe II da Espanha começou a preparar uma invasão a Inglaterra. Em 1587, Francis Drake atacou com êxito a cidade espanhola de Cádis, destruindo vários barcos e atrasando até 1588 a famosa Invencível Armada.
Enquanto guerreava contra a Espanha, Isabel teve que enfrentar uma nova rebelião na Irlanda, episódio este que ficou conhecido como a Guerra dos Nove Anos (1594-1603).
Após a morte de Isabel, Jaime VI da Escócia foi proclamado o novo rei da Inglaterra com o título de Jaime I. No início do seu reinado, ele enfrentou conflitos religiosos no território inglês. Em 1604, durante a Conferência de Hampton Court, Jaime I aceitou a petição da Bíblia, que veio a ser conhecida como "a versão do Rei Jaime I". Neste mesmo ano, terminou a guerra dos vinte anos com a Espanha, conhecida como a Guerra Anglo-Espanhola.
Em outubro de 1641, ocorreu uma nova rebelião na Irlanda. Muitos protestantes foram assassinados. Os católicos ingleses apoiaram os irlandeses.
Entre 1642 e 1649 ocorreu a Guerra Civil Inglesa. Essa guerra foi motivada principalmente por disputas políticas entre generais parlamentaristas. Para resolver as lutas internas entre os generais ditou-se a Ordenança Auto-excludente, pela qual os membros do Parlamento não podiam exercer autoridade militar, com exceção de Oliver Cromwell. As tropas foram reunidas no Novo Exército Modelo, comandado por Sir Thomas Fairfax.
Em 1644 e 1645, os católicos escoceses, ajudados pelos irlandeses, conseguiram espetaculares vitórias na Escócia, mas em setembro de 1645 foram esmagados pela Aliança. Carlos I rendeu-se aos escoceses em maio de 1646.
Em 1646 houve a reforma na Igreja da Inglaterra, cuja reforma se deu de acordo com os princípios presbiterianos, segundo os quais havia um acordo entre o Parlamento e os escoceses, mas o povo seguiu praticando os ritos anglicanos que conhecia. O povo reclamou a redução de impostos e a desmobilização do Exército, no qual foi penetrando um movimento radical, que se opôs à arbitrariedade do Parlamento e dos presbiterianos.
Em dezembro de 1646, a cidade de Londres solicitou ao Parlamento a dissolução do Exército. Em fevereiro e março de 1647, reduziram-se as atribuições do Exército. Em novembro desse mesmo ano, Carlos I fugiu e, em dezembro, firmou-se um compromisso com os escoceses no qual aceitava estabelecer o presbiteriano na Inglaterra em troca de ajuda militar.
O Rump (Parlamento Residual) nomeou um Tribunal que acusou Carlos I de traidor e este foi decapitado em 30 de janeiro de 1649. O Rump aboliu a monarquia e eliminou a Câmara de Lordes, declarando a Inglaterra como Commonwealth (Comunidade Britânica de Nações).
Com a monarquia abolida, Oliver Cromwell assumiu a chefia de Estado com o título de Lord Protector. Em 1650, Cromwell atacou a Escócia, ocupando Edimburgo e Glasgow. Em 1651, Cromwell e Lambert derrotaram definitivamente os escoceses, promovendo uma união efetiva entre a Inglaterra e a Escócia, cuja união se deu em 1654.
Em 1651, aprovou-se a Lei de Navegação objetivando cortar o comércio holandês com a América do Norte, dando início a Primeira Guerra Anglo-Holandesa (1652-1654). Finalizada a guerra, Cromwell atacou as colônias da Espanha no Caribe.
Antes de morrer em 1658, Cromwell nomeou seu filho, Richard Cromwell, como seu sucessor. Com Richard, o caos político e econômico tomou conta do país.
Desde 1663, as colônias inglesas só podiam importar bens europeus pela Inglaterra e em barcos ingleses. Em 1664, os ingleses tomaram Nova Amsterdã, chamando-a de Nova York. Em 1665, Jaime, duque de York e irmão de Carlos I, derrotou a esquadra holandesa em Lowestoft.
Luís XIV da França invadiu os territórios espanhóis nos Países Baixos e a Inglaterra aliou-se com os holandeses. Mas Carlos II e Luís XIV firmaram o Tratado de Dover, onde Carlos II receberia um subsídio anual enquanto durasse a guerra e permitiria o catolicismo na Inglaterra. Carlos declarou guerra aos holandeses e assinou a Declaração de Indulgência, que permitia os ritos católicos. Em março de 1672, o Parlamento obrigou Carlos cancelar a Declaração e aprovou a Lei da Prova, pela qual todos que ocupavam um posto oficial deveriam comungar de acordo com a Igreja da Inglaterra. O Parlamento negou-se a conceder mais dinheiro para a guerra e Carlos II firmou a paz com os holandeses em 1674.
Com a morte de Carlos II, Jaime II ascendeu ao trono, depois de prometer governar respeitando a legislação e manter a independência da Igreja da Inglaterra. Ele era católico fervoroso e permitiu aos católicos romanos celebrarem suas liturgias abertamente, além de participarem da vida política. Sua filha Maria, protestante e casada com o calvinista holandês Guilherme de Orange, era sua herdeira.
Em junho de 1685, Jaime Scott, duque de Monmouth, filho bastardo de Carlos I, invadiu a Inglaterra. Reuniu um exército de cerca de 3 mil soldados inexperientes, e tentou um ataque surpresa sobre Sedgemoor, sendo derrotado e executado.
Em abril de 1688, Jaime II promulgou a Declaração de Indulgência, pela qual se suprimiriam as leis penais contra os católicos e os dissidentes. Em 10 de junho desse ano, a rainha Maria deu à luz a Jaime Francisco Eduardo Stuart, abrindo assim a possibilidade de uma sucessão católica.
Líderes protestantes escreveram a Guilherme de Orange oferecendo-lhe seu apoio se invadisse a Inglaterra. Após a invasão holandesa, Jaime II fugiu para a França, episódio este que ficou conhecido como Revolução Gloriosa. Com essa revolução, Maria II subiu ao trono e depôs o seu pai, Jaime II. Maria reinou em comum com seu marido e primo, Guilherme III, príncipe de Orange, que se converteu no governante depois da morte dela, em 1694. Guilherme enfrentou uma forte oposição na Escócia e na Irlanda. O Jacobitismo escocês - que só aceitava Jaime II como legítimo soberano -, saiu vitorioso na Batalha de Killiecrankie.
Na Irlanda, onde os franceses ajudaram aos rebeldes, a luta continuou por muito tempo. Luís XIV da França reconheceu Guilherme III como rei da Inglaterra, e prometeu cortar a ajuda a Jaime II. Sem o apoio francês, os jacobistas deixaram de ameaçar Guilherme III.
No dia 8 de março de 1702, subiu ao trono a Rainha Ana, que promoveu a união entre Inglaterra, Escócia e Irlanda, tendo sido a primeira soberana da Grã-Bretanha unificada. Essa união se deu pelo Ato de União, assinado em 1707, que extinguiu os reinos da Inglaterra e da Escócia, a criação do Reino Unido da Grã-Bretanha e a união dos parlamentos inglês e escocês no Parlamento Britânico. Em 1801, o Reino Unido da Grã-Bretanha passou a se chamar Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlanda, com a inclusão desta última.
No século XVIII, a Inglaterra passou por um grande e importante processo de transformação nos modos de produção, visando o emprego da tecnologia para acelerar a fabricação de produtos e reduzir os custos. Este processo ficou conhecido como Revolução Industrial.
Impulsionada pela Revolução Industrial, no século XIX, a Inglaterra tornou-se uma das grandes potências econômicas mundiais, ao liderar o processo do neocolonialismo. Neste período, houve um grande enriquecimento do país, ao explorar as regiões da África e da Ásia. Foi o período de formação do Grande Império Britânico.
A Primeira Guerra Mundial marcou o fim da Inglaterra como principal potência econômico-militar, obrigando-a a ceder espaço para os Estados Unidos, para a Alemanha e para a França, entre outros. A crise econômica de 1929 também agravou a decadência inglesa.
Somente após a Segunda Guerra Mundial é que o país retomou o crescimento econômico, com o desenvolvimento de setores da indústria pesada, da automobilística e da armamentista.
Esse período foi marcado por invenções e descobertas científicas revolucionárias, que tiveram aplicações diretas nas atividades industriais e nos meios de transporte. São exemplos a criação da máquina a vapor, a utilização do carvão mineral como fonte de energia e a invenção da locomotiva, que possibilitou o desenvolvimento do transporte ferroviário.
A máquina a vapor foi uma revolução nas formas de produção de energia, que possibilitou o surgimento da "grande indústria". Por mais de um século, a Inglaterra foi a maior potência mundial.
No fim do século XIX, a Alemanha e os Estados Unidos (que haviam declarado a independência em 1776) superaram a Inglaterra na produção industrial. Mas a Inglaterra, procurando manter-se como potência e continuar sua expansão econômica, liderou a exploração de novas colônias na África e na Ásia.
Grande parte do terreno da Inglaterra consiste em colinas, sendo mais montanhosa no norte do país, onde a cadeia de montanhas Peninos divide o leste do oeste. O ponto culminante da Inglaterra é o Pico Scafell, com 978 metros.
A Inglaterra possui um clima temperado oceânico, com chuvas abundantes durante o ano todo. A chuva é um ícone para a Inglaterra, assim como o chá e a Rainha. Nas diferentes estações do ano a temperatura varia dos -5ºC durante o inverno para mais de 30ºC durante o verão. O país recebe influência direta da Corrente do Golfo. A parte sudoeste possui um clima mais ameno que o restante do país.
A formação geológica da Inglaterra é sedimentar, com terrenos mais recentes na parte sudoeste e mais antigas na parte noroeste. O maior rio inglês é o Severn, que nasce no País de Gales e em grande parte do seu curso forma a fronteira anglo-galesa, desaguando no Canal de Bristol. O maior rio inteiramente inglês, como também o mais famoso, é o rio Tâmisa, que atravessa a capital Londres.
A vegetação dominante na Inglaterra era a floresta temperada, que já foi, em grande, parte dizimada.
A história da sujeira do famoso rio inglês tem origem no século XVII, quando recebia todos os poluentes vindos das moradias londrinas. No século seguinte, com o advento da industrialização em Londres, o rio começou a receber resíduos industriais e o problema se agravou.
No século XIX, o rio já era conhecido como causador de doenças como cólera e diarreia. Para despoluí-lo, decidiu-se construir um sistema de captação de esgotos, em 1860, que continua até hoje como a espinha dorsal da rede atual. O sistema original captava os dejetos da região metropolitana londrina e os despejava alguns quilômetros rio abaixo, o que apenas deslocava a poluição. As águas do Tâmisa se recuperaram por alguns anos, porém, em meados do século XX, o rio estava novamente poluído.
Para reviver o Tâmisa foram construídas as primeiras estações de tratamento de esgotos de Londres. Na década de 1970, o rio já estava bem recuperado, possibilitando até a pesca em suas águas. Em 1979, o salmão, peixe sensível à poluição, voltou a nadar no rio, o que representou o seu nascimento. No entanto, em 2006 não foi detectado nenhum salmão, o que representou o início de uma nova fase de poluição. No início de 2010, a ONG Tâmisa 21 passou a fiscalizar a qualidade da água do rio e a quantidade de lixo, especialmente de garrafas e sacos de plástico, os maiores poluidores atualmente.
A Inglaterra foi responsável por inúmeras inovações no decorrer da história, mas o que levou à posição de potência dominante até o início do século XX foi a Revolução Industrial. Os ingleses inventaram e implantaram o uso das máquinas a vapor na produção de artefatos e, por isso, começaram a dominar os mercados globais a partir do século XVIII.
Mapa da Inglaterra |
Atualmente, o país conta com vários centros urbanos e industriais onde o desenvolvimento tecnológico é muito importante. Nas últimas décadas, o setor da economia que mais tem se desenvolvido é o de serviços. A capital, Londres, é hoje considerada um dos centros urbanos mais dinâmicos e atrativos do Ocidente.
Big Ben, em Londres |
HISTÓRIA
Indícios arqueológicos demonstram que a área hoje conhecida como o sul da Inglaterra foi povoado bem antes do restante das Ilhas Britânicas, devido ao clima ameno entre e durante as diversas idades do gelo. Os habitantes pré-romanos da Grã-Bretanha não deixaram documentos escritos e sua história e sua cultura são estudadas por meio de achados arqueológicos. Conservam-se poucos indícios da civilização dos primeiros habitantes da ilha, como o monumento megalítico de Stonehenge, que data da Idade do Bronze (até 2.300 a.C.).As técnicas de trabalho em ferro chegaram à Grã-Bretanha por volta de 750 a.C., provenientes do sul da Europa, dando início à Idade do Ferro. Por volta de 500 a.C., a cultura celta alcançou quase todo território britânico.
Monumento megalítico de Stonehenge |
Com a ocupação, os romanos fundaram cidades, como Londres, e fortalezas, utilizando engenharia e arquitetura nunca antes vista na Britânia. Também ergueram muralhas, como a de Adriano, que cruzavam a Grã-Bretanha de oeste para leste, cujo propósito era impedir incursões militares de tribos ao norte (no que é a atual Escócia) contra o território da província romana.
Muralhas de Adriano - símbolo da ocupação romana na Inglaterra |
A influência romana também foi muito forte na cultura religiosa britânica, contribuindo para o desaparecimento de deuses celtas, transformando-os apenas em deuses romanos com nomes celtas. Os romanos também levaram para a ilha o cristianismo, que foi o principal responsável pelo desaparecimento do druidismo.
O colapso do governo romano na Grã-Bretanha se deu por volta do ano 410 d.C, e a Inglaterra foi progressivamente ocupada por povos germânicos. Conhecidos coletivamente como anglo-saxões, estes grupos incluíam jutos da Jutlândia, juntamente com um maior número de saxões, provenientes do noroeste da Alemanha, e anglos, provenientes do atual estado alemão de Eslésvico-Holsácia. Antes desses assentamentos, alguns frísios invadiram o leste da Grã-Bretanha durante os anos de 250.
Leeds - com uma população de 1.643.767 habitantes (estimativa 2016) é a quarta maior cidade da Inglaterra |
Por volta do ano 495, na Batalha do Monte Badon, os ingleses infligiram uma severa derrota a um exército invasor anglo-saxão, que interrompeu o avanço saxônico para o oeste por algumas décadas.
A expansão anglo-saxã foi retomada no século VI. Por volta do ano 577, os saxões ocidentais saíram vitoriosos durante a Batalha de Deorham, levando à captura de algumas cidades britânicas e o avanço anglo-saxão para o Canal de Bristol. A vitória do Reino da Nortúmbria, em 616, na Batalha de Chester, levou à separação dos britânicos de Gales dos britânicos da Cúmbria. Durante os séculos VII, VIII e IX, ocorreu uma expansão gradual dos saxões pelo West Country.
Tyneside - com uma população de 923.707 habitantes (estimativa 2016) é a quinta maior cidade da Inglaterra |
A incursão anglo-saxão contra o mosteiro de Lindisfarne, em 793, foi o ponto de partida da longa história de ataques vikings contra a Grã-Bretanha. Após um período de saques e incursões, os vikings começaram a colonizar a Inglaterra e a comercializar. Chegaram em barcos com um exército bastante equipado, em sua maioria formado por dinamarqueses, tomando para si quase todos os reinos ingleses que eram independentes. A partir do século IX, eles governaram parte considerável do território inglês, no que era conhecido como o Danelaw.
Por volta do final do século X, os escandinavos promoveram grandes ataques na Inglaterra. No século XI, formou-se um império formado pela Grã-Bretanha, Dinamarca e Noruega.
Em 1066, Guilherme II da Normandia, invadiu a Inglaterra com uma força de normandos numa campanha conhecida como a Conquista Normanda. Nos cinco anos seguintes, Guilherme II enfrentou uma série de rebeliões inglesas em várias partes do país e uma invasão dinamarquesa hesitante, mas ele foi capaz de reprimir toda a resistência e estabelecer um governo duradouro.
Liverpool - com uma população de 819.111 habitantes (estimativa 2016) é a sexta maior cidade da Inglaterra |
A Idade Média inglesa foi caracterizada por guerras civis, guerras internacionais, insurreições ocasionais e intrigas políticas generalizadas entre a elite aristocrática e monárquica.
A Inglaterra era mais do que autossuficiente em cereais, produtos lácteos, carne bovina e de carneiro. A economia internacional do país era baseada no comércio de lã, onde a produção das pastagens de carneiro no norte do país era exportada para as cidades têxteis de Flandres, onde era transformada em tecidos.
Reinos e tribos da Grã-Bretanha por volta de 600 d.C. |
Henrique I, filho de Guilherme I, deu continuidade à política de integração. Durante o desastroso reinado de Estevão I, sobrinho do rei Henrique I (1135-1154), os barões feudais ganharam poder, instalou-se uma guerra civil e houve incursões galesas e escocesas. Com a morte de Henrique I, que havia nomeado sua filha Matilde como sua sucessora ao trono, Estevão se autoproclamara rei. Em 1139, Matilde, que era casada com o Conde de Anjou (Plantageneta), invadiu a ilha e capturou Estevão. Este último foi restaurado em 1148 e, por fim, chegou-se a um entendimento pela qual ele seria sucedido no trono pelo filho de Matilde, Henrique de Anjou.
O filho de Matilde subiu ao trono como Henrique II e logrou centralizar o poder, afastando o país do feudalismo. Seu sucessor, Ricardo I Coração de Leão, dedicou-se à Terceira Cruzada e a defender seus territórios no continente contra Filipe II da França. Com a morte de Ricardo I, seu irmão, João Sem Terra sucedeu-o. João perdeu a Normandia e outros territórios na França, além de hostilizar a nobreza feudal e a Igreja, de tal maneira que estes, em 1215, revoltaram-se contra o rei e forçaram-no a assinar a Magna Carta, que impunha limites ao poder real.
Nottingham - com uma população de 726.354 habitantes (estimativa 2016) é a sétima maior cidade da Inglaterra |
Henrique III tratou de anular os acordos com a ajuda do Papa, mas não foi capaz de submeter a nobreza, o que conduziu a uma guerra civil. Em 1264, Simão V de Monforte fez Henrique III prisioneiro, tomando o poder e exercendo uma forte ditadura. Em 1265, Monforte foi derrotado e morto pelo príncipe herdeiro Eduardo Henrique III, que restaurou e dissolveu o parlamento.
Eduardo I (1272-1307) promulgou leis que restringiam o poder do governo e convocou os primeiros parlamentos oficialmente reconhecidos. Conquistou o País de Gales e procurou ganhar o controle da Escócia, plano este que foi bastante demorado e abandonado após a derrota de seu filho e sucessor, Eduardo II, na Batalha de Bannockburn.
Sheffield - com uma população de 689.977 habitantes (estimativa 2016) é a oitava maior cidade da Inglaterra |
A Peste Negra atingiu a Inglaterra em 1348 e matou um terço da população inglesa. O filho de Eduardo (também chamado de Eduardo e conhecido como "Príncipe Negro") lançou mão da tática da chevauchée ("cavalgada"), incursões profundas em território inimigo desprotegido. Em 1636, Eduardo obteve uma grande vitória ante os franceses em Poitiers, fazendo prisioneiro João II da França. Em 1360, Eduardo III assinou o Tratado de Brétigny, pelo qual o valor do resgate por João era reduzido, os ingleses passavam a dominar desde os Pirineus até o rio Loire e Eduardo III renunciava a seus direitos sobre a Coroa francesa.
Os ingleses apoiaram o rei de Castela, Pedro I, na luta contra seu irmão Henrique II. Em 1369, Pedro foi assassinado pelo seu próprio irmão. A herdeira de Pedro, sua filha Constança, se casou com João de Gante, duque de Lencastre, filho de Eduardo III. Em 1372, a frota castelhana venceu a inglesa na Batalha de La Rochelle.
Em 1381, instituiu-se um imposto para defender a Inglaterra de uma potencial invasão francesa, o que causou uma revolta dos camponeses da zona mais rica do país. Os rebeldes foram derrotados em 28 de junho. Em 1396, Ricardo II assinou uma trégua com a França. Em 1399 João de Gante veio a falecer. Ricardo II recusou-se a permitir que Henrique Bolingbroke, filho de João, recebesse a herança de seu pai. Na ausência de Ricardo II, que comandava uma campanha militar na Irlanda, Bolingbroke retornou à Inglaterra e declarou-se rei, com o nome de Henrique IV. Ricardo II foi capturado e morreu em circunstâncias misteriosas. Henrique fundou a Casa de Lancaster. Até 1498, teve que fazer frente a várias revoltas da nobreza inglesa.
Palácio de Buckingha residência oficial da Família Real da Inglaterra |
Outro episódio que marcou a história da Inglaterra foi a Guerra das Rosas. A Guerra das Rosas (1455-1485) foi o conjunto de conflitos intermitentes entre os membros e partidários da Casa de Lancaster contra os da Casa de York, pretendentes ao trono da Inglaterra. Ambas famílias reais tinham origem comum na Casa Real, como descendentes do rei Eduardo III.
Mapa da Europa, em 1430 |
Durante o governo de Henrique VI perdeu-se totalmente as possessões inglesas no continente europeu (principalmente na França com um armistício e devolução das terras em Anjou e Maine em troca do casamento do rei Henrique VI e a princesa Margarida de Anjou), incluídas as terras ganhadas por Henrique V. Para piorar, Henrique VI sofria de uma enfermidade mental e, por isso, muitos o consideravam incapaz de governar. Assim, a Casa de York fortaleceu sua pretensão sobre a coroa. O crescente descontentamento civil, somado à multiplicação de nobres com exércitos privados e a corrupção da corte de Henrique VI, formaram o clima político ideal para a guerra civil no país.
Em 1453, o rei padeceu gravemente de sua enfermidade, e estabeleceu-se um Conselho de Regência encabeçado por Ricardo de York, que começou de imediato sua campanha de pretensão ao trono, mas a recuperação de Henrique VI, em 1455, frustrou as ambições de Ricardo, que foi despedido rapidamente da corte pela esposa do rei, Margarida de Anjou.
Bristol - com uma população de 636.604 habitantes (estimativa 2016) é a nona maior cidade da Inglaterra |
Em 1460, foi feita a Ata de Acordo, onde o filho de Henrique VI foi deserdado e Ricardo foi considerado sucessor do rei. Este acordo não foi aceito pelos Lancaster, que se reuniram sob o comando da rainha Margarida e do príncipe Eduardo, formando um grande exército. O Duque de York foi morto na Batalha de Wakefield. Com a morte de Ricardo, seu filho tornou-se herdeiro do trono. A batalha pelo trono recomeçou como o filho do Duque de York, Eduardo, de um lado e a rainha Margarida, do outro.
Com o apoio das forças de Warwick, Eduardo entrou com seu exército em Londres e foram aclamados pela multidão. Uma vez consolidada a situação na capital, o exército de York e de Warwick dirigiram-se para o norte, com suas forças até encontrarem o exército da rainha, no povoado de Towton. A Batalha de Towton foi a mais sangrenta da Guerra das Rosas, que foi ganha por Eduardo e dizimou os Lancaster.
Vilarejo de Towton - Inglaterra. Local da última batalha da Guerra das Rosas |
Em 1483, o futuro rei Henrique uniu-se a seu primo, Henrique Stafford, duque de Buckingham, contra Ricardo III. A vitória deste último obrigou Henrique a fugir da Inglaterra. Em 1485, depois de receber apoio financeiro do duque da Bretanha, Henrique lançou uma nova rebelião. Em 22 de agosto de 1485, o rei Ricardo III foi morto e seu exército derrotado na Batalha de Bosworth. Henrique se converteu em Henrique VII acabando definitivamente com a Guerra das Rosas e dando início a Dinastia Tudor. Henrique VII morreu em 21 de abril de 1509 e seu filho se tornou rei com o nome de Henrique VIII.
Torre de Londres |
Em 1511, Henrique VIII se uniu à Liga Católica, formada por dirigentes europeus opostos ao rei Luís XII da França. A Liga incluía figuras como o Papa Júlio II, o imperador do Sacro Império Romano, Maximiliano I, e o rei Fernando II da Espanha.
Henrique VIII tinha o desejo de ter um herdeiro do sexo masculino, mas a rainha Catarina não conseguiu lhe dar. Em 1526, Henrique VIII foi motivado a se separar, não só pelo fato dela não poder lhe dar mais filhos, mas também porque sentia-se muito atraído por Ana Bolena (uma de suas amantes). Sem informar o cardeal Wolsey, Henrique VIII apelou diretamente à Santa Sé. Enviou seu secretário William Knigth a Roma para arguir que a Bula de Júlio II (Bula pela qual se permitiu o matrimônio entre Henrique VIII e Catarina de Aragão) fosse anulada e pedia que o papa Clemente VII lhe desse permissão de casar-se com qualquer mulher. Esta permissão era necessária, já que Henrique VIII havia previamente tido relações com a irmã de Ana Bolena, Mary. O papa Clemente VII era praticamente prisioneiro do imperador Carlos V (sobrinho de Catarina) e não esteve de acordo com o pedido de Henrique VIII.
Brighton - com uma população de 492.370 habitantes (estimativa 2016) é a décima maior cidade da Inglaterra |
O Papa respondeu a estes acontecimentos excomungando Henrique VIII em julho de 1533. Em 1534, o Ato de Supremacia declarava que "o Rei é a única cabeça suprema da Igreja da Inglaterra". A oposição às políticas religiosas de Henrique VIII foi rapidamente suprimida, vários monges dissidentes foram torturados e executados, inclusive Thomas More. Em 1536, a rainha Ana começou a perder o favor do rei, depois do nascimento da princesa Isabel. Ana teve dois abortos. Henrique se apaixonou por outra mulher, Jane Seymour. Por isso, Ana Bolena foi acusada de traição e tentativa de assassinato do rei, e foi condenada e decapitada. Após a morte de Ana, Henrique VIII casou-se com Jane Seymour, que deu à luz a seu único filho homem, o príncipe Eduardo, em 1537. Jane morreria logo depois e Henrique VIII se casaria ainda mais três vezes.
Castelo de Windsor, em Windsor - Inglaterra |
A Rainha Isabel (conhecida em vários países como Rainha Elizabeth I), teve em seu início de reinado problemas com a Escócia e França. A rainha da Escócia, Maria Stuart, prima de Isabel, estava casada com Francisco II da França. Francisco II apoiou as pretensões de sua mulher Maria Stuart ao trono inglês, enquanto que a mãe desta última, Maria de Guise permitiu a presença das tropas francesas nas bases escocesas. Diante da ameaça de invasão francesa, Isabel e Felipe II da Espanha se viram forçados a unir forças. Graças à mediação de Felipe II, a Inglaterra assinou um tratado de paz em 1559, no qual Isabel renunciou à soberania inglesa na França, enquanto a França se comprometia a retirar seu apoio às pretensões de Maria Stuart ao torno inglês.
Castelo de Alnwick, em Northumberland - Inglaterra |
Em 1568, Isabel se sentiu ameaçada pela repressão imposta pelo Duque de Alba nas revoltas protestantes na Holanda e pelo ataque de Felipe II da Espanha contra os barcos de Francis Drake e John Hawkins. Em 1571, Felipe II da Espanha começou a preparar uma invasão a Inglaterra. Em 1587, Francis Drake atacou com êxito a cidade espanhola de Cádis, destruindo vários barcos e atrasando até 1588 a famosa Invencível Armada.
Enquanto guerreava contra a Espanha, Isabel teve que enfrentar uma nova rebelião na Irlanda, episódio este que ficou conhecido como a Guerra dos Nove Anos (1594-1603).
Após a morte de Isabel, Jaime VI da Escócia foi proclamado o novo rei da Inglaterra com o título de Jaime I. No início do seu reinado, ele enfrentou conflitos religiosos no território inglês. Em 1604, durante a Conferência de Hampton Court, Jaime I aceitou a petição da Bíblia, que veio a ser conhecida como "a versão do Rei Jaime I". Neste mesmo ano, terminou a guerra dos vinte anos com a Espanha, conhecida como a Guerra Anglo-Espanhola.
Castelo de Arundel, em Sussex Ocidental - Inglaterra |
Entre 1642 e 1649 ocorreu a Guerra Civil Inglesa. Essa guerra foi motivada principalmente por disputas políticas entre generais parlamentaristas. Para resolver as lutas internas entre os generais ditou-se a Ordenança Auto-excludente, pela qual os membros do Parlamento não podiam exercer autoridade militar, com exceção de Oliver Cromwell. As tropas foram reunidas no Novo Exército Modelo, comandado por Sir Thomas Fairfax.
Em 1644 e 1645, os católicos escoceses, ajudados pelos irlandeses, conseguiram espetaculares vitórias na Escócia, mas em setembro de 1645 foram esmagados pela Aliança. Carlos I rendeu-se aos escoceses em maio de 1646.
Em 1646 houve a reforma na Igreja da Inglaterra, cuja reforma se deu de acordo com os princípios presbiterianos, segundo os quais havia um acordo entre o Parlamento e os escoceses, mas o povo seguiu praticando os ritos anglicanos que conhecia. O povo reclamou a redução de impostos e a desmobilização do Exército, no qual foi penetrando um movimento radical, que se opôs à arbitrariedade do Parlamento e dos presbiterianos.
Em dezembro de 1646, a cidade de Londres solicitou ao Parlamento a dissolução do Exército. Em fevereiro e março de 1647, reduziram-se as atribuições do Exército. Em novembro desse mesmo ano, Carlos I fugiu e, em dezembro, firmou-se um compromisso com os escoceses no qual aceitava estabelecer o presbiteriano na Inglaterra em troca de ajuda militar.
Castelo de Bodiam, em East Sussex - Inglaterra |
Com a monarquia abolida, Oliver Cromwell assumiu a chefia de Estado com o título de Lord Protector. Em 1650, Cromwell atacou a Escócia, ocupando Edimburgo e Glasgow. Em 1651, Cromwell e Lambert derrotaram definitivamente os escoceses, promovendo uma união efetiva entre a Inglaterra e a Escócia, cuja união se deu em 1654.
Em 1651, aprovou-se a Lei de Navegação objetivando cortar o comércio holandês com a América do Norte, dando início a Primeira Guerra Anglo-Holandesa (1652-1654). Finalizada a guerra, Cromwell atacou as colônias da Espanha no Caribe.
Antes de morrer em 1658, Cromwell nomeou seu filho, Richard Cromwell, como seu sucessor. Com Richard, o caos político e econômico tomou conta do país.
Castelo de Leeds, em Leeds - Inglaterra |
Luís XIV da França invadiu os territórios espanhóis nos Países Baixos e a Inglaterra aliou-se com os holandeses. Mas Carlos II e Luís XIV firmaram o Tratado de Dover, onde Carlos II receberia um subsídio anual enquanto durasse a guerra e permitiria o catolicismo na Inglaterra. Carlos declarou guerra aos holandeses e assinou a Declaração de Indulgência, que permitia os ritos católicos. Em março de 1672, o Parlamento obrigou Carlos cancelar a Declaração e aprovou a Lei da Prova, pela qual todos que ocupavam um posto oficial deveriam comungar de acordo com a Igreja da Inglaterra. O Parlamento negou-se a conceder mais dinheiro para a guerra e Carlos II firmou a paz com os holandeses em 1674.
Com a morte de Carlos II, Jaime II ascendeu ao trono, depois de prometer governar respeitando a legislação e manter a independência da Igreja da Inglaterra. Ele era católico fervoroso e permitiu aos católicos romanos celebrarem suas liturgias abertamente, além de participarem da vida política. Sua filha Maria, protestante e casada com o calvinista holandês Guilherme de Orange, era sua herdeira.
Paisagem das Montanhas de Cotswold - Inglaterra |
Em abril de 1688, Jaime II promulgou a Declaração de Indulgência, pela qual se suprimiriam as leis penais contra os católicos e os dissidentes. Em 10 de junho desse ano, a rainha Maria deu à luz a Jaime Francisco Eduardo Stuart, abrindo assim a possibilidade de uma sucessão católica.
Líderes protestantes escreveram a Guilherme de Orange oferecendo-lhe seu apoio se invadisse a Inglaterra. Após a invasão holandesa, Jaime II fugiu para a França, episódio este que ficou conhecido como Revolução Gloriosa. Com essa revolução, Maria II subiu ao trono e depôs o seu pai, Jaime II. Maria reinou em comum com seu marido e primo, Guilherme III, príncipe de Orange, que se converteu no governante depois da morte dela, em 1694. Guilherme enfrentou uma forte oposição na Escócia e na Irlanda. O Jacobitismo escocês - que só aceitava Jaime II como legítimo soberano -, saiu vitorioso na Batalha de Killiecrankie.
Na Irlanda, onde os franceses ajudaram aos rebeldes, a luta continuou por muito tempo. Luís XIV da França reconheceu Guilherme III como rei da Inglaterra, e prometeu cortar a ajuda a Jaime II. Sem o apoio francês, os jacobistas deixaram de ameaçar Guilherme III.
Paisagem rural da Inglaterra |
No século XVIII, a Inglaterra passou por um grande e importante processo de transformação nos modos de produção, visando o emprego da tecnologia para acelerar a fabricação de produtos e reduzir os custos. Este processo ficou conhecido como Revolução Industrial.
Impulsionada pela Revolução Industrial, no século XIX, a Inglaterra tornou-se uma das grandes potências econômicas mundiais, ao liderar o processo do neocolonialismo. Neste período, houve um grande enriquecimento do país, ao explorar as regiões da África e da Ásia. Foi o período de formação do Grande Império Britânico.
Jardins de Stourhead - Inglaterra |
Somente após a Segunda Guerra Mundial é que o país retomou o crescimento econômico, com o desenvolvimento de setores da indústria pesada, da automobilística e da armamentista.
Catedral de Santo Michael, em Londres, bombardeada em 1940 |
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
A Primeira Revolução Industrial iniciou-se nas últimas décadas do século XVIII e estendeu-se até meados do século XIX. Originada na Inglaterra, essa revolução ocorreu logo depois em outros países europeus, como França, Bélgica, Holanda, Rússia e Alemanha, e nos Estados Unidos, na América do Norte.Esse período foi marcado por invenções e descobertas científicas revolucionárias, que tiveram aplicações diretas nas atividades industriais e nos meios de transporte. São exemplos a criação da máquina a vapor, a utilização do carvão mineral como fonte de energia e a invenção da locomotiva, que possibilitou o desenvolvimento do transporte ferroviário.
Vídeo sobre a Inglaterra
Desde o século XVI haviam manufaturas com mão de obra assalariada em várias cidades da Inglaterra. O crescimento da importância das manufaturas e do capitalismo industrial inglês, impulsionado pelo surgimento da máquina a vapor, iniciou a era da Revolução Industrial.A máquina a vapor foi uma revolução nas formas de produção de energia, que possibilitou o surgimento da "grande indústria". Por mais de um século, a Inglaterra foi a maior potência mundial.
No fim do século XIX, a Alemanha e os Estados Unidos (que haviam declarado a independência em 1776) superaram a Inglaterra na produção industrial. Mas a Inglaterra, procurando manter-se como potência e continuar sua expansão econômica, liderou a exploração de novas colônias na África e na Ásia.
Coalbrookdale - cidade britânica considerada um dos berços da Revolução Industrial |
GEOGRAFIA
A Inglaterra compreende a maior parte do centro e sul da ilha da Grã-Bretanha, ocupando dois terços da mesma, além de possuir uma série de pequenas ilhas, das quais a maior delas é a Ilha de Wight. Faz fronteira com a Escócia ao norte e com o País de Gales ao oeste. O leste e o sul são banhados pelo Oceano Atlântico e o oeste pelo Mar do Norte, sendo separado da parte continental da Europa pelo Canal da Mancha.Grande parte do terreno da Inglaterra consiste em colinas, sendo mais montanhosa no norte do país, onde a cadeia de montanhas Peninos divide o leste do oeste. O ponto culminante da Inglaterra é o Pico Scafell, com 978 metros.
Pico Scafell - ponto culminante da Inglaterra |
A formação geológica da Inglaterra é sedimentar, com terrenos mais recentes na parte sudoeste e mais antigas na parte noroeste. O maior rio inglês é o Severn, que nasce no País de Gales e em grande parte do seu curso forma a fronteira anglo-galesa, desaguando no Canal de Bristol. O maior rio inteiramente inglês, como também o mais famoso, é o rio Tâmisa, que atravessa a capital Londres.
A vegetação dominante na Inglaterra era a floresta temperada, que já foi, em grande, parte dizimada.
Paisagem dos Peninos - Inglaterra |
A despoluição do rio Tâmisa
O Rio Tâmisa era conhecido em meados do século XIX como "O grande fedor", em razão do péssimo cheiro de suas águas. Em 1858, as sessões do Parlamento inglês chegaram a ser suspensa por causa do mau odor do rio. Desde então, houve grande investimento na despoluição de suas águas e, atualmente, há remadores, velejadores e até pescadores.A história da sujeira do famoso rio inglês tem origem no século XVII, quando recebia todos os poluentes vindos das moradias londrinas. No século seguinte, com o advento da industrialização em Londres, o rio começou a receber resíduos industriais e o problema se agravou.
No século XIX, o rio já era conhecido como causador de doenças como cólera e diarreia. Para despoluí-lo, decidiu-se construir um sistema de captação de esgotos, em 1860, que continua até hoje como a espinha dorsal da rede atual. O sistema original captava os dejetos da região metropolitana londrina e os despejava alguns quilômetros rio abaixo, o que apenas deslocava a poluição. As águas do Tâmisa se recuperaram por alguns anos, porém, em meados do século XX, o rio estava novamente poluído.
Para reviver o Tâmisa foram construídas as primeiras estações de tratamento de esgotos de Londres. Na década de 1970, o rio já estava bem recuperado, possibilitando até a pesca em suas águas. Em 1979, o salmão, peixe sensível à poluição, voltou a nadar no rio, o que representou o seu nascimento. No entanto, em 2006 não foi detectado nenhum salmão, o que representou o início de uma nova fase de poluição. No início de 2010, a ONG Tâmisa 21 passou a fiscalizar a qualidade da água do rio e a quantidade de lixo, especialmente de garrafas e sacos de plástico, os maiores poluidores atualmente.
Rio Tâmisa e a Torre Bridge, em Londres - Inglaterra |
CULTURA
Por causa da posição dominante da Inglaterra dentro do Reino Unido quanto à população, a cultura inglesa é muitas vezes difícil de diferenciar-se da cultura do Reino Unido no conjunto. Contudo, há algumas práticas culturais que se associam especificamente com a Inglaterra. A cultura inglesa reúne fatos como a conquista anglo-saxã da Grã-Bretanha celta, a derrota do rei Haroldo Godwinson na Batalha de Hastings, em 1066, a Peste Negra que atingiu o território inglês em 1349 e matou um terço da população inglesa, a Guerra das Rosas, que deu a vitória à Henrique VII Tudor, na Batalha de Bosworth Field, em 1485, os conflitos religiosos e a guerra civil.A língua inglesa é falada no mundo inteiro e possui uma tradição com grandes artistas, entre escritores, poetas e dramaturgos - de Shakespeare e Dickens a premiados escritores contemporâneos - que contribuíram em grande parte para a riqueza da língua inglesa.
Várias regiões e cidades têm associações com grandes artistas, escritores e músicos ingleses, tais como Stratford-upon-Avon (William Shakespeare), Lake District (William Wordsworth), Stroke-on-Trent (Arnold Bennett) Liverpool e Abbey Road (The Beatles), entre outras.
Romeu e Julieta - é um dos principais clássicos da Literatura inglesa e mundial |
Os ingleses amam o Big Ben, não abrem mão de passear na London Eye (roda gigante gigantesca), têm um verdadeiro ritual no chá das cinco, ovacionam a rainha, a troca de guarda e passeiam nos cemitérios como se estivessem em parques. Adoram uma bebida refrescante chamada Pimm, que tem pepino na receita e não abrem mão de um gostoso fish and chips (peixe e batata) enrolados no jornal.
Slough - possui (segundo estimativas 2016) uma população de 143.063 habitantes |
ECONOMIA
A agricultura inglesa é intensiva, altamente mecanizada e bastante eficiente, produzindo cerca de 60% do alimento consumido no país. Os principais produtos agrícolas ingleses são trigo, cevada, aveia, batata e beterraba. Na pecuária, destacam-se as criações de bovinos e ovinos, e a avicultura, cuja produção é a segunda maior do continente europeu, perdendo apenas para a França.Os principais produtos minerais produzidos na Inglaterra são carvão mineral, gás natural, petróleo e calcário.
A atividade industrial predomina na região do país denominada de Midland (termo geográfico usado para denominar a parte central da Inglaterra) Oriental e Midland Ocidental, que concentram aproximadamente 40% da produção industrial do Reino Unido.
Na Midland Oriental, a maior concentração fica na região urbano-industrial polarizada pela cidade de Nottingham, onde vive uma população que ultrapassa os 4,5 milhões de habitantes e onde são muito importantes as produções industriais, especialmente a siderúrgica, metalúrgica, automobilística, de material de transporte ferroviário, têxtil, alimentícia, de calçados e equipamento fotográfico.
Centro de Londres |
Assim como outros países desenvolvidos, a Inglaterra teve também grande expansão do setor de serviços, com destaque para o setor financeiro, reduzindo ano após ano a participação da indústria no PIB. O setor de serviços representa atualmente quase 80% da economia inglesa.
Londres é considerada a cidade mais importante da Europa e a terceira do mundo, superada apenas por Nova York e Tóquio - sedes de grandes empresas transnacionais e de grandes instituições financeiras.
Essa cidade reúne à sua volta o mais importante parque industrial do país, como também o principal centro comercial, financeiro e portuário do Reino Unido.
Centro Comercial de Manchester |
Vídeo sobre os principais pontos turísticos da Inglaterra
A Bolsa de Valores de Londres é uma das maiores do mundo e a Inglaterra é um dos maiores investidores em outros países, ao mesmo tempo em que é um dos países que mais recebe investimentos estrangeiros. O crescimento financeiro e a expansão econômica externa da Inglaterra são fatores que a fazem ser hoje uma das principais potências econômicas do mundo.Desde os anos 1980/1990, para tentar se manter entre as principais potências do mundo, a Inglaterra vem procurando modernizar o seu parque industrial. Para isso, tem se associado a outros países, buscando novos ramos industriais, principalmente de tecnologia de ponta, a fim de criar condições de competir com grandes potências, como Estados Unidos, Japão e Alemanha.
Bolsa de Valores de Londres |
Um marco na integração do espaço geográfico europeu, assegurado pelo avanço nos meios de transporte, foi a construção, a partir da década de 1980, de um túnel abaixo do solo do mar no Canal da Mancha. O Eurotúnel, como é chamado, liga por via férrea a França à Inglaterra. Pelo Eurotúnel, inaugurado em 1994, circulam em média 7 milhões de passageiros por ano, a bordo de trens que viajam a cerca de 300 km/hora.
Eurotúnel em Coquelles - França |
A Encefalopatia espongiforme bovina, vulgarmente conhecida como "doença da vaca louca" ou BSE é uma doença neurodegenerativa que afeta o gado doméstico bovino. A doença surgiu em meados dos anos 1980 na Inglaterra e teve como característica o fato de ter como agente patogênico uma forma especial de proteína, chamada prião. É transmissível ao homem, causando uma doença semelhante, a nova variante da Doença de Creutzfeldt-Jakob, abreviadamente CJD.
Quando a doença foi descrita em novembro de 1986 pelos pesquisadores ingleses, ocorriam cerca de 8 casos por mês. Os sinais nervosos eram desordens comportamentais causadas por alterações do estado mental (apreensão, nervosismo, agressividade), falta de coordenação dos membros durante a marcha e incapacidade de se levantar.
O animal afetado deixava de se alimentar e rapidamente perdia condição corporal. O governo britânico tornou a doença de notificação obrigatória em 1988 e proibiu o uso de proteína originada de tecido de ruminantes na alimentação desses animais. Com essa doença, uma boa parte do rebanho bovino inglês foi dizimada ou teve que ser sacrificada.
O mal da vaca louca dizimou uma boa parte do rebanho inglês |
A Inglaterra possui várias empresas transnacionais. Dentre elas se destacam:
- Adams
- Anglo American
- BAE System
- British Petroleum (BP)
- British Airways
Avião da British Airways |
- Castrol
- Coats
- Diageo
- Glaxo
- Grupo Rio Tinto
- HSBC
Prédio do HSBC em Londres |
- Land Rover
- Reckitt Benckiser
- Shell
- Unilever
Fábrica da Unilever em Sacavém - Portugal |
- Umbro
- Rolls Royce
Carro modelo Rolls Royce |
ALGUNS DADOS DA INGLATERRA
NOME: Inglaterra
FORMAÇÃO:
Formação do Estado Inglês: 927
Invasão Normanda e estabelecimento da atual Casa Real: 25 de dezembro de 1066
Tratado de União: 1 de maio de 1707
CAPITAL: Londres
Palácio de Westminster (sede do Parlamento do Reino Unido), em Londres - Inglaterra |
GENTÍLICO: inglês, inglesa
LÍNGUA OFICIAL: inglês e córnico (língua minoritária reconhecida no país)
GOVERNO: Monarquia Parlamentarista
LOCALIZAÇÃO: Ilha da Grã-Bretanha, Reino Unido (Europa Ocidental)
ÁREA: 130.395 km² (97º)
POPULAÇÃO (ONU - Estimativa 2016): 53.903.065 habitantes (27°)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 413,38 hab./km² (14°). Obs: a densidade demográfica, densidade populacional ou população relativa é a medida expressa pela relação entre a população total e a superfície de um determinado território.
CRESCIMENTO VEGETATIVO (ONU - Estimativa 2015): 0,28% (186°). Obs: o crescimento vegetativo, crescimento populacional ou crescimento natural é a diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade de uma determinada população.
CIDADES MAIS POPULOSAS (Estimativa 2016):
PIB (FMI - 2015): US$ 2,092 trilhões (6º). Obs: o PIB (Produto Interno Bruto), representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região (quer sejam países, estados ou cidades), durante um período determinado (mês, trimestre, ano).
PIB PER CAPITA (FMI 2015): US$ 38.521,00 (23°). Obs: o PIB per capita ou renda per capita é o Produto Interno Bruto (PIB) de um determinado lugar dividido por sua população. É o valor que cada habitante receberia se toda a renda fosse distribuída igualmente entre toda a população.
IDH (ONU - 2015): 0,907 (14°). Obs: o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é uma medida comparativa usada para classificar os países pelo seu grau de desenvolvimento econômico e a qualidade de vida oferecida à população. Este índice é calculado com base em dados econômicos e sociais, variando de 0 (nenhum desenvolvimento humano) a 1 (desenvolvimento humano total). Quanto mais próximo de 1, mais desenvolvido é o país. No cálculo do IDH são computados os seguintes fatores: educação (anos médios de estudos), longevidade (expectativa de vida da população) e PIB per capita. A classificação é feita dividindo os países em quatro grandes grupos: baixo (de 0,0 a 0,500), médio (de 0,501 a 0,800), elevado (de 0,801 a 0,900) e muito elevado (de 0,901 a 1,0).
acima de 0,900
0,850-0,899
0,800-0,849
0,750-0,799
0,700-0,749
|
0,650–0,699
0,600–0,649
0,550–0,599
0,500–0,549
0,450–0,499
|
0,400–0,449
0,350–0,399
0,300–0,349
abaixo de 0,300
Sem dados
|
TAXA DE NATALIDADE (ONU - 2015): 12,3/mil (146º). Obs: a taxa de natalidade é a porcentagem de nascimentos ocorridos em uma população em um determinado período de tempo para cada grupo de mil pessoas, e é contada de maior para menor.
TAXA DE MORTALIDADE (CIA World Factbook 2015): 10,09/mil (63º). Obs: a taxa de mortalidade ou coeficiente de mortalidade é um índice demográfico que reflete o número de mortes registradas, em média por mil habitantes, em uma determinada região por um período de tempo e é contada de maior para menor.
TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL (CIA World Factbook - 2015): 4,57/mil (35°). Obs: a taxa de mortalidade infantil refere-se ao número de crianças que morrem no primeiro ano de vida entre mil nascidas vivas em um determinado período, e é contada de menor para maior.
TAXA DE FECUNDIDADE (CIA World Factbook - 2015): 1,66 filhos/mulher (175º). Obs: a taxa de fecundidade refere-se ao número médio de filhos que a mulher teria do início ao fim do seu período reprodutivo (15 a 49 anos), e é contada de maior para menor.
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2015): 99,5% (23°). Obs: essa taxa refere-se a todas as pessoas com 15 anos ou mais que sabem ler e escrever.
TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2015): 92,3% (14°). Obs: essa taxa refere-se a porcentagem da população que mora nas cidades em relação à população total.
MOEDA: Libra Esterlina
RELIGIÃO: anglicanos (21%), católicos romanos (20%), presbiterianos (14%), islâmicos (11%), metodistas (5%), sikhismo (4%), batistas (3%), hinduísmo (2%), judeus (1%), outras religiões, ateus ou sem religião (19%).
DIVISÃO: atualmente, a Inglaterra se divide em quatro níveis de subdivisões administrativas: regiões, condados, distritos e paróquias. Tradicionalmente, a Inglaterra se divide em condados (shires). Os condados cerimoniais são definidos pelo governo e a cada um é designado um Lord-Lieutenant. A maioria refere-se a um grupo de autoridades locais e frequentemente com referência geográfica. Os condados são (os números em negrito correspondem aos números no mapa: 1. Northumberland 2. Tyne and Wear 3. Durham 4. Cumbria 5. Lancashire 6. North Yorkshire 7. East Riding of Yorkshire 8. South Yorkshire 9. West Yorkshire 10. Grande Manchester 11. Merseyside 12. Cheshire 13. Derbyshire 14. Nottinghamshire 15. Lincolnshire 16. Rutland 17. Leicestershire 18. Staffordshire 19. Shropshire 20. Herefordshire 21. Worcestershire 22. West Midlands 23. Warwickshire 24. Northamptonshire 25. Cambridgeshire 26. Norfolk 27. Suffolk 28. Essex 29. Hertfordshire 30. Bedfordshire 31. Buckinghamshire 32. Oxfordshire 33. Gloucestershire 34. Bristol 35. Somerset 36. Wiltshire 37. Berkshire 38. Grande Londres 39. Kent 40. East Sussex 41. West Sussex 42. Surrey 43. Hampshire 44. Ilha de Wigh 45. Dorset 46. Devon 47. Cornualha.
Catedral de Cantuária - sede da Igreja Anglicana na Inglaterra |
FONTE: Sampaio, Fernando dos Santos
Para viver juntos: geografia, 7º ano: ensino fundamental / Fernando dos Santos Sampaio, Marlon Clóvis de Medeiros. - 3ª ed. - São Paulo: Edições SM, 2012. - (Para viver juntos).
Parabéns pelo post professor...
ResponderExcluirhttp://lulopesfada.blogspot.com.br