quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

CATAR: UM PAÍS PEQUENO, PORÉM, MUITO RICO

  Localizado no Oriente Médio, o Catar (também conhecido como Qatar) é um país árabe e considerado um dos mais ricos do mundo. Isso, graças à abundância de petróleo e gás natural no seu território.
  Conhecido oficialmente como um emirado do Oriente Médio, ocupa a pequena Península do Catar, na costa nordeste da Península Arábica. Faz fronteira com a Arábia Saudita ao sul, e o Golfo Pérsico envolve o resto do país. Um estreito do Golfo Pérsico (Golfo de Bahrein) separa o Catar da nação insular vizinha, o Bahrein.
  O Catar é um emirado absolutista e hereditário comandado pela Casa de Thani desde meados do século XIX. Foi um protetorado britânico até ganhar a independência, em 1971. Desde então, tornou-se um dos estados mais ricos da região, devido às receitas oriundas do petróleo e do gás natural (possui a terceira maior reserva mundial de gás).
  Antes da descoberta do petróleo, sua economia era baseada principalmente na extração de pérolas e no comércio marítimo.
  Segundo estimativas da ONU para 2020, o Catar possui quase 3 milhões de habitantes, onde desse total, pouco mais de 400 mil são nativos catarianos. Os demais são trabalhadores estrangeiros, especialmente de outras nações árabes.
Mapa do Catar
HISTÓRIA
  A habitação humana do Catar remonta a 50 mil anos. Assentamentos e ferramentas que remontam à Idade da Pedra foram descobertos na península. Artefatos da Mesopotâmia originários do período de al-Ubaid (entre 6.500 a.C. e 3.800 a.C.) foram descobertos em assentamentos costeiros abandonados.
  O Catar era descrito como um famoso centro de criação de cavalos e camelos durante o período do Califado Omíada. No século VIII, a região começou a ser beneficiada por sua posição estratégica no Golfo Pérsico e tornar-se-ia um centro de negociação de pérolas. O desenvolvimento substancial na indústria de pérolas em torno da Península do Catar ocorreu durante a era do Califado Abássida. Navios viajando de Baçorá para Índia e China faziam escalas nos portos do Catar durante este período. Peças de porcelanato chinesa, moedas da África Ocidental e artefatos da Tailândia foram descobertas no Catar.
  Grande parte da Arábia Oriental era controlada pelos usfuridas em 1253, mas o domínio da região foi conquistado pelo príncipe de Ormuz, em 1320. Manuel I de Portugal tornou o Reino de Ormuz um Estado vassalo. O Reino de Portugal passou a controlar uma parcela significativa da Arábia Oriental em 1521. Em 1550, os habitantes da al-Hasa se colocaram voluntariamente sob domínio do Império Otomano, preferindo-o em relação ao Império Português. Depois de ter mantido uma presença militar insignificante na área, os otomanos foram expulsos pela tribo Bani Khalid em 1670.
Al Khor - com uma população de 34.377 habitantes (estimativa para 2020) é a quarta cidade mais populosa do Catar
  A família Al Kahlifa (que agora domina o Bahrein), dominou a região até 1868, quando, a pedido de nobres do Catar, os britânicos negociam o fim do domínio Khalifa, exceto no caso do pagamento de tributos.
  Sob pressão militar e política do governador otomano Midate Paxá, o governador tribal al-Thani submeteu-se ao domínio otomano em 1871. O governo otomano impôs medidas reformistas (Tanzimat) em matéria de impostos e de registro de terras para integrar plenamente estas áreas ao império. Apesar da desaprovação de tribos locais, al-Thani continuou apoiando o domínio otomano.
  As relações catari-otomanas estagnaram-se e, em 1882, ela sofreu novos retrocessos quando os otomanos se recusaram a ajudar al-Thani em sua expedição para Al Khor, então ocupado por Abu Dabi. Além disso, os otomanos apoiavam Mohammed bin Abdul Waha, que tentou suplantar al-Thani como o caimacã (título de governador usado no Império Otomano e atualmente é usado na Turquia) do Catar em 1888. Isto conduziu al-Thani a se rebelar contra os otomanos, a quem ele acreditava que tentavam usurpar o controle da península. Al-Thani renunciou ao cargo e de caimacã e parou de pagar impostos ao império em agosto de 1892.
Forte Zubara
  O Império Otomano caiu em desordem depois de perder batalhas em diferentes frentes de operações do Oriente Médio durante a Primeira Guerra Mundial. Nesse período ocorreu a Revolta Árabe contra o Império Otomano, no qual o Catar participou. A revolta foi bem sucedida e o domínio otomano na região diminuiu ainda mais. O Reino Unido e o Império Otomano reconheceram o xeique Abdulá Ibne Jassim al-Thani e o direito de seus sucessores de governar toda a Península do Catar. Os otomanos renunciaram a todos os seus direitos sobre a região e, após a eclosão da Primeira Guerra Mundial, al-Thani (que era pró-britânico) obrigou-os a abandonar Doha em 1915.
  Como resultado da divisão do Império Otomano, o Catar se tornou um protetorado britânico em 3 de novembro de 1916. Nesse dia, o Reino Unido assinou um tratado onde o xeique al-Thani concordava em não criar quaisquer relações com qualquer outra potência sem o consentimento prévio do governo britânico. Em troca, o Império Britânico garantiria a proteção do Catar de toda a agressão por mar. Em 5 de maio de 1935, al-Thani assinou outro tratado com o governo britânico que concedeu a proteção do Catar contra ameaças internas e externas. Em 1939, foram descobertas as primeiras reservas de petróleo.
Pescadores de pérolas no Golfo Pérsico no início do século XX
  A esfera de influência dos britânicos começou a diminuir após a Segunda Guerra Mundial, particularmente após a independência da Índia e do Paquistão, em 1947.
  Durante as décadas de 1950 e 1960, as receitas de petróleo aumentam, e esse recurso substitui as pérolas e a pesca e passa a ser a principal fonte de renda do Catar. Os lucros do petróleo aumentam gradualmente, passando a financiar a expansão e a modernização da infraestrutura local. A pressão para a retirada do Reino Unido dos emirados árabes no Golfo Pérsico aumentaram durante a década de 1950.
  Em 1968, o Reino Unido anuncia que não irá mais manter o protetorado que exercera até então sob os emirados do Golfo Pérsico. O Catar decide juntar-se aos outros oito estados sob proteção britânica (os Sete Emirados da Trégua, que consistiam nos atuais Catar, nos emirados que formariam os Emirados Árabes Unidos e o Bahrein) em um plano para formar uma união de emirados árabes. Disputas regionais, no entanto, rapidamente compeliram o país a declarar a independência da coalizão, que acabaria por evoluir para os Emirados Árabes Unidos.
Um distrito antigo em Doha, planejado com ruas estreitas e paredes rebocadas. lembra o passado da cidade
  Em meados de 1971, como a data de cessação da relação de protetorado britânico (ao final de 1971) se aproximava, os nove emirados ainda não haviam concordado com os termos da união. Assim, em 3 de setembro de 1971, o Catar declarou sua independência como uma entidade separada, se tornando um Estado soberano. O governo então decidiu voltar a realizar o abastecimento de armas para os franceses. Essa ligação seria reforçada ao longo do tempo e os franceses se tornariam seu maior fornecedor no novo milênio.
  Em 1972, o califa bin Hamad al-Thani tomou o poder em um golpe palaciano durante um período de discórdia na família governante. Em 1974, a Qatar Geral Petroleum Corporation assumiu o controle de todas as operações de petróleo no país e o Catar rapidamente cresceu em riqueza. O depósito de gás natural do Campo Norte, então a maior do mundo, foi descoberto por volta de 1976, e o país foi um dos primeiros a ter embarcações de gás natural liquefeito.
Al-Wakrah - com uma população de 34.149 habitantes (estimativa para 2020) é a quinta cidade mais populosa do Catar
  Em 1991, o Catar desempenhou um papel significativo na Guerra do Golfo, particularmente durante a Batalha de Khafji, na qual os tanques do país prestaram apoio para unidades da Guarda Nacional da Arábia Saudita, que estava enfrentando o exército iraquiano. O país permitiu que tropas canadenses, que faziam parte da coalizão internacional, usassem o território catari como uma base aérea e também que forças dos Estados Unidos e da França operassem em seus territórios.
  Em 27 de junho de 1995, o xeque Hamad bin Khalifa al-Thani, depôs seu pai, Amir Khalifa al-Thani, em um golpe de Estado. Um mal sucedido contragolpe foi encenado em 1996. Hamad e seu pai Amir se reconciliam, apesar de alguns defensores do contragolpe permanecerem na prisão.
  Recentemente, o Catar vem adotando práticas que o levam em direção à democracia, permitindo uma imprensa mais livre e aberta. Os cidadãos catari aprovaram uma nova Constituição através de um referendo público em abril de 2003, sendo que a Carta entrou em vigor em junho de 2005.
  No Catar não há legislaturas independentes e os partidos políticos são proibidos. As eleições parlamentares, que foram originalmente prometidas para 2005, acabaram adiadas indefinidamente.
  O oitavo emir do Catar é Tamin bin Hamad al-Thani, filho de Hamad bin Khalifa, que governa o país desde 25 de junho de 2013. O chanceler supremo possui o poder exclusivo de nomear e destituir o primeiro-ministro e ministros, que, juntos, compõem o Conselho de Ministros, que é a autoridade suprema do país.
Tamin bin Hamad al-Thani - atual emir do Catar
GEOGRAFIA
  A Península do Catar se projeta por 160 quilômetros no Golfo Pérsico, ao norte da Arábia Saudita. Encontra-se entre as latitudes 24º e 27º N e longitude 50º  e 52º E. A maioria do país é composta por uma planície árida de baixa altitude e coberta por uma densa camada arenosa. O ponto mais elevado do país é a colina Qurayn Abu al Bawl, com uma altitude de 103 metros.
  A sudeste  encontra-se o Khor al Adaid (mar interior), uma área de dunas de areia que cercam uma entrada do Golfo. Há invernos amenos e verões quentes e úmidos. O clima predominante no Catar é o desértico.
  No Jebel Dukhan, a oeste, há uma série de afloramentos baixos de calcário no sentido norte-sul a partir de Zikrit. A área de Jebel Dukhan também contém as principais jazidas de petróleo do país, enquanto os campos de gás natural se encontram no mar, a noroeste da península.
Colina Qurayn Abu al Bawl - ponto mais elevado do Catar
  O Catar assinou a Convenção sobre Diversidade Biológica, em 11 de junho de 1992 e tornou-se parte da Convenção em 21 de agosto de 1996. O país, posteriormente, produziu um Plano Nacional de Estratégia para a Biodiversidade e Ação, que foi recebido pela Convenção em 18 de maio de 2005. Um total de 142 espécies de fungos foram registrados no Catar.
  Por duas décadas, o Catar teve as mais altas emissões de dióxido de carbono per capita do mundo, com 49,1 toneladas por pessoa em 2008. Os residentes do país são também um dos maiores consumidores de água per capita do mundo, utilizando cerca de 400 litros por dia.
  Em 2008, o país lançou sua Visão Nacional 2030, que destaca o desenvolvimento ambiental como um dos quatro objetivos principais do Catar durante as próximas décadas. A Visão Nacional se compromete a desenvolver alternativas sustentáveis para energia à base de petróleo para preservar o meio ambiente local e global.
Imagem de satélite da Península do Catar
ECONOMIA
  A economia do Catar tem como base a exportação de petróleo e gás natural, que representam mais de 50% do PIB do país, cerca de 85% das receitas de exportação e 70% das receitas do governo. O país tem experimentado um rápido crescimento econômico nas últimas décadas graças aos elevados preços do petróleo. A política econômica é focada no desenvolvimento não associado às reservas de gás natural e em aumentar os investimentos privados e estrangeiros em setores não energéticos.
  Antes da descoberta de petróleo, a economia do Catar era centrada na pesca e na extração de pérolas. Após a introdução da pérola japonesa cultivada no mercado mundial em 1920 e 1930, a indústria de pérolas do Catar entrou em declínio. No entanto, a descoberta de petróleo, no início dos anos 1940, transformou completamente a economia do Estado. O país apresenta um elevado padrão de vida para seus habitantes, com muitos serviços sociais oferecidos aos seus cidadãos e todas as comodidades de qualquer Estado moderno.
Al Jumaliyah - com uma população de 14.212 habitantes (estimativa para 2020) é a sexta cidade mais populosa do Catar
  Enquanto o petróleo e o gás natural permanecerão, provavelmente por algum tempo ainda, como sendo a espinha dorsal da economia catari, o país pretende estimular o setor privado e desenvolver uma "economia baseada no conhecimento". Em 2004, o governo do Catar estabeleceu o Parque Científico e Tecnológico do Catar objetivando atrair e manter empresas de base tecnológica e empresários do exterior. O país também criou a "Cidade da Educação", que consiste em campus de universidades internacionais.
  O Catar pretende se tornar um modelo em transformação econômica e social na região. O investimento em larga escala em todos os setores sociais e econômicos também levam ao desenvolvimento de um mercado financeiro forte. O Centro Financeiro do Catar (CRC) oferece às instituições financeiras com os serviços de classe mundial em investimento, margem e empréstimos sem juros, e apoio ao capital. Estas plataformas estão situadas em uma economia baseada no desenvolvimento de seus recursos de hidrocarbonetos, mais especificamente a sua exportação de petróleo. Ela foi criada com uma perspectiva  de longo prazo para apoiar o desenvolvimento do Catar e da região, desenvolvendo os mercados locais e regionais e reforçando os laços entre as economias baseadas em energia e entre os mercados financeiros globais.
A Pérola (The Pearl) - é uma ilha artificial construída na costa de Doha
  Em 1996, o governo do Catar lançou a rede de televisão Al Jazeera, com sede principal em Doha. Inicialmente com um canal de notícias em árabe, desde então se expandiu para vários canais de televisão especializados, tornando a rede mundialmente famosa.
  A mídia impressa tem crescido, com mais de três jornais em língua inglesa e títulos em língua árabe. O grupo Oryx Advertising é a maior editora do Catar, responsáveis pelas publicações das revistas Qatar Today (única revista mensal de negócios em inglês), Qatar Al Youm (a única revista mensal de negócios em árabe), Woman Today (única revista para trabalhadores do sexo feminino) e GLAM (primeira revista internacional de moda no país. Com o advento das redes sociais, portais de notícias online como Gulf Times Online e Qatar Chronicle ganharam popularidade entre o público catari. No Catar é proibido criticar o emir na comunicação social, de acordo com o artigo 46 da Lei de Imprensa do país.
  Os países para os quais o Catar mais exporta (vende) são: Coreia do Sul, Japão, Índia, China e Cingapura. Os países dos quais o Catar mais importa (compra) são: Reino Unido, França, Alemanha e China.
Redação do canal de notícias catariano Al Jazeera
  A Qatar Airways é a companhia aérea de bandeira do Catar. Essa empresa voa para 81 destinos, desde a América do Norte, Europa, Oriente Médio, África, Ásia e América do Sul.
  O Catar ganhou o direito de sediar a Copa do Mundo de Futebol de 2022, torneio mundial de futebol organizado pela FIFA (Federação Internacional de Futebol). Essa será a primeira vez que um país do Oriente Médio sediará o torneio. O evento será realizado entre os dias 21 de novembro e 18 de dezembro de 2022, sendo a primeira vez que o torneio será realizado no final do ano. Essa escolha deve-se às questões geográficas características do Catar.
  Por ser um país de clima desértico e apresentar elevadas temperaturas, que ultrapassam os 40ºC nos meses de junho e julho, quando habitualmente o torneio é realizado, foi decidido, então, que a mudança da data era necessária a fim de não prejudicar as seleções.
Lusail Stadium - ainda em construção e localizado na cidade de Lusail, será o palco da final da Copa do Mundo 2022
POPULAÇÃO
  A população do Catar varia consideravelmente dependendo da época, uma vez que o país depende fortemente do trabalho migrante. As projeções divulgadas pelo governo indicam que a população total do país poderá chegar a 2,8 milhões de pessoas em 2020. Em 2019, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), a população do país é de 2.766.514 habitantes. Desse total, 359.698 (13%) são cidadãos do Catar, 663.950 (24%) são originários do Subcontinente Indiano, 442.633 (16%) são oriundos do Nepal, 138.322 (5%) são de Bangladesh, 110.658 (4%) são paquistaneses, 55.329 (2%) são do Sri Lanka, 304.310 (11%) são do Sudeste Asiático (principalmente das Filipinas) e 691.614 (25%) são de outros países do globo.
Mesaieed - com uma população de 10.720 habitantes (estimativa para 2020) é a sétima cidade mais populosa do Catar
  Os primeiros registros demográficos do Catar datam de 1892 e foram conduzidos pelos governadores otomanos da região. Com base neste censo, que inclui apenas os residentes das cidades, a população total em 1892 era de 9.830 habitantes.
  O Censo de 2010 registrou uma população total de 1.699.435 habitantes. Em janeiro de 2013, a Autoridade de Estatísticas do Catar estimou a população do país em 1.903.447 habitantes, dos quais 1.405.164 eram homens e 498.283 mulheres. Na época do primeiro censo, realizado em 1970, a população era de 111.133 habitantes. A população triplicou na década de 2000, a partir de pouco mais de 600.000 pessoas em 2001, deixando os nativos do Catar com menos de 15% da população total. O afluxo de trabalhadores do sexo masculino desequilibrou o equilíbrio entre os sexos e as mulheres são agora apenas um quarto da população.
Habitantes do Catar
  Os gentílicos do Catar são catarense e catariano (a). Existe também a alternativa catari, registrada no Vocabulário da Academia Brasileira de Letras e no Dicionário Priberam.
  O islamismo sunita é a religião predominante e oficial do Catar. A maioria dos cidadãos catarenses pertencem ao movimento salafista, do islamismo sunita, com cerca de 5% seguindo o islamismo xiita. As outras religiões praticadas no país são de seguidores estrangeiros. A lei xaria é a principal fonte da legislação do Catar de acordo com a Constituição.
Mulheres usando o hijab (conjunto de vestimentas preconizado pela doutrina islâmica) num mercado de Doha
CULTURA
  Como a xaria é a principal fonte da legislação do país de acordo com a Constituição, o sistema legal é uma mistura do direito civil e do direito islâmico. A lei xaria é aplicada em casos relativos ao direito de família, herança e vários atos criminosos (como adultério, roubo e assassinato). Em alguns casos, tribunais de família com base na xaria consideram que o testemunho de uma mulher vale metade da de um homem, ou nem sequer o aceitam. O direito de família codificado foi introduzido em 2006. A poligamia islâmica é permitido no país para os homens.
  O árabe é a língua oficial do Catar, sendo que o árabe catari é o dialeto local. A Língua de Sinais do Catar é a línguas da comunidade surda. O inglês é comumente usado como uma segunda língua, usada principalmente no comércio, mas medidas estão sendo tomadas para tentar preservar o árabe da invasão anglófona. O inglês é particularmente útil para a comunicação no Catar devido ao grande número de expatriados. Em 2012, o Catar entrou para a Organização Internacional da Francofonia como um membro associado, justificando a sua inscrição pelo consequente número de falantes de francês no país (cerca de 10% da população). Muitas outras línguas também são faladas, como o balúchi, hindi, malaiala, urdu, pachto, tâmil, telugo, nepali, cingalês, bengali e tagalog.
Jariyan al Batnah - com uma população de 6.851 habitantes (estimativa para 2020) é a oitava cidade mais populosa do Catar
  A flagelação é usada no país como um castigo para o consumo de álcool ou para relações sexuais ilícitas. O Artigo 88 do Código Penal do Catar declara a punição com cem chibatadas em caso de adultério. Apenas muçulmanos considerados clinicamente aptos são susceptíveis a tais sentenças.
  A lapidação (forma de execução de condenados à morte) é uma punição legal no Catar. A apostasia (afastamento definitivo e deliberado de uma coisa, uma renúncia de sua fé anterior ou doutrinação) é um crime punível com a pena de morte no país. A blasfêmia é punida com até sete anos de prisão, enquanto que o proselitismo (empenho de converter uma ou mais pessoas) de qualquer outra religião que não seja o islamismo, pode ser punido com até 10 anos de prisão. Relações homossexuais também são punidas com pena de morte.
Madinat ash Shamal - com uma população de 5.864 habitantes (estimativa para 2020) é a nona cidade mais populosa do Catar
  O consumo de álcool é parcialmente legal no Catar. Alguns hotéis de luxo estão autorizados  a vender álcool para seus clientes não muçulmanos. Em 2014, o Catar lançou uma campanha para lembrar aos turistas do código de vestimenta modesta. As turistas mulheres são aconselhadas a não usar leqqings (calças justas que vão da cintura até o tornozelo), minissaias, vestidos sem mangas e roupas curtas ou apertadas em público. Os homens são desaconselhados a vestir apenas bermudas e camisolas interiores. O futebol é o esporte mais popular do Catar.
  O Catar, embora seja muito recente como país, traz em sua história o traço da cultura Khaleeji, que vem do povo beduíno. Essa cultura é encontrada principalmente nos estados árabes do Golfo Pérsico e tem suas raízes no mar. Apesar de seu núcleo ser essencialmente árabe, a cultura Khaleeji sofreu influência da Pérsia, sul da Ásia e Chifre da África devido à extensa troca comercial que existia na região.
  A comida tradicional do Catar é regada de arroz e frutos do mar, o frango e o cordeiro também é comum aparecer no prato do cardápio catari. A carne de camelo é consumida em grandes ocasiões e os doces de leite de camela são considerados iguarias.
Al Ghuwariyah - com uma população de 2.344 habitantes (estimativa para 2020) é a décima cidade mais populosa do Catar
ALGUNS DADOS SOBRE O CATAR
NOME: Estado do Catar
INDEPENDÊNCIA: do Reino Unido em 3 de setembro de 1971
CAPITAL: Doha
Distrito de West Bay, em Doha, capital do Catar
GENTÍLICO: catarense, catari, catariano (a)
LÍNGUA OFICIAL: árabe
GOVERNO: Monarquia Absoluta
LOCALIZAÇÃO: Oriente Médio
ÁREA: 11.437 km² (159º)
POPULAÇÃO (ONU - Estimativa para 2020): 2.824.831 habitantes (138°)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 246,99 hab./km² (35°). Obs: a densidade demográfica, densidade populacional ou população relativa é a medida expressa pela relação entre a população total e a superfície de um determinado território.
CRESCIMENTO POPULACIONAL (ONU - Estimativa 2019): 2,11% (46°). Obs: o crescimento vegetativo, crescimento populacional ou crescimento natural é a diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade de uma  determinada população.
CIDADES MAIS POPULOSAS (Estimativa para 2019):
Doha: 1.470.527 habitantes
Arquitetura moderna de Doha, capital e maior cidade do Catar
Al Rayyan: 495.933 habitantes
Al Rayyan - segunda maior cidade do Catar
Umm Salal: 34.730 habitantes
Umm Salal - terceira maior cidade do Catar
PIB (FMI - 2018): US$ 185,395 bilhões (50º). Obs: o PIB (Produto Interno Bruto), representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região (quer sejam países, estados ou cidades), durante um período determinado (mês, trimestre, ano).
PIB PER CAPITA (FMI 2018): US$ 76.576 (3°). Obs: o PIB per capita ou renda per capita é o Produto Interno Bruto (PIB) de um determinado lugar dividido por sua população. É o valor que cada habitante receberia se toda a renda fosse distribuída igualmente entre toda a população. 
IDH (ONU - 2019): 0,848 (41°). Obs: o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é uma medida comparativa usada para classificar os países pelo seu grau de desenvolvimento econômico e a qualidade de vida oferecida à população. Este índice é calculado com base em dados econômicos e sociais, variando de 0 (nenhum desenvolvimento humano) a 1 (desenvolvimento humano total). Quanto mais próximo de 1, mais desenvolvido é o país. No cálculo do IDH são computados os seguintes fatores: educação (anos médios de estudos), longevidade (expectativa de vida da população) e PIB per capita. A classificação é feita dividindo os países em quatro grandes grupos: baixo (de 0,0 a 0,500), médio (de 0,501 a 0,800), elevado (de 0,801 a 0,900) e muito elevado (de 0,901 a 1,0).
  Muito alto
  Alto
  Médio
  Baixo
  Sem dados
Mapa do IDH
EXPECTATIVA DE VIDA (OMS - 2018): 77,88 anos (41º). Obs: a expectativa de vida refere-se ao número médio de anos para ser vivido por um grupo de pessoas nascidas no mesmo ano, se a mortalidade em cada idade se mantém constante no futuro, e é contada da maior para a menor.
TAXA DE NATALIDADE (ONU - 2018): 15,56/mil (128º). Obs: a taxa de natalidade é a porcentagem de nascimentos ocorridos em uma população em um determinado período de tempo para cada grupo de mil pessoas, e é classificada do maior para o menor.
TAXA DE MORTALIDADE (CIA World Factbook - 2018): 4,72/mil (179º). Obs: o índice de mortalidade reflete o número de mortes registradas, em média por mil habitantes, em uma determinada região em um período de tempo e é contada da maior para a menor.
TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL (CIA World Factbook - 2018): 6,81/mil (57°). Obs: a taxa de mortalidade infantil refere-se ao número de crianças que morrem no primeiro ano de vida entre mil nascidas vivas em um determinado período, e é classificada do menor para o maior.
Mapa da taxa de mortalidade infantil no mundo
TAXA DE FECUNDIDADE (CIA World Factbook - 2018): 1,89 filhos/mulher (136°). Obs: a taxa de fecundidade refere-se ao número médio de filhos que a mulher teria do início ao fim do seu período reprodutivo (15 a 49 anos), e é classificada do maior para o menor.
Mapa da taxa de fecundidade no mundo
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2018): 96,3% (81º). Obs: essa taxa refere-se a todas as pessoas com 15 anos ou mais que sabem ler e escrever.
Mapa da taxa de alfabetização no mundo
TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2018): 96,4% (7°). Obs: essa taxa refere-se a porcentagem da população que mora nas cidades em relação à população total.
Mapa da taxa de urbanização no mundo
MOEDA: Rial
RELIGIÃO: o islamismo é a religião oficial do país. A distribuição da religião de acordo com os seus seguidores se dá da seguinte maneira: islamismo (67,7%),  hinduísmo (13,8%), cristianismo (13,8%), budismo (3,1%), sem religião religião (0,9%), outras religiões (0,7%).
DIVISÃO: o Catar está dividido em 10 municípios (baladias). Os municípios são: 1. Ad Dawhah 2. Al Ghuwaruyah 3. Al Jumaliyah 4. Al Khawr 5. Al Wakrah 6. Al Rayyan 7. Jariyan al Batnah 8. Madinat ash Shamal 9. Umm Salal 10. Mesaieed.
Mapa da divisão territorial do Catar
REFERÊNCIA: Wikipédia - a enciclopédia livre

sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

O ÍNDICE DE RIQUEZA INCLUSIVA

  Um documento divulgado durante a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (CNUDS), mais conhecida como Rio+20 pela Universidade das Nações Unidas e alguns parceiros anunciou a criação do Índice de Riqueza Inclusiva (Inclusive Wealth Report - IWR ou IRI em português), que adiciona mais um caminho para avaliar a evolução de um país.
  O Índice de Riqueza Inclusiva vai além dos parâmetros econômicos e de desenvolvimento tradicionais do Produto Interno Bruto (PIB) e do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) para incluir uma ampla gama de ativos como o capital manufaturado, humano e natural, mostra aos governos a verdadeira situação da riqueza das suas nações e a sustentabilidade de seu crescimento.
  A principal meta do novo indicador é incentivar a sustentabilidade dos governos e complementar o cálculo do PIB (que só tem viés econômico), ou mesmo substituir os atuais medidores da economia.
Favela em Jacarta - Indonésia
  O índice aplica informações referentes ao capital humano, natural e manufaturado de 20 países, que juntos, representam quase três quartos do PIB mundial e 56% da população do planeta de 1990 a 2008.
  Desenvolvido por especialistas da Universidade das Nações Unidas, a ferramenta reúne informações referentes à educação e expectativa de vida, os recursos florestais, além da produção industrial. Na prática, um país com IRI alto apresenta que ele é mais sustentável.
  O IRI faz parte de uma gama de substitutos potenciais que líderes mundiais podem levar em conta como forma de dar mais precisão à avaliação da geração de riqueza para concretizar o desenvolvimento sustentável e erradicar a pobreza.
Poluição hídrica de um córrego em uma das favelas indianas. O saneamento básico precário é um dos maiores problemas das favelas
  No primeiro estudo feito, que incluiu 20 países, a China, que no período de 1990 a 2008 teve um crescimento econômico de 422%, descontada a perda de recursos naturais, caiu para 37%. O Brasil, que teve um crescimento econômico próximo de 40%, baixou para 13%, se avaliadas as perdas de recursos naturais ao lado do capital manufaturado e do capital humano. E as avaliações podem incluir, ainda, além de índices de saúde e de relações sociais, até aspirações espirituais, a segurança ambiental, os ecossistemas e o valor de seus serviços (como fertilidade do solo, regime hídrico, equilíbrio do clima, estoques pesqueiros, potencial de recursos minerais e muitos outros) - bem como suas perdas.
Canal de Lachine, em Montreal - Canadá
  O relatório, que será produzido a cada dois anos, faz as seguintes recomendações específicas:
  • países que observam retornos decrescentes no capital natural devem investir em capital renovável para melhorar o seu IRI e o bem-estar dos seus cidadãos. Exemplos de investimentos incluem reflorestamento e biodiversidade agrícola;
  • as nações devem incorporar o IRI nos ministérios de planejamento e desenvolvimento para incentivar a criação de políticas sustentáveis;
  • os países devem acelerar o processo de transição de uma estrutura contábil baseada em renda para uma estrutura contábil de riqueza;
  • as políticas macroeconômicas devem ser avaliadas com base no IRI, em vez do PIB per capita;
  • governos e organizações internacionais devem estabelecer programas de pesquisa para calcular os principais componentes do capital natural, particularmente ecossistemas.
No dia 17 de outubro de 2017 foi sancionada pelo Senado brasileiro a Lei 13.493/2017, que cria o PIB Verde (Produto Interno Verde - PIV)
REFERÊNCIA: Lucci, Elian Alabi
Geografia: território e sociedade: 8º ano: ensino fundamental, anos finais / Elian Alabi Lucci, Anselmo Lázaro Branco, William Fugii. -- 1. ed. -- São Paulo: Saraiva, 2018.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

A FORMAÇÃO TERRITORIAL DA EUROPA

  A Europa é formada por muitos povos e culturas diferentes. Ao longo da história, as grandes ondas de migração, as conquistas territoriais e a fusão dessas culturas foram fundamentais para a formação da grande diversidade cultural europeia.
  Os Homo erectus e os Neanderthalis habitavam a Europa bem antes do surgimento dos humanos modernos, os Homo sapiens. Os ossos dos primeiros europeus foram achados em Dmanisi, Geórgia, e datados de 1,8 milhão de anos. O primeiro aparecimento do povo anatomicamente moderno na Europa é datado de 35.000 a.C.. Evidências de assentamentos permanentes datam do século VII a.C. e em partes da Europa Setentrional nos séculos V e IV a.C. A civilização Tripiliana (5.508-2.750 a.C.) foi a primeira grande civilização da Europa e uma das primeiras do mundo; era localizada na Ucrânia moderna e também na Moldávia e Romênia. Foi provavelmente mais antiga que os Sumérios no Oriente Próximo, e tinha cidades com 15 mil habitantes cobrindo uma área de 450 hectares.
  Começando no Neolítico, tem-se a civilização dos Camunos, no Val Camonica, Itália, que deixou mais de 350 mil petróglifos, o maior sítio arqueológico da Europa.
Arte rupestre de Val Camonica
  Também conhecido como Idade do Cobre, o Calcolítico europeu foi um tempo de mudanças e confusão. O fato mais relevante foi a infiltração e invasão de imensas partes do território por povos originários da Ásia Central, considerado pelos principais historiadores como sendo os originais indo-europeus. Outro fenômeno foi a expansão do Megalitismo e o aparecimento da primeira significante estratificação econômica e, relacionado a isso, as primeiras monarquias conhecidas da região dos Balcãs. A primeira civilização bem conhecida da Europa foi as dos Minoicos da ilha de Creta, e depois os Micenas, em adjacentes partes da Grécia, no começo do século II a.C..
Mapa de Creta, com destaque para a área da Civilização Minoica
  Os gregos e romanos deixaram um legado na Europa que é evidente nos pensamentos, leis, mentes e línguas atuais. A Grécia Antiga foi uma união de cidades-estado, na qual uma primitiva forma de democracia se desenvolveu. Atenas foi sua cidade mais poderosa e desenvolvida, e um berço de ensinamento nos tempos de Péricles. Fóruns de cidadãos aconteciam e o policiamento do estado deu ordem ao aparecimento dos mais notáveis filósofos clássicos, como Sócrates, Platão e Aristóteles. Como rei do Reino Grego da Macedônia, as campanhas militares de Alexandre o Grande espalharam a cultura helênica até as nascentes do rio Indo.
Mapa da Grécia Antiga
  A primeira grande unidade política na Europa se deu com o Império Romano, que teve sua maior extensão no século II d.C., ocupando não apenas regiões europeias, mas também o norte da África e parte do Oriente Médio.
  O Império Romano foi o período pós-republicano da antiga civilização romana, caracterizada por uma forma de governo autocrática liderada por um imperador e por extensas possessões territoriais em volta do Mar Mediterrâneo na Europa, África e Ásia. Esse império foi uma das mais fortes potências econômicas, políticas e militares do seu tempo, o maior império da antiguidade Clássica e um dos maiores da História. No apogeu da sua extensão territorial exercia autoridade sobre mais de cinco milhões de quilômetros quadrados e uma população de mais de 70 milhões de pessoas, à época 21% da população mundial. A longevidade e extensão do império proporcionaram uma vasta influência na língua, cultura, religião, técnicas, arquitetura, filosofia, lei e formas de governo dos estados que lhe sucederam.
Apogeu do Império Romano no ano 117 d.C.
  Durante a Idade Média, povos asiáticos, como os mongóis, invadiram a Europa. A invasão mongol da Europa por hordas comandadas por Batu Cã (governante mongol) e Subedei (um dos grandes generais do Exército mongol) atingiu Polônia, Hungria e Romênia após os mongóis terem conquistado e devastado a Rússia.
  Na Europa Central, os mongóis se dividiram em três grupos. Ao norte, um grupo conquistou a Polônia, arrasando várias cidades do sul do país e derrotando a Legnica (uma força combinada de tropas alemãs e polonesas); ao sul, atravessaram os montes Cárpatos, na atual Romênia; no centro, o exército principal atravessou o Danúbio. Os três exércitos reagruparam-se e devastaram a Hungria em 1241.
Quadro que representa a invasão mongol na Europa
 A partir do século VIII, os muçulmanos conquistaram a Península Ibérica, trazendo parte da cultura árabe e do norte da África para esse continente. A invasão islâmica da Península Ibérica, também chamada de invasão muçulmana, conquista árabe ou expansão muçulmana, refere-se a uma série de deslocamentos populacionais ocorridos a partir de 711 e que durou até 726, quando tropas islâmicas oriundas do Norte da África, sob o comando do general berbere Tárique, cruzaram o estreito de Gibraltar, penetraram a península Ibérica e venceram Rodrigo, o último rei dos Visigodos da Hispânia, na Batalha de Guadalete. Após a vitória, termina o Reino Visigótico.
  Nos anos seguintes, os muçulmanos foram alargando suas conquistas na península, dominando o território designado em língua árabe.  Essa conquista marca a expansão ocidental do Califado Omíada.
Império Muçulmano, no período de seu maior apogeu
  Nos séculos seguintes, o crescimento do nacionalismo e do colonialismo levou a disputas territoriais que acirraram as tensões internacionais e conduziram o continente a uma guerra no início do século XX: a Primeira Guerra Mundial.
  A Primeira Guerra Mundial (também conhecida como Grande Guerra ou Guerra das Guerras até o início da Segunda Guerra Mundial) foi uma guerra global centrada na Europa, que começou em 28 de julho de 1914 e durou até 11 de novembro de 1918. O conflito envolveu as grandes potências de todo o mundo, que se organizaram em duas alianças opostas: os Aliados (com base na Tríplice Entente entre Reino Unido, França e Rússia - depois, com a saída da Rússia, os Estados Unidos entraram na guerra) e os Impérios Centrais (com base na Tríplice Aliança entre Alemanha, Itália e o Império Austro-Húngaro, mas como o Império Austro-Húngaro tinha tomado a ofensiva, violando o acordo, a Itália não entrou na guerra. O Império Otomano, entrou depois na guerra lutando ao lado da Tríplice Aliança).
  Entre as causas da guerra incluem-se as políticas imperialistas estrangeiras das grandes potências da Europa, como os Impérios Alemão, Austro-Húngaro, Otomano, Russo, Britânico, a Terceira República Francesa e a Itália.
  A Primeira Guerra Mundial  reconfigurou as fronteiras europeias: os impérios Russo, Alemão, Austro-Húngaro e Otomano, por exemplo, foram destruídos. Nesse contexto, muitos países se tornaram independentes e outros conquistaram territórios.
Alianças da Primeira Guerra Mundial
  A Revolução Russa, que enfraqueceu o regime monárquico russo e conduziu os bolcheviques ao poder, originou a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), em 1922.
  A Revolução Russa foi um período de conflitos, iniciado em 1917, que derrubou a monarquia russa e levou ao poder o Partido Bolchevique, de Vladimir Lênin. Recém-industrializada e sofrendo com a Primeira Guerra Mundial, a Rússia tinha uma grande massa de operários e camponeses trabalhando muito e ganhando pouco. Além disso, o governo absolutista do Czar Nicolau II desagradava o povo que queria uma liderança menos opressiva e mais democrática. A soma dos fatores levou a manifestações populares que fizeram o monarca renunciar e, no fim do processo, deram origem à União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), o primeiro país socialista do mundo, que durou até 1991.
Soldados e civis se manifestando durante a Revolução Russa de 1917
  O expansionismo alemão, que gerou agressivas anexações territoriais de países vizinhos, e as rivalidades político-econômicas conduziram a Europa à Segunda Guerra Mundial, que redesenhou novamente o mapa político desse continente, destruindo grande parte do território dos países europeus.
  A Segunda Guerra Mundial foi um conflito militar global que durou de 1939 a 1945, envolvendo a maioria das nações do mundo - incluindo todas as grandes potências - organizadas em duas alianças militares opostas: os Aliados (composto por França, Reino Unido, União Soviética, Estados Unidos e seus aliados) e o Eixo (composto por Alemanha, Itália, Japão e seus aliados). Foi a guerra mais abrangente da história.
  A guerra terminou com a vitória dos Aliados em 1945, alterando significativamente o alinhamento político e a estrutura social mundial. Enquanto a Organização das Nações Unidas (ONU) era estabelecida para estimular a cooperação global e evitar futuros conflitos, a União Soviética e os Estados Unidos emergiram como superpotências rivais.
Alianças durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) 
  Aliados ocidentais (países independentes)
  Aliados ocidentais (colônias ou ocupações)
  União Soviética
  Eixo (países)
  Eixo (colônias ou ocupações, incluindo a França de Vichy)
  Países neutros
  A Segunda Guerra Mundial é sucedida pela Guerra Fria, momento de polarização ideológica e econômica entre os países.
  A Guerra Fria é a designação atribuída ao período histórico de disputas estratégicas e conflitos indiretos entre os Estados Unidos (comandando o capitalismo) e a União Soviética (comandando o socialismo), compreendendo o período entre o final da Segunda Guerra Mundial (1945) e a extinção da União Soviética (1991). Foi um conflito de ordem política, militar, tecnológica, econômica, social e ideológica entre as duas nações e suas zonas de influência. É chamada "fria" porque não houve uma guerra direta entre as duas superpotências, dada a inviabilidade da vitória em uma batalha nuclear.
  A Europa foi dividida em duas: Europa Ocidental (capitalista e aliada aos Estados Unidos) e Europa Oriental ou Leste Europeu (socialista e aliada à União Soviética). As duas Europas eram divididas pela chamada "Cortina de Ferro", linha divisória que separava a Europa Ocidental da Europa Oriental.
  A fragilização das nações europeias, após uma guerra violenta, permitiu que os Estados Unidos estendessem uma série de apoios econômicos para as nações da Europa Ocidental, para que estes países pudessem se reerguer e mostrar as vantagens do capitalismo. Assim, o Secretário de Estado dos Estados Unidos, George Marshall, propôs a criação de um amplo plano econômico, que veio a ser conhecido como Plano Marshall.
  Em resposta ao plano econômico estadunidense, a União Soviética propôs-se a ajudar também seus países aliados, com a criação do COMECOM (Conselho para Assistência Mútua). O COMECOM fora proposto como maneira de impedir os países-satélites da União Soviética de demonstrar interesse em aderir ao Plano Marshall, e não abandonarem a  esfera de influência de Moscou.
Divisão da Europa durante a Guerra Fria
  Depois da Segunda Guerra Mundial, também ocorreu o processo de descolonização da África, da Ásia e do Caribe, colocando fim à dominação política e econômica da Europa sobre o restante do mundo, além de provocar alterações territoriais ligadas à lógica da geopolítica de polarização do comunismo e do capitalismo, sob a liderança da URSS e dos Estados Unidos, respectivamente.
  As causas do processo de descolonização na África, Ásia e América Central foram bastante variadas:
  • a Segunda Guerra Mundial significou o fim da hegemonia econômica e militar europeia no mundo, pois, completamente destroçados, os países europeus já não podiam manter impérios coloniais;
  • os movimentos nacionalistas emergentes das colônias foram reforçados pela Carta das Nações Unidas, que considerava a autodeterminação dos povos um direito básico;
  • o início da Guerra Fria também foi outra grande influência, pois, tanto os Estados Unidos como a União Soviética, apoiaram os movimentos de independência para influenciar os novos governos e a população, atraindo-os para seus respectivos blocos.
  O processo de descolonização teve três características principais:
  • ocorreu integralmente entre 1946 e 1975;
  • na maioria dos países havia partidos políticos que organizaram o processo de independência;
  • destacaram-se líderes carismáticos, que mobilizaram as massas, como Mahatma Gandhi, na Índia, Ho Chi Mi, no Vietnã, Sukarno, na Indonésia, e Lumumba, no Congo.

Mapa sobre o processo de descolonização na África e na Ásia
  A Alemanha viu seu território ser dividido entre as duas potências, originando a Alemanha Ocidental e a Alemanha Oriental.
  As tropas alemãs capitularam em 8 e 9 de maio de 1945. Os membros do último Reich, encabeçados pelo almirante Karl Dönitz, foram presos. Juntamente com outros líderes da ditadura nazista, ele respondeu por crimes de guerra e contra a humanidade perante o Tribunal de Nurembergue, instaurado pelos Aliados.
  As quatro potências vencedoras - Estados Unidos, Reino Unido, França e União Soviética - assumiram o poder e dividiram o território alemão em quatro zonas de ocupação. Sob o controle soviético ficaram os territórios a leste dos rios Oder e Neisse. Berlim, encravada no território que viraria Alemanha Oriental, também foi dividida em quatro setores.
  Os diferentes sistemas de domínio no Ocidente e no Leste da Europa, geraram divergências entre os Aliados, que não conseguiam definir uma política comum para a Alemanha derrotada. Na Conferência de Potsdam, que ocorreu entre 17 de julho e 2 de agosto de 1945 para estabelecer as bases de uma nova ordem europeia no pós-guerra, só houve consenso quanto a quatro ações prioritárias na Alemanha: desnazificar, desmilitarizar, descentralizar a economia e reeducar os alemães para a democracia.
  Em 1949, o país foi formalmente dividido dando origem a República Democrática Alemã (Alemanha Oriental) e a República Federal Alemã (Alemanha Ocidental).
A Alemanha Oriental estava sob influência socialista e soviética, com capital em Berlim. Por sua vez, a parte ocidental vivia sob órbita capitalista e americana, cuja capital era Bonn.
  Esta divisão seguia a lógica da Guerra Fria, que dominou a ordem mundial até 1989 com a queda do Muro de Berlim.
Mapa da Alemanha dividida
  A antiga capital alemã não escapou desta divisão. Berlim situava-se em plena Alemanha Oriental e ali coexistiram dois sistemas de governo e duas moedas na mesma cidade. Primeiro, foi dividida de maneira sútil com bairros destinados ao lado capitalista e ao lado socialista. Porém, a partir de 1961, de forma física, com a construção do Muro de Berlim.
  Em 1953, vários operários da Alemanha Oriental, marcham em Berlim pedindo melhores condições de vida e mais liberdade. São duramente reprimidos pela polícia que atirou na população desarmada, além de prender entre 13 mil a 15 mil pessoas. Diante desta coerção, cerca de 3 milhões de alemães passaram para o lado Ocidental. Quanto mais o regime soviético dominava e reprimia a população da Alemanha Oriental, mais pessoas se mostravam insatisfeitos e fugiam para o lado Ocidental.
  As autoridades da Alemanha Oriental encontraram uma solução para impedir que os cidadãos berlinenses debandassem para o lado capitalista: a construção de um muro.
Muro de Berlim
  Por volta de 1948, as repúblicas bálticas, a Polônia, a Hungria, a Tchecoslováquia, a Romênia, a Bulgária, a Iugoslávia e a Albânia se tornaram países socialistas, sob o domínio político e econômico da URSS.
  Com o fim da Guerra Fria, no início da década de 1990, a URSS se fragmentou em 15 repúblicas. Na Europa, as repúblicas bálticas (Estônia, Letônia e Lituânia) foram as primeiras a retomar a soberania de seus antigos territórios. Além delas, Belarus, Ucrânia, Moldávia, Geórgia, Armênia e Azerbaijão tornaram-se repúblicas independentes.
  A Tchecoslováquia desmembrou-se em República Tcheca e República da Eslováquia.
  A Tchecoslováquia foi um país governado por um autoritário governo marxista-leninista de 1960 até 1989. Foi um Estado satélite soviético do Bloco Oriental. O país permaneceu em primeira instância, de 1948 a 1960, com o nome oficial de República Tchecoslováquia, transferindo depois para República Socialista da Tchecoslováquia.
  Após o golpe de Estado de fevereiro de 1948, quando o Partido Comunista da Tchecoslováquia tomou o poder com o apoio da União Soviética, o país foi declarado uma república popular.
  A Tchecoslováquia foi membro do Conselho para Assistência Econômica Mútua e do Pacto de Varsóvia. O regime terminou em 1989 com a queda do Bloco de Leste durante as Contrarrevoluções por meio de Revolução de Veludo.
Mapa da antiga Tchecoslováquia e os dois países que se originaram da sua desintegração
  A Iugoslávia, de modo bastante tenso e conflituoso, fragmentou-se em seis países: Bósnia-Herzegovina, Croácia, Eslovênia, Macedônia, Montenegro e Sérvia. Kosovo declarou independência em 2008, o que ainda não foi reconhecido.
  A Iugoslávia foi um país que existiu na região dos Balcãs durante a maior parte do século XX. Surgiu após a Primeira Guerra Mundial, em 1918, sob o nome de Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos através da fusão do provisório Estado dos Eslovenos, Croatas e Sérvios (que antes fazia parte do antigo Império Austro-Húngaro) com o Reino da Sérvia, anteriormente independente.
  Renomeado para Reino da Iugoslávia em 3 de outubro de 1929, o país foi invadido pelas Potências do Eixo em 6 de abril de 1941. Em 1943, uma Iugoslávia democrática e federal é proclamada pela resistência partsan (movimento de resistência contra a ocupação do Eixo). Em 1944, o rei o reconheceu como governo legítimo da nação, mas em novembro de 1945 a monarquia foi abolida. A Iugoslávia foi renomeada para República Popular Federativa da Iugoslávia em 1946, quando um governo comunista foi estabelecido.
  O país adquiriu os territórios de Istria, de Rijeka e de Zadar da Itália. O líder partidário Josip Broz Tito governou a Iugoslávia como presidente até sua morte, em 1980. Em 1963, o país foi rebatizado novamente para República Socialista Federal da Iugoslávia.
Processo de cisão da Iugoslávia
  República Socialista Federativa da Iugoslávia (1943-1992)
  República Federal da Iugoslávia (1992-2003), Sérvia e Montenegro (2003-2006)
  Sérvia (desde 2006)
  Croácia (desde 1991)
  Eslovênia (desde 1991)
  Macedônia (desde 1991)
  República da Sérvia de Krajina (1991-1995)
  República Sérviaa (desde 1992)
  Herzeg-Bósnia (1992-1994)
  República da Bósnia e Herzegovina (1992-1998)
  Bósnia e Herzegovina (desde 1998)
  Montenegro (desde 2006)
  Kosovo (independência não reconhecida desde 2008)
  Na Europa Ocidental, após a queda do Muro de Berlim, a Alemanha Ocidental e a Alemanha Oriental se reunificaram. O processo de reunificação do país gerou desafios para equilibrar o desenvolvimento socioeconômico e as condições de vida da população em cada porção do território alemão.
  A reunificação da Alemanha foi o processo em que a República Democrática da Alemanha (RDA/Alemanha Oriental) foi anexada pela República Federal da Alemanha (RFA/Alemanha Ocidental), ao reunificar a nação da Alemanha e a cidade de Berlim, como previsto pelo Artigo 23 da Lei Fundamental da República Federal da Alemanha. O final do processo de unificação é conhecido oficialmente como Unidade Alemã, comemorado no dia 3 de outubro.
  O regime da Alemanha Oriental começou a vacilar em maio de 1989, quando a remoção da cerca na fronteira com a com a Hungria abriu um buraco na Cortina de Ferro, o que causou o êxodo de milhares de alemães orientais, que fugiram para a Alemanha Oriental e para a Áustria, através do território húngaro. A Revolução Pacífica, uma série de protestos promovidos por parte dos alemães orientais, levou às primeiras eleições livres da RDA, em 18 de março de 1990, e ao início das negociações entre a RDA e a RFA, que culminaram no Tratado de Unificação.
Muro de Berlim, no Portão de Brandemburgo, em 10 de novembro de 1989. A queda do muro de Berlim marcou o início do processo de unificação da Alemanha
REFERÊNCIA: Sampaio, Fernando dos Santos
Geração alpha geografia: ensino fundamental: anos finais: 9º ano / Fernanda dos Santos Sampaio, Marlon Clóvis Medeiros: editor responsável Flávio Manzatto de Souza: organizadora SM Educação: obra coletiva, desenvolvida e produzida por SM Educação - 2. ed. - São Paulo: Edições SM, 2018.