domingo, 26 de abril de 2015

REPRESENTAÇÃO DO ÍNDICE GINI E AS DESIGUALDADES SOCIAIS

  No século XX, o matemático italiano Conrado Gini criou um indicador para medir a desigualdade na distribuição de renda. Esse indicador, chamado Índice Gini ou Coeficiente de Gini, varia de 0 até 1, sendo que 0 significa igualdade ou que todos possuem a mesma renda. A nota 1 significa desigualdade absoluta, ou seja, uma única pessoa de um país concentraria a totalidade da renda. O Índice Gini pode ser também utilizado para mensurar a desigualdade de riqueza. Esse uso requer que ninguém tenha uma riqueza líquida negativa.
  O Coeficiente de Gini é, sobretudo, usado para medir a desigualdade de renda ou rendimento, e amplamente utilizado em diversos campos de estudo, como a sociologia, economia, ciências da saúde, ecologia, engenharia e agricultura.
  No quesito educação, o Índice Gini estima a desigualdade nesta área de uma determinada população. É utilizado para distinguir com clareza tendências em desenvolvimento social através da escolaridade ao longo tempo.
Desigualdade de renda no mundo medida pelo Coeficiente de Gini de acordo com dados do Banco Mundial (2014)
A DESIGUALDADE SOCIAL
  A desigualdade social refere-se a processos relacionais na sociedade que têm o efeito de limitar ou prejudicar o status de um determinado grupo, classe ou círculo social.
  A desigualdade social e a pobreza são problemas sociais que afetam a maioria dos países na atualidade. A pobreza existe em todos os países, pobres ou ricos, mas a desigualdade social é um fenômeno que ocorre principalmente em países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento.
  Um dos fatores que mais contribuem para a grande desigualdade nos países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento é o seu processo de formação histórica, quando os colonizadores se preocuparam apenas em explorar as nossas riquezas, além de distribuir grandes lotes de terras a pessoas influentes da Metrópole.
  Nas últimas décadas, o Brasil vem passando por um grande crescimento econômico, graças à modernização dos meios de produção e as políticas econômicas adotadas pelo governo brasileiro. Porém, junto com esse desenvolvimento econômico, cresceu também no país a miséria, as disparidades sociais - educação, renda, saúde, etc. - o aumento da concentração de renda, o desemprego, o crescimento de áreas com moradias precárias (favelas), entre outros.
Favela ao lado de apartamentos luxuosos em Belo Horizonte - MG
  As desigualdades sociais, em grande parte, são geradas pelo jogo do mercado e do capital, bem como pelo sistema político, que intervém de diversas maneiras, às vezes mais, às vezes menos, para regular, regulamentar e corrigir o funcionamento dos mercados em que se formam as remunerações materiais e simbólicas. O combate à desigualdade deixou de ser responsabilidade nacional e sofre a regulação de instituições multilaterais, como o Banco Mundial.
  Várias teorias apareceram no século XIX criticando as explicações sobre desigualdade, entre elas, a de Karl Marx, que desenvolveu uma teoria sobre a noção de liberdade e igualdade do pensamento liberal. Essa liberdade baseava-se no direito livre de comprar e vender, onde o homem conseguiria uma certa independência financeira.
  Karl Marx criticava o liberalismo porque era só expresso os interesses de uma pequena parte da sociedade e não da maioria, como deveria ser. Segundo Marx, a sociedade é um conjunto de atividades dos homens, ou ações humanas, e essas ações tornam a sociedade possível. Assim, para ele, as desigualdades sociais são fruto das relações sociais, políticas, culturais e econômicas.
Karl Marx (1818-1883)
A DESIGUALDADE DE GÊNERO
  Um dos fatores centrais na construção das desigualdades tem sido a discriminação de gêneros. A discriminação sexual é estruturada nas distinções sociais e culturais entre homens e mulheres que convertem as diferenças sexuais biológicas em hierarquias de poder, status e renda. Também pode ser definido como a divisão de tarefas, postos de trabalho e profissões com base no feminino e masculino. Essa prática, que era comum na sociedade, começou a ser questionada apenas recentemente.
  A consequência dessa desigualdade é que, em geral, as mulheres ganham bem menos que os homens, às vezes fazendo o mesmo trabalho, com o mesmo grau de ensino e os mesmos horários. A sociedade salarial não é uma sociedade de igualdade, há uma grande diferença entre o rendimento gerado pelo homem em comparação à mulher e até mesmo o acesso aos bens sociais, como acesso à saúde, à educação, à cultura, entre outros.
  A ênfase na desigualdade de gênero nasce do aprofundamento da divisão  em papéis atribuídos a homens e mulheres, particularmente nas esferas econômica, política e educacional.
Em geral, o salário médio das mulheres é bem inferior ao salário dos homens
DESIGUALDADE RACIAL
  A desigualdade racial é o resultado de distinções sociais hierárquicas entre grupos étnicos dentro de uma sociedade, sendo, na maioria das vezes, estabelecida com base em características como a cor da pele e outras características físicas ou origem e cultura de um indivíduo. O tratamento desigual e de oportunidades entre os grupos raciais é geralmente resultado de alguns grupos étnicos, considerados superior a outros. Esta desigualdade pode se manifestar por meio de práticas de contratação discriminatórias em locais de trabalho.
  Práticas discriminatórias resultam de estereótipos, que é quando as pessoas fazem suposições sobre as tendências e características de determinados grupos sociais, muitas vezes incluindo grupos étnicos enraizados em suposições sobre a biologia, capacidades cognitivas, ou mesmo falhas morais inerentes.
  Por causa da desigualdade racial, geralmente os negros possuem empregos menos qualificados e recebem salários bem inferiores aos brancos, além de terem menos anos de estudos.
Na grande maioria das vezes, os negros têm empregos de baixa remuneração ou subemprego
DESIGUALDADE DE CASTAS
  O sistema de castas é o resultado de distinções hierárquicas entre grupos étnicos dentro de uma sociedade, muitas vezes estabelecida com base em características como a cor da pele e outras características físicas ou origem e cultura de um indivíduo. O tratamento desigual e de oportunidades entre os grupos raciais é, geralmente, o resultado de alguns grupos étnicos, considerados superior a outros.
 Esta desigualdade pode se manifestar por meio de práticas de contratação discriminatórias em locais de trabalho, em alguns casos, os empregadores têm demonstrado preferir a contratação de funcionários em potencial com base na percepção étnica dado o nome de um candidato - mesmo que todos tenham currículos apresentando qualificações idênticas.
  Essa prática é bastante comum em países do Sul da Ásia, especificamente na Índia, onde prevalece a religião hindu e o sistema de castas, apesar de já ter sido abolido pela Constituição, ainda é muito forte no país.
Esquema do sistema de castas na Índia
DIMINUIÇÃO DAS DESIGUALDADES NO BRASIL
  O Brasil está se tornando um país menos desigual graças ao avanço da economia nas últimas décadas. No conjunto dos países desenvolvidos e das principais economias emergentes, o Brasil foi o país que mais reduziu a diferença entre ricos e pobres nas duas últimas décadas. Entre 1995 e 2013, o Coeficiente de Gini brasileiro caiu de 0,605 para 0,498. Na comparação dos extremos da população nacional, em 1995, a renda média dos 10% mais ricos era 83 vezes a dos 10% mais pobres. Essa relação passou para menos de 50 vezes em 2013, segundo dados do Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios).
  Além do crescimento da economia, outro fator que contribuiu para essa melhoria foi os programas sociais adotados pelo governo brasileiro, como o Bolsa Família, Bolsa Escola, entre outros.
Gráfico sobre o Índice Gini do Brasil
  A Região Nordeste, de acordo como o levantamento do Pnad, foi a que apresentou o maior nível de desigualdade na distribuição do rendimento do trabalho (0,523). No Piauí, foi registrado o pior resultado do país: 0,566.
  Em 2012, o Pnad mediu um Índice Gini de 0,496, apresentando um aumento do rendimento e certa estabilidade do Índice Gini. Em 2013, os 10% mais pobres receberam, em média, R$ 235,00 por mês, valor 3,5% superior ao registrado em 2012. Por outro lado, os 10% mais ricos concentraram 41,2% do total do rendimento de trabalho - eles ganharam, em média, R$ 6.930,00, valor 6,4% maior do que em 2012. De maneira geral, a renda média dos trabalhadores brasileiros subiu 5,7% de um ano para o outro, chegando a R$ 1.681,00 por mês.
Mapa sobre o Índice Gini do Brasil
FONTE: Sampaio, Fernando dos Santos. Para viver juntos: geografia 8º ano / Fernando dos Santos Sampaio, Marlon Clóvis de Medeiros, Vágner Augusto da Silva. - 3. ed. - São Paulo: Edições SM, 2012. - (Para viver juntos).

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