A ideia de nação está associada à criação de um sentimento de pertencimento, bem como à construção de uma consciência coletiva de valores e de tradições históricas e culturais - como a língua, a religião, os "heróis nacionais", o hino, a bandeira, as especialidades culinárias e os movimentos culturais. Esse conjunto de elementos concebidos, sejam eles simbólicos ou materiais, gera o que pode ser chamado de identidade nacional. Nesse sentido, a nação é entendida como algo que une todos os seus integrantes, de modo que as classes sociais, os regionalismos e a diversidade étnico-cultural são submetidos a ela.
A nação brasileira resultou de um projeto político iniciado em 1822, com a proclamação da independência do Brasil e com a consolidação do Estado brasileiro. O Estado investiu, ao longo do tempo, tanto na consolidação da integridade territorial quanto no desenvolvimento do sentimento de identidade entre os brasileiros. A constituição da identidade brasileira, porém, é fruto de um processo histórico de longa duração que só foi viabilizado, em parte, pela violenta supressão de direitos e pela negação da cultura e da identificação étnica de muitos povos que foram escravizados, principalmente indígenas e africanos.
Diante da repressão, povos e etnias subjugados organizaram movimentos de resistência com o objetivo de preservar a sua cultura e os seus valores, transformando o Brasil em uma nação etnicamente diversa e multicultural. Embora mantenha apenas uma língua oficial, o país conserva a riqueza das culturas originais, da fusão entre elas e de outras que a elas se somaram. Essa riqueza se manifesta, por exemplo, nas artes plásticas, na música, na literatura, nos costumes, no modo de falar, na culinária e na religião.
Comunidade quilombola de Inhapi - AL |
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), órgão responsável pelo levantamento de dados estatísticos oficiais no Brasil, classifica os brasileiros em cinco grandes grupos de cor: brancos, pardos, pretos, amarelos e indígenas. Ao responder ao questionário do censo ou a outras pesquisas do instituto, cada pessoa pode se declarar pertencente a qualquer uma dessas categorias, uma vez que o IBGE não adota um critério objetivo de distinção entre elas.
Entre 2013 e 2017, ocorreu um aumento de 20% do número de brasileiros que se autodeclararam pretos. Nesse mesmo período também ocorreu um crescimento daqueles que se declararam pardas e uma diminuição dos que se declararam brancas.. De acordo com o Censo Demográfico de 2022, cerca de 92,1 milhões de pessoas se declararam pardas, o que corresponde a 45,3% da população brasileira; 88,2 milhões se declararam brancas (43,5%); 20,6 milhões se declararam pretas (10,2%); 1,7 milhão se declararam indígenas (0,8%); e 850,1 mil se declararam amarelas (0,4%). Essas estatísticas refletem o trabalho de diversos movimentos sociais em ações de valorização de autoidentidade, afirmando e fortalecendo as raízes africana e indígena da sociedade nacional.
A denominação "pardo" é muito genérica e costuma ser adotada para se referir a indivíduos descendentes da miscigenação entre negros, indígenas e brancos, reconhecidos como os principais grupos étnicos que deram origem à população brasileira.
Pela primeira vez a população que se declarou parda superou a que se declarou branca, de acordo com o Censo do IBGE 2022 |
REFERÊNCIA:
PENA, Rodolfo F. Alves. O que é nação. Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/geografia/o-que-e-nacao.htm. Acesso em: 28 de julho de 2024.