O mundo atual apresenta como uma de suas principais características o fantástico aumento de intensidade das conexões entre os lugares e as pessoas. As cidades são os pontos centrais desse processo, e por isso recorre-se à imagem do nó e da rede para simbolizar o mundo atual. Na rede, como sabemos, o nó não existe de forma isolada, mas somente ligado a outros nós.
A participação da cidade na rede e a sua isenção na dinâmica econômica, política e cultural do mundo são intermediadas pelos modernos meios de comunicação e de transporte. Entretanto, para que haja essa comunicação e transporte, deve existir o que transportar e comunicar, além da necessidade de uma infraestrutura vinculada a esses serviços.
As cidades mundiais da atualidade nem mesmo têm essa pretensão. Ao invés, espalham suas relações e contatos por uma imensa área de influência e a ela se ligam de forma a conseguir acesso a tudo de que necessitam, sem que as unidades produtoras ou fornecedoras estejam incrustadas em seus territórios. Para que essa forma de funcionamento apresente resultado e seja eficiente, é necessário que a infraestrutura de comunicações e de transporte suporte uma inevitável intensificação dos fluxos.
Portanto, a importância de uma cidade mundial é medida, de um lado, pela qualidade e intensidade dos fluxos que ela emite em direção aos diversos outros componentes da rede. Mas, para que isso aconteça, a cidade mundial deve também ser capaz de receber os fluxos que complementam as suas necessidades.
A área territorial de Cingapura é pouco maior que a do município de Salvador, na Bahia, e quase totalmente urbanizada, com exceção de uma pequena reserva florestal e algumas áreas de mangues. A população da ilha é um pouco superior a 4 milhões de habitantes, e a intensificação do desenvolvimento econômico tem levado o poder público a executar obras de extensão do território por meio de aterros e diques.
Apesar de muitos considerarem que a dinamização das economias dos países asiáticos, sobretudo dos denominados "tigres" ou "dragões", teria sido um resultado apenas das forças do mercado, o papel da intervenção do Estado foi fundamental. No caso de Cingapura, essa ação estatal materializou-se na criação de empresas como estaleiros navais, extração e refino de petróleo, siderúrgicas, indústrias eletrônicas, alimentares etc., além de gerenciar a atividade econômica em vários setores através de órgãos especializados.
O crescimento econômico da cidade-estado levou, a partir da década de 1980, a um fortalecimento das relações com os territórios dos países próximos, configurando uma nova divisão regional das atividades econômicas, cujo centro dinâmico passou a ser Cingapura.
Praticamente desprovida de recursos naturais e dispondo de um território exíguo, a ilha de Cingapura depende de seus vizinhos até mesmo para o abastecimento de água. Premida por essas condições desfavoráveis, a alternativa seguida desde a sua independência foi a de ampliar as suas relações internacionais. Na verdade, a cidade-estado já nasceu internacional: três quartos de sua população são de origem chinesa, complementada por contingentes minoritários de malaios e indianos.
Esse direcionamento internacional tem sido ampliado com o fortalecimento do papel da cidade como um importante porto de uma das principais rotas marítimas mundiais (1º porto do mundo em movimentação de carga e 2º em tráfego de contêineres, logo após o porto de Hong Kong). Além do movimento próprio da cidade, aproximadamente 40% das exportações de Cingapura são reexportações, principalmente da Malásia, mas também da China (Hong Kong e outras cidades), Japão, Taiwan e Tailândia.
O exemplo de Cingapura e da constituição do denominado "triângulo de crescimento" demonstra que a cidade mundial, concentradora de atividades e pessoas em seu território, necessita estabelecer uma área de influência que lhe forneça suporte para a ampliação de sua economia. Se, como Cingapura, o seu território for limitado em termos territoriais, uma das poucas alternativas que restam será a articulação internacional com as economias regionais e o estabelecimento de fluxos na escala mundial.
A participação na rede mundial de cidades exige, pois, uma base sólida, mesmo que ela tenha de ser conseguida com conexões à distância.
INDEPENDÊNCIA: do Reino Unido
Fusão com a Malásia: 16 de setembro de 1963
Separação da Malásia: 9 de agosto de 1965
POPULAÇÃO (ONU - 2011): 4.608.167 habitantes (118º)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA (ONU): 6.746,95 hab./km² (2°)
A participação da cidade na rede e a sua isenção na dinâmica econômica, política e cultural do mundo são intermediadas pelos modernos meios de comunicação e de transporte. Entretanto, para que haja essa comunicação e transporte, deve existir o que transportar e comunicar, além da necessidade de uma infraestrutura vinculada a esses serviços.
Rede de cidades do Paraná
A cidade é o ponto, o nó, a área de convergência, mas é também a zona de origem dos fluxos, que partem com intensidades e direcionamentos diferenciados. Mesmo as cidades que estão conectadas densamente na rede urbana mundial e, por isso mesmo, são denominadas cidades mundiais não possuem no interior de seus próprios limites territoriais todos os insumos e meios de produção necessários para manter e desenvolver sua dinâmica.As cidades mundiais da atualidade nem mesmo têm essa pretensão. Ao invés, espalham suas relações e contatos por uma imensa área de influência e a ela se ligam de forma a conseguir acesso a tudo de que necessitam, sem que as unidades produtoras ou fornecedoras estejam incrustadas em seus territórios. Para que essa forma de funcionamento apresente resultado e seja eficiente, é necessário que a infraestrutura de comunicações e de transporte suporte uma inevitável intensificação dos fluxos.
Portanto, a importância de uma cidade mundial é medida, de um lado, pela qualidade e intensidade dos fluxos que ela emite em direção aos diversos outros componentes da rede. Mas, para que isso aconteça, a cidade mundial deve também ser capaz de receber os fluxos que complementam as suas necessidades.
Londres - exemplo de cidade mundial
A força de uma cidade mundial é dada justamente por sua imensa capacidade de vencer os obstáculos ao estabelecimento desses fluxos, tanto em relação à sua emissão quanto à sua recepção e ao alargamento de sua área de influência. Grandes cidades, como Nova York, Paris e Londres, inegavelmente, apresentam essas características privilegiadas, mas outras cidades enfrentam alguns obstáculos adicionais para se estabelecer como polos importantes na rede mundial. Uma dessas cidades é Cingapura, na verdade uma Cidade-Estado situada no extremo sul da Malásia, no sudeste asiático.A área territorial de Cingapura é pouco maior que a do município de Salvador, na Bahia, e quase totalmente urbanizada, com exceção de uma pequena reserva florestal e algumas áreas de mangues. A população da ilha é um pouco superior a 4 milhões de habitantes, e a intensificação do desenvolvimento econômico tem levado o poder público a executar obras de extensão do território por meio de aterros e diques.
Visão de parte de Cingapura
Independente desde 1965, Cingapura levou a efeito uma estratégia econômica de incentivo à industrialização voltada para a exportação e investiu pesadamente na sofisticação de suas atividades produtivas. Como resultado dessa estratégia, as taxas de crescimento econômico foram fortemente aceleradas, com o PIB apresentando um crescimento anual médio de 10% durante os vinte primeiros anos após a independência do país.Apesar de muitos considerarem que a dinamização das economias dos países asiáticos, sobretudo dos denominados "tigres" ou "dragões", teria sido um resultado apenas das forças do mercado, o papel da intervenção do Estado foi fundamental. No caso de Cingapura, essa ação estatal materializou-se na criação de empresas como estaleiros navais, extração e refino de petróleo, siderúrgicas, indústrias eletrônicas, alimentares etc., além de gerenciar a atividade econômica em vários setores através de órgãos especializados.
Estaleiro da empresa Jurong em Cingapura
Além disso, os investimentos estrangeiros foram estimulados por meio de um conjunto de medidas, como a isenção fiscal, os incentivos à exportação ou a isenção dos impostos de importação para as matérias-primas.O crescimento econômico da cidade-estado levou, a partir da década de 1980, a um fortalecimento das relações com os territórios dos países próximos, configurando uma nova divisão regional das atividades econômicas, cujo centro dinâmico passou a ser Cingapura.
Visão noturna de Cingapura
Inicialmente estabeleceram-se conexões visando à integração regional com as províncias de Johore (Malásia) e Riau (Indonésia). Em função disso, essa área de cooperação passou a ser conhecida como "triângulo de crescimento" SIJORI, incorporando as iniciais dos três participantes. Posteriormente, esses acordos foram ampliados para outras províncias, e o nome deixou de se limitar apenas às províncias parceiras de Cingapura, mas passou a fazer referência aos países, constituindo-se então o "triângulo" IMS (Indonésia, Malásia e Cingapura). Ao lhes dar estatuto jurídico, esses acordos facilitaram os fluxos de investimentos e a integração de atividades que já vinham progressivamente se incrementando.
Rede de conexões SIJORI
Os investimentos em atividades industriais dependentes de mão de obra semiqualificada foram sendo paulatinamente aplicados em Johore (Malásia) e Riau (Indonésia), enquanto em Cingapura destacou-se o polo das indústrias de ponta e de alta tecnologia, que utilizam mão de obra qualificada. No arquipélago de Riau, as empresas ligadas a Cingapura constituem quase a totalidade da movimentação econômica, que é mais intensa na ilha de Batan. A província de Johore, na Malásia, além da complementaridade em relação à atividade industrial, também é um importante fornecedor de matérias-primas e produtos agropecuários.Praticamente desprovida de recursos naturais e dispondo de um território exíguo, a ilha de Cingapura depende de seus vizinhos até mesmo para o abastecimento de água. Premida por essas condições desfavoráveis, a alternativa seguida desde a sua independência foi a de ampliar as suas relações internacionais. Na verdade, a cidade-estado já nasceu internacional: três quartos de sua população são de origem chinesa, complementada por contingentes minoritários de malaios e indianos.
Esse direcionamento internacional tem sido ampliado com o fortalecimento do papel da cidade como um importante porto de uma das principais rotas marítimas mundiais (1º porto do mundo em movimentação de carga e 2º em tráfego de contêineres, logo após o porto de Hong Kong). Além do movimento próprio da cidade, aproximadamente 40% das exportações de Cingapura são reexportações, principalmente da Malásia, mas também da China (Hong Kong e outras cidades), Japão, Taiwan e Tailândia.
Porto de Cingapura - um dos mais movimentados do mundo
As ligações externas de Cingapura são mundiais, mas entre elas destacam-se as conexões com a Ásia, particularmente com a China. Ao lado disso, estabeleceu uma sólida área de influência regional ao articular sob o seu comando territórios da Malásia e da Indonésia.O exemplo de Cingapura e da constituição do denominado "triângulo de crescimento" demonstra que a cidade mundial, concentradora de atividades e pessoas em seu território, necessita estabelecer uma área de influência que lhe forneça suporte para a ampliação de sua economia. Se, como Cingapura, o seu território for limitado em termos territoriais, uma das poucas alternativas que restam será a articulação internacional com as economias regionais e o estabelecimento de fluxos na escala mundial.
A participação na rede mundial de cidades exige, pois, uma base sólida, mesmo que ela tenha de ser conseguida com conexões à distância.
DADOS GERAIS SOBRE CINGAPURA
NOME
OFICIAL: República
de CingapuraINDEPENDÊNCIA: do Reino Unido
Fundação: 29 de janeiro de 1819
Autogoverno: 3 de junho de 1959 Fusão com a Malásia: 16 de setembro de 1963
Separação da Malásia: 9 de agosto de 1965
LOCALIZAÇÃO: extremo sul da península Malaia
CAPITAL: Cidade de Cingapura
Centro financeiro da Cidade de Cingapura
ÁREA: 683 km² (177º)POPULAÇÃO (ONU - 2011): 4.608.167 habitantes (118º)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA (ONU): 6.746,95 hab./km² (2°)
LÍNGUA: inglês (principal), malaio (nacional), mandarim e tamil.
IDH
(ONU - 2011): 0,866
(26°)
PIB
(FMI - 2011): US$ 259,849 bilhões (38°)
EXPECTATIVA
DE VIDA (ONU - 2005/2010): 80,0 anos (15°)
MORTALIDADE
INFANTIL (ONU - 2005/2010): 3,0/mil (2°)
TAXA
DE URBANIZAÇÃO (CIA WORLD FACTBOOK - 2008): 100% (1°)
TAXA
DE ALFABETIZAÇÃO (PNUD - 2007/2008): 94,4%
(74°)
MOEDA: dólar de Cingapura
RELIGIÃO
(2010): budismo, taoísmo e religiões tradicionais (54,4%), islamismo (14,9%), cristianismo (12,9%), hinduísmo (3,3%), sem filiação (14,5%).
FONTE: Carvalho, Marcos Bernardino de. Geografias do mundo: redes e fluxos, 9° ano / Marcos Bernardino de Carvalho, Diamantino Alves Correia Pereira. - 1. ed. renovada. - São Paulo: FTD, 2009. - (Coleção geografias do mundo). p. 204-206.
Primo, seu blog já está nos meus links, e não deixe de atualizar seu blog, abraço.
ResponderExcluir