terça-feira, 18 de maio de 2021

SEICHELES: UM PEQUENO PAÍS INSULAR DA ÁFRICA

  Seicheles é um país insular do continente africano, localizado no Oceano Índico ocidental, possuindo 115 ilhas distribuídas entre vários arquipélagos. Além das Ilhas Seicheles, outras ilhas importantes do país são: Amirante, Farcuar, Aldabra, entre outras. Os vizinhos mais próximos do país são: Madagascar, Ilhas Maurício, Comores, Maiote e Ilhas Gloriosas. Vitória é a capital do país.

Mapa de localização de Seicheles

HISTÓRIA

  Os primeiros humanos a visitarem as Seicheles foram os austronésios, originários do Sudeste Asiático e que são considerados os grandes navegantes da Pré-História, e mercadores árabes.

  Os primeiros ocidentais a pisarem nas ilhas foram os portugueses, no início do século XVI. Em 1502, em sua segunda viagem à Índia, o Almirante Vasco da Gama chegou às ilhas, batizando-as de Ilhas do Almirante, em sua própria homenagem. As Ilhas Almirante são um conjunto de ilhas coralinas que fazem parte das Seicheles e que estão na parte mais ocidental do país.

  Durante quase dois séculos, as Seicheles estiveram praticamente abandonadas e serviam  como refúgio para os piratas.

  Em 1742, o francês Lazare Picault explorou as ilhas e nomeou-a muitas delas, denominações, como Mahé e Santa Ana, que perduram até os dias atuais.

Anse Source d'Argent, em La Digue

  Em 1756, outro francês, Nicolas Morphey, tomou posse das ilhas em nome da França e chamou-as de Sechelles, em homenagem ao Intendente Moreau de Sechelles. Nesse mesmo ano, as ilhas passaram a fazer parte da Companhia Francesa das Índias Orientais.

  A partir de 1768, os franceses começaram a enviar colonos, escravos e trabalhadores indianos procedentes das ilhas Maurício e Reunião, principalmente para a exploração agrícola.

  Enquanto pertenceram à Companhia Francesa das Índias Orientais, as Seicheles se converteram em um importante centro produtor de copra, cana-de-açúcar, mandioca, café, tabaco, baunilha, pimenta e canela.

  Em 1778, Charles de Romainville fundou uma colônia em Mahé, a ilha mais importante do arquipélago, que se converteria na cidade de Vitória, atual capital do país. Napoleão Bonaparte escolheu o território como prisão para os deportados políticos.

Praia em Mahé

  Em 1810, após a Guerra Franco-Britânica, as ilhas foram ocupadas pelos britânicos, o que foi ratificado pelo Tratado de Paris de 1814-1816. O governo britânico incorporou-as ao Império e as Seicheles passaram a depender administrativamente das Ilhas Maurício, situação que perdurou até 1903.

  Em 1835, a escravidão foi abolida nas Ilhas Seicheles, o que propiciou uma migração massiva de trabalhadores hindus. Em 1903, o governo britânico criou o cargo de Governador. As Seicheles receberam o Estatuto Colonial, passando a depender diretamente de Londres, e não mais das Ilhas Maurício.

Praia de Anse Intendance, em Mahé

  Em 1976, as Seicheles se converteram em uma república independente, integrando-se na Commonwealth (Comunidade Britânica de Nações). O primeiro presidente foi James Richard Marie Mancham. Em 1977, um golpe de Estado de ideologia socialista, com o apoio da União Soviética, deu o poder a France-Albert René, que governaria o país até abril de 2004.

  Após o golpe de Estado de 1977, estabeleceu-se um sistema unipartidarista que se manteve até 1991, ano em que o partido único no poder aprovou a participação de outros partidos políticos nas eleições.

  Atualmente, as Seicheles têm um sistema político multipartidário, constituído por um presidente como chefe de Estado e Governo, que dirige um gabinete de 13 ministros. Já o Poder Legislativo é atribuído à Assembleia Nacional, com 32 membros.

Praia La Digue, uma das praias mais visitadas do país

GEOGRAFIA

  As Seicheles localizam-se a noroeste de Madagascar e a 1.593 quilômetros a leste de Mombaça, no Quênia. Encontra-se entre 4º e 5º Sul, e 55º e 56º Leste. O número de ilhas do arquipélago é muitas vezes dado como 115, mas a Constituição da República das Seicheles lista 155. As ilhas, segundo a Constituição, estão divididas em vários grupos:

  • 42 ilhas graníticas, num grupo interior, que se estende num raio de 90 quilômetros de Mahé, a maior ilha do arquipélago e onde se encontra a capital, Vitória, com altitudes que chegam aos 940 metros;
  • duas pequenas ilhas rasas (cayos) de coral de areia, a norte das ilhas graníticas;
  • duas ilhas coralinas a sul das graníticas;
  • 29 ilhas coralinas no grupo das Amirantes, a oeste das graníticas;
  • 67 ilhas coralinas sobrelevadas no Grupo Aldabra, a oeste do Grupo Farcuar;
  • 13 ilhas coralinas no Grupo Farcuar, a sul-sudoeste das Amirantes.

  O Grupo Granítico consistem em 42 ilhas de origem granítica, situadas em um raio de 56 quilômetros da ilha principal, Mahé. São ilhas rochosas, a maioria tem uma frágil e  estreita costa e um núcleo central de colinas que se elevam até 914 metros. As ilhas mais importantes deste grupo são: Mahé, Praslin, Silhouette, La Digue, Fregate, Cousine, North e Aride.

  As ilhas coralinas espalham-se numa área até 1.200 quilômetros de nordeste a sudoeste, são planas e não possuem água doce. As principais ilhas desse grupo são: Bird e Denis.

Visão aérea da ilha de Mahé, a maior ilha das Seicheles

  O clima dominante na ilha é o tropical, com umidade elevada e com temperaturas amenas entre maio e setembro devido às monções vindas do sudeste. A monção noroeste é de março a maio, onde as temperaturas são mais elevadas. A média pluviométrica é de 2.900 milímetros nas áreas mais baixas e 3.600 milímetros nas montanhas.

  As Seicheles são parte da meseta granítica Mascarenha, que interrompe a placa tectônica Indiana. Esta formação está associada ao ponto quente da Ilha Reunião, responsável pela formação da Ilha Reunião e as Trampas do Decã, no interior da Índia. O ponto mais elevado do país é o Morne Seychellois, com uma altitude de 905 metros.

Morne Seychellois - ponto mais elevado das Seicheles

  Devido a seu isolamento, as Seicheles possui várias espécies endêmicas, como o coco-do-mar (Lodoicea maldivica), a palmeira com as maiores sementes do reino vegetal e que cresce somente na ilha Praslin e na sua vizinha Curieuse; cinco outras espécies de palmeiras e a maior população de tartarugas gigantes do mundo.

  A legislação ambiental das Seicheles é muito restrita e todo o turismo projetado está sujeito a uma revisão ambiental e a um longo processo de consulta com o público e os conservacionistas. As ilhas são líderes mundiais em turismo sustentável.

Coco-do-mar (Praslin)

  As ilhas graníticas das Seicheles são o lar de cerca de 75 espécies vegetais endêmicas. A árvore-medusa encontra-se apenas em alguns locais atualmente. Esta estranha e antiga planta resistiu a todos os esforços efetuados para a sua propagação. Dentre as espécies vegetais endêmicas das Seicheles, outra que se destaca é a gardênia-de-wrights, encontrada apenas na Reserva Especial da Ilha de Aride.

As densas florestas da ilha de Mahé

  As tartarugas-gigantes-de-aldabra povoam muitas das ilhas das Seicheles, sendo a população de Aldabra a maior do mundo. Estes quelônios peculiares podem ser encontrados até como grupos populacionais vivendo em cativeiro.

  As Seicheles abrigam algumas das maiores colônias de aves marinhas do mundo. A vida marinha em volta das ilhas, em especial as ilhas coralíneas mais remotas, abrigam mais de mil espécies de peixes já registrados. Desde que a utilização de arpões e dinamites na pesca foi banida, a vida selvagem vem aumentando nas ilhas.

Tartarugas-gigantes-de-aldabra

DEMOGRAFIA

  Segundo estimativas da população para 2021, as Seicheles possuem uma população de 98.828 habitantes, a maioria concentrada na ilha de Mahé. O arquipélago era desabitado até o século XVI, sendo que a população atual é formada por descendentes de franceses e de imigrantes indianos, africanos e chineses.

  O francês e o inglês são os idiomas oficiais do país, seguido pelo seichelense, que se baseia no francês e é o idioma mais falado nas Seicheles, seguido pelo francês e inglês, sendo que 87% da população fala seichelense, 51% fala o francês e 38% fala o inglês, que é usado principalmente como a língua de negócios e do comércio.

  Cerca de 87% da população é cristã. Outras religiões praticadas no país são o hinduísmo e o islamismo. Cerca de 5% da população do país não pratica nenhuma religião.

  O país se destaca também por ser o que mais vacinou sua população contra a Covid-19.

Ilha de Anse Royale

CULTURA

  A sociedade seichelense é essencialmente matriarcal. As mães tendem a ter um papel dominante no lar, controlando a maioria das despesas correntes e ocupando-se dos interesses das crianças. As mães solteiras são a norma social, e a lei obriga os pais a assegurar a alimentação dos filhos. Os homens são importantes pela capacidade de ganhar dinheiro, mas o seu papel doméstico é relativamente periférico. As mulheres mais velhas podem, habitualmente, contar com o suporte financeiro dos membros da família que vivem em casa ou contribuições dos ganhos dos filhos maiores de idade.

  A educação é obrigatória até os 16 anos e gratuita até os 18 anos. Os estudantes devem pagar por uniformes, mas não por livros ou mensalidades. As crianças são ensinadas primeiro a ler e escrever em crioulo. A partir do terceiro ano, o inglês é usado como idioma de ensino em determinados assuntos. O francês é introduzido no sexto ano.

Pescadores seichelenses após a pesca

ECONOMIA

  Em 1971, com a abertura do Aeroporto Internacional de Seicheles, o turismo tornou-se uma indústria significativa, dividindo essencialmente a economia entre plantações e turismo. O turismo emprega aproximadamente 30% da população economicamente ativa (PEA) e 70% das receitas em moeda forte.

  Nos últimos anos, o governo incentivou o investimento estrangeiro para atualizar hotéis e outros serviços. Esses incentivos deram origem a uma enorme quantidade de investimento em projetos imobiliários e novas propriedades de resort. Apesar do seu crescimento, a vulnerabilidade do setor turístico foi afetada pela forte queda de 1991-1992, devido em grande parte à Guerra do Golfo.

  Desde então, o governo passou a reduzir a dependência do turismo, promovendo o desenvolvimento da agricultura, pesca, manufatura em pequena escala e, mais recentemente, o setor financeiro offshore, por meio do estabelecimento da Autoridade de Serviços Financeiros e da promulgação de vários atos legislativos.

Ilha de Grand Soeur

ALGUNS DADOS SOBRE SEICHELES

NOME: República das Seicheles
INDEPENDÊNCIA: do Reino Unido, em 29 de junho de 1976
CAPITAL: Vitória
Vitória - capital de Seicheles
GENTÍLICO: seichelense
LÍNGUA OFICIAL: inglês, francês e crioulo de Seicheles
GOVERNO: República Presidencialista
LOCALIZAÇÃO: África (Oceano Índico)
ÁREA: 455 km² (180º)
POPULAÇÃO (ONU - Estimativa para 2021): 98.828 habitantes (183°)
DENSIDADE POPULACIONAL: 217,2 hab./km² (47º). Obs: a densidade demográfica, densidade populacional ou população relativa, é a medida expressa pela relação entre a população total e a superfície de um determinado território.
CRESCIMENTO POPULACIONAL (ONU - Estimativa 2021): 0,49% (165°). Obs: o crescimento vegetativo, crescimento populacional ou crescimento natural é a diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade de uma determinada população e é contada da maior para a menor.
CIDADES MAIS POPULOSAS (Estimativa para 2021):
Vitória: 27.902 habitantes
Vitória - capital e maior cidade de Seicheles
Anse Boileau: 4.183 habitantes
Anse Boileau - segunda maior cidade de Seicheles
Bel Ombre: 4.163 habitantes
Bel Ombre - terceira maior cidade de Seicheles
PIB (FMI - 2020): US$ 1,583 bilhão (172º). Obs: o PIB (Produto Interno Bruto), representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região (quer sejam países, estados ou cidades), durante um período determinado (mês, trimestre, ano).
PIB PER CAPITA (FMI 2020): U$ 17.052 (48°). Obs: o PIB per capita ou renda per capita é o Produto Interno Bruto (PIB) de um determinado lugar dividido por sua população. É o valor que cada habitante receberia se toda a renda fosse distribuída igualmente entre toda a população. 
IDH (ONU - 2020): 0,796 (67º) Obs: o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é uma medida comparativa usada para classificar os países pelo seu grau de desenvolvimento econômico e a qualidade de vida oferecida à população. Este índice é calculado com base em dados econômicos e sociais, variando de 0 (nenhum desenvolvimento humano) a 1 (desenvolvimento humano total). Quanto mais próximo de 1, mais desenvolvido é o país. No cálculo do IDH são computados os seguintes fatores: educação (anos médios de estudos), longevidade (expectativa de vida da população) e PIB per capita. A classificação é feita dividindo os países em quatro grandes grupos: baixo (de 0,0 a 0,500), médio (de 0,501 a 0,800), elevado (de 0,801 a 0,900) e muito elevado (de 0,901 a 1,0).
Mapa do IDH no mundo
EXPECTATIVA DE VIDA (OMS - 2020): 75,2 anos (80°). Obs: a expectativa de vida refere-se ao número médio de anos para ser vivido por um grupo de pessoas nascidas no mesmo ano, se a mortalidade em cada idade se mantém constante no futuro, e é contada da maior para a menor.
TAXA DE NATALIDADE (ONU - 2020): 13,4/mil (140º). Obs: a taxa de natalidade é a porcentagem de nascimentos ocorridos em uma população em um determinado período de tempo para cada grupo de mil pessoas, e é classificada do maior para o menor.
TAXA DE MORTALIDADE (CIA World Factbook - 2020): 7,1/mil (121º). Obs: o índice de mortalidade reflete o número de mortes registradas, em média por mil habitantes, em uma determinada região em um período de tempo, e é contada da maior para a menor.
TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL (CIA World Factbook - 2020):  9,7/mil (89°). Obs: a taxa de mortalidade infantil refere-se ao número de crianças que morrem no primeiro ano de vida entre mil nascidas vivas em um determinado período, e é classificada do menor para o maior.
Mapa com um gráfico que apresenta a taxa de mortalidade infantil dos países
TAXA DE FECUNDIDADE (CIA World Factbook - 2021): 1,82 filhos/mulher (147°). Obs: a taxa de fecundidade refere-se ao número médio de filhos que a mulher teria do início ao fim do seu período reprodutivo (15 a 49 anos), e é classificada do maior para o menor.
Mapa com a taxa de fertilidade dos países
  7-8 crianças
  6-7 crianças
  5-6 crianças
  4-5 crianças
  3-4 crianças
  2-3 crianças
  1-2 criança(s)
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2020):  91,8% (128º). Obs: essa taxa refere-se a todas as pessoas com 15 anos ou mais que sabem ler e escrever.
Mapa com o índice de alfabetização
TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2020): 57,5% (106°). Obs: essa taxa refere-se a porcentagem da população que mora nas cidades em relação à população total.
Mapa com o índice de urbanização entre os países
MOEDA: Rúpia das Seicheles
RELIGIÃO: Igreja Católica nas Seicheles (76,3%), protestantes (10,5%, sendo 6,1% de anglicanos, 1,5% de pentecostais, 1,2% de adventistas do sétimo dia e 1,7% de outras religiões protestantes), outros cristãos (2,4%), hinduísmo (2,4%),  islamismo (1,6%), outras religiões não-cristãs (1,1%), sem religião (4,8%), ateísmo (0,9%).
DIVISÃO: Seicheles está dividido em 26 distritos, todos, exceto um, estão localizados  em um grupo de ilhas chamadas "ilhas internas". As "ilhas externas" (Zil Elwannyen Sesel) constituem o distrito mais recente. Oito distritos constituem a Grande Vitória, região metropolitana da capital localizada na ilha de Mahé; 14 distritos estão localizados na parte rural da ilha de Mahé; dois distritos estão na ilha Praslin; um distrito na ilha La Digue (incluindo as pequenas ilhas ao seu redor). Os distritos são (os números correspondem aos distritos no mapa): Ilhas Mahé: 1. Anse aux Pins 2. Anse Boileau 3. Anse Etoile 4. Au Cap 5. Anse Royale 6. Baie Lazare 8. Beau Vallon 9. Bel Air 10. Bel Ombre 11. Cascata 12. Glacis 13. Grand'Anse 16. Rio Inglês 17. Mont Buxton 18. Mont Fleuri 19. Plasance 20. Pointe La Rue 21. Port Glaud 22. Saint Louis 23. Takamaka 24. Les Mamelles 25. Roche Caiman; Ilhas Praslin: 7. Baie Sainte Anne 14. Grand'Anse Praslin; Ilhas La Digue: 15. La Digue e Ilhas Internas; Ilhas Exteriores: 26. Ilhas Exteriores.

Divisão dos distritos de Seicheles


terça-feira, 11 de maio de 2021

A VEGETAÇÃO DOS DESERTOS

   Os desertos são locais que possuem poucas condições para sobrevivência, sobretudo a habitação humana. São regiões com clima árido, baixos índices pluviométricos e que contam com poucos recursos alimentares imediatamente disponíveis.

  Os desertos encontram-se nas proximidades dos trópicos de Câncer e Capricórnio e se caracteriza pelo contraste de temperatura durante o dia e à noite, podendo variar de 50°C no período de insolação intensa (dia) a temperaturas próximas de 0°C ou negativas à noite. Essas áreas são sujeitas à aridez por se localizarem em zonas de alta pressão, onde o ar seco dificulta a ocorrência de chuvas.

Em destaque no mapa, as principais áreas desérticas do mundo

  Nessas regiões, em função da limitação imposta pela escassez de chuva, desenvolvem-se plantas adaptadas à falta de água (chamadas xerófilas). Além da baixa umidade relativa do ar e do alto índice de evaporação (causado pela radiação solar intensa durante o dia), a escassez de água nos desertos também ocorre porque os solos são predominantemente arenosos. Nesses casos, a água das chuvas que não evapora se infiltra rapidamente nas camadas mais profundas. São solos com pouca matéria orgânica, ou seja, pouco férteis. O solo arenoso propicia grande reflexão e menor absorção da radiação solar, contribuindo para a queda de temperatura durante a noite.

Dunas do Deserto de Namibe, Angola

  Os solos dos desertos são formados através de um processo de erosão eólica, que é caracterizado pela presença de minerais e pouca matéria orgânica. O composto principal que forma esse solo é a areia, disponível de forma abundante em lençóis e bancos de areia.

  O solo com rochas é muito comum. Além disso, é possível aparecer planícies cobertas de sal por causa do ressecamento de lagos no deserto, que são originados da chuva ou água do degelo. Esses lagos são rasos e sua água salgada.

Paisagem típica do Deserto de Neguev, em Israel, com areias de múltiplas cores e rios secos, ocasionalmente inundados no inverno por instantâneas enchentes

  Predomina uma vegetação rasteira, com a presença de arbustos isolados e cactáceas. Muitas plantas desenvolvem espinhos no lugar de folhas, cujo objetivo é diminuir a perda de água pela transpiração, e armazenam grande quantidade de água em seu caule. Suas raízes podem ser rasteiras, funcionando como um guarda-chuva invertido para reter a água das chuvas antes que ela se infiltre no solo, ou finas e profundas, para captar água no subsolo, já que o lençol freático, quando existe, fica distante da superfície. Nas margens dos rios e nas áreas em que o lençol freático se aproxima da superfície, há maior abundância de vegetação.

Vegetação do Deserto Australiano, com o Monte Conner ao fundo

  É comum também aparecer nos desertos, os oásis, que são áreas isoladas de vegetação, tipicamente vizinho a uma nascente de água doce, irrigadas por fontes subterrâneas, poços ou por irrigação.

  O local de um oásis tem sido de importância crítica para rotas de comércio e caravanas nas áreas desérticas. Caravanas devem mudar de oásis de acordo com a necessidade de água ou comida. O controle político ou militar de um oásis significa em muitos casos controle do comércio ou de uma rota em particular.

  Os oásis são frequentemente o único lugar nos desertos que permitem ao homem efetuar plantios e fixar moradia permanente.

Oásis de Huacachina, no Peru

  Os desertos podem ser quentes ou frios. Os maiores desertos quentes são o do Saara, no norte da África, que é o maior do mundo; o Grande Deserto de Areia, na Austrália; o Kalahari, que vai do sul de Angola ao norte da África do Sul; o da Arábia, na Arábia Saudita; e o do Atacama, no Chile.

Deserto do Saara, no Maciço de Tadrart Acacus, Líbia

  Os desertos frios localizam-se na região central dos continentes da Ásia e América. Eles se caracterizam por apresentar um período frio durante parte do ano, quando ocorrem as chuvas, além dos verões quentes. Dentre os desertos frios se destacam: o Deserto de Gobi, entre a China e a Mongólia, o Deserto de Great Basin, nos Estados Unidos, e o Deserto da Patagônia, na Argentina.

Deserto de Gobi, na Mongólia

segunda-feira, 10 de maio de 2021

A FLORESTA BOREAL

  A Floresta Boreal, também chamada de Floresta de Coníferas ou Taiga, é um bioma formado principalmente por plantas do tipo coníferas. Localiza-se no Hemisfério Norte do planeta, abrangendo áreas da Ásia (Sibéria e Japão), América do Norte (Alasca, Canadá, sul da Groenlândia) e Europa (Península Escandinava).

  Essa formação vegetal é esparsa, com características de bosque, e dominada por algumas espécies como os pinheiros e outras árvores que produzem pinha na forma de cone. Por isso, essas árvores são chamadas de coníferas (do latim coniferae, que significa "cone"). Há pouquíssima vegetação rasteira, embora líquens, arbustos e musgos sejam fáceis de encontrar. É possível aparecer, em algumas áreas, bétulas e faias pretas.

Mata de Taiga no Alasca

  A menor densidade de vegetação e de variação no número de espécies das florestas boreais em comparação com as tropicais ocorre porque, durante o inverno, essas florestas ficam com o solo coberto por neve (permafrost), o que dificulta o crescimento de vegetação de pequeno e médio porte.

  A grande quantidade de pinheiros ajuda a conservar um pouco da umidade e do calor, uma vez que as folhas aciculifoliadas (folhas em forma de agulha) das árvores possui uma película cerosa que facilita esta condição. É justamente esta característica que permite a realização de fotossíntese durante o inverno.

Taiga na Sibéria, Rússia

  O clima da região em que a taiga se encontra é o subártico, caracterizado por um inverno muito frio, longo e seco, com temperaturas que chegam a -50ºC, e nessa estação ocorre a chamada "noite polar" (fenômeno no qual os raios solares não chegam a atingir o horizonte). O verão é curto e úmido, os dias são mais longos e as temperaturas podem atingir os 20°C. Nessa estação ocorre o chamado "sol da meia-noite" (fenômeno no qual os raios solares iluminam 24 horas essa parte do planeta). As chuvas são pouco frequentes, geralmente ocorre na forma de neve. Durante o verão ocorre o degelo, formando lagos, pântanos e brejos. O solo é raso, pobre em nutrientes e coberto por folhas.

Floresta Boreal no Canadá

  À medida que se aproxima do Polo Norte, a Taiga vai diminuindo, dando lugar à Tundra (vegetação rasteira que aparece durante o curto verão polar). Há entre esses biomas uma zona de transição, onde pouco a pouco o colorido das coníferas é substituído pelas gramíneas e arbustos baixos da Tundra.

  Na Taiga, as principais coníferas encontradas são os pinheiros, abetos, larícios e espruces. Essa vegetação possui algumas adaptações para sobreviver em regiões frias. As folhas permanecem vivas durante todo o ano e não caem. Porém, algumas coníferas possuem folhas do tipo caducifólias ou decíduas (que perdem suas folhas numa certa estação do ano) para evitar a perda de água, como é o caso dos larícios.

  Guaxinins, alces, renas, veados, ursos, lobos, raposas, linces, martas, esquilos, lebres, castores e uma diversidade de aves compõem a fauna da Taiga.

  A atividade econômica na região de Taiga é bastante intensa, pois a madeira é bastante utilizada para a produção de papel e celulose, principalmente no Canadá e na Rússia.

Floresta Boreal na Noruega

domingo, 9 de maio de 2021

O PLANETA ANÃO PLUTÃO

  Plutão é um planeta anão do Sistema Solar, o nono maior e décimo mais massivo objeto observado diretamente orbitando o Sol. Originalmente classificado como um planeta, Plutão é atualmente o maior membro conhecido do Cinturão de Kuiper, uma região de corpos além da órbita de Netuno.

  Plutão é composto primariamente de rocha e gelo, sendo relativamente pequeno, com aproximadamente um quinto da massa da Lua e um terço de seu volume. A massa de Plutão é de 1,32x10²² kg, menos de 0,24% da massa da Terra. A principal das cinco luas a orbitar Plutão é Caronte. Caronte é quase tão grande quanto Plutão e demora seis dias terrestres para completar o movimento de rotação.

Comparação entre os pares Terra-Lua e Plutão-Caronte (abaixo à direita)

  Plutão foi descoberto em 1930 por Clyde Tombaugh e até 2006 foi considerado o nono planeta do Sistema Solar. A partir de 1992, com a descoberta de vários outros objetos similares a ele no Sistema Solar externo, sua classificação como um planeta começou a ser questionada, especialmente após a descoberta, em 2005, de Éris, que possui uma massa 27% maior que a de Plutão. Em 2006, a União Astronômica Internacional (IAU), criou uma definição formal do termo "planeta", a qual fez Plutão deixar de ser planeta e passar a ser chamado de planeta anão, juntamente com Éris e Ceres. Foram anos de intenso debate, e a votação envolveu 424 astrônomos.

  De acordo com a IAU, há três categorias principais de objetos no Sistema Solar:

  • Planetas - os oito grandes que fazem parte do Sistema Solar: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno;
  • Planetas-anões - qualquer objeto circular que não seja um satélite, e que não tenha "limpado" a vizinhança em torno de sua órbita;
  • Pequenos corpos - todos os outros objetos que orbitam o Sol.

  Segundo a nova definição, planeta é um objeto esférico que orbita o Sol, mas não é satélite de outro planeta e que não compartilha sua órbita com nenhum outro objeto significativo. Foi por isso que Plutão acabou sendo rebaixado para a condição de planeta anão.

Comparação de tamanho entre Plutão e alguns objetos transneptunianos

  Plutão tem cinco luas conhecidas: Caronte (a maior, com metade do diâmetro de Plutão), Estige, Nix, Cérbero e Hidra. Plutão e Caronte são às vezes considerados um planeta binário, porque o baricentro de suas órbitas não se encontra em nenhum dos corpos, e sim no espaço livre entre eles.

  Um dia plutoniano demora 153 horas terrestres (cerca de seis dias) e acontece por meio do movimento de rotação. Um ano plutoniano corresponde a 248 anos terrestre. Isso corresponde ao tempo que ele leva para completar uma volta em torno do Sol através do movimento de translação

Ilustração do movimento de rotação Plutão-Caronte

  Plutão tem semelhanças igual a um cometa, porque sua atmosfera é frágil e se expande quando está mais próximo ao Sol. Ao mesmo tempo, ele executa o movimento inverso quando está distante, contraindo-se.

  Plutão é constituído por um núcleo rochoso sobre um manto de gelo e metano congelados. A temperatura estimada do planeta é de 220ºC negativos. Ele está localizado numa zona do espaço denominada Cinturão de Kuiper. O local é preenchido por milhares de corpos celestes congelados em miniatura e denominados "objetos transnetunianos". Ali, ele chega a cruzar com Netuno na órbita em torno do Sol.

  A órbita de Plutão é bastante elíptica e chega a aproximar-se do Sol mais que Netuno. Quando está próxima ao Sol, a superfície gelada do planeta se derrete temporariamente.

Caronte - a maior lua de Plutão

quarta-feira, 5 de maio de 2021

CRIAÇÃO DE GALINHA CAIPIRA: UM NEGÓCIO BASTANTE RENTÁVEL

   A criação de galinha caipira é, atualmente, um dos negócios mais rentáveis  no campo. É uma criação de fácil manejo, lucro rápido e que pode ser criado, não só na zona rural, como também na zona urbana. Porém, é preciso ter bastante cuidado para evitar que o negócio não dê certo, como o local onde será instalado a criação, o tipo de raça que se pretende criar (se ela será para postura ou corte), e a ração que será consumida pelas aves. Nesta postagem, apresentaremos algumas dicas para o sucesso na criação, bem como as principais raças criadas, tanto para a produção de ovos quanto para a produção de carne.

O que é a galinha caipira?

  O termo "galinha caipira" é utilizado na culinária brasileira para se referir ao galináceo doméstico criado em quintais e fazendas, diferente da criação industrial, que recebe o nome de "granja". É chamada, em alguns estados brasileiros, de "galinha de capoeira", "galinha crioula" e também de "caneludo".

  Segundo estudos, a galinha caipira se popularizou no Brasil, ainda nos primeiros séculos da colonização europeia, quando os tropeiros, durante as suas viagens, só comiam carne de sol e farinha. Quando retornavam para suas casas, desejavam comer algo diferente. Nesse contexto, as famílias preparavam o frango caipira acompanhado de pirão, arroz branco e feijão tropeiro. A galinha caipira era também utilizada para alimentar os escravos, no qual era servido com quiabo e com uma iguaria indígena, o angu.

Galinhas caipiras

Galinha caipira X galinha de granja

  A diferença entre galinha caipira e galinha de granja, é que a galinha caipira é criada solta, sem muito controle no seu desenvolvimento. Geralmente, possui uma alimentação variada, que vai desde o milho até restos de comidas e insetos. A galinha caipira é abatida entre 80 e 90 dias de vida, é menor e possui menos carne que a galinha de granja, porém, o sabor é bem mais diferenciado.

  A galinha de granja é criada com mais controle e supervisão, em um ambiente com temperatura, umidade e espaço favoráveis para seu desenvolvimento. O alimento da galinha de granja é totalmente vegetal, baseada em milho e soja e enriquecida com vitaminas e minerais. A galinha de granja é abatida entre 25 e 40 dias de vida em média, é maior e possui uma carne mais macia.

Galinha de granja

Dicas de sucesso na criação

  A limpeza e a higienização de equipamentos e instalações é essencial para o sucesso na criação de galinha, pois isso evita a proliferação de doenças, além de garantir o bem-estar e o conforto das aves. A higienização do local onde as galinhas são criadas deve ser feita a cada três meses ou quando houver a troca de lotes de aves.

  Outro cuidado que se deve ter na criação é a troca da cama de frango e a desinfecção do ambiente, além de manter limpo os comedouros e bebedouros das aves. O controle de doenças fisiológicas, patogênicas e parasitárias através da vacinação é outra dica importante para manter o criatório saudável.

  Outro fator que deve levar em conta para o sucesso da criação é se o produtor quer montar um criatório para a produção de carne ou de ovos. O espaço é outro fator essencial e deve ser o mais natural possível, e quanto maior o espaço, mais confortável os animais ficarão.

O ambiente é essencial para o sucesso da criação de galinha caipira

Principais doenças que atacam as galinhas

  Assim como toda criação, várias doenças também atacam as galinhas, algumas podem levar a uma grande mortandade. O manejo sanitário, a limpeza e a desinfecção das instalações e dos equipamentos do local em que as galinhas são criadas. Sempre que for trocar o lote no aviário, deverá também ser trocado a cama e desinfetado todo o aviário, pois os riscos de contaminação das aves são enormes. O mesmo cuidado deve-se ter se alguém comprar uma galinha com um criador desconhecido (principalmente se a galinha for comprada na feira). Se você comprar uma galinha de um criador desconhecido, o essencial é deixar a galinha separada das outras por no mínimo uma semana.

  Outra dica importante para o criador é que o mesmo precisa ter um bom conhecimento dos problemas sanitários de sua região, pois isso pode evitar o desperdício de tempo e dinheiro com medicamentos desnecessários. Em regime semiconfinado ou semi-intensivo, o ambiente apresenta-se menos estressante que em uma granja convencional. Abaixo, apresentamos algumas doenças comuns nas galinhas.

  • Doença de Gumboro

  A Doença Infecciosa da Bolsa (IBD), também conhecida como doença de Gumboro, bursite infecciosa e nefrose aviária infecciosa, é uma doença altamente contagiosa de galinhas e perus jovens causada pelo Vírus da Doença Infecciosa da Bolsa (IBDV), caracterizada por imunossupressão e mortalidade entre  3 e 6 semanas de idade. É economicamente importante para a indústria avícola em todo o mundo devido ao aumento da suscetibilidade a outras doenças. A infecção é por via oro-fecal, com a ave afetada excretando altos níveis do vírus por aproximadamente 2 semanas após a infecção. A doença é facilmente transmitida de galinhas infectadas para galinhas saudáveis por meio da comida, água e do contato físico entre elas.

  O vírus atua destruindo o tecido linfoide, resultando em imunodepressão, sendo altamente resistente fora do organismo da galinha e é eliminado por meio das fezes, podendo, no caso das poedeiras, contaminar o ovo. As vias diretas de penetração do vírus no organismo são a aérea, a ocular e a digestiva, enquanto que as indiretas são pela ração, pela água, pelos equipamentos e por insetos. A doença tem um período curto de incubação, ocorrendo de dois a três dias, e apresenta mortalidade variável, em torno de 30%, e a morbidade (apatia, tristeza), pode atingir todos os frangos e galinhas.

  Como medidas de prevenção, recomenda-se evitar que o criatório seja infectado pela doença, pois, uma vez contaminado, a eliminação dos patógenos é praticamente impossível e o local terá que conviver com a presença do vírus.

Pintinhos acometidos com a doença de Gumboro

  • Varíola ou Bouba Aviária

  A varíola ou bouba aviária é conhecida como "caroço" ou "pipoca", em virtude dos nódulos que se formam na face, crista, barbelas e outras partes expostas das aves, assemelhando-se a crostas ou verrugas, além de falsas membranas no trato digestivo e respiratório. Essa doença é disseminada por mosquitos, e é altamente virótica, sendo bastante comum no período do verão.

  As principais características dessa doença são lesões, falta de apetite, sonolência e aumento da mortalidade de galinhas e frangos caipiras.

  Essa doença não possui tratamento eficaz e, uma vez instalada, resta ao criador tratar as lesões com tintura de iodo glicerinado e antibióticos.

Galinha acometida com a bouba aviária

  • Doença de Newcastle

  A doença de Newcastle (DNC), também conhecida como pseudo-peste aviária, pneumoencefalite aviária, desordem respiratória nervosa e, a nível internacional, Newcastle disease, é uma enfermidade viral causada por um vírus altamente contagioso, espalhando-se por meio do ar e capaz de dizimar todo o lote. Os sintomas nas aves infectadas levam em torno de cinco dias para se manifestar, sendo os principais sintomas a encefalite, falta de apetite, resfriado, inspiração ruidosa com o bico aberto, diarreia constante e esverdeada, tremor nas pernas e torcicolo no pescoço.

  Não existe tratamento curativo, devendo-se seguir o programa de vacinação recomendado, além de promover o isolamento viral. A posterior caracterização é o método mais seguro de diagnóstico dessa doença.

Galinhas acometidas com a doença de Newcastle

  • Doença de Marek

  A doença de Marek (MD) é uma doença linfoproliferativa comum de frangos, normalmente caracterizado por bactérias. Possui um caráter agudo, causando grande mortandade nas aves. É transmitida facilmente pelo contato direto ou indireto entre as aves por via aérea. Essa doença ocorre principalmente em aves jovens, com idade entre 1 e 16 semanas, porém, pode ocorrer em aves de todas as idades.

  As aves acometidas da doença apresentam sinais como depressão, anorexia, perda de peso, palidez e diarreia. A paralisia das pernas ou asas das galinhas e frangos é o sintoma mais comum.

  Como a transmissão ocorre de ave para ave, além das medidas de higiene, o criador deve eliminar as portadoras e iniciar o tratamento com antibióticos.

Ave acometida com a doença de Marek

  • Salmoneloses

  Entre as doenças causadas pelas bactérias do gênero Salmonella, o tifo aviário e a pulorose são as mais comuns. A pulorose ataca principalmente as aves jovens. as salmoneloses são identificadas por meio de exames laboratoriais.

  O tifo aviário ataca principalmente as aves adultas, e pode ser detectado facilmente, pois as aves apresentam diarreia constante, asas caídas, anorexia, palidez, produção reduzida e ovos deformados, além de apresentar também necrose no coração, baço e fígado.

  A pulorose provoca o aumento e o escurecimento do fígado e o inchamento de rins e baços. Nos casos subagudos, nota-se a presença de focos brancos no fígado, baço e coração, além de fígado inchado e pálido. Nas aves adultas, há a presença de diarreia e redução de ovos.

  A prevenção se dá por meio da aquisição de pintinhos advindos de matrizes sadias e de rações de formulação isenta de contaminantes. O tratamento, quando viável, é feito à base de antibióticos. Por via de regra, as aves atacadas por salmoneloses devem ser incineradas, pois pode ocorrer a contaminação de outras aves e até do próprio homem.

Aves com tifo aviária

  • Verminoses

  Os vermes são parasitas internos, quase sempre alojados no intestino. Os de forma achatada, compridos e segmentados, são chamados cestoides ou tênias. Os cilíndricos são chamados ascáridas, popularmente conhecida como lombriga de intestino. As pequenas infestações em aves adultas são pouco problemáticas. Já as aves em crescimento, ficam acometidas de anemia, tristeza, enfraquecidas, algumas com paralisia, além de elevada mortandade. As sobreviventes, terão o desenvolvimento retardado e diarreias constantes.

  Para controlar os verminoses deve-se manter, ao máximo, as normas de higiene das instalações e vermifugar de acordo com os programas específicos, levando-se em consideração os tipos de verme mais comumente presentes na propriedade.

A folha e o troco de bananeira são ótimos para evitar que galinhas contraiam verminoses

  • Coccidiose

  A coccidiose aviária é uma enfermidade causada por um grupo de protozoários, chamados Eimeria, que parasita as células intestinais das aves. É considerada uma das doenças mais importantes  na avicultura industrial, pois causa diarreia e enterite, resultando em uma diminuição da absorção de nutrientes.

  A infecção se dá por meio da ingestão de oocistos esporulados, que estão presentes no ambiente, na água, no alimento e até na cama. Quando chegam na moela da ave, estes oocistos se rompem, liberando os esporocistos que, após sofrerem a ação da enzima tripsina quinasse, liberam os esporozoitos. Primeiramente, vem a fase assexuada, iniciando-se com a invasão dos enterócitos pelos esporozoitos, gerando os esquizontes, onde estão presentes os merozoitos. As aves ficam tristes, sonolentas e com calafrios. Dependendo do tipo da eimeria, as fezes podem apresentar manchas de sangue.

  O controle se dá por meio de medidas preventivas, e consiste em administrar coccidiostáticos nas rações, caso ela seja produzida na propriedade. Casos agudos devem ser tratados com coccidicidas de ação mais imediata.

Ave com sintoma de coccidiose

  • Peito seco

  "Peito seco", "peito faca" ou "peito em quilha" são diferentes denominações populares que descrevem o quadro de Emaciação ou Caquexia, situação de debilidade relativamente comum entre os pássaros. Não é uma doença, e sim um quadro de queda da imunidade da ave e consequentemente instalação de uma infecção crônica. Há a diminuição do apetite e do aproveitamento dos alimentos, o que leva à queda das reservas de gordura. A ave passa a utilizar a reserva das proteínas musculares, com atrofia dos músculos peitorais e consequente pronunciamento do osso esterno ou "quilha".

  Várias são as possíveis causas para a ocorrência do peito seco, como infecções bacterianas, fúngicas ou parasitárias, além de causas nutricionais e físicas. Em geral, as causas são únicas, mas há um conjunto delas levando à instalação do quadro. Fatores como manejo inadequado ou estresse a que são submetidas as aves na troca de ambiente e transporte, também podem contribuir para o problema, bem como o período de reprodução e mudança de penas.

  Cuidados com a higiene, diminuição das chances de estresse e adequada alimentação, são práticas que ajudam a evitar o surgimento do problema.

Ave com peito seco

  • Coriza infecciosa

  Coriza infecciosa, mais conhecida como gogo, é uma doença bacteriana respiratória aguda, subaguda ou crônica, altamente contagiosa, que afeta principalmente o trato respiratório superior das aves. É causada pela bactéria Haemophilus paragallinarum, que tem nas galinhas suas hospedeiras primárias, podendo atacar, também, outras aves.

  É caracterizada por corrimento nasal, espirros e edema (inchaço) da face baixa dos olhos, conjuntivite catarral e barbelas inchadas, especialmente nos machos. Muitas vezes, o sintoma mais visível e, às vezes, único, é a secreção nasal, que em aves com infecção recente é de cor clara, ficando mais consistente e amarelado com a persistência da doença. Essa secreção causa obstrução das vias respiratórias e leva a uma característica de respiração pela boca.

  Sua transmissão ocorre principalmente por contato direto entre aves doentes, por moscas ou pela ração e água contaminadas, além de outras formas de transmissão. A transmissão ocorre normalmente de aves mais velhas para aves mais novas, quando há criação de múltiplas idades em um mesmo local. É muito comum seu surgimento em lugares úmidos, sujeitos a correntes de ventos frios, assim, como em abrigos e instalações mal construídas.

  O controle se dá através de medidas preventivas quanto ao manejo sanitário e aplicação de vacinas, assim como no tratamento das enfermidades.

Ave com sintomas de coriza

Raças galinhas caipiras

  Dentre as principais raças de galinhas caipiras estão:

  • Cornish

  A galinha Cornish tem origem inglesa. Esta raça possui características únicas, como pés pequenos e peito e coxas grandes e musculados. Relativamente ao peso, pode chegar a pesar 4 quilos. A tonalidade das suas penas pode ser diversa, existindo variedades de cor branca (mais comum), preta, branca com vermelho e cor azul. Chega a produzir 100 ovos por ano.

  Os galos tendem a ser temperamentais, atacando-se frequentemente, assim como os pintos desta raça. As fêmeas não costumam ser "boas chocadeiras", uma vez que apresentam falhas na sua penugem, ficando frequentemente a galinha com áreas a descoberto. A fertilidade também não é extraordinário, o que faz, em alguns casos, ter que ser inseminada de forma artificial. Dada a sua estatura grande e musculada, necessita de espaço para se movimentar livremente e evitar problemas futuros.

Galo e galinha da raça Cornish

  • Rhode Island Red

  A Rhode Island Red, também conhecida como galinha vermelha poedeira, é uma raça originada nos Estados Unidos, e possui dupla finalidade: tanto é ideal para a produção de ovos como de carne. São galinhas poedeiras rústicas, resistentes a doenças, dóceis e comem vários tipos de alimentos quando soltas. É uma das raças mais poedeiras do mundo, podendo superar os 250 ovos por ano. Outra característica é que a galinha dificilmente fica choca.

  Os galos desta raça podem ser bastante agressivos com pessoas intrusas ou desconhecidas que visitam seu habitat. Também não são receptivos a outras raças de galinhas, principalmente se existir diferentes raças de poedeiras no galinheiro.

  Essa raça possui uma cor retangular e um peito com forma arredondada, cristas avermelhadas e brincos de cor vermelha. Os olhos grandes também possuem cor avermelhada e a sua penugem pode ser de cor vermelha ou branca, esta menos usual.

Galo e galinha da raça Rhode Island

  • Brahma

  A Brahma é uma raça de galinha originária da Índia, mais precisamente da região de Brahmaputra. Essa raça se caracteriza por ser de maiores dimensões, quando comparada com outras raças, e por ser forte e rigorosa.

  Muitos criadores tratam essa raça como ornamental, visto que possuem penas nas pernas e nos pés, o que faz com que sejam bastante vistosas. Além disso, possuem crista de pequena dimensão em formato de ervilha, penas densas e uma cabeça grande e larga, sendo o crânio projetado sobre seus olhos.

  Caracterizam-se também por serem galinhas muito resistentes e com uma boa produção de ovos. Seus ovos também são de grande dimensão, apresentando cor castanha.

Galo e galinha da raça Brahma Light

  • Sussex

  A galinha Sussex é originária do condado de Sussex, na Inglaterra. É uma das raças de galinhas poedeiras mais antigas do mundo. Apresenta plumagem de cores distintas, como castanho, vermelho e branco manchado. Possui dupla aptidão, tanto para a produção de ovos quanto de carne. É uma ótima produtora de ovos, ultrapassando os 200 ovos por ano, sendo eles bastante grandes.

  Essa raça se adapta facilmente em ambientes distintos, principalmente em ambiente livre. Porém, apresenta alguns problemas na incubação dos ovos. Essa raça é resistente a baixas temperaturas, bem como a possíveis doenças.

Galo e galinha Sussex Light

  • Embrapa-051

  A Embrapa-051 é uma raça de galinha desenvolvida no Brasil pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e bem adaptada em todo o território nacional, sendo um grande produtora de ovos.

  Foi desenvolvida pela Embrapa após após anos de testes e pesquisas pela empresa e chegou a ser a poedeira mais indicada para produtores que escolheram o sistema caipira como forma de criação de galinhas. O objetivo da empresa era desenvolver uma ave extremamente adaptável aos diversos climas brasileiros, resistente a criação livre em piquetes, mas forte contra a incidência de doenças e com boa produção de ovos.

  A galinha apresenta penas marrom escuro, pescoço emplumado, com o pico de produção alcançado entre 27 e 29 semanas. Os ovos têm casca marrom escuro.

Galinhas da raça Embrapa-051

  • Poedeira Negra

  A galinha Poedeira Negra é uma galinha melhorada de pequeno porte e grande produtora de ovos. Seus ovos possuem casca bege. Essa galinha possui penas pretas e brilhosas, com leves traços avermelhado e esbranquiçados. Bem adaptada ao sistema caipira de criação, principalmente de alto desempenho, onde a ave tem a liberdade durante o dia e passa a noite confinada. A Poedeira Negra inicia sua produção com seis meses, e pode alcançar uma produção de 250 ovos durante o ciclo.

Galinhas da raça Poedeira Negra

  • Isa Brown

  A Isa Brown é uma das galinhas mais utilizadas na produção de ovos em sistema caipira. É um tipo de galinha híbrida poedeira de ovos marrons, e é resultado do cruzamento de galos Rhode Island Reds (vermelhos) e galinhas Rhode Island Whites (branca portadora do fator colúmbia ou prateado). Neste cruzamento é possível saber o sexo dos pintinhos logo depois de nascerem (eclosão) pelo fator colúmbia (prateado) ligado ao cromossomo Z da matriz fêmea. No primeiro ano de postura chega a produzir em torno de 300 ovos.

  ISA é a sigla do Institut de Sélection Animale, da França, a empresa que desenvolveu esta galinha, em 1978.

Galinhas da raça Isa Brown

  • Shamo

  Shamo ou Ko-Shamo é uma raça de galinha do Japão que se originou na Tailândia. O nome "Shamo" era uma corruptela de Sião, durante o período Edo, mas tem sido produzido seletivamente por várias centenas de anos.

  Existem tipos pernaltas, de pescoço comprido e crista grande e carnuda, mas há espécies com pernas mais curtas, crista pequena e asas banquivoides. Infelizmente, esta raça é muito usada em rinha de galos, principalmente no Japão, onde a prática ainda é legal. No Brasil também é muito usada nas rinhas, porém, essa prática é ilegal.

Galo e galinhas da raça Shamo

  • Orpington

  A Orpington é uma raça de galinha nomeada em referência a Orpington, Inglaterra, de onde essa galinha se originou. Pertencente à classe de frangos ingleses, foi criada para produzir excelente carne de qualidade. O seu grande tamanho e aparência macia, junto com suas cores ricas e contornos suaves, fazem dessa raça bastante atraentes. É muito utilizada em exposições, pois apresenta crista serra, pele branca e ovos de casca marrom.

Galinhas da raça Orpington

  • Plymouth Rock

  A Plymouth Rock é uma raça de galinha originária dos Estados Unidos e possui duplo propósito, tanto para a produção de carne quanto de ovos. É bastante resistente ao frio, sendo ideal para o pequeno proprietário de exploração avícola ou para o criador de quintal.

  Foi desenvolvida na Nova Inglaterra, em meados do século XIX e exibida como uma raça em 1869. As variedades de Plymouth Rock apresentam diferenças na coloração e padrão das penas, que podem ser: barrada, branca, dourada (buff), perdiz, pincelada, azul, columbian, preta e lavanda.

Galo e galinha da raça Plymouth Rock Barrada

  • Pescoço Pelado

  Pescoço Pelado ou Pescoço Nu é uma raça de galinha que é naturalmente desprovida de penas no pescoço. A raça, também chamada Pescoço Pelado da Transilvânia, Label Rouge, Turken e, em algumas regiões do Nordeste, de gogó-de-sola, é natural da Europa Central, se originou na Hungria e foi amplamente desenvolvida na Alemanha. O nome "Turken" surgiu da ideia equivocada  de que a ave era um híbrido de frango e peru doméstico. O traço de um pescoço pelado é um dominante controlado por um gene e é bastante fácil de introduzir em outras raças.

Galo e galinha Pescoço Pelado da Transilvânia

  O Pescoço Pelado francês, ou Label Rouge é muitas vezes confundido com o da Transilvânia. Esta espécie foi desenvolvida na França na década de 1980 para substituir o faisão com o objetivo de evitar sua caça. Logo foi introduzido no Brasil onde é também conhecida como Polaca, e rapidamente se popularizou no país devido suas características rústicas e versáteis.

  Apesar de sua aparência altamente incomum, a raça não é particularmente conhecida como ave de exposição. É utilizada tanto para a produção de carne quanto de ovos. São forrageiras e imunes a muitas doenças. A raça também é resistente ao frio, e possui metade da quantidade de penas de outras aves. Chega a produzir cerca de 180 ovos no ciclo, mas essa quantidade não atende a uma produção profissional de ovos comerciais.

Galinhas de pescoço pelado francês

  • Pesadão Vermelho

  A raça Pesadão Vermelho é uma excelente raça para corte devido a quantidade de carne e peso que se obtém em pouco tempo. Possui ótimo ganho de peso em relação ao consumo de ração. Pode ser criado em confinamento total ou em semi-confinamento.

  Atinge 2,6 kg em menos de dois meses, tem plumagem de cor vermelha, viva e brilhante. É uma ave ideal para quem deseja trabalhar com a produção de carne. É uma linhagem extremamente adaptável ao sistema caipira.

Galo da raça Pesadão Vermelho

  • Carijó/Pedrês

  A galinha Carijó possui a característica comum que é a plumagem preta e branca. Também conhecida como pedrês, essa plumagem pode variar com a tonalidade do preto, às vezes mais forte (principalmente nas híbridas adquiridas direto dos fornecedores credenciados) ou com uma predominância maior do branco, deixando a ave um pouco cinza.

  É uma ave bem adaptada ao sistema caipira de criação, tendo uma boa vantagem quando vendidas vivas, pois são muito bonitas e facilmente mesclada entre as de capoeira. Possui dupla aptidão, porém, sua maior finalidade é o abate.

Galinhas da raça Carijó

  • Índio Gigante

  A raça Índio Gigante é uma raça de galinha brasileira desenvolvida a partir da década de 1970, por meio do cruzamento de galos de rinha com galinhas caipiras e outras raças de galinhas. Com o tempo, os criadores foram selecionando os maiores exemplares até chegar nos animais atuais. O Índio Gigante não é uma raça de padrão definido, e sim uma associação nacional de criadores para melhor organizar a criação da raça no território nacional e trabalhar no seu melhoramento genético.

  Para ser considerado um Índio Gigante o galo deve ter no mínimo 105 centímetros (1,05 metro) e a galinha 90 centímetros, com peso mínimo de 3 quilos quando adulta. Atualmente, o tamanho médio dos machos está por volta de 1,20 metro.

  Outra característica marcante e visível que essa raça deve ter é a plumagem, o bico, entre outras, que devem ser observadas de acordo com o padrão oficial, como a preferência da barbela (pele do pescoço) e corpo ereto.

  A medição do tamanho do animal é feita da ponta da unha do dedo médio da pata até a ponta do bico, segurando a ave de modo que fique totalmente esticado, normalmente na horizontal, pois nesta posição ele costuma ficar calmo.

  O Índio Gigante tem sido usado para cruzar com galinhas sem raça ou de outras raças para produzir mestiços de maior peso, sendo abatidos para consumo próprio ou para serem vendidos por maior valor. O comércio dessa raça é bastante aquecido e bastante significativo.

Galo e galinhas da raça Índio Gigante

  • Gigante Negro de Jersey

  O Gigante Negro de Jersey foi desenvolvido em Nova Jersey, nos Estados Unidos, por volta de 1870 como uma ave de dupla finalidade (produção de carne e ovos). Essa raça possui peito longo e profundo, pernas sem penas, pretas com um brilho verde, olhos castanho escuro e um único pente vermelho brilhante, comprido e lóbulos auriculares. São bastante indicadas para melhoramento genético e cruzamento com galinhas caipiras comuns.

  Os machos podem atingir 65 centímetros e as fêmeas 50 centímetros. As galinhas chegam a produzir entre 250 e 290 ovos por ano, com o início da postura a partir da 20ª semana. O galo chega a pesar 5,5 kg e a galinha 4,5 kg.

Galinhas da raça Gigante Negro de Jersey
FONTE: EMBRAPA