quinta-feira, 19 de março de 2020

OS RIOS VOADORES: SISTEMAS DE NUVENS NA AMAZÔNIA E NOS ANDES

  O clima de diversos locais do mundo é influenciado por cursos de água atmosféricos, popularmente conhecidos como "rios voadores". Trata-se de imensas massas de vapor de água decorrentes da evaporação dos oceanos, nas faixas próximas às áreas quentes do planeta. Essas massas de umidade, acompanhadas de nuvens, são transportadas pelas correntes de ar em alta velocidade e por longas distâncias, precipitando em outras regiões, distantes da área de origem.
  Os rios voadores são cursos de água atmosféricos (aéreos ou flutuantes), formados por massas de ar carregadas de vapor de água, muitas vezes acompanhados por nuvens, e são propelidos pelos ventos. Essas correntes de ar invisíveis carregam umidade da Bacia Amazônica para o Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil. São invisíveis em determinada região da Amazônia e sobrevoam em meio a copa das árvores. Eles não têm margens como os rios terrestres, porém realizam a mesma função de transportar umidade e vapor de água, advindos da evapotranspiração das árvores.
  Essa umidade, nas condições meteorológicas propícias, como uma frente fria vinda do sul, se transforma em chuva. É essa ação de transporte de enormes quantidades de vapor de água pelas correntes aéreas que recebe o nome de rios voadores.
Esquema do sistema "rios voadores"
  Para bombear a água ela suga a umidade evaporada pelo Oceano Atlântico próximo à Linha do Equador e é carregada pelos ventos alísios, formando-se assim, as nuvens. Quando chegam sobre a mata, com a influência do calor e já carregadas, ficam mais pesadas que o ar e caem em forma de chuva. Posteriormente, as árvores evapotranspiram sob o sol e a floresta devolve toda a água que absorveu para a atmosfera na forma de vapor de água. O ar é carregado e continua sendo transportado rumo a curvatura do Acre, uma vez que por causa da Cordilheira dos Andes, não passa direto, seguindo pela Bolívia e Paraguai até chegar aos estados brasileiros de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Pará, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Antes, precipita levemente próximo às montanhas, dando origem aos rios amazônicos.
  A América do Sul é influenciada pelo rio voador que tem origem nas áreas equatoriais do Oceano Atlântico. Ao se deslocarem para o interior do continente, os rios voadores ganham força com a umidade que se evapora das árvores da Floresta Amazônica. Estima-se que eles circulem na atmosfera a uma altura de até dois quilômetros. Ao adentrar pela porção norte do continente sul-americano, encontram a Cordilheira dos Andes e, em decorrência da redução da pressão atmosférica conforme aumenta a altitude do relevo, precipitam nas cabeceiras da bacia hidrográfica do rio Amazonas, retroalimentando o sistema de umidade da região.
Esquema dos chamados "rios voadores"
  Também provocam chuvas a grandes distâncias, como na Bacia do Rio da Prata, que abrange a porção sul do Brasil, o norte da Argentina, o Uruguai e o Paraguai. São extremamente importantes para as produções agrícolas e industrial e para o abastecimento de água das cidades.
  A vazão dos rios flutuantes é equivalente à vazão dos rios amazônicos, lançando cerca de 200.000 m³/s. Isso acontece porque uma árvore bombeia para a atmosfera mais de 300 litros de água em um dia, sendo que uma árvore maior pode evapotranspirar mais de mil litros por dia.
  A umidade levada para o Sudeste e o Centro-Oeste do Brasil garante a estas regiões capacidade para não se tornarem desertos, uma vez que outras regiões na mesma faixa subtropical são desérticas, como a Austrália, o Kalahari, a Namíbia e o Atacama.
  Ter consciência da influência da Floresta Amazônica na vida de todo brasileiro, seja por causa do uso cotidiano da água pelos cidadãos, pelo uso na agricultura ou na criação de animais, é estratégico para que ela seja protegida do desmatamento. A permanência da Floresta garante nosso suprimento de água e, consequentemente, de alimentos.
Chuva na Amazônia

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