domingo, 27 de abril de 2014

A FERROVIA TRANSIBERIANA

 
  A ferrovia Transiberiana é uma rede ferroviária que conecta a Rússia Europeia com as províncias do Extremo-Oriente Russo, Mongólia, China e o Mar do Japão. É frequentemente associada com o comboio transcontinental russo que liga centenas de grandes e pequenas cidades da Rússia, tanto na Europa quanto na Ásia.
  Construída em meio a um cenário tão belo quanto hostil, a maior e mais lendária ferrovia do mundo levou 26 anos para ser implantada e custou a vida de quase 10 mil operários: soldados, trabalhadores e prisioneiros chineses. Na difícil tarefa de sua construção, além do frio polar, os trabalhadores precisavam enfrentar o terreno difícil, enchentes, desabamentos, doenças e ataques de bandidos. Em 2004, essa ferrovia completou 100 anos.
Ponte sobre o rio Kama, em Perm - Rússia
  Os planos originais e financiamento para a construção da ferrovia Transiberiana, para ligar a então capital São Petersburgo à cidade portuária de Vladivostok no oceano Pacífico, foram aprovados pelo Czar Alexandre II em São Petersburgo. O filho dele, o Czar Alexandre III, supervisionou a construção. O Czar nomeou pessoalmente Sergei Witte como Diretor dos Assuntos dos Caminhos-de-Ferro em 1889. Em 1891, o Czar Alexandre III abençoou oficialmente a construção do segmento do Extremo-Oriente da linha em Vladivostok e o primeiro segmento entre Chelyabinsk e Omsk. Em março de 1891, o futuro Czar Nicolau II e a Imperatriz Alexandra abriram e abençoaram a construção do segmento do Extremo-Oriente durante a sua passagem por Vladivostok, após a visita ao Japão no final de sua viagem à volta do mundo.
Czar Alexandre II - idealizador da ferrovia
  A linha principal da ferrovia parte de Moscou e, após seis dias e meio de viagem ou cerca de 150 horas, ela chega a Vladivostok, no leste da Rússia, à beira do Mar do Japão (Mar do Leste). Ao percorrer 9.200 quilômetros, atravessar cerca de 70 grandes cidades russas e viajar por áreas de montanhas, taiga, lagos gelados, estepes e desertos - todos assolados pelo frio constante -, a ferrovia cumpre com o papel pelo qual foi feita: integrar o país que é quase um continente. Além das paisagens, a maior atração para o viajante é percorrer oito fusos horários da Terra, cruzando praticamente um terço do mundo e mantendo contato direto com russos, chineses, mongóis, europeus, entre outras nacionalidades.
Trecho da Transiberiana em Tomsk, na Sibéria - Rússia
  A ferrovia possui ramificações que tornam o complexo ferroviário mais descomunal do que já é. Uma das mais usadas é a Trans-Mongólia, que cruza as estepes natais de Gêngis Khan, passa pela Muralha da China e termina em Pequim. A capital chinesa também é o destino da Trans-Manchúria, mas por um caminho que percorre o nordeste da China.
  As principais rotas dessa ferrovia são:
1. Linha Transiberiana
  A rota principal é a linha Transiberiana que inicia-se em Moscou, passa por Iaroslavl no Volga, Perm no rio Kama, Ekaterinenburg nos Urais, Omsk no rio Irtysh, Novosibirsk no rio Ob, Krasnoyarsk no rio Ienissei, Irkutsk perto da extremidade sul do lago Baikal, Tchita, Blagoveshchensk, Khabarovsk até chegar em Vladivostok. Frequentemente, em vez do trecho Moscou-Iaroslavl-Kirov usa-se a rota ferroviária Moscou-Vladimir-Nijni Noygorod-Kirov. A sua construção durou desde 1891 até 1916 e, em 2002, a eletrificação foi finalizada. Cerca de 30% das exportações russas passam por essa linha.
Trecho da Transiberiana em Irkutsk, Sibéria - Rússia
2. Linha Transmanchuriana
  A linha Transmanchuriana coincide com a Transiberiana até Tarskaya, algumas centenas de quilômetros a leste do lago Baikal. De Tarskaya a Transmanchuriana dirige-se para o sudeste da China, terminando seu percurso em Pequim, sendo administrada pelo pessoal e administração russos baseados em Harbin, na Manchúria.
Trecho da Transmanchuriana, no Lago Baikal, na Rússia
3. Transmongoliana
  A Transmongoliana coincide com a Transiberiana até Ulan-Ude, na margem oriental do Lago Baikal. De Ulan-Ude a Transmongoliana dirige-se para o sul, em direção a Ulan Bator, para depois dirigir-se ao sudeste, em direção a Pequim, na China.
Trecho da Transmongoliana, próximo a divisa entre Mongólia e Rússia
4. Linha Baikal-Amur
  Em 1991, uma quarta rota indo mais longe para o norte, foi finalmente terminada, depois de mais de 50 anos de trabalhos cansativos. Conhecida como a Linha Baikal-Amur, esta extensão inicia-se da linha Transiberiana, há várias centenas de quilômetros a oeste do lago Baikal, e passa pelo lago na sua extremidade norte. Chega ao Pacífico a nordeste de Khabarovsk, em Sovetskaya Gavan. Apesar de esta rota dar acesso à costa norte do Baikal, passa também por algumas zonas de acesso restrito.
Linha Baikal-Amur próximo a Vladivostok
  Os trilhos, que ainda são rota de mão única e usam estreitamento em forma de gargalho, terão que entrar na era da mão dupla. Mesmo centenária, a velha senhora ainda tem muitos caminhos a percorrer.
FONTE: Moreira, Igor. Mundo da geografia: 9º ano / Igor Moreira; Ilustrações Antônio Éder [ et al.]. Curitiba: Positivo, 2012.

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