A Bolívia é uma das nações mais pobres do continente americano, com alta taxa de analfabetismo e o menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da América do Sul. Situada no centro-oeste do continente sul-americano, o país não tem saída para o mar. Em seu território, a cordilheira dos Andes atinge a largura máxima - 650 quilômetros quadrados de extensão. La Paz é a capital mais alta do mundo, localizada a 3.636 metros acima do nível do mar. No norte e no leste, as montanhas dão lugar a planícies cobertas pela Floresta Amazônica e, no sudeste, à pantanosa região do Chaco.
Cordilheira dos Andes na Bolívia
Sua população é bastante miscigenada, com cerca de 60% da população de origem indígena. Considerando os mestiços, esse percentual alcança 85%, enquanto os brancos correspondem a 15% dos habitantes. Além do espanhol, a Bolívia possui dois idiomas oficiais: o quíchua e o aimará, ambos de origem indígena.
Grande parte da população boliviana é descendentes de indígenas
Em 2005, o país elegeu o primeiro presidente indígena, Evo Morales. Com trajetória política ligada aos movimentos sociais e defensor de posições nacionalistas, Morales confronta os interesses da elite oposicionista da região da Meia Lua, que reivindica autonomia. Outro sério problema está relacionado ao narcotráfico e ao controle sobre o cultivo de folha de coca, matéria-prima para a produção da cocaína.
Grande parte dos agricultores bolivianos sobrevivem do cultivo da coca
HISTÓRIA
O nome do país é uma homenagem a Simón Bolívar, o líder da independência da América hispânica. Ao comandar a emancipação da Bolívia em 1825, com Antônio José de Sucre, Bolívar se tornou o primeiro presidente da nação.
Simón Bolívar - líder da independência da Bolívia
Nos anos seguintes, a Bolívia sofreu consideráveis perdas territoriais para os países vizinhos. Na Guerra do Pacífico (1879-1884), os bolivianos tiveram de ceder parte de seu território ao Chile, ficando sem acesso ao mar. Em 1903, após conflito com seringueiros brasileiros, a nação vendeu ao Brasil o atual estado do Acre. A descoberta de petróleo no sudeste provocou a Guerra do Chaco (1932-1935), em que a Bolívia saiu derrotada e perdeu o território para o Paraguai.
Região do Chaco boliviano
A história recente do país é repleta de confrontos, lutas populares e golpes. Um levante revolucionário em 1952 pôs no poder Victor Paz Estenssoro, que nacionalizou as minas de estanho, decretou a reforma agrária e instituiu o sufrágio universal. As décadas de 1960 e 1970 foram marcados por sucessivos golpes de Estado, que colocaram ditadores no poder. Em 1985, com Estenssoro de volta à Presidência, o país adotou um programa de ajuste sob a orientação do Fundo Monetário Internacional (FMI) para lidar com a grave crise econômica, com corte de subsídios e privatizações.
Victor Paz Estenssoro
HIDROCARBONETOS
A pobreza e a falta de infraestrutura são alguns dos principais problemas da nação. O Produto Interno Bruto (PIB) boliviano é de mais de 19 bilhões de dólares, cerca de 1% do PIB brasileiro. O país possui reservas significativas de estanho e prata, e nos últimos anos, o gás natural ganhou importância estratégica fundamental para sua economia.
Nas eleições presidenciais de 2005, Evo Morales venceu em primeiro turno com 53,7% dos votos, e tornou-se o primeiro indígena a ocupar a presidência da Bolívia. O resultado da eleição se insere no fenômeno que vem sendo chamado de "onda vermelha", com a subida ao poder de diversos líderes de esquerda na América Latina, como Hugo Chávez, na Venezuela, e Rafael Correa, no Equador.
As reformas estruturais promovidas por Morales, sobretudo a nacionalização dos hidrocarbonetos, não agradaram aos interesses da elite econômica da região da Meia Lua, formada pelos quatro departamentos mais ricos da Bolívia - Santa Cruz de la Sierra, Tarija, Pando e Beni. Situada no leste boliviano, a região ostenta diferenças étnicas, culturais e econômicas em relação ao restante do país. É lá que se encontram quase todas as reservas de gás e petróleo no país.
O texto final da Constituição foi aprovado por cerca de 60% dos bolivianos. Entre os pontos polêmicos estão a ampliação dos poderes dos indígenas, o maior controle do Estado sobre os recursos naturais e a reeleição presidencial. A aplicação da nova Carta enfrenta forte oposição da Meia Lua, o que contribui para manter o país dividido.
Os indígenas bolivianos têm a tradição de mascar a folha de coca, também usada em chás e medicamentos. Eles afirmam que o consumo das folhas alivia os efeitos da altitude no corpo, uma ajuda fundamental para habitantes que vivem acima dos três mil metros de altitude.
Isso nada tem a ver com o tráfico internacional de drogas, que utiliza a folha como matéria-prima para a produção de cocaína. Uma convenção da ONU em 1961 reconheceu os usos tradicionais da coca, mas ao mesmo tempo estabeleceu um prazo de 25 anos para que os países produtores e consumidores eliminassem o hábito de mascar as folhas.
O governo de Evo Morales, ex-líder cocaleiro, defende o combate ao narcotráfico, ao lado de uma campanha internacional para descriminalizar a folha da coca para uso medicinal e tradicional. Sua intenção é reduzir as plantações de coca para que a produção seja suficiente para abastecer o uso tradicional das folhas.
Mina de estanho na Bolívia - um dos maiores produtores mundiais desse produto
Desde que a petrolífera espanhola YPF descobriu um dos maiores depósitos de gás natural da América do Sul em Tarija, no sul da Bolívia, em 2000, a pressão para a nacionalização dos recursos naturais se intensificou. As manifestações populares levaram à deposição de dois presidentes. Em 2003, sindicatos, líderes indígenas e camponeses iniciaram grandes protestos contra a construção de um gasoduto que exportaria gás natural para os Estados Unidos e para o México, via Chile, o que provocou a queda do presidente Gonzalo Sánchez Lozada. Em seu lugar assumiu o vice, Carlos Mesa. Contudo, em janeiro de 2005, ressurgiram os protestos, com a exigência de nacionalização das reservas energéticas, o que resultou na renúncia de Mesa.
Bolivianos protestam em 2005 pedindo a nacionalização das reservas minerais
Posteriormente foram marcadas eleições presidenciais para dezembro de 2005. As pressões populares puseram o gás natural no centro do debate político, o que favoreceu a candidatura do indígena e ex-líder cocaleiro Evo Morales, cuja promessa de campanha incluía a nacionalização do principal recurso natural do país.
Boliviano votando nas eleições presidenciais
EVO MORALESNas eleições presidenciais de 2005, Evo Morales venceu em primeiro turno com 53,7% dos votos, e tornou-se o primeiro indígena a ocupar a presidência da Bolívia. O resultado da eleição se insere no fenômeno que vem sendo chamado de "onda vermelha", com a subida ao poder de diversos líderes de esquerda na América Latina, como Hugo Chávez, na Venezuela, e Rafael Correa, no Equador.
Evo Morales
Morales iniciou sua trajetória política como representante dos cocaleiros, combatendo os programas de erradicação da coca. Elegeu-se deputado em 1997 e, em 2002, concorreu à Presidência, ficando em segundo lugar. Eleito pelo Movimento ao Socialismo (MAS), ele assumiu o comando do país com a promessa de nacionalizar as riquezas minerais, combater a pobreza e promover a inclusão da população indígena.
Evo Morales em campanha
Morales cumpriu um dos compromissos de campanha logo em 2006: nacionalizou a exploração de petróleo e gás natural (os hidrocarbonetos) e aumentou os impostos pagos pelo setor. A onda de estatizações prosseguiu em 2007 e 2008, com a compra de metalúrgicas, empresas de telecomunicações e petróleo, incluindo duas refinarias da Petrobras, até então maior companhia petrolífera instalada no país. Em agosto de 2007, Morales promulgou a legislação da reforma agrária, que prevê a distribuição de até 30 milhões de hectares de terra aos camponeses pobres.
Exército boliviano ocupa posto da Petrobras em 2006
DIVISÃO INTERNAAs reformas estruturais promovidas por Morales, sobretudo a nacionalização dos hidrocarbonetos, não agradaram aos interesses da elite econômica da região da Meia Lua, formada pelos quatro departamentos mais ricos da Bolívia - Santa Cruz de la Sierra, Tarija, Pando e Beni. Situada no leste boliviano, a região ostenta diferenças étnicas, culturais e econômicas em relação ao restante do país. É lá que se encontram quase todas as reservas de gás e petróleo no país.
Moradores protestam contra as medidas de Evo Morales no Departamento de Tarija
A insatisfação levou os departamentos a buscar autonomia. A questão envolve uma disputa para saber quem controla os recusros minerais do país e se beneficia de sua exploração - o governo central ou a Meia Lua. A polêmica questão deu origem a violentos conflitos em 2008.
Manifestantes enfrentam a polícia em Santa Cruz de la Sierra em 2008
Os interesses da Meia Lua também foram confrontados com a decisão de Morales de convocar uma Assembleia Constituinte para mudar a Carta em 2006. Sua intenção era transformar em lei mudanças que garantissem que o país - e não apenas a elite ligada a interesses estrangeiros - usufruísse as terras e as riquezas naturais bolivianas.O texto final da Constituição foi aprovado por cerca de 60% dos bolivianos. Entre os pontos polêmicos estão a ampliação dos poderes dos indígenas, o maior controle do Estado sobre os recursos naturais e a reeleição presidencial. A aplicação da nova Carta enfrenta forte oposição da Meia Lua, o que contribui para manter o país dividido.
Região da Meia Lua
PLANTAÇÕES DE COCAOs indígenas bolivianos têm a tradição de mascar a folha de coca, também usada em chás e medicamentos. Eles afirmam que o consumo das folhas alivia os efeitos da altitude no corpo, uma ajuda fundamental para habitantes que vivem acima dos três mil metros de altitude.
Isso nada tem a ver com o tráfico internacional de drogas, que utiliza a folha como matéria-prima para a produção de cocaína. Uma convenção da ONU em 1961 reconheceu os usos tradicionais da coca, mas ao mesmo tempo estabeleceu um prazo de 25 anos para que os países produtores e consumidores eliminassem o hábito de mascar as folhas.
Agricultores bolivianos fazendo a secagem da folha de coca
Durante o governo de Hugo Bánzer, eleito em 1997, foram aplicados, em conjunto com os Estados Unidos, programas para reduzir as áreas de cultivo e erradicações das plantações ilícitas. Sem o dinheiro do narcotráfico, a economia entrou em crise. O governo enfrentou violentos protestos dos camponeses plantadores de coca, os cocaleiros, que resistiram à política de substituição da cultura e mantiveram as plantações.O governo de Evo Morales, ex-líder cocaleiro, defende o combate ao narcotráfico, ao lado de uma campanha internacional para descriminalizar a folha da coca para uso medicinal e tradicional. Sua intenção é reduzir as plantações de coca para que a produção seja suficiente para abastecer o uso tradicional das folhas.
Planta da coca
VEJA ALGUNS DADOS DA BOLÍVIA
NOME OFICIAL: Estado Plurinacional da Bolívia
INDEPENDÊNCIA: 6 de agosto de 1825 (da Espanha)
INDEPENDÊNCIA: 6 de agosto de 1825 (da Espanha)
LOCALIZAÇÃO: centro-oeste da América do Sul
CAPITAL:Sucre: (constitucional, judicial)
Sucre - capital constitucional e judicial da Bolívia
La Paz: (administrativa)
Palácio do Governo em La Paz
ÁREA: 1.098.581 km² (28º)
POPULAÇÃO (ONU - 2011): 9.601.257 habitantes (84º)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA (ONU): 8,74 hab./km² (190°)
CIDADES MAIS POPULOSAS (2010):
POPULAÇÃO (ONU - 2011): 9.601.257 habitantes (84º)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA (ONU): 8,74 hab./km² (190°)
CIDADES MAIS POPULOSAS (2010):
Santa Cruz de La Sierra: 1.685.884 habitantes
Santa Cruz de La Sierra - maior cidade da Bolívia
El Alto: 992.716 habitantes
El Alto - segunda maior cidade da Bolívia
La Paz: 802.886 habitantes
La Paz - capital e terceira maior cidade da Bolívia
LÍNGUA: espanhol, quíchua e aimará
IDH (ONU - 2010): 0,643 (95°)
PIB (FMI - 2010): U$ 19,373 bilhões (101°)
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU - 2005/2010): 65,6 anos (134º)
MORTALIDADE INFANTIL (ONU - 2005/2010): 45,6/ mil (132°)
TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA WORLD FACTBOOK - 2008): 66% (74°)
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (PNUD - 2007/2008): 90,7% (92°)
MOEDA: Boliviano
RELIGIÃO: católicos (70%), protestantes (15%), outras religiões ou sem religiões (15%).
FONTE: Atualidades: Vestibular + ENEM 2009
blog instrutivo e educativo, parabéns, mas se fosse sobre fofocas de celebridades teria mais comentários
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