terça-feira, 16 de agosto de 2011

ASPECTOS FÍSICOS E NATURAIS DA ÁFRICA

ÁFRICA: UM CONTINENTE TROPICAL
  A natureza africana, marcada pela variedade de paisagens, fornece inúmeras pistas acerca do passado geológico do planeta.
  Terceiro maior continente do planeta, com 30.309.495 km², a África abriga 55 países e mais 10 territórios pertencentes a países estrangeiros. A área total do continente africano representa 20,3% das terras emersas, sendo a maior parte dela situada na zona tropical.
Mapa do clima da África
  A porção setentrional (norte) do continente é atravessada pelo Trópico de Câncer, abrangendo o sul do Egito, da Líbia, da Argélia e o norte do Saara Ocidental, da Mauritânia e de Mali. Já na porção meridional (sul) africana, os limites da tropicalidade são definidos pela passagem do trópico de Capricórnio, que corta o sul de Moçambique e de Botsuana, o norte da África do Sul e o centro-sul da Namíbia. As linha imaginárias que cortam a África a tornam o único continente do mundo a possuir terras em todos os hemisférios.
Paisagem da África
  Ao norte a África é banhada pelo Mar Mediterrâneo, o que a faz vizinha continental da Europa. A seu leste estão as águas do Oceano Índico e a seu oeste, as do Oceano Atlântico. Em sua porção sul, ocorre o encontro das águas do Índico e do Atlântico.
Cabo da Boa Esperança, na África do Sul - local do encontro dos oceanos Índico com o Atlântico
  A menor distância entre a Europa e a África é encontrada a noroeste, no Estreito de Gibraltar, com cerca de 13 quilômetros. É essa proximidade que torna essa área a mais utilizada pelos imigrantes clandestinos africanos ao buscarem melhor qualidade de vida em terras europeias.
Estreito de Gibraltar - a direita a África e a esquerda à Espanha
  Até 1869, a porção nordeste da África era ligada ao continente asiático pelo Istmo de Suez, uma estreita faixa de terras entre os mares Mediterrâneo e Vermelho. Desde o século XVI os europeus sonhavam com a possibilidade de transpor por mar essa faixa com o intuito de facilitar a ligação da Europa com o continente asiático. A construção do Canal de Suez, financiada por um consórcio franco-britânico e coordenado pelo engenheiro francês Ferdinand de Lésseps, teve início em 1859 e, terminada, facilitou de forma extraordinária a expansão colonial europeia rumo à Ásia.
Canal de Suez
O RELEVO AFRICANO
  O relevo do continente africano possui como característica marcante a regularidade das formas, sendo constituído basicamente de um escudo muito antigo e bastante erodido, datado do Pré-Cambriano, e contornado por extensas bacias sedimentares. Sobre essas estruturas geológicas antigas, predominam os planaltos e, entre eles, há extensas áreas de depressão cobertas por lagos e cortadas por extensos rios, como o Nilo.
Monte Kilimanjaro - com 5.859 metros de altitude, é o ponto culminante do continente africano
  As planícies encontram-se nas proximidades das duas costas, sendo que as localizadas na porção ocidental (atlântica) apresentam maior densidade populacional, como os países do Golfo da Guiné.
Imagem de satélite noturna do continente africano - as partes amarelas representam as cidades
  Durante o período Terciário, há cerca de 35 milhões de anos, ocorreram o encontro das placas tectônicas Africana e Eurasiática e a separação entre a Africana e a Arábica. O primeiro deu origem às cordilheiras alpinas, situadas na Europa. A segunda gerou, do Oriente Médio a Moçambique, uma série de falhas tectônicas que compõem o Rift Valley. O termo inglês rift significa "fenda" e se refere a esse complexo de falhas no qual formou-se uma sequência de lagos de origem tectônica, como o Vitória, o Tanganica, o Niassa, o Rodolfo, o Alberto e o Eduardo.
Rift Valley no Quênia
  Da formação do complexo de falhas originou-se também, entre a África e a Península Arábica, o Mar Vermelho.
  A atuação de ventos nas regiões desérticas da Península Arábica e do nordeste da África ocasionou o desgaste de montanhas ricas em minério de ferro e a deposição  da poeira avermelhada  pelas partículas de ferro, provenientes dessa erosão, nas encostas de ambas as regiões. Essa é a origem do nome "Mar Vermelho".
Entardecer no Mar Vermelho - Egito
  Outras diversas partes do continente africano abrigam montanhas de formação terciária. Essas elevações resultaram igualmente da separação das placas Africana e Arábica.
  Nessa mesma área, formou-se uma sequência de montanhas terciárias, como é o caso do Monte Kilimanjaro, ponto culminante do continente com 5.859 metros de altitude, assim como o Monte Quênia, com 5.188 metros.
Monte Quênia
  Na porção noroeste da África, destaca-se a Cadeia do Atlas. Esse elevado conjunto montanhoso atravessa terras da Argélia, da Tunísia e do Marrocos, países da região conhecida como Magreb, nome de origem árabe que significa "poente".
Cadeia do Atlas no Marrocos
  No extremo sul do continente, há formações do Pré-Cambriano, onde localizam-se os Montes Drakensberg com picos de 3.300 metros de altitudes.
Monte Drakensberg na África do Sul
O CLIMA E A VEGETAÇÃO DA ÁFRICA
  O quadro natural africano, apresenta uma singularidade notável. O norte e o sul do continente se espelham. Como a África é atravessada ao centro pela linha do Equador, as paisagens climatobotânicas sucedem-se numa correspondência linear de norte para sul.
 
PRINCIPAIS DOMÍNIOS CLIMÁTICOS
  Os domínios climáticos se sucedem no continente africano. Nos extremos norte e sul, o clima é mediterrâneo, com verões quentes e secos e invernos amenos e úmidos. Nessas áreas, predominam vegetações mediterrâneas formadas por carvalhos, abetos, oliveiras e videiras. Essas condições climáticas favorecem especialmente o cultivo de oliveiras e videiras. Azeite de oliva de excelente qualidade é produzida na Tunísia e na Argélia. Esta última também produz vinho de projeção internacional, assim como a África do Sul.
Plantação de oliveira na Tunísia
  Ao sul das porções próximas ao Mar Mediterrâneo predomina o clima semiárido, com os mais baixos índices pluviométricos. Nessas áreas, as estepes apresentam vegetações herbáceas e arbóreas, estas últimas rarefeitas.
Estepes no Marrocos
  Em seguida iniciam-se os grandes domínios desérticos, com grande amplitude térmica diária (elevada temperatura durante o dia e extremamente baixa à noite), em virtude da perda de calor pela areia nos desertos quentes. Nessas áreas, as chuvas são escassas, acumulando menos de 300 mm anualmente.
  O Deserto do Saara, atravessado pelo Trópico de Câncer, considerado o maior deserto contínuo do mundo, ocupa vastas porções entre o Atlântico e o Mar Vermelho.
Caravana atravessando o Saara
  Em toda a sua extensão, ele apresenta extensas planícies denominadas regs, nas quais predominam areia e cascalhos. Na área mais ao sul, imensas dunas de areia, denominadas ergs, compõem a paisagem. Em outras porções predominam os hamadas, constituídos de imensos planaltos pedregosos. Na vertente norte, por estreitos vales entre montanhas, denominados wadis, passam rios de curta duração, pois ganham corpo apenas durante as chuvas.
Saara na Líbia
  Na porção meridional da África, cortada pelo Trópico de Capricórnio, figuram, em sequência, os desertos da Namíbia e do Kalahari. Em ambos predominam vastas extensões de vegetação típica do clima semiárido. Os índices pluviométricos são muito pequenos, cerca de 250 mm anuais. Por causa disso, a denominação Kalahari, da língua nativa, tem como significado "a grande sede".
Deserto do Kalahari na Namíbia
  Nas áreas interiores, deixando os domínios da semiaridez ao norte e ao sul, há a predominância do clima tropical, com temperaturas elevadas o ano todo e alternância entre períodos de seca, durante o inverno, e de chuvas no verão. Nessas áreas, 40% da paisagem natural são dominados pelas extensas savanas.
Savana africana
  Nas proximidades do litoral e nas bordas interiores da região, em direção ao Equador, predomina o clima equatorial. Com altas temperaturas (médias térmicas entre 25 ºC e 30 ºC) e grande pluviosidade durante o ano todo, o domínio equatorial africano abrange principalmente o Gabão, o Congo e a República Democrática do Congo. Nessas áreas, as florestas,  resultantes da relação entre clima, solo e hidrografia, dominam a paisagem.
Floresta do Congo
  A bacia do Rio Congo apresenta-se, aí, como uma veia hídrica responsável pela captação e posterior reincorporação da umidade na região, tal como a Bacia Amazônica nos domínios equatoriais brasileiros.
Rio Congo em Brazzaville - República do Congo
O SAHEL
  Na região ao sul do Saara, onde se inicia a chamada África Subsaariana, uma enorme faixa semiárida contorna o continente de oeste para leste. Essa porção de terras, cujo nome é Sahel ("costa do deserto"), deve ser considerada um tipo de transição entre o deserto e as áreas mais úmidas do centro do continente.
Área do Sahel em Senegal
  O Sahel apresenta clima semiárido e vegetação de estepes. Há muito tempo é habitado por povos nômades que o utilizam para a criação de gado. Porém, na atualidade, apesar de inúmeros projetos de recuperação econômica, continua sendo um dos maiores cinturões de fome no mundo.
A pobreza domina a maior parte do Sahel
A HIDROGRAFIA DA ÁFRICA
  Em um continente atravessado por desertos, os rios ganham um significado exemplar. Esse é o caso da África.
  O Rio Nilo disputa com o Amazonas o primeiro lugar em extensão no mundo: 6.695 quilômetros, de acordo com pesquisas recentes. É formado pela confluência do Nilo Branco, que nasce no Lago Vitória, entre Uganda e Ruanda, com o Nilo Azul, que tem sua nascente no Lago Tana, na Etiópia. Esses dois rios encontram-se em Cartum, capital do Sudão, formando um único leito, que continua seu trajeto para o norte, até formar um imenso delta e desaguar no Mediterrâneo.
Rio Nilo
  Historicamente importante, pois em suas margens desenvolveu-se a civilização egípcia, esse rio atravessa cerca de 2 mil quilômetros do Deserto do Saara, sendo suas águas fundamentais para a sobrevivência das populações ribeirinhas.
Rio Nilo cortando a cidade do Cairo - Egito
  Outro rio de grande importância no continente africano é o Congo, o segundo da África em volume de água e em extensão (4.380 quilômetros). Com uma drenagem de 80 mil metros cúbicos por segundo, só perde para o Amazonas em volume de água. Tem sua nascente nas montanhas do Rift Valley, e seu percurso estabelece a fronteira entre a República Democrática do Congo e o Congo, desaguando no Oceano Atlântico, na fronteira entre Congo e Angola.
Rio Congo
  O terceiro maior rio africano é o Níger. Acredita-se que esse nome seja originário da expressão tuaregue gher n'gheren, que significa "rio dos rios". Com 4 mil quilômetros de extensão, drena inúmeros países da porção ocidental africana. Nasce no Maciço de Fouta D'jalon, ao sul do Saara, desaguando num enorme delta na Nigéria.
Rio Níger em Kulikoro - Mali
FONTE: Araújo, Regina. Observatório de geografia: 8° ano: fronteiras e nações / Regina Araújo, Ângela Corrêa da Silva, Raul Borges Guimarães. - São Paulo: Moderna, 2009.

6 comentários:

  1. Parabéns, professor! Ótimas abordagens... Vou indicar o seu blog para os meus alunos pesquisarem. Dá uma passadinha no meu: www.showgrafia.blogspot.com. A minha proposta é postar sugestões metodológicas que favoreçam a construção do conhecimento. Abraços... Cida Perrout

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  2. ok, obrigado professora Cida, também vou indicar seu blog para os meus alunos. Abraços

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  3. muito interessante, com uma leitura deliciosa, imagens belíssimas e uma linguagem bastante concisa e clara, gostei muito do blog professor! :)))

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