quinta-feira, 5 de junho de 2014

HISPANO-AMERICANISMO E PAN-AMERICANISMO

  O hispano-americanismo era o conjunto das ideias e dos sentimentos que ligava a Espanha e a América espanhola.
  A América Hispânica, ou América espanhola, se refere à parte da América colonizada por espanhóis - incluindo os de língua não-castelhana, como bascos, galegos e catalães. Estas populações representam a maior parte dos hispanófonos no mundo, e são chamados de "hispano-americanos".
  A América hispânica inclui países da América do Norte, América Central e América do Sul, que têm a língua espanhola como idioma oficial, ou co-oficial.
  É uma região cultural, incluída na América Latina, integrando 19 nações com cerca de 400 milhões de habitantes. Apesar de estar dentro da América Latina, distingue-se dela por não incluir as nações americanas francesas e portuguesas, além das nações saxônicas.
América Hispânica
  O pan-americanismo foi uma tentativa de unificar todos os territórios da América espanhola, formando uma superpotência. Ela foi idealizada em 1826 pelo criollo venezuelano Simón Bolívar depois de ter lutado junto com o governador da província de Mendonza, San Martín, contra o domínio e a exploração espanhola, e de ter feito independente vários territórios da América espanhola. Porém, essa tentativa de unificação fracassou pela oposição da Inglaterra e dos Estados Unidos, que eram contra a formação de uma nova superpotência, já que isso poderia ameaçar os planos de ambos.
FORMAÇÃO DOS ESTADOS LATINO-AMERICANOS
  Parte dos países da América originou-se no início do século XIX, a partir de lutas pela independência nas colônias sob o domínio de Espanha e Portugal. Nesse processo, a América hispânica se desmembrou em várias repúblicas, ao passo que na América portuguesa a emancipação política constituiu o Império do Brasil.
  Na América Central Continental ou Ístmica, a formação dos Estados independentes ocorreu entre 1821 e 1848, com exceção de Belize, dominado pelo Reino Unido até 1981, e do Panamá, criado como Estado independente em 1903 pelo desmembramento do território da Colômbia, decorrente de pressões exercidas pelos Estados Unidos, que desejavam construir o Canal do Panamá.
Independência da América espanhola
Independência dos países sul-americanos
  Na América hispânica, as lutas pela libertação colonial foram influenciados pelos ideais que mobilizaram a Independência dos Estados Unidos (1776), acontecimento que abriu caminho para o surgimento da primeira república da América, os Estados Unidos da América do Norte, por meio da Declaração de Independência.
  A Declaração da Independência dos Estados Unidos da América foi o documento no qual as Treze Colônias da América do Norte declararam a sua independência do Reino Unido, bem como justificativas para o ato. Foi ratificado no Congresso Continental em 4 de julho de 1776, considerado o dia da independência dos Estados Unidos.
Declaração da Independência dos Estados Unidos
  Além disso, a Revolução Francesa (1789), ao abolir a servidão e pôr fim aos privilégios da nobreza, teve alcance revolucionário que extrapolou os limites da França, influenciando o modo como muitos americanos entendiam sua relação com os colonizadores ibéricos.
  A Revolução Francesa (1789-1799) foi um período de intensa agitação política e social na França, que teve um impacto duradouro na história do país e, mais amplamente, em todo o continente europeu. A monarquia absolutista que tinha governado a nação durante séculos entrou em colapso. A sociedade francesa passou por uma grande transformação, quando privilégios feudais, aristocráticos e religiosos deixaram de existir e grupos radicais de esquerda, as massas menos privilegiadas e os camponeses, lutaram por mudanças que atingiram não só a França, mas toda a Europa e também as colônias europeias em diversas partes do mundo.
Queda da Bastilha, em 14 de julho de 1789. Início da Revolução Francesa
  Os movimentos a favor da independência acirraram-se em 1808, depois que as tropas francesas de Napoleão Bonaparte invadiram a Espanha. Enfraquecida, a metrópole espanhola não podia lutar contra os insurgentes na América.
  Em 1810 iniciou-se o processo de libertação das colônias espanholas nas Américas do Sul e Central.
  Na América do Sul, sob o comando de líderes militares, como o venezuelano Simón Bolívar, o argentino José de San Martín e o chileno Bernardo O'Higgins, os exércitos conquistaram a vitória contra a metrópole espanhola por meio de duas ofensivas: a capitaneada por San Martín partiu do sul do continente para o norte, saindo de Buenos Aires, e, depois de libertar a Argentina, atravessou os Andes para auxiliar Bernardo O'Hoggins a libertar o Chile e ainda invadiu o Peru; a liderada por Simón Bolívar saiu do norte e caminhou para o sul, tendo partido de Caracas para libertar sucessivamente a Venezuela, a Colômbia, o Equador e o Peru, onde os dois generais libertadores completaram as guerras de independência, em 1824.
Quadro de Pedro Subercaseaux "El Abrazo de Maipú
Independência dos países da América Central
  Em 1823, Costa Rica, Nicarágua, Guatemala, Honduras e El Salvador se agruparam formando as Províncias Unidas da América Central. No entanto, o confronto entre grupos de interesses diversos levou ao início de sua desagregação em 1838 e à formação dos atuais países da América Central Continental.
  As Províncias Unidas da América Central, ou Estados Unidos da América Central, foi uma república federal situada na América Central Continental, e sua formação foi baseada no modelo de formação dos Estados Unidos. A federação teve sua Constituição aprovada em 1824. Em meados da década de 1830, foi criada uma nova república, Los Altos, com capital em Quetzaltenango, a qual ocupava parte daquilo que hoje são as terras altas da Guatemala e o Estado mexicano de Chiapas.
Mapa das Províncias Unidas da América Central
  Nas Antilhas, o processo de independência foi mais tardio, com exceção do Haiti, que obteve sua independência em 1804. A República Dominicana tornou-se independente em 1865, após várias tentativas sem sucesso.
  Cuba conseguiu sua independência somente em 1898. Entretanto, seu território foi ocupado militarmente pelos Estados Unidos entre 1899 e 1902. As tropas estadunidenses foram retiradas após conseguirem que o governo cubano aprovasse o projeto de lei (a chamada Emenda Platt), por meio do qual os Estados Unidos, ao se sentirem prejudicados em seus negócios em Cuba, poderiam interferir nos assuntos internos do país. Cuba libertou-se da Espanha, mais foi submetida à área de influência dos Estados Unidos - situação que se estendeu até 1959, quando ocorreu a Revolução Cubana.
  Por meio da Emenda Platt, o território cubano passou a ser um protetorado estadunidense, restringindo o exercício soberano da política externa e comercial de Cuba.
  O processo de autonomia das Pequenas Antilhas teve início por volta da segunda metade do século XX. Em outubro de 2010, as ilhas de Curaçao e São Martinho, até então colônias da Holanda, tornaram-se territórios autônomos. Contudo, ainda restam nas Pequenas Antilhas territórios dependentes do Reino Unido, da Holanda, da França e dos Estados Unidos.
O HISPANO-AMERICANISMO DE SIMÓN BOLÍVAR
  Simón Bolívar defendeu um projeto de união política, econômica e militar entre as repúblicas hispano-americanas recém-independentes. Desejava formar uma confederação de Estados que se estenderia da Argentina ao México.
  Bolívar convocou os Estados da América Latina recém-libertos para o Congresso do Panamá, em 1826, a fim de discutir a união. O Congresso do Panamá ocorreu de junho a julho de 1826, e estiveram presentes os representantes do México, da Federação Centro-Americana, da Grã-Colômbia (Colômbia, Venezuela e Equador) e do Peru (que incluía também a Bolívia). Estiveram ausentes os países já independentes do continente americano: Argentina, Chile, Paraguai, Uruguai, Brasil, Estados Unidos e Haiti.
  Nesse congresso foi estabelecido os seguintes princípios:
  • Firmaram, numa eterna aliança, uma confederação das repúblicas hispânicas, com o objetivo de defesa comum, solução pacífica de conflitos e preservação da integridade dos territórios dos estados-membros;
  • abolição do tráfico de escravos africanos;
  • estabelecia o contingente dos efetivos militares, no Exército e na Marinha, buscando um equilíbrio entre as forças dos estados-membros;
  • fixava as futuras reuniões do congresso, a serem realizadas em tempos de paz ou de guerra.
Simón Bolívar
  No entanto, forças contrárias à formação da confederação de Estados impediram que ela se concretizasse: a Inglaterra e os Estados Unidos não desejavam que a confederação se tornasse realidade, pois ela poderia contrariar os interesses econômicos e políticos desses dois países na vasta região.
  As principais forças contrárias estavam no próprio território da pretendida confederação: a sua extensão, a dificuldade de integração diante de uma geografia de montanhas (os Andes) e as rivalidades entre as oligarquias regionais, desejosas de ter o domínio político e econômico sobre os seus territórios. Assim, a formação da "Pátria Grande" sonhada por Bolívar acabou se dissipando.   Após o fracasso do Congresso do Panamá, a própria Grande Colômbia, que fora presidida por Bolívar, fracionou-se em 1830, dando origem à Venezuela, à Colômbia e ao Equador, e, em 1839, as Províncias da América Central também se separaram.
  A Grande Colômbia ou Grã-Colômbia é o nome do Estado-Império, estabelecido pelo chamado Congresso de Angostura. Na prática foi uma junta de governantes ou vice-presidentes liderados por Simón Bolívar existente entre 1819 e 1831, formado pelos antigos territórios do Vice-reino de Nova Granada, Capitania Geral da Venezuela e Real Audiência de Quito e terras conquistadas por anexação ou guerra.
Mapa da Grande Colômbia
O PAN-AMERICANISMO DOS ESTADOS UNIDOS E DA AMÉRICA LATINA
  No decorrer dos séculos XIX e XX, sucessivos governos estadunidenses buscaram promover e consolidar seu domínio nas Américas. Existiram quatro fases de relacionamento entre os Estados Unidos e a América Latina.
  • Primeira fase: consolidação de poder na esfera regional (1823-1889)
  Ao mesmo tempo que ocorria o processo de independência da América hispânica, em 1823 o presidente dos Estados Unidos, James Monroe (1817-1825), pronunciou um discurso dirigido ao Congresso daquele país em que lançou a doutrina que leva o seu sobrenome - a chama Doutrina Monroe -, baseada no princípio "A América para os americanos".
  Primeira visão pan-americanista estadunidense, a Doutrina Monroe defendia que, em nome de sua segurança, esse país não poderia permitir que nenhuma potência europeia voltasse a estabelecer domínio sobre os territórios do continente americano.
  O pensamento de James Monroe consistia em três pontos:
  • a não criação de novas colônias nas Américas;
  • a não intervenção nos assuntos internos dos países americanos;
  • a não intervenção dos Estados Unidos em conflitos relacionados aos países europeus como guerras entre estes países e suas colônias.
James Monroe e sua doutrina "A América para os americanos"
  A Doutrina Monroe reafirmava a posição dos Estados Unidos contra o colonialismo europeu, inspirando-se na política isolacionista de George Washington, no seu discurso de despedida da presidência dos Estados Unidos, em 17 de setembro de 1796, segundo a qual "a Europa tinha um conjunto de interesses elementares sem relação com os nossos ou senão muito remotamente" e desenvolvia o pensamento de Thomas Jefferson, segundo o qual "a América tem um Hemisfério para si mesma", o qual tanto poderia significar o continente americano como o seu próprio país.
George Washington - primeiro presidente dos Estados Unidos
  Se por um lado, a doutrina reafirmava a independência das antigas colônias da América, por outro, dava sinais do desejo de transformar a América  Latina em área de influência política e econômica dos Estados Unidos.
  As ideias da Doutrina Monroe foram recuperadas na primeira Conferência Pan-Americana de Washington, realizada entre os anos de 1889 e 1890, ocasião que marcou a inauguração da política pan-americana dos Estados Unidos. Essa foi a primeira de uma série de conferências convocadas pelo governo dos Estados Unidos para promover o comércio entre os países americanos, adotar medidas para a resolução pacífica de disputas territoriais e afastar definitivamente os europeus. Com isso, consolidariam sua hegemonia política e dominariam o comércio no continente.
Delegados que participaram da Primeira Conferência de Washington
  • Segunda fase: intervenção, cooperação e imperialismo (1889-1945)
  Em 1904, o presidente estadunidenses Theodore Roosevelt divulgou o Corolário Roosevelt, um conjunto de ideias que defendiam o direito de intervenção militar dos Estados Unidos na América Latina, alegando que isso ocorreria sempre que seus países violassem direitos internacionais ou se mostrassem com dificuldades em "manter a ordem" no interior de suas fronteiras.
  Conhecida como política do Big Stick (Grande Porrete), o Corolário Roosevelt foi expresso na Mensagem Anual do Presidente ao Congresso dos EUA de 1904. Os Estados Unidos se declararam dispostos a ocupar militarmente países que estivessem passando por uma crise devido a sua dívida externa. Na Mensagem, Roosevelt expressou sua convicção de que uma nação que consegue manter a ordem e cumprir com suas obrigações não precisa temer a intervenção dos Estados Unidos. No entanto, uma "nação civilizada" como os Estados Unidos teria que assumir o papel de "polícia do mundo", e ser obrigada a intervir, no caso de um enfraquecimento dos laços da sociedade civilizada em outros países.
Cartoon que ilustra o Big Stick (Grande Porrete)
  O maior resultado dessa política foi submeter pela força militar países da América Central para consolidar o domínio dos Estados Unidos, como também diminuir a influência das potências europeias na América. Para isso, o governo dos Estados Unidos usou o sistema de protetorado.
  O Corolário Roosevelt foi motivado pela reação violenta do Reino Unido, Itália e Alemanha à crise da dívida venezuelana em 1902 e 1903. Essa política foi lembrado por presidentes dos EUA nas intervenções norte-americanas em Cuba (1906-1910), Nicarágua (1909-1911, 1912-1925 e 1926-1933), Haiti (1915-1934) e República Dominicana (1916-1924).
  O Corolário Roosevelt foi suplantado pela Política da Boa Vizinhança, apresentada no discurso inaugural de Franklin Roosevelt, em 1933.
Theodore Roosevelt (1858-1910)
 Roosevelt e a Política da Boa Vizinhança
  Em 1933, iniciou-se nos Estados Unidos o primeiro mandato presidencial de Franklin Delano Roosevelt, que permaneceu no cargo até 1945. Esse presidente anunciou a substituição da política do Big Stick pela Política da Boa Vizinhança, que procurou estimular a negociação diplomática e a colaboração militar e econômica dos Estados Unidos com os países latino-americanos.
  Oficialmente essa política consistia em investimentos e venda de tecnologia norte-americana para os países latino-americanos, mas em troca, esses deveriam dar apoio à política norte-americana. Ela consistia de um esforço para aproximação cultural entre os EUA e a América Latina, cujas relações vinham se deteriorando devido ao forte intervencionismo norte-americano durante a política do Big Stick.
  Essa nova política permitiu aos Estados Unidos conservar sua hegemonia no continente americano e fortalecer a sua política externa, o que era importante para que o país se recuperasse da crise de 1929 - pois poderia contar com mercado consumidor externo e fornecedores de matérias-primas - e pudesse instalar bases militares em países da América Latina durante a Segunda Guerra Mundial.
O presidente norte-americano Franklin D. Roosevelt (sentado à direita) e o presidente brasileiro Getúlio Vargas (sentado à esquerda), no Rio de Janeiro, em 1936, quando o presidente norte-americano veio ao Brasil para formalizar o acordo de segurança coletiva continental.
  • Terceira fase: a Guerra Fria e a Doutrina de Contenção (1947-1989)
  Durante a Guerra Fria, período marcado pela disputa mundial por poder entre os Estados Unidos e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), a política estadunidense para a América Latina foi remodelada, passando a ser orientada segundo a Doutrina de Contenção, que pretendia impedir a expansão do socialismo no mundo. Esta política foi uma resposta a uma série de jogadas da União Soviética para expandir a influência comunista na Europa Oriental, China, Coreia e Vietnã.
  Para alcançar esse objetivo, várias estratégias foram desenvolvidas pelos Estados Unidos, como a criação do Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (Tiar) e da Organização dos Estados Americanos (OEA), e a realização de vários tipos de intervenções nos países latino-americanos.
Charge ironizando a Guerra Fria
Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (Tiar)
  O Tratado Interamericano de Assistência Recíproca, também conhecido pela sigla Tiar ou como Tratado do Rio, é um tratado de defesa mútua celebrado entre os diversos países americanos.
  O Tiar foi assinado em 1947, na Conferência Interamericana para a Manutenção da Paz e da Segurança, realizada em Petrópolis, no Rio de Janeiro. Ainda em vigor nos dias atuais, estabeleceu o direito à legítima defesa de um país ("defesa individual") ou de vários países americanos ("defesa coletiva"), em caso de ataque armado por parte de qualquer Estado.
  O princípio básico do Tiar consiste na ideia de que um ataque armado contra um Estado americano é considerado uma agressão contra todos os demais do continente, que ficam, assim, obrigados a se mobilizar contra um eventual Estado agressor.
Países membros do Tiar (azul escuro) e os que deixaram o tratado (azul claro)
A Organização dos Estados Americanos (OEA)
  Por iniciativa dos Estados Unidos, em 30 de abril de 1948 foi criada a OEA, na IX Conferência Interamericana, realizada em Bogotá. Todos os países do continente passaram a fazer parte desse organismo internacional (exceto Cuba, que foi expulsa em 1962 por alinhar-se à URSS).
  A OEA tem por objetivo promover a solidariedade entre os países-membros e o auxílio mútuo em questões econômicas, políticas, técnicas e científicas. Também como o Tiar, considera que a agressão externa a um dos países-membros significa agressão a todos.
  A Carta da Organização dos Estados Americanos foi assinada por 21 países, reunidos em Bogotá, Colômbia, onde a organização definia-se como um organismo regional dentro da Organização das Nações Unidas (ONU). Os países-membros se comprometiam a defender os interesses do continente americano, buscando soluções pacíficas para o desenvolvimento econômico, social e cultural.
  Membro fundador
  Membro subsequente
  Não-membros
  Em 11 de setembro de 2001 foi assinada a Carta Democrática Interamericana entre todos os países-membros da OEA. Este documento visa fortalecer o estabelecimento de democracias representativas no continente.
Estados Unidos: intervenções e apoio às ditaduras na América Latina
  Durante a Guerra Fria, os Estados Unidos realizaram vários tipos de intervenções em países da América Central para impedir que se alastrassem regimes políticos antiamericanos na região. Além disso, apoiaram golpes de Estado contra governos eleitos democraticamente na América do Sul, por entenderem, entre outros motivos, que os governantes golpistas poderiam agir de modo mais eficiente contra a ameaça que consideravam ser o socialismo. Dentre essas intervenções estão: Guatemala (1954), Cuba (1959), República Dominicana (1965), Ilha de Granada (1983-1984), Nicarágua (1988) e Panamá (1989).
  No Brasil, com o apoio político e do serviço secreto dos Estados Unidos, deu-se um golpe de Estado em 1964, contra o presidente João Goulart, e implantou-se a ditadura militar, regime que vigorou no país por mais de vinte anos (até 1985).
  Outros golpes de Estado também instalaram regimes militares autoritários no Uruguai (1973), no Peru (1962 e 1968), no Equador (1963), em Honduras (1963), no Chile (1973), na Argentina (1976), entre outros.
  Durante as ditaduras, milhares de pessoas, por serem contrárias ao regime, foram mortas, torturadas, presas e dadas como desaparecidas pelos militares.
Intervenções militares dos Estados Unidos em alguns países da América Latina
  • Quarta fase: o pós-Guerra Fria (1989 até os dias atuais)
  Após vários acontecimentos mundiais que contribuíram para o fim da Guerra Fria entre os anos 1989 e 1991, os Estados Unidos continuaram a exercer influência no continente americano.
  Entretanto, com a desagregação da União Soviética em 1991 e a crise do socialismo, a Doutrina de Contenção perdeu o sentido e teve de ser substituída por outras ações para que os Estados Unidos mantivessem sua hegemonia econômica e pudessem contornar problemas internacionais, como terrorismo, tráfico de drogas, migrações, entre outros.
Após os atentados de 2001, as atenções dos EUA se voltaram para o terrorismo
FONTE: Adas, Melhem. Expedições geográficas / Melhem Adas, Sérgio Adas. - 1. ed. - São Paulo: Moderna, 2011.

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