sábado, 1 de março de 2014

A REGIÃO DO JALAPÃO

  O Jalapão é uma região árida pontilhada de oásis, situada a leste do estado do Tocantins, com temperatura média de 30ºC e uma área de aproximadamente 34 mil quilômetros quadrados de um ecossistema frágil, caracterizada por muita água subterrânea, alguns rios, serras e solo arenoso com cobertura de cerrado, sendo um dos lugares mais fascinantes do Brasil. O Jalapão abrange os municípios de Ponte Alta do Tocantins, Mateiros, São Félix do Tocantins, Lizarda, Novo Acordo, Santa Tereza do Tocantins, Lagoa do Tocantins e Rio da Conceição.
  Os rios Sono, Soninho, Novo, Balsas, Preto e Caracol banham a paisagem árida e rasteira, que varia do cerrado baixo à campina. Matas de galeria surgem próxima de rios, cachoeiras, lagoas, dunas de areia, serras e chapadões de até 800 metros de altura. A jalapa-do-brasil, que deu nome ao Jalapão, pode ser encontrada em toda a parte. Também no Jalapão encontra-se a comunidade dos Mumbucas, comunidade quilombola descendentes de ex-escravos que fugiram da Bahia.
Rio Balsas
  A fauna do Jalapão é composta por veados-campeiros, tamanduás-bandeiras, antas, capivaras, lobos-guarás, raposas, gambás, macacos, jacarés, onças, cobras (sucuris, cascavéis e jiboias), tucanos, papagaios, araras-azuis, siriemas, emas, urubus, entre outros. A densidade demográfica do Jalapão é muito baixa, em torno de 0,8 hab./km². A região é considerada a principal atração turística do estado do Tocantins.
  Em 2001, foi criado o Parque Estadual do Jalapão, uma unidade de conservação brasileira de proteção integral à natureza. O território do parque abrange uma área de 158.970,95 hectares e está distribuído pelos municípios de Mateiros e São Félix do Tocantins.
  Sua posição estratégica possui continuidade com a área de proteção ambiental do Jalapão, a Estação Ecológica Serra Geral do Tocantins e o Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba.
Parque Estadual do Jalapão
POVOADO DE MUMBUCA E O SEU ARTESANATO
  O povoado de Mumbuca, está localizado no município de Mateiros, distante 35 quilômetros da cidade. Foi nesse lugar, formado por uma maioria de descendentes de escravos, que surgiu o artesanato em capim dourado.
  A população de Mumbuca é de cerca de 200 habitantes. Nessa comunidade, homens e mulheres dividem bem definidamente as suas tarefas. Os homens plantam para o consumo da família, enquanto as mulheres colhem a produção e preparam a farinha, além de atuarem como artesãs.
As moradias simples fazem parte da paisagem de Mumbuca
  O capim dourado só brota nas veredas do Jalapão. Dele, é utilizado sua haste fina de intenso brilho metálico que as mulheres do lugar, com suas mãos habilidosas, transformam o capim em uma diversidade de peças artesanais: bolsas, brincos, pulseiras, chapéus, mandalas, cestas e diversos objetos de decoração. Peças de beleza única, que ultrapassaram os limites do Tocantins, conquistam mercado em todos os estados brasileiros e no exterior.
Peças de artesanato confeccionadas com o capim dourado, em Mumbuca - TO
  A arte de trabalhar com o capim dourado foi ensinado às mulheres do local por Dona Miúda, uma matriarca do povoado de Mumbuca. Antes, a técnica foi passada por índios que habitavam a região à avó de Dona Miúda e depois a sua mãe.
  Hoje, as técnicas do artesanato em capim dourado continuam sendo ensinadas, de geração em geração, no povoado de Mumbuca e também nas cidades de Mateiros, Ponte Alta, Novo Acordo, Santa Tereza, Lagoa do Tocantins e no Prata, um vilarejo do município de São Félix do Jalapão.
Artesão confeccionando seus produtos no Jalapão
  O que se chama de capim dourado (Syngonanthus nitens) é a haste de uma pequena flor branca da família das sempre-vivas. É na flor que se encontram as sementes que garantem a perpetuação da planta (nativa do Jalapão) e que gera renda para centenas de famílias da região.
CACHOEIRA DA VELHA
  Alimentada pelas águas do Rio Novo, a Cachoeira da Velha é uma das principais atrações e a maior cachoeira do Jalapão. Nela, as águas correm em grande quantidade, despencando por duas quedas em formato de ferradura, cada uma com mais de 20 metros de largura. Próximo à Cachoeira da Velha existe uma prainha, de águas doces e mansas, cercada por matas de galeria.
Cachoeira da Velha
MIRANTE
  Cartão postal da região do Jalapão, a Serra do Espírito Santo é uma elevação imponente que, através do processo de erosão provocado pelas chuvas e pelo vento, dá origem às dunas que se formam no seu sopé. Nessa serra existe um mirante, onde no seu cume têm-se uma visão privilegiada de toda a região. O topo da serra é uma grande área plana, que lembra uma imensa mesa elevada, ideal para se observar as paisagens e os horizontes do Jalapão.
  As dunas móveis do Jalapão estão em constante movimento, guiadas pelos ventos. Essas dunas se originam próximo à Serra do Espírito Santo, de formação arenosa, cuja ação dos ventos causa a erosão, originando as dunas.
Dunas do Jalapão e ao fundo a Serra do Espírito Santo
RAFTING
  O Jalapão é também um lugar ideal para a prática de rafting - descida nas corredeiras com boias -, que é realizado nas corredeiras do Rio Novo. O melhor período para a prática desse esporte é de maio a setembro, época de seca no estado do Tocantins, onde as estradas que dão acesso ao Jalapão estão em melhores condições de tráfego.
Prática de rafting no Rio Novo
DESTRUIÇÃO DAS CACHOEIRAS DO JALAPÃO
  Tornou-se um drama para o meio ambiente uma das soluções encontradas pelo governo para atender à crescente demanda por energia elétrica. Por necessitarem apenas de uma pequena queda de água e pouca vazão, as Pequenas Centrais Hidreléticas, chamadas PCHs, proliferam sem controle, engolem cavernas e destroem corredeiras.
  Como não ocupam grandes espaços e nem precisam de lagos gigantescos, as PCHs podem ser construídas enfileiradas umas atrás das outras. É o que está acontecendo no município de Dianópolis, localizada a 350 quilômetros a sudeste de Palmas.
  A região é um dos portões de entrada do Parque Estadual do Jalapão. A Estação Ecológica da Serra Geral e o Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba são vizinhos do Jalapão.
Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba
  Por causa da construção das PCHs em sequência, não há mais como praticar o rafting no Rio Palmeiras.
  As obras destroem as cachoeiras porque precisam de um desnível no rio que dê à água que cai força suficiente para rodar as turbinas. Elas destroem também grutas e outros acidentes geográficos.
  O Rio Palmeiras, nasce na Serra Geral, que divide os estados da Bahia, Goiás e Tocantins. Seu curso segue para oeste. Ao chegar em Dianópolis, desloca-se para o sul.
  O problema é que, além de destruírem cachoeiras, ao contrário das grandes centrais hidrelétricas, que pagam pesados royalties aos municípios - permitindo assim compensações e investimentos em preservação ambiental -, as pequenas hidrelétricas não deixam dinheiro no local onde funcionam.
As PCHs, que poderiam ser a solução para o problema energético, acabam se tornando problemas para o meio ambiente
FONTE: Giardino, Cláudio. Geografia nos dias de hoje, 7º ano / Cláudio Giardino, Lígia Ortega, Rosaly Braga Chianca. - 1. ed. - São Paulo: Leya, 2012. - (Coleção nos dias de hoje).

Nenhum comentário:

Postar um comentário