quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

O POVO MONKEN: OS "CIGANOS DO MAR"

  Os monken são um povo nômade que passa grande parte da vida em barcos. Habitam, predominantemente, o arquipélago de Mergui, localizado entre Mianmar e Tailândia, onde é possível avistar, no horizonte, seus pequenos barcos, os kabang. Do mar eles retiram os alimentos que consomem, além de conchas e ostras para comercializar. Eles vivem em terra firme somente no período em que as chuvas e os ventos se tornam mais intensos, dificultando a navegação. Eles têm mais de 800 ilhas à disposição. Uma mais bonita que a outra. E, ainda assim, preferem viver no mar.
Embarcação monken
  O arquipélago de Mergui é composto de mais de 800 ilhas, dos mais variados tamanhos. Seu relativo isolamento permitiu a preservação da fauna e flora local. A maior e mais alta ilha do arquipélago é Kadan Kyun (antiga ilha King sob domínio britânico).
  Geologicamente, as ilhas são caracterizadas principalmente por estarem constituídas de calcário e granito. Em geral, a sua cobertura vegetal é de caráter tropical, incluindo selvas, enquanto que no litoral são frequentes os promontórios (cabos constituídos por rochas íngremes ou montanhas elevadas), praias abertas e, em alguns lugares, pântanos e manguezais. Mar adentro há extensos recifes de corais. É nesse paraíso que vivem os monken.
Ilha do arquipélago de Mergui
  Os moken não gostam de terra firme. Só se sujeitam às praias do Arquipélago de Mergui quando obrigados a ancorar durante a época das monções. No resto do ano, durante oito meses, passam o tempo todo a bordo. Sua casa é o barco. Tem quarto, cozinha, sala e espaço para abrigar até oito membros de uma família. Conhecidos por "ciganos do mar", esses pescadores nômades gastam dois terços de sua existência navegando. Dentro do barco, dão à luz, fazem refeições e educam as crianças - que desde cedo aprendem a se tornar exímios pescadores.
  Há muitos monken no Sudeste Asiático, mas esses são os últimos a manter tal estilo de vida. Sua sorte é habitar o remoto litoral sul de Mianmar, onde o mundo moderno ainda não destruiu as ilhas de praias virgens e florestas tropicais habitadas por elefantes, macacos, tigres e rinocerontes.
Ilha no arquipélago de Mergui
  Exímios mergulhadores capazes de prender a respiração por vários minutos, os monken buscam no fundo do mar, com ferramentas simples, suas necessidades diárias: peixes e moluscos para se alimentar, além de conchas, caracóis e ostras que trocam por produtos com comerciantes.
  Os monken acumulam poucos bens materiais e, quando em terra firme, vivem contrariados. Muitos, inclusive, sofrem com náuseas e enjoos no curto período longe do oceano. A ligação com a água é tamanha que suas crianças aprendem a nadar antes mesmo de darem os primeiros passos. Isso faz com que a visão subaquática dos jovens monken seja duas vezes melhor que a de outras crianças.
Kabang - barco-caso dos monkens
  Uma das principais vilas dos monken se localiza nas ilhas Surin, ao sul do arquipélago de Mergui, onde cerca de 200 pessoas do grupo fixam bangalôs (tipo de casa com no máximo dois pavimentos) no período das chuvas de monções. Surin é o único grupo de ilhas que permaneceu no território da Tailândia quando a fronteira foi traçada, nos tempos em que a França governava a Birmânia - todas as outras ilhas são parte da costa ocidental de Mianmar.
Crianças monken
  Para produzir o kabang - o barco-casa, que representa a própria identidade dos monken -, os mais antigos membros da comunidade, que ainda dominam a arte de construção da embarcação, utilizam a madeira sólida de uma árvore que cresce nas ilhas Surin. O tronco deve ter uma medida específica, nem mais, nem menos, exatamente compatível com o abraço de dois homens adultos ao redor de uma árvore. Se suas mãos se tocarem do outro lado do tronco, significa que aquela árvore tem o tamanho exato para o casco de um kabang. Contudo, a poda não pode acontecer antes de uma semana de rituais xamânicos, necessários para espantar "os espíritos ferozes que habitam às árvores".
Monken catando ostras
  Outras madeiras, além do bambu, servem de material para a construção do convés, do mastro e do timão, tudo sustentado por cordas de fibras vegetais. Na proa, uma carranca faz o papel de estabilizador, e a única vela do kabang é feita de folhas trançadas de palmeira. Esculpida à mão, a construção leva, em média, quatro meses para ser construída.
Monken pescando dentro d'água
  Atualmente, os monken vem sofrendo com a discriminação por parte das autoridades locais e do poder econômico. O crescimento da indústria do turismo contribuiu para uma política de exclusão, que acabou segregando os monken em favor dos estrangeiros. O exército delimitou a área deles com barracas de bambu, forçando-os a permanecer num determinado local, "preservando", assim, as outras praias exclusivamente para os turistas. Se são pegos navegando, eles sofrem repressão por falta de documentos ou de autorização.
  Por outro lado, uma ameaça ainda maior compromete o futuro desses nômades: frotas pesqueiras modernas estão destruindo a fauna aquática local, forçando os monken a se mudar para o continente, abrindo mão de suas raízes.
Crianças monken brincam num kabang
REFERÊNCIA: Torrezani, Neiva Camargo
Vontade de saber geografia, 6º ano / Neiva Camargo Torrezani. - 2. ed. - São Paulo: FTD, 2015.

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

ONU CONDENA OS ASSENTAMENTOS JUDEUS NA PALESTINA

  As colônias israelenses ou colonatos israelitas são assentamentos ilegais construídos a partir de 1968, no Egito, Jordânia, Líbano, Síria e na Palestina, em territórios ocupados por Israel durante a Guerra dos Seis Dias (ocorrida em 1967, que envolveu Israel e os países árabes citados). Desde então, esses territórios são controlados pelo Estado judeu. A ocupação dos territórios não é reconhecida internacionalmente e esses assentamentos estão localizados em três áreas principais:
  • Cisjordânia - território sob ocupação militar de Israel e parcialmente sob o controle da Autoridade Nacional Palestina (ANP).
Geva Binyamin - assentamento judeu na Cisjordânia
  • Jerusalém Oriental - em 1980, através da chamada Lei de Jerusalém, a parte oriental da cidade foi anexada formalmente por Israel, que considera toda a cidade de Jerusalém como sua capital, "única e indivisível". Para a comunidade internacional, todos os assentamentos judaicos na parte oriental de Jerusalém são ilegais, conforme a Resolução 478 do Conselho de Segurança da ONU. Os palestinos desejam que esta parte da cidade seja a capital do futuro Estado da Palestina.
Assentamento judeu na parte oriental de Jerusalém
  • Colinas de Golã - reclamadas pela Síria e integradas ao sistema administrativo israelense desde 1981 por meio da Lei de Golã, as colônias fazem parte do Distrito Norte de Israel e tem um papel estratégico, pois nessa área encontra-se as nascentes do rio Jordão.
Assentamento judaico nas Colinas de Golã
  Existiram também outros 18 assentamentos judeus na Península do Sinai, mas após os acordos de Camp David, envolvendo Israel e Egito, esses assentamentos foram removidos para a Faixa de Gaza e para a Cisjordânia.
  Em novembro de 2009, cerca de 400 mil israelenses viviam na Cisjordânia, em 168 assentamentos oficialmente reconhecidos. Outros 280 mil viviam em Jerusalém Oriental. Esses assentamentos tanto podem ser fazendas comunitárias como vilarejos de fronteira, com algumas centenas de habitantes, ou verdadeiras cidades, como Ariel.
Ariel - Israel
  No caso de Jerusalém Oriental, trata-se de bairros dentro da cidade. Os três maiores assentamentos - Modi'in Illit, Maale Adumim e Beitar Illit - são cidades com população superior a 30.000 habitantes
  Em 23 de março de 2010, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netahyahu, declarou, em Washington, que "se os americanos apoiam os pedidos irracionais feitos pelos palestinos com relação ao congelamento das colônias em Jerusalém Oriental e na Cisjordânia, o processo político de paz poderia correr o risco de ficar bloqueado por um ano".
  No dia seguinte, Israel anunciou a construção de mais 20 habitações para judeus o território ocupado de Jerusalém Oriental, no bairro árabe de Sheik Jarrah. Teria sido a primeira de um total previsto de cem unidades habitacionais. O projeto teria sido um empreendimento financiado pelo milionário judeu americano Irving Moskowitz.
Bairo árabe Sheik Jarrah, em Jerusalém Oriental
  Em 18 de fevereiro de 2011, os Estados Unidos vetaram um projeto de resolução do Conselho de Segurança da ONU, apresentado pelos países árabes, que condenava o Estado de Israel por promover a construção de assentamentos judeus em territórios palestinos. O texto proposto reafirmava que todas as atividades israelenses relacionadas aos assentamentos nos Territórios Palestinos Ocupados, inclusive em Jerusalém Oriental, eram ilegais e constituíam um grande obstáculo para alcançar a paz com base na solução dos dois Estados - Israel e Palestina.
  A medida recebeu o apoio de mais de 100 países. Dos 15 membros do Conselho de Segurança da ONU, 14 votaram a favor, inclusive o Brasil. Somente os Estados Unidos posicionaram ao lado dos israelenses, e vetaram a resolução.
  Os Estados Unidos dizem condenar a expansão dos assentamentos, mas consideram que levar o caso à ONU dificulta ainda mais a retomada do processo de paz.
Assentamento israelense em Maale Adumim
  Os árabes já esperavam o veto americano, mas a proposta foi apresentada justamente para mostrar o isolamento dos Estados Unidos em seu apoio a Israel.
  No dia 23 de dezembro de 2016, o Conselho de Segurança da ONU declarou que condena os assentamentos israelenses em território palestino. A decisão é fruto de uma abstenção inédita dos Estados Unidos, que teriam o poder de vetar a resolução.
  Segundo o comunicado do órgão das Nações Unidas, os assentamentos de Israel em território palestino são ilegais de acordo com as leis internacionais e inviabilizam uma solução pacífica para os dois povos. Aprovada por 14 votos a zero, com apenas uma abstenção (a dos Estados Unidos), a resolução exige que Israel imediatamente "cesse todas as atividades de assentamento no território palestino ocupado, incluindo Jerusalém Oriental".
Assentamento israelense em Modi'in Illit
  O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, reagiu imediatamente, afirmando que "não vai tolerar os termos da decisão" e classificando a posição da ONU no conselho como "anti-israelense".
  Do outro lado, para o porta-voz do presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, a resolução foi "um grande golpe para a política israelense".
  A publicação da resolução da ONU só foi possível depois que os Estados Unidos, contrariando suas posições recentes, se recusaram a vetá-la.
  O texto afirma que os assentamentos judaicos são uma "flagrante violação do direito internacional e um grande obstáculo para a concretização da solução de dois Estados e uma de paz justa, duradoura e abrangente".
  A resolução original, de autoria do governo egípcio, foi postergada depois de Israel pedir ao presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, para intervir a seu favor. Mas depois foi proposta novamente por um conjunto de países formados por Malásia, Nova Zelândia, Senegal e Venezuela.
Assentamento israelense em Beitar Illit
  A questão é uma das mais controversas entre israelenses e palestinos. Cerca de 500 mil judeus vivem em aproximadamente 140 assentamentos construídos desde a ocupação de Israel, em 1967, na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental. Os assentamentos são considerados ilegais de acordo com leis internacionais, embora Israel conteste esta visão.
Jerusalém - cidade sagrada para as três principais religiões monoteístas do globo: cristianismo, judaísmo e islamismo
FONTE: G1: O portal de notícias da Globo

domingo, 1 de janeiro de 2017

O VALE DO RIBEIRA

  O Vale do Ribeira é uma região localizada entre o sul do estado de São Paulo e o leste do Paraná. Recebe este nome em função da bacia hidrográfica do rio Ribeira do Iguape e do Complexo Estuarino Lagunar de Iguape, Cananeia e Paranaguá. Essa região abriga cerca de 61% da Mata Atlântica remanescente no Brasil, com 150 mil hectares de restinga e 17 mil hectares de manguezais.
  Em 1999, a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e a Cultura (Unesco), declarou a região Patrimônio Natural da Humanidade. Ela contém, em si, uma das maiores biodiversidades do globo, pois conserva a maior porção de Mata Atlântica do Brasil. A região é produtora de água de boa qualidade, tanto para o abastecimento humano, quanto para a fauna aquática. O Vale do Ribeira apresenta ecossistemas aquáticos (rio, estuário e mar) e terrestres (duna, mangue, restinga e floresta ombrófila densa).
Municípios do Vale do Ribeira: São Paulo: 1. São Lourenço da Serra 2. Juquitiba 3. Tapiraí 4. Pedro de Toledo 5. Itariri 6. Miracatu 7. Juquiá 8. Iguape 9. Registro 10. Sete Barras 11. Pariquera-Açu 12. Ilha Comprida 13. Cananeia 14. Jacupiranga 15. Cajati 16. Eldorado 17. Iporanga 18. Barra do Turvo 19. Itaoca 20. Apiaí 21. Ribeira 22. Barra do Chapéu 23. Itapirapuã Paulista. Paraná: 24. Adrianópolis 25. Tunas do Paraná 26. Bocaiuva do Sul 27. Rio Branco do Sul 28. Cerro Azul 29. Doutor Ulysses.
  Além de se destacar como área de preservação, o Vale do Ribeira se destaca também pela grande quantidade de preservação humana, com importantes comunidades indígenas, quilombolas, caiçaras e imigrantes.
  Os principais ciclos econômicos do Vale do Ribeira se instalaram ao longo da história e foram, dentre outros, a exploração aurífera e outros minérios e os cultivos de arroz, café, chá e banana. Estes ciclos econômicos transformaram o Vale do Ribeira em uma potencial fonte de recursos naturais de baixo custo para as regiões próximas.
São Lourenço da Serra - SP
HISTÓRIA
  O Vale do Ribeira, antes da chegada dos colonizadores portugueses, era habitada por índios seminômades que viviam da caça, da pesca e do cultivo de mandioca.
  A ocupação do Vale do Ribeira teve início no século XVI, com a fundação dos povoados de Cananeia e Iguape por espanhóis e portugueses. Essas duas cidades funcionaram como ponto estratégico do Vale do Ribeira, tornando-se núcleos de apoio aos colonizadores, graças aos seus portos, que facilitaram a entrada e o intercâmbio de mercadorias, que penetravam através do rio Ribeira de Iguape e seus afluentes.
  O impulso do desenvolvimento da região se deu pela descoberta de ouro na Serra de Paranapiacaba que, no século XVII, atraiu um grande número de garimpeiros. Naquela época, a população negra era superior à população branca e tornou-se a principal mão de obra no Vale do Ribeira. Muitas das construções foram feitas por mão de obra escrava, como igrejas, monumentos, cemitérios, entre outras construções.
Cananeia - SP. Uma das cidades mais antigas do Brasil
  A mineração do ouro na região foi responsável pelo surgimento de várias cidades no Vale do Ribeira. Algumas dessas cidades, como Apiaí, surgiram pela migração de garimpeiros em busca de ouro.
  No século XVIII, os garimpeiros abandonaram a região do Vale do Ribeira após a descoberta de ouro nas Minas Gerais. Com a escassez de ouro na região, a agricultura de subsistência passou a comandar a economia local. Com vasta experiência naval, a região passou também a construir embarcações, que seriam exportada para grande parte do território brasileiro.
Apiaí - SP
  No século XIX, Iguape tornou-se o primeiro produtor de arroz do Brasil, permitindo a integração da região à economia mercantil escravocrata vigente na época. Porém, a expansão desse produto esbarrou em uma série de obstáculos que dificultaram a sua manutenção. Dentre esses problemas estavam a concorrência mundial do produto e as deficiências dos meios de transporte.
  O ciclo do café prosperou bastante na região, mas a intensa exploração do solo, o surgimento de novas áreas produtoras e a queda na produção, diminuíram os investimentos desse produto, deixando o Vale do Ribeira sem incentivos para a reorganização da produção agropecuária.
Iguape - SP
  Entre 1900 e 1920, teve início a colonização de Pariquera-Açu e a construção de estradas de ferro ligando o Vale do Ribeira com o planalto e o porto de Santos (Santos-Juquiá), levando um grande desenvolvimento para a região. Nessa época, a cidade de Registro passou a ser o centro econômico do vale.
  Com a imigração japonesa, os bananais passaram a ocupar as áreas ribeirinhas, substituindo o arroz, e a cultura do chá foi iniciada nas regiões de colinas.
  Na década de 1960, foi construída a BR-116, alterando as formas de ocupação da região (que agora passa a ser nas margens das rodovias) e incorporando-a ao mercado imobiliário com a valorização das terras. Essa e as demais rodovias construídas, ligaram os principais núcleos do Vale do Ribeira à capital paulista, proporcionando o deslocamento do eixo econômico para o centro e o norte do Vale.
  A partir da década de 1950, cresce a exploração industrial do pinho, que absorveu a mão de obra liberada da cultura do chá, cuja produção começa a entrar em declínio.
Registro - SP
HIDROGRAFIA
  A região do Vale do Ribeira é composta por treze sub-bacias hidrográficas que formam a bacia do Rio Ribeira, que são:
  • Alto Ribeira
  Abrange os municípios de Barra do Chapéu, Itapirapuã Paulista, Apiaí, Itaoca, Iporanga, Ribeira e Adrianópolis. Os municípios de Barra do Chapéu, Itapirapuã Paulista e Apiaí são atravessados por cursos d'água de menor porte, todos formadores de contribuintes pela margem esquerda do rio Ribeira do Iguape.
  Os planaltos do Alto Ribeira constituem um ambiente montanhoso, com topos nivelados nos divisores em torno dos 900 metros, com morros de topos convexos e vales relativamente estreitos e profundos, com vertentes muito inclinadas, geralmente variando entre 30 a 60%.
Ribeira do Iguape, em Itapirapuã Paulista - SP
  Itapirapuã Paulista é atravessada pelo Ribeirão das Criminosas, cuja seção do rio onde se localiza, corresponde a uma área de drenagem de cerca de 62 km². A área urbana desse município fica sujeita à inundações periódicas durante a estação das chuvas, graças ao Ribeirão das Criminosas e também ao Córrego dos Camargos, contribuinte da margem esquerda do Alto Ribeira.
Itapirapuã Paulista - SP
  Barra do Chapéu situa-se num sítio de relevo colinoso, com drenagem natural formada pelo Ribeirão da Barra e seus contribuintes, afluente do Ribeira do Iguape. A seção do Ribeirão da Barra, onde se localiza a cidade, corresponde a uma área de drenagem de 18 km². Em termos de macro-drenagem, a área urbana do município fica sujeita às consequências dos fenômenos que acontecem na porção montante da bacia. Não há alagamentos na cidade durante o período das cheias, visto que a área urbana é pequena e bastante permeável.
Barra do Chapéu - SP
  Apiaí situa-se num sítio com relevo colinoso e drenagem natural formada por córregos, como o do Ouro, contribuinte da margem esquerda do rio Tijuco, afluente do Ribeira do Iguape. A seção do Córrego do Ouro, onde se localiza a cidade, corresponde a uma área de drenagem de cerca de 30 km². Em termos de macro-drenagem, a área urbana fica sujeita à cheias durante a estação chuvosa. Outro córrego que atravessa a cidade é o Fepasa, contribuinte da margem direita, e que possui uma área de drenagem de 10 km².
Iporanga - SP
  Os municípios de Ribeira, Itaoca e Iporanga situam-se às margens do rio Ribeira. Esses municípios estão sujeitos aos efeitos de toda a bacia de montante do rio. Esses municípios sofrem todos os anos enchentes decorrentes das cheias do rio Ribeira e seus afluentes.
  Em janeiro de 2014, fortes chuvas atingiram a cidade de Itaoca, deixando pelo menos 17 mortos, e várias pessoas feridas e muitas famílias desabrigadas. Essas chuvas atingiram também os municípios vizinhos de Apiaí e Ribeira.
Destruição provocado pela enchente do rio Ribeira, em Itaoca - SP
  • Baixo Ribeira
  O Baixo Ribeira abrange áreas dos municípios de Apiaí, Iporanga, Eldorado e Sete Barras. Os municípios de Eldorado e Sete Barras situam-se às margens do rio Ribeira e recebem os efeitos de montante.
  A rede hídrica que atravessa a área urbana de Eldorado é formada essencialmente pelo rio Ribeira de Iguape e pequenos afluentes, que causam problemas de inundações durante a estação chuvosa. A seção do rio onde se localiza a cidade corresponde a uma área de 15.623 km².
Eldorado - SP
  Sete Barras é banhada pela margem esquerda do rio Ribeira, e na sua área urbana é cortada pelos córregos do Cemitério, Cascudo e Ianque. O nome Sete Barras vem de uma lenda indígena, onde um explorador espanhol enterrou sete barras de ouro nas margens do rio Ribeira e depois nunca mais encontrou. Durante a estação chuvosa, grande parte da área urbana é bastante atingida pela cheia do rio e de seus afluentes que cortam a cidade.
Sete Barras - SP
  • Rio Ribeira do Iguape
  O rio Ribeira de Iguape abrange os municípios de Registro, Pariquera-Açu e Iguape. A rede hídrica que atravessa a área urbana de Registro é formada pelo rio Ribeira de Iguape e pelos seus afluentes, com destaque para o rio Carapiranga, o córrego São Francisco e o Ribeirão de Registro, que são os principais responsáveis pelas inundações que ocorrem na cidade durante a estação chuvosa.
Rio Ribeira de Iguape na altura da cidade de Registro - SP
  Iguape situa-se na margem direita do rio Ribeira de Iguape e não possui contribuintes na área urbana. A seção do rio onde se localiza a cidade corresponde praticamente ao exutório da bacia, com uma área total de drenagem de cerca de 25.681 km². A barragem do Valo Grande, que está localizada no município de Iguape, vem sofrendo um intenso processo de assoreamento, prejudicando principalmente o sistema de drenagem do rio.
Rio Ribeira do Iguape na altura do município de Iguape - SP
  • Alto Juquiá
  O Alto Juquiá abrange área dos municípios de São Lourenço da Serra, Juquitiba e Tapiraí. O rafting no Alto Juquiá é uma das opções turísticas da região, principalmente no município de Juquitiba, onde a correnteza do rio é mais forte e as corredeiras são mais emocionantes. Além da prática do esporte radical, o visual da Mata Atlântica é outro atrativo turístico nessa área, onde pode ser observada várias espécies de pássaros.
Prática do rafting, no município de Juquitiba - SP
  O médio Juquiá abrange área dos municípios de Tapiraí, Juquiá e Miracatu. Essa região apresenta áreas de Mata Atlântica bastante conservada e cachoeiras que atraem todos os anos milhares de turistas. Também existe algumas usinas hidrelétricas nessa sub-bacia hidrográfica.
Juquiá - SP
  • Baixo Juquiá
  O Baixo Juquiá abrange área nos municípios de Juquiá, Tapiraí e Sete Barras. O ecoturismo é a principal atração dessa região, visto que além das belezas naturais, há uma grande conservação da natureza. Os portos de areia proliferam nessa sub-bacia desde os anos 1970 e 1980, e continuam em atividade, abastecendo a construção civil no litoral sul paulista e na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP).
Tapiraí - SP
  • Rio São Lourenço
  A sub-bacia do rio São Lourenço abrange áreas dos municípios de Miracatu, Pedro de Toledo e Juquiá. O rio São Lourenço nasce próximo ao litoral e se origina da junção dos riachos São Lourencinho e Ribeirão Pedreado, próximo ao município de Pedro de Toledo, desaguando no rio Juquiá, na cidade de Juquiá. Em alguns trechos, esse rio apresenta corredeiras propícias à prática do rafting. Longos trechos do rio estão cobertos por bananais, tornando-se uma das principais atividades econômicas da região.
    Miracatu - SP
  • Rio Itariri
  A sub-bacia do rio Itarari abrange áreas dos municípios de Itariri e Pedro de Toledo. O rio Itariri possui uma extensão de cerca de 42 quilômetros, nasce no litoral, próximo ao município de Peruíbe e corre em sentido oeste, atravessando os municípios de Itariri e Pedro de Toledo e seguindo em direção a Miracatu, onde deságua no rio São Lourenço.
Itariri - SP
  • Rio Una da Aldeia
  O rio Una da Aldeia nasce no município de Juquiá e tem como principais afluentes os rios Pequeno e Espraiado. Banha os municípios de Juquiá e Iguape, percorrendo um trajeto de aproximadamente 41 quilômetros, onde deságua no rio Ribeira do Iguape, no município de Iguape.
Iguape - SP
  • Rio Pardo
  O rio Pardo nasce bem próximo à rodovia BR-116 e abrange áreas do município de Barra do Turvo. Em quase todo o seu percurso faz a divisa entre os estados de São Paulo e Paraná, atravessando a cidade de Barra do Turvo e desaguando no rio Ribeira, na divisa com Iporanga.
Rio Pardo em Barra do Turvo - SP
  • Rio Jacupiranga
  O rio Jacupiranga abrange áreas dos seguintes municípios: Jacupiranga, Pariquera-Açu, Cajati e Registro. É formado pela união dos rios Jacupiranguinha e Guaraú. É um rio bastante acidentado e com muitos meandros.
Jacupiranga - SP

  • Vertente Marítima Sul
  A Vertente Marítima Sul é composta pelos municípios de Cananeia e Ilha Comprida. O amplo sistema estuarino, apresenta boas condições naturais para a prática da produção pesqueira e marisqueira realizada por populações tradicionais ali residentes. Essa é uma das regiões de povoamento mais antigas do Brasil.
Ilha Comprida - SP
  • Vertente Marítima Norte
  A Vertente Marítima Norte abrange áreas do município de Iguape. Nessa vertente encontra-se algumas praias que atraem muitos turistas, como as praias Canto da Jureia, do Leste, Icapara, Italcolomy, Jureia, Ribeira e Rio Verde.
Praia do Rio Verde, em Iguape - SP
ECONOMIA
  A economia do Vale do Ribeira é bastante diversificada, com destaque para o setor primário. A região é a maior produtora brasileira de chá-da-índia, com destaque para os municípios de Registro e Pariquera-Açu. Essa região responde também por mais de 50% da produção de bananas do estado de São Paulo, com destaque para os municípios de Eldorado, Registro, Juquiá, Sete Barras, Miracatu e Cajati. Outros produtos bastante cultivados no Vale do Ribeira são o maracujá, a goiaba, o abacate dentre outras frutas.
  O cultivo de plantas nativas da região cresce em ritmo acelerado ao longo dos anos. O açaí e a pupunha se tornaram fonte de renda e seu cultivo vem se intensificando bastante na região litorânea.
O Vale do Ribeira é o maior produtor de banana de São Paulo
  A piscicultura no Vale do Ribeira é favorecida pelo clima e pelas suas bacias hidrográficas. A região atrai investidores de diversas regiões do estado de São Paulo, se tornando um dos maiores produtores de peixes do Sudeste. Com água de qualidade, essa atividade vem a cada ano ampliando seus investimentos, gerando renda e empregos para uma parcela considerável da população.
A produção de peixes é uma das atividades que mais crescem no Vale do Ribeira
  A indústria no Vale do Ribeira recebe um incentivo forte do setor público, graças ao Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. As cidades estratégicas em transporte como Juquiá, Registro, Miracatu e Sete Barras, atraem empresas de diversas regiões, possibilitando melhores condições de escoamento de produtos para o Paraná e o sudeste e nordeste de São Paulo, eliminando custos e gerando benefícios para a indústria e para os habitantes locais.
  Outra atividade que vem gerando bastante renda nos últimos anos é o turismo, com destaque para o ecoturismo e o turismo rural. A região conta com uma infraestrutura moderna e modesta ao mesmo tempo, o que agrada cada vez mais os turistas que visitam a região.
O turismo é uma das atividades que mais cresce no Vale do Ribeira
POPULAÇÃO
  O Vale do Ribeira não é só reconhecido por sua riqueza ambiental, que torna a região singular, mas também por sua riqueza cultural. Sua população, formada por indígenas, caiçaras, quilombolas, portugueses, franceses, poloneses, húngaros, judeus, eslovacos, italianos, ingleses, russos, alemães, japoneses e chineses, forma uma diversidade cultural raramente encontrada, e um patrimônio cultural bastante preservado.
Imigrantes japoneses que se instalaram no Vale do Ribeira no início do século XX
Comunidades Caiçaras
  A comunidade caiçara possui uma população litorânea nos estados de São Paulo e Paraná. Essas comunidades nasceram no século XVI da miscigenação de brancos de origem portuguesa, grupos indígenas das regiões litorâneas e comunidades quilombolas. Uma cultura litorânea brasileira, os caiçaras fazem parte de um forte elo com a natureza. Possuidora de vasta experiência no cultivo, coleta, manejo e preservação de recursos naturais da região, os caiçaras se destacam entre as comunidades que habitam o Vale do Ribeira por sua miscigenação e conhecimentos culturais compartilhados entre brancos portugueses, grupos indígenas e quilombolas. O ecoturismo se tornou uma de suas principais atividades econômicas, além da pesca e da agricultura, que são utilizadas comercialmente em pequenas escalas e para o consumo doméstico.
Comunidade caiçara, em Cananeia - SP
Comunidades Indígenas
  As comunidades indígenas do Vale do Ribeira são formadas por dez aldeias guaranis de famílias pertencentes aos subgrupos Mbyá e Ñandeva. Suas principais atividades tradicionais são a pesca, a caça e a agricultura. Essas comunidades vivem dentro ou próximo às reservas naturais e, ao longo dos anos, vem tornando cada vez mais intenso seu relacionamento com os brancos, pardos e amarelos no Vale do Ribeira. Muitos indígenas se deslocam de suas aldeias para frequentar a escola.
Comunidade indígena, em Registro - SP
Comunidades Quilombolas
  As comunidades quilombolas do Vale do Ribeira são um dos patrimônios culturais que mais representam a liberdade humana. São comunidades com uma riqueza cultural bastante forte e muito hospitaleira aos seus visitantes.
  Com uma história marcada por injustiças sociais e violações de seus direitos em todos os sentidos, as comunidades quilombolas do Vale do Ribeira sobreviveram às perseguições ao longo dos anos. Hoje, são apoiadas por inúmeros pesquisadores, simpatizantes, ONGs e repartições públicas que buscam os direitos destas comunidades.
  São nove comunidades quilombolas do Vale do Ribeira: Bombas, Cangume, Galvão, Ivaporunduva, Mandira, Morro Seco, Pedro Cubas, Porto Velho e São Pedro.
Comunidade quilombola Ivaporunduva, em Eldorado - SP
PARQUES TURÍSTICOS
  O Vale do Ribeira possui inúmeros parques ecológicos que são utilizados para as mais diversas atividades turísticas.
Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira
  O Parque Estadual do Alto Ribeira se localiza no sul do estado de São Paulo, entre os municípios de Apiaí, Eldorado e Iporanga. Ele possui uma das maiores extensões preservadas de Mata Atlântica original, além de ter uma das maiores concentrações de cavernas do planeta. O parque possui aproximadamente 36.000 hectares cobertos por um dos últimos remanescentes de Mata Atlântica no estado de São Paulo.
  Suas montanhas, vales, cachoeiras, rios de águas cristalinas, cavernas, fauna e flora exuberante transformaram o parque num ponto muito importante para o ecoturismo.
  O parque possui quatro núcleos para visitação turística: Núcleo Santana, Núcleo Ouro Grosso, Núcleo Casa de Pedra e Núcleo dos Caboclos.
Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira
  As principais cavernas são:
  • Caverna Casa de Pedra
  Localizada no Núcleo Casa de Pedra, é conhecida pela exuberância de sua entrada. Seu pórtico alcança 215 metros de altura, seu salão principal possui 350 metros de comprimento, 120 metros de largura e 70 metros de altura, sendo iluminado por uma grande boca seca. Após a galeria seca existe um trecho de natação com 25 metros de comprimento e uma forte correnteza. Nessa caverna, pode-se escalar os íngremes paredões com auxílio de equipamento adequado.
Caverna Casa de Pedra
  • Caverna da Água Suja
  Localizada no Núcleo Santana, esta caverna é composta essencialmente de um rio subterrâneo que recebe dois afluentes. Sua entrada tem um teto bastante largo, de aproximadamente 10 metros de largura, seguindo-se a galeria do rio. O caminho é dificultado pelo teto baixo, onde deve-se tomar cuidado com as súbitas enchentes.
Caverna Água Suja
  • Caverna da Arataca
  Localizada no Núcleo dos Caboclos, essa caverna possui três entradas diferentes, sendo a inferior o acesso mais habitual. Depois de 250 metros no interior da caverna, chega-se a uma entrada, no outro lado da montanha. O teto é baixo na entrada principal, mas logo abre-se o salão. Existem muitos trechos com teto baixo, argila, quebra-corpos e aclives com chaminés.
Caverna da Arataca
  • Caverna de Santana
  Localizada no Núcleo Santana, é a mais visita do estado de São Paulo. Rica em formações e labirintos, é constituída por uma malha de galeria em três níveis, depois em apenas duas sobrepostas, por onde escoa o rio Roncador. Parte desta caverna é de fácil acesso, com escada de madeira e pontes construídas nos pontos de difícil travessia. Essa caverna só pode ser visitada com a ajuda de guias altamente especializados e é acessível somente a especialistas com autorização prévia.
Caverna de Santana
  • Caverna do Monjolinho
  Localizada no Núcleo dos Caboclos, possui 350 metros de desenvolvimento e percurso totalmente seco. O Ribeirão do Monjolinho atravessa a caverna num nível inferior. Dentre suas formações, destaca-se a coluna conhecida como "Gigante do Monjolinho".
Caverna do Monjolinho
  • Caverna do Couto
  Localizada no Núcleo Santana, essa caverna atravessa a montanha. Ao lado de uma de suas entradas, encontra-se uma cachoeira com água que vem de dentro da caverna e deságua no rio Betari. Em alguns trechos, o teto é relativamente baixo e apresenta gotículas penduradas, refletindo as luzes das lanternas.
Caverna do Couto
  • Caverna do Morro Preto
  Localizada no Núcleo Santana, possui uma entrada muito bonita. Apresenta amplas galerias e salões, sendo de fácil travessia. Em apenas dois locais existem desníveis de no máximo cinco metros, superados por escadas de madeira. Em uma de suas salas foram encontrados vestígios de habitação pré-histórica.
Caverna do Morro Preto
Parque Estadual Intervales
  O Parque Estadual Intervales, possui uma área de mais de 120 hectares e é um dos mais significativos trechos protegidos de Mata Atlântica. Está localizado entre os municípios de Ribeirão Grande, Guapiara, Sete Barras, Iporanga e Eldorado. Juntamente com o Parque Estadual Carlos Botelho, a Estação Ecológica de Xitué, o Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira, o Parque Estadual de Jacupiranga e a Zona de Vida Silvestre da Área de Proteção Ambiental da Serra do Mar, compõe o chamado continuum ecológico de Paranapiacaba.
Parque Estadual de Intervales
  As principais cavernas do parque são:
  • Caverna Colorida
  A Caverna Colorida recebe essa denominação devido às diversas formações calcárias. No seu interior existe alguns trechos que são feitos dentro de riachos que cortam a caverna.
Caverna Colorida
  • Caverna Santa
  A Caverna Santa tem seu nome originário de uma imagem de Nossa Senhora de Lourdes, que foi colocada logo na entrada.
Caverna Santa
Parque Estadual do Jacupiranga
  O Parque Estadual do Jacupiranga foi criado pelo Decreto-Lei 145, de 8 de agosto de 1969. Possui uma área de 150.000 hectares e abrange os seguintes municípios: Jacupiranga, Barra do Turvo, Cananeia, Iporanga, Eldorado e Cajati. Uma das suas principais grutas é a Caverna do Diabo.
Caverna do Diabo
Parque Estadual da Ilha do Cardoso
  O Parque Estadual da Ilha do Cardoso é habitado por cerca de 550 pessoas, sendo sua população formada basicamente por caiçaras - que vivem da pesca e da agricultura de subsistência -, e por índios guaranis mbyá - que vive principalmente da doação de cestas básicas por parte do Governo Federal, da caça e do corte do palmito-juçara, todas atividades ilegais, mas que são ignoradas pelo parque.
Parque Estadual da Ilha do Cardoso
REFERÊNCIAS: Garcia, Hélio
Integralis geografia, 7. ano / Hélio Garcia, Paulo Roberto Mores. - 1. ed. - São Paulo: IBEP, 2015.