sexta-feira, 1 de maio de 2015

O IDJ (ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO JUVENIL)

  Lançado pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) em março de 2004, o Relatório de Desenvolvimento Juvenil revela a situação social e econômica dos jovens brasileiros na faixa de 15 a 24 anos, com foco em três áreas centrais: educação (condições para o conhecimento), renda, estudo e trabalho (condições para um nível de vida digno) e saúde (condições para uma vida longa e saudável).
  As três áreas foram mapeadas com base nos seguintes indicadores: taxa de analfabetismo entre os jovens; escolarização adequada; qualidade de ensino; taxa de mortalidade por causas internas e renda familiar per capita dos jovens. Esses cinco indicadores são combinados para estruturar índices parciais relativos às áreas de educação, saúde e renda, além do Índice de Desenvolvimento Juvenil (IDJ) - que representa um indicador geral da qualidade de vida e do grau de vulnerabilidade da população jovem.
  O IDJ foi criado segundo critérios semelhantes aos adotados no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). O estudo verifica o impacto de diversos fatores - tais como gênero, cor/raça, rural/urbano - para compor um extenso painel dos variados avanços e limitações no desenvolvimento humano da juventude.
O IDJ avalia a qualidade de vida dos jovens
  O IDJ revela ainda que a polarização na distribuição de renda, característica do Brasil, dá origem a distintas e desiguais formas de acesso à saúde, educação, etc. O estudo conclui que a diferenciação e dificuldade do acesso a esses serviços pode repercutir negativamente na vida dos jovens na medida que segmentos da população jovem se veem em desvantagem quanto às possibilidades de inserção no mercado de trabalho e de inserção social.
  As principais conclusões dos relatórios da Unesco realizados nos últimos anos sobre o Brasil foram as seguintes:
  • A profunda desigualdade na distribuição de renda no país tem gerado formas muito diferenciadas de acesso dos jovens aos serviços sociais básicos, reforçando a vulnerabilidade especialmente entre os brancos e os pobres e os afrodescendentes e entre os residentes nas regiões Norte e Nordeste. Essa desigualdade começou a se formar bem antes do país se tornar independente, com a vinda forçada de negros africanos para trabalharem nos latifúndios existentes no Brasil, aprofundando-se com a abolição da escravatura, onde a mão de obra negra foi substituída pela mão de obra imigrante, deixando grande parte desse povo desempregado ou se sujeitando a viver no mundo do subemprego.
Gráfico mostrando a distribuição de renda no Brasil de acordo com a raça
  • As limitadas condições de acesso a uma educação de qualidade e ao mercado de trabalho ampliam os contingentes de jovens sem atividade definida. Esse fato se dá principalmente pela falta de investimento em setores essenciais, como saúde, educação, segurança, entre outros. O Brasil é um dos países onde o cidadão paga os maiores impostos, que deveriam ser investidos nos serviços essenciais. Porém, grande parte desses impostos são desviados para outros fins, deixando grande parte da população sem os serviços básicos que ele necessita.
A falte de investimentos em setores essenciais contribuem para os elevados índices de desemprego entre os jovens
  • Embora o país tenha registrado significativos avanços na redução do analfabetismo entre os jovens de 15 a 24 anos, em quase 75% das Unidades da Federação (UFs) a média de anos de estudo não chega a 8 (e em algumas unidades não atingem 5 anos). Esse fato se dá principalmente pelo sucateamento do ensino público no país, aliado ao fato de que grande parte da população precisa trabalhar para poder sobreviver. Essa diferença é refletida principalmente nas universidades, onde há um minoria de jovens negros em relação a população de cor branca.
Gráfico mostrando a diferença de estudos entre a população
  • Em decorrência da universalização do ensino fundamental, vem aumentando significativamente a demanda por vagas no ensino médio e no ensino superior. Porém, a qualidade do acesso ao conhecimento é bastante precária: dados do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB) apontam déficits significativos nas competências em leitura, matemática e ciência dos jovens de 15 anos. Um dos fatores que contribuem para esses déficits é a elevada evasão escolar existente entre os jovens.
A evasão escolar contribui para o baixo rendimento dos jovens no ensino
  • Ao contrário do que ocorre com a população em geral, a mortalidade juvenil vem crescendo historicamente, sendo sua principal causa a violência. Nas últimas décadas, o crime e a violência aumentaram de forma drástica no Brasil, particularmente nas grandes áreas urbanas. Um dos principais fatores que contribuem para o aumento dessa violência é o elevado consumo de entorpecentes e a formação de quadrilhas entre os jovens.
O consumo de drogas é o principal responsável pela violência entre os jovens
FONTE: Boligian, Levon. Geografia espaço e vivência, vol. 3 / Levon Boligian, Andressa Turcatel Alves Boligian. - 2. ed. - São Paulo: Saraiva, 2013

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