segunda-feira, 3 de agosto de 2015

AMÁSIA: O FUTURO SUPERCONTINENTE DA TERRA

  Em 1596, um holandês chamado Abraham Ortelius sugeriu pela primeira vez que os continentes nem sempre estiveram nas posições em que vemos hoje nos mapas-múndi. Na época, esse estudioso criou o primeiro atlas da Idade Moderna, desenhando, à mão, por volta de 139 mapas coloridos.
  Ortelius propôs que as Américas foram afastadas da Europa e da África por terremotos e inundações. Para ele, essa ruptura se revelava ao observar as costas litorâneas dos três continentes num mapa do mundo da época.
Mapa das Américas feito por Ortelius, em 1595
  Muitos anos mais tarde, em 1915, o cientista alemão Alfred Wegener, depois de estudar cuidadosamente a questão, apresentou a chamada Teoria da Deriva Continental. Segundo essa teoria, num passado muito remoto, há cerca de 260 milhões de anos, existiu um supercontinente, a Pangeia ou "terra global", rodeado por um único oceano.
  Para Wegener, a partir de 230 milhões de anos atrás, a Pangeia teria começado a se fraturar e dividido em dois grandes continentes: Laurásia e Gondwana. Entre os dois, havia se formado um mar relativamente raso: o mar de Tethys.
Mapa da Pangeia
  Esse processo teria acontecido porque a crosta terrestre, sendo uma fina camada sólida depositada sobre outra, de consistência plástica, teria deslizado sobre uma espécie de mar pastoso de magma, expelido durante erupções vulcânicas.
  Ao longo de milhões de anos, Laurásia e Gondwana teriam continuado a fraturar-se, dando origem aos atuais continentes. Na Era Cenozoica, as formas dos continentes teriam começado a se assemelhar ainda mais com as formas atuais.
  Se observarmos atentamente um mapa-múndi, veremos que há um "encaixe" quase perfeito entre o litoral leste da América do Sul e o oeste da África. Graças às atuais imagens de satélites e a poderosos instrumentos de medição. Esses dois continentes continuam se afastando cerca de dois centímetros por ano. Outras evidências que reforçam a Teoria da Deriva Continental são as semelhanças entre os tipos de rochas, a fauna e a flora da América e da África.
Mapas que mostram evidências dos supercontinentes
  Apesar das evidências que embasaram sua teoria, Wegener não convenceu o mundo científico da sua época, porque não conseguiu responder adequadamente à principal questão que os críticos lhe faziam: que forças seriam capazes de mover os imensos blocos continentais?
  Além da Pangeia, outros supostos supercontinentes da Terra são:
1. Vaalbara
  Foi o primeiro supercontinente teorizado da Terra. Esse supercontinente existiu entre 3 e 4 bilhões de anos atrás. Ele começou a se formar possivelmente há 3,6 bilhões de anos e a se separar por volta de 2,8 bilhões de anos atrás. Vaalbara consistia do leste do Cráton Kaapvaal e do Cráton Pilbara, a noroeste da Austrália Ocidental. Ainda é incerto quando ele começou a se dividir. Evidências geocronológicas e paleomagnéticas mostram que os dois crátons tiveram uma separação rotacional latitudinal de 30º no período de 2,78 bilhões de anos e 2,77 bilhões de anos atrás.
Área do possível supercontinente Vaalbara
2. Kenorland
  Provavelmente foi formado durante a Era Arqueozoica, por volta de 2,7 bilhões de anos devido ao aparecimento dos volumes de terra neo-arqueozoicas e a formação de uma nova plataforma continental.
Possível supercontinente Kenorland
3. Colúmbia
  Também conhecido como Nuna e, mais recentemente Hudsonland ou Hudsonia, existiu entre 1,8 e 1,5 bilhão de anos atrás, na Era Paleoproterozoico. Consistiu os continentes anteriores da Laurentia, Báltico, Ucrânia, Amazônia, Austrália e, possivelmente, Sibéria, Norte da China e Kalahari. A existência de Colúmbia é baseada em dados de paleomagnética.
Supercontinente Colúmbia
4. Rodínia
  Esse supercontinente formou-se há aproximadamente 1 bilhão de anos e abrangia a maior parte da porção continental da Terra. Acredita-se que quebrou-se em oito continentes há cerca de 750 milhões de anos atrás. Durante a época que existiu este supercontinente, a Terra ficou toda congelada (hipótese da Terra bola de neve), com temperaturas muito baixas e com seu oceano tendo uma capa de gelo com uma profundidade média de 1 quilômetro. Antes do congelamento desse supercontinente, formou-se um grande deserto sem vida vegetal e animal.
Supercontinente Rodínia
5. Panótia
  Existiu entre 600  e 540 milhões de anos atrás. Este supercontinente quebrou-se em vários pedaços, originando a Laurentia ( o que hoje é a América do Norte), Báltica (norte da Europa) e a Sibéria, além de um outro grande pedaço que se tornaria mais tarde a China, Índia, África, América do Sul e Antártica.
Supercontinente Panótia
6. Laurásia
  O supercontinente Laurásia incluía os continentes que atualmente constituem o Hemisfério Norte: América do Norte, Europa, Ásia (sem a Índia) e Groenlândia. Surgiu logo após a divisão da Pangeia, entre 225-200 milhões de anos atrás.
7. Gondwana
  O supercontinente Gondwana incluía a maior parte das terras que hoje constituem o Hemisfério Sul, sendo formado pela África, América do Sul, Antártica, Índia e Austrália, e corresponde a parte sul da Pangeia.
A divisão da Pangeia deu origem a dois supercontinetes: Laurásia (ao norte) e Gondwana (ao sul)
8. Amásia
   Daqui a entre 50 milhões de 200 milhões de anos, a superfície da Terra será dominada por um novo supercontinente, a exemplo do que ocorreu no passado  com os antigos Nuna, Rodínia e Pangeia. Desta vez, o movimento das placas tectônicas deverá unir as Américas com a Ásia, fazendo surgir a Amásia, de acordo com estudos publicados pela revista "Nature".
  Segundo os pesquisadores, ao contrário das teorias tradicionais, que preveem que o novo supercontinente se formará ou próximo de onde a Pangeia estava (introversão), fechando o Atlântico como num movimento de sanfona; ou do lado oposto do globo em que o supercontinente de 300 milhões de anos atrás se localizava (extroversão), no meio de onde hoje é o Oceano Pacífico.
Vídeo com animação da Terra no período entre 600 milhões de anos até os dias atuais
  Dados paleomagnéticos apontam que na verdade os novos supercontinentes se formam em ângulos de 90 graus com relação ao anterior (ortoversão). Assim, a Amásia se uniria em torno do anel de subdução deixado pelo seu predecessor - hoje conhecido como Anel de Fogo do Pacífico pela concentração de vulcões nas áreas de encontro das placas tectônicas nas bordas do oceano.
Animação da Pangeia
  O novo supercontinente se chamará Amásia devido à fusão entre a Ásia e a América e pelo fechamento do Oceano Glacial Ártico e o Mar do Caribe.
  O pesquisador norte-americano Ross Mitchell, um geólogo da Universidade de Yale, acredita que a América ficará situada sobre uma área de extrema atividade sísmica e vulcânica, o Anel de Fogo, e que sua topografia irá se alterar completamente devido à atração do Polo Norte, o que ocasionará o desaparecimento do Mar do Caribe e o Oceano Glacial Ártico.
Simulação da Pangeia
FONTE: Silva, Ângela Corrêa da
Geografia: contextos e redes / Ângela Corrêa da Silva, Nelson Bacic Olic, Ruy Lozano. - 1. ed. - São Paulo: Moderna, 2013. 

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