A Comuna de Paris foi a primeira experiência de governo operário da história. Diferentemente de experiências anteriores - em que trabalhadores integrantes de outras camadas populares participaram de levantes, como a Revolução Francesa ou a Primavera dos Povos, mas não haviam chegado a governar isoladamente e, na maioria das vezes, tinham sido reprimidos depois das mudanças iniciais -, a Comuna foi iniciada e conduzida por trabalhadores, populares e intelectuais ligados ao movimento operário.
A formação da Comuna estava relacionada ao processo de unificação da Alemanha. Em 1870, após a vitória alemã sobre a França na guerra Franco-Prussiana e a queda do imperador francês Napoleão III, Otto von Bismarck enviou seu exército para cercar a cidade de Paris. No entanto, muitos dos moradores da capital, especialmente das classes populares, formaram uma guarda nacional e resistiram ao invasor.
Em janeiro de 1871, Louís Adolphe Thiers, líder do Governo Provisório de Defesa Nacional, negociou com Bismarck uma rendição. Os parisienses, no entanto, não aceitaram esse acordo e, no mês de março, conseguiram depor o governo, que se transferiu para a cidade de Versalhes. Eles então proclamaram a Comuna de Paris.
Barricada construída durante a Comuna de Paris, em 18 de março de 1871. A barricada foi o símbolo da Comuna de Paris, usada para proteger seus integrantes dos ataques das tropas de Thiers |
Esse governo organizou-se de forma autônoma e popular, sendo administrado diretamente pelos trabalhadores e por pessoas ligadas ao movimento operário, que eram eleitas por sufrágio universal. O governo popular tomou uma série de medidas com o objetivo de atender às reivindicações dos trabalhadores. De acordo com relatos da época, a cidade de Paris passou por um período de paz e intensa politização durante os dois meses desse governo.
Nesse sentido, a Comuna promoveu ações que beneficiavam os mais pobres, como o congelamento do preço dos gêneros de primeira necessidade e dos aluguéis, a ocupação de imóveis vazios e de fábricas abandonadas, a abolição dos descontos salariais, a redução da jornada de trabalho, o fim do trabalho noturno e a instituição do ensino laico e gratuito, com a fundação de diversas escolas. Além disso, a Comuna tentou levar adiante uma revolução cultural, a fim de eliminar a divisão entre trabalho manual e intelectual, a opressão das mulheres pelos homens e a opressão das crianças pelos adultos.
Enquanto a Comuna dirigia Paris, o governo de Versalhes se aliou ao Exército prussiano, que era seu rival até dois meses antes, para derrotar o governo popular. Entre 21 e 28 de maio de 1871, as tropas do governo de Versalhes atacaram Paris, pondo fim ao movimento. Estima-se que cerca de 20 mil pessoas tenham sido executadas e mais de 50 mil tenham sido presas em represália.
Consequências da Comuna de Paris
O movimento operário do mundo todo enxergou a Comuna de Paris como referência e uma possibilidade real de chegar-se ao poder. Além disso, no campo ideológico, reforçou-se a tese marxista da luta de classes, de que os trabalhadores só conseguirão livrar-se da exploração burguesa mediante o enfrentamento de quem estiver no poder.
O confronto entre as tropas do governo francês e os integrantes da Comuna de Paris foi marcado pela violência e destruição |
REFERÊNCIA:
HIGA, Carlos César. Comuna de Paris: Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.br/historiag/comuna-paris.htm. Acesso em 19 de agosto de 2024
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