segunda-feira, 2 de março de 2020

A DISSOLUÇÃO DO SEGUNDO MUNDO

  Após a Segunda Guerra Mundial, durante a Guerra Fria, o mundo se encontrava bipolarizado entre os Estados Unidos, capitalista, e a União Soviética, socialista. A rivalidade entre os países capitalistas e socialistas baseava-se, em grande parte, no desenvolvimento de suas economias e de seus modelos de produção, o que impulsionou as corridas armamentista e espacial.
  Nesse contexto de Guerra Fria, o demógrafo francês Alfred Sauvy utilizou o termo Terceiro Mundo, em artigo escrito em 1952, para se referir aos países economicamente mais frágeis e com pouca influência política nas decisões mundiais. Com base nesse conceito, teve origem uma nova regionalização do mundo, que classificou os países em Primeiro, Segundo e Terceiro Mundo.
  O Primeiro Mundo correspondia aos países capitalistas desenvolvidos, como Estados Unidos, Canadá, os países da Europa Ocidental, Japão, Austrália e Nova Zelândia. O Segundo Mundo era formado pelos países socialistas, como União Soviética, China, Cuba, países da Europa Oriental. O Terceiro Mundo representava os países capitalistas menos desenvolvidos, como os países da América Latina, da África, da Ásia e da Oceania que não se enquadrava no Primeiro nem no Segundo Mundo.
  Primeiro Mundo: os Estados Unidos e seus aliados
  Segundo Mundo: a União Soviética e seus aliados
  Terceiro Mundo: países não-alinhados ou neutros
  A partir da segunda metade do século XX, as expressões Primeiro, Segundo e Terceiro Mundo se popularizaram e passaram a ser utilizados nos meios de comunicação e em estudos sobre a desigualdade entre os países.
  Entretanto, com a desestruturação da União Soviética, no final da década de 1980, a expressão Segundo Mundo tornou-se obsoleta. Muitos países socialistas passaram a adotar o capitalismo como sistema econômico. A maior parte desses países passou a apresentar, após a dissolução da União Soviética, níveis de desenvolvimento econômico e social comparáveis aos dos países do Primeiro Mundo.
  A Teoria dos Mundos apresenta uma análise de um mundo já histórico, não condizendo mais com a realidade pós-Guerra Fria em que vivemos, uma vez que com a queda do Muro de Berlim e o colapso da União Soviética, e consequentemente o brusco colapso do socialismo no Leste Europeu, a dissolução da Iugoslávia e a abertura econômica chinesa levou o mundo na década de 1990 a experimentar a hegemonia do capitalismo como sistema econômico global.
Mudanças nas fronteiras nacionais soviéticas após o fim da Guerra Fria
  Com o colapso econômico e ideológico do Segundo Mundo, o termo entrou em total desuso, embora alguns ainda venham a fazer uso erroneamente dos termos Primeiro e Terceiro Mundo, ao se referir aos países ricos e pobres, respectivamente. Atualmente, as diferenças entre os mundos se combinam em vários aspectos, sendo atualmente mais utilizado os termos Países do Norte e Países do Sul e também países desenvolvidos e países subdesenvolvidos, que também recebem críticas sobre sua abrangência.
  No mundo bipolar da Guerra Fria, havia um grande abismo socioeconômico entre os países capitalistas ricos e pobres. Desde o fim da Guerra Fria, especialmente no século XXI, o mundo experimenta uma larga queda na desigualdade econômica entre nações, com as clássicas nações ricas estagnadas e vários antigamente pobres experimentando um período de florescimento da classe média e desenvolvimento técnico-industrial.
  Atualmente, vários autores estão considerando uma nova definição para "Segundo Mundo", que seria composto pelos países de economia emergente, tais como os países que fazem parte do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), Argentina, México, entre outros, por apresentarem ora características do Primeiro Mundo, ora do Terceiro Mundo.
Divisão do mundo de acordo com critérios econômicos em Países do Norte e Países do Sul
  A União Soviética foi dissolvida em 26 de dezembro de 1991, como resultado da declaração nº 142-H do Soviete Supremo da União Soviética. A declaração reconheceu a independência das antigas repúblicas soviéticas e criou a Comunidade dos Estados Independentes (CEI). No dia anterior, o presidente soviético Mikhail Gorbachev, o oitavo e último líder da União Soviética, renunciou, declarou seu cargo extinto e entregou seus poderes - incluindo o controle dos códigos do arsenal nuclear soviético - para o presidente russo Bóris Iéltsin. Naquela noite, às 19:32, a bandeira soviética foi baixada do Kremlin de Moscou pela última vez e substituída pela bandeira russa pré-revolucionária.
  Anteriormente, de agosto a dezembro, todas as repúblicas individualmente, incluindo a Rússia, se separaram da União. Na semana anterior da dissolução formal da URSS, 15 repúblicas - todas, exceto os Estados bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia) e a Geórgia - assinaram o Protocolo de Alma-Ata, estabelecendo formalmente a CEI e declarando que a União Soviética tinha deixado de existir. As revoluções de 1989 e a dissolução da URSS, bem como a queda do Muro de Berlim e a reunificação da Alemanha, assinalaram o fim da Guerra Fria.
Mapa da CEI
  Várias ex-repúblicas soviéticas têm mantido laços estreitos com a Federação Russa, o Estado sucessor da URSS, e formaram organizações multilaterais, como a Comunidade Econômica Eurasiática (que reúne Bielorrússia, Cazaquistão, Quirguistão, Tadjiquistão e Rússia), a União da Rússia e Bielorrússia (entidade supranacional que compreende a Federação Russa e a Bielorrússia), a União Aduaneira da Eurásia (UAE - que compreende Armênia, Bielorrússia, Cazaquistão, Quirguistão e Rússia) e a União Econômica Eurasiática (que tem como membros Armênia, Bielorrússia, Cazaquistão, Quirguistão e Rússia, e como país observador a Moldávia), para reforçar a cooperação econômica e militar. Algumas, no entanto, se distanciaram e se juntaram à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e à União Europeia.
Projeto de formação Euro-asiático da Rússia
REFERÊNCIA: Araribá mais: geografia. Editora Moderna: editor responsável César Brumini Dellore. 1. ed. - São Paulo: Moderna, 2018.

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