sexta-feira, 30 de outubro de 2015

O FIM DA POLÍTICA DO FILHO ÚNICO NA CHINA

  A civilização chinesa se desenvolveu numa região com rios volumosos e solos férteis, que proporcionaram boas colheitas.
  Na Antiguidade, civilizações como essa que prosperou às margens dos rios Amarelo, Azul e Pérola também surgiram no Egito e na Mesopotâmia. Eles receberam  o nome genérico de civilizações hidráulicas.
  No século XX, a disponibilidade de alguns medicamentos importantes e o crescimento do comércio com o Ocidente incentivaram a natalidade e diminuíram a mortalidade. Muitos produtos rurais enxergaram no crescimento da família uma forma de gerar mais mão de obra e, consequentemente, mais renda. De acordo com estimativas da ONU (Organização das Nações Unidas), a população chinesa em 2015 é de 1,373 bilhão de habitantes, concentrando cerca de 20% da população mundial.
A fertilidade dos solos na China pode ser a causa da enorme população do país
  Tradicionalmente ligados às atividades rurais, os chineses acreditavam que uma família só seria completa com um grande número de filhos, pois isso representava mais pessoas trabalhando e elevando a renda da família.
  Para romper com esse pensamento, o governo chinês promoveu uma intensa campanha para conscientizar os chineses sobre a necessidade de deter o crescimento da população. A televisão e os jornais ressaltavam que a família feliz tem somente um filho, porque assim pode proporcionar a ele mais conforto. As regras são rígidas. O governo oferece auxílio aos casais que têm um único filho, mas cobra taxas elevadas daqueles que têm dois. Nesse caso, é comum a perda total dos benefícios.
  Lançada em 1979, a chamada política do "filho único" permanecia em vigor até o final de outubro de 2015. O governo chinês entendeu que seria um desastre para o país se os casais tivessem quantos filhos desejassem. Além dos altos gastos nas áreas sociais, temia-se a possibilidade de não haver alimento para todos. Por esses motivos, o governo resolveu adotar o controle de natalidade compulsório, permitindo um único filho a cada casal. No entanto, a regra apresenta exceções: na zona rural, é permitido o segundo filho.
  Na década de 1980, essa campanha usava frases grosseiras que em nada contribuíam para a conscientização da população. Frases como "um novo bebê significa um novo túmulo", ou "tenha menos crianças e mais porcos" não são mais utilizadas.
Cartaz da década de 1980 que incentivava os casais chineses a terem apenas um filho
  Hoje, a campanha usa frases mais delicadas, como "a mãe Terra está cansada de sustentar tantas crianças", que mostra a preocupação que o governo tem com o sustento dessa crescente população.
  A campanha de filho único tem gerado inúmeros problemas. Muitas crianças, que são "segundo filho" são abandonadas e entregues a orfanatos que, muitas vezes, não oferecem bons cuidados. Além disso, surgiu na China uma verdadeira indústria clandestina de abortos. Essa situação é particularmente grave, pois os casais mais tradicionalistas preferem filhos homens e chegam a pagar por ultrassons clandestinos para saber o sexo do bebê. Eles acreditam que o filho homem trabalha e pode sustentar seus pais na velhice; já as meninas, ao se casarem deixam a casa dos pais, que ficam sem a sua ajuda.
  Essas motivações deixaram marcas na sociedade chinesa. O número de homens já é bem maior que o de mulheres; calcula-se que são necessárias mais de 30 milhões de meninas para equilibrar a situação. Isso sem contar que muitas crianças chinesas que são "segundo filho"não têm registro porque suas mães deram à luz em regiões afastadas e não declararam seu nascimento para o governo. Desse modo, está nascendo e crescendo na China uma enorme massa de pessoas sem nome oficial.
Devido a política do filho único, muitas crianças são abandonadas em orfanatos na China
  Nos últimos anos, o governo chinês tem analisado casos de casais que dispõem de recursos financeiros e gostariam  de ter o segundo filho. Em 2008, vários casais tiveram autorização para ter mais filhos nas zonas atingidas por tragédias como terremotos, que mataram milhares de crianças.
  Desde o fim de 2013 a China adota medidas de relaxamento do controle de natalidade. No dia 29 de outubro de 2015, o governo chinês anunciou o fim da política do filho único, permitindo que agora cada casal tenha até dois filhos, uma reforma que põe fim a mais de 30 anos da política que limitava os nascimentos no país.
  O envelhecimento rápido da população é um dos efeitos secundários mais prejudiciais da política do filho único para a China, pois diminui a mão de obra ativa do país e contribui para elevar o déficit previdenciário com o aumento do número de aposentados. Em 2012, pela primeira vez em décadas, a população em idade ativa caiu. O índice de fecundação no país, de 1,5 filho por mulher, é muito inferior ao nível que garante a renovação geracional.
  A nova política, anunciada pelo Partido Comunista, representa um relaxamento na longa controversa "política do filho único". Com essa medida, espera-se que se regule a idade da população.
O envelhecimento da população chinesa é um dos motivos para o fim da política do filho único
FONTE: G1 (Portal de Notícias da Globo)

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