domingo, 17 de junho de 2018

O GRUPO FUNDAMENTALISTA ISLÂMICO NACIONALISTA TALIBÃ

  O Talibã é um grupo islâmico radical, que atua no Afeganistão e no Paquistão, cuja origem está no contexto da invasão soviética, em 1979, ao Afeganistão, contra a qual lutavam guerrilheiros patrocinados pelos Estados Unidos. Com a retirada soviética, grupos rivais disputaram a hegemonia, conquistada pelo Talibã em 1998. Antes da invasão estadunidense, em 2001, esse grupo chegou a controlar a maior parte do país, opondo-se fortemente às influências do Ocidente.
  A milícia tem origem nas tribos que vivem na fronteira entre o Afeganistão e o Paquistão durante o governo dos também rebeldes mujahedins. Apesar de islâmico, esse governo era considerado muito liberal, deixando descontentes os muçulmanos mais extremistas. Assim, a milícia invadiu a capital afegã Cabul e tomou o poder, governando o país de 1996 até a invasão norte-americana, em 2001. Oficialmente é considerado como uma organização terrorista pela Rússia, União Europeia e Estados Unidos.
Principais grupos que controlam o Afeganistão
  Por quase duas décadas, seu líder foi Mahammed Omar, considerado um dos mais influentes jihadistas do mundo. Ele liderou a luta para estabelecer o Talibã como a principal força política e militar no Afeganistão na década de 1990, e depois liderou a insurgência contra as tropas ocidentais no território afegão. Quando morreu, em 2013, foi sucedido por Akhtar Mohammad Mansour. Mansour foi morto em um ataque aéreo norte-americano em maio de 2016. Foi sucedido por Mawlawi Hibatullah Akhundzada, que assumiu em 25 de março de 2016, o controle operacional completo do grupo.
Mohammed Omar (entre 1950 e 1960 - 2013) - um dos principais líderes do Talibã
  Durante a invasão soviética no Afeganistão (1979-1989), o governo dos Estados Unidos, através da chamada Operação Ciclone (nome em código do programa da CIA) armou os mujahidins. Foi uma das mais longas e dispendiosas operações da CIA. Entre 1987 e 1989, os serviços secretos do Paquistão (ISI) e a CIA operavam juntas, armando as milícias que combatiam as tropas soviéticas.
  Depois que os vários grupos de resistência contra a ocupação soviética tomaram Cabul, em 1992, houve um período marcado por lutas internas e guerras civis. Em 1994, o Talibã surgiu como uma alternativa caracterizada pela predominância pachtun e pelo rigor religioso extremo, criando na população expectativas de que acabaria com o constante estado de guerra interna e com os abusos dos senhores da guerra.
Milicianos islâmicos afegãos na província de Kunar, durante da Guerra do Afeganistão, em 1987
  Em novembro de 1994, teve início a ofensiva Talibã e, um mês depois, o Talibã assumiu o controle da região de Spin Boldak, na fronteira entre o Afeganistão e o Paquistão. Após essa invasão, o Paquistão intensificou a ajuda ao movimento, principalmente por meio de Nasrullah Babar, um integrante da etnia pachtun que era Ministro do Interior. Dentre os motivos para apoiar o Talibã, estava a crença na sua capacidade de restaurar a ordem em estradas afegãs e estabelecer um governo estável que viabilizaria a construção de um gasoduto, além de ter um governo aliado na disputa entre o Paquistão e a Índia.
  Depois de implementar um rigoroso regime islâmico e surpreender o mundo com algumas ações mais extremas, procederam a destruição dos Budas de Bamiyan (Patrimônio da Humanidade), que, depois de sobreviver quase 1.500 anos, foram destruídos com dinamite e disparos de tanques. Em março de 2001, os dois maiores Budas foram demolidos após alguns bombardeios pesados. O governo islâmico do Talibã criticou a UNESCO e as ONGs do exterior pela doação de recursos para reparar essas estátuas quando haveria muitos problemas urgentes no Afeganistão e decretou que as estátuas eram ídolos e, portanto, contrárias ao Alcorão.
Duas esculturas representando Buda, esculpidas na rocha entre os séculos IV e V, e que foram destruídas em março de 2001 pelo grupo Talibã
  A mídia informou que o Talibã deram refúgio a Osama Bin Laden. Após o ataque terrorista às Torres Gêmeas em Nova York, as forças dos Estados Unidos que, como o Afeganistão teria decidido não entregar Osama Bin Laden, o país seria atacado. Assim, derrubou-se o regime Talibã e favoreceu-se, com o apoio de outros países, a instalação do governo liderado por Hamid Karzai.
  A facilidade da derrubada do Talibã contribuiu para que os Estados Unidos invadisse o Iraque, um país designado como parte do chamado "Eixo do Mal", pelo presidente norte-americano George W. Bush. Após a invasão do Iraque a posterior estagnação do sucesso internacional das forças de ocupação no território iraquiano, o Talibã recuperou a força, obteve um certo nível de controle político e aceitação na região fronteiriça entre o Paquistão e o Afeganistão, iniciando uma insurgência contra os Estados Unidos e o governo afegão, constituído após as eleições gerais, passando a utilizar os mesmos métodos da resistência no Iraque, incluindo emboscadas e atentados suicidas contra as tropas ali estacionadas dos países europeus e dos Estados Unidos.
Atentado ao Hotel Intercontinental de Cabul, em 20 de janeiro de 2018, foi reivindicado pelo Talibã
  De acordo com as línguas faladas no Afeganistão (o persa moderno e o afegão), talib significa "estudante", palavra emprestada da língua árabe. Os talibãs pertencem ao movimento islâmico sunita Deobandi, que enfatiza a piedade, a austeridade e as obrigações familiares. Este movimento emergiu em áreas da etnia pashtun.
  Apesar de o regime talibã ter banido o cultivo de papoulas de ópio em fins de 1997, estima-se que sua produção tenha crescido bastante no período em que o regime governou o Afeganistão e, após a queda do regime talibã, esse cultivo aumentou ainda mais, fazendo com que o Afeganistão seja responsável atualmente por cerca de 72% da produção mundial desse produto. A maior parte do ópio produzido no território afegão é vendido na Europa.
Cultivo de papoula no Afeganistão - o país é o maior produtor mundial desse produto
  Durante o período em que o Talibã governou o Afeganistão, as mulheres eram impedidas de trabalharem além da adoção de regras rígidas sobre a educação feminina. Em alguns casos, elas eram impedidas de terem acesso a hospitais públicos para que não fossem tratadas por médicos ou enfermeiros homens. Também não podiam sair de casa sem acompanhantes homens e saíam somente pela porta de trás dos ônibus. As viúvas ou que não possuíam filhos não eram consideradas pessoas pelo Estado e muitas vezes enfrentavam a fome.
  Em face de conflitos com anciões hinduístas, que frequentemente eram confundidos com islâmicos que haviam desrespeitados a ordem de não rasparem a barba, os Talibãs decretaram, em maio de 2001, que os hindus e membros de outras religiões usassem um símbolo amarelo como identificação. Esta ordem foi, posteriormente, modificada em junho daquele ano para obrigar os hindus a usarem uma carteira de identidade especial. O ato de empinar pipas, presentes em alguns rituais do hinduísmo, foi banido por ser considerado perda de tempo. Além disso, foi proibido a conversão de islâmicos a outras religiões (se caso alguém desrespeitasse essa ordem era punido com a morte e o estrangeiro, expulso).
Cabul - capital do Afeganistão
  Em 1996, o saudita Osama Bin Laden mudou-se para o Afeganistão a convite da Aliança do Norte, principal grupo opositor do Talibã no país. Segundo o governo norte-americano, quando o Talibã chegou ao poder, a Al Qaeda (grupo fundamentalista islâmico criado por Osama Bin Laden) aliou-se a eles.
  Em resposta aos atentados às Torres Gêmeas, em 11 de Setembro de 2001, os Estados Unidos e seus aliados invadiram o Afeganistão à procura de Osama Bin Laden, que estaria refugiado no país sob a proteção do regime Talibã. Porém, a missão não alcançou êxito. Essa invasão pôs fim aos seis anos de regime Talibã.
Militares norte-americanos em patrulha no Afeganistão, em 2011
REFERÊNCIA: Lucci, Elian Alabi
Território e sociedade no mundo globalizado, 2: ensino médio / Elian Alabi Lucci, Anselmo Lázaro Branco, Cláudio Mendonça. -- 3. ed. -- São Paulo: Saraiva, 2016.

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