quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

REGIÃO HIDROGRÁFICA DO PARANÁ

  A Região Hidrográfica do Paraná corresponde à Bacia do Paraná, composta por seis unidades hidrográficas: Grande, Iguaçu, Paranaíba, Paranapanema, Paraná e Tietê. Juntas, elas representam 6,5% da vazão de água corrente existente no Brasil.
  Sua calha principal, a do Rio Paraná, nasce na junção dos rios Paranaíba e Grande e corre ao longo de 2.900 km até sua foz, no Rio da Prata. Ela constitui um importante eixo de circulação pelo interior do continente, que já era percorrido mesmo antes da chegada dos colonizadores portugueses e espanhóis. Por serem rios de planalto, os rios que formam a Bacia do Paraná apresentam inúmeras quedas-d'água que, apesar do enorme potencial hidráulico, necessitam ser contornadas.
  A construção de usinas hidrelétricas permitiu o uso do potencial hidráulico dessa bacia para a geração de energia elétrica, que representa quase 60% da capacidade instalada no país. Atualmente, existe quase 180 usinas hidrelétricas na Região Hidrográfica do Paraná, várias de grande porte, como a de Itaipu. Em muitas delas foram construídas eclusas (sistema de comporta que permite a descida e a subida de embarcações em um canal fluvial com grande desnível), permitindo a circulação de embarcações pelos rios.
Usina Hidrelétrica do Paraná
Unidade Hidrográfica do Rio Paraná
  O Rio Paraná é o segundo maior sul-americano. Nasce da confluência de dois importantes rios brasileiros: o Rio Grande e o Rio Paranaíba, entre os estados de Minas Gerais, São Paulo e Mato Grosso do Sul. Em seu percurso total, o Rio Paraná adquire uma extensão total de 4.880 quilômetros, o que lhe rende o posto de sétimo rio mais extenso do mundo.
  Em sua parte alta, o rio Paraná separa os estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, e este último com o estado do Paraná, além de demarcar a fronteira entre Brasil e Paraguai, numa extensão de 190 quilômetros até a foz do rio Iguaçu. A partir deste ponto marca o início da fronteira entre Argentina e Paraguai. O rio continua correndo para o sul até próximo a cidade de Posadas (Argentina) onde muda para a direção oeste. Na confluência do rio Paraguai, o Paraná entra totalmente nas terras argentinas e passa a percorrer a direção sul, desaguando no delta do Paraná e, consequentemente, no Rio da Prata.
Parte da cidade de Posadas, na Argentina, tendo ao fundo o rio Paraná
  No trecho brasileiro, há a barragem de Jupiá, que está localizada há 21 quilômetros da confluência com o rio Tietê, assim como também a barragem de Ilha Solteira, enquanto na fronteira do Paraguai com o Brasil está a barragem de Itaipu, e na fronteira entre a Argentina e o Paraguai, a barragem de Yacyretá. As duas hidrelétricas fornecem 99% da eletricidade do Paraguai (sendo que 90% vem de Itaipu), fazendo do país o maior exportador de eletricidade do mundo.
  No rio Paraná, na altura do município de Guaíra, havia o Salto de Sete Quedas, que era a maior cachoeira do mundo em volume de água, mas, com a construção da usina de Itaipu, foi submersa em 1982.
  Os principais afluentes do Rio Paraná nessa unidade hidrográfica são os rios: Sucuriú, Verde, Pardo, Ivinhema e Amambaí.
Usina Hidrelétrica de Ilha Solteira, em Ilha Solteira - SP
Unidade Hidrográfica do Rio Iguaçu
  O rio Iguaçu é um afluente do rio Paraná e é o maior rio do estado do Paraná, formado pelo encontro dos rios Iraí e Atuba na parte leste do município paranaense de Curitiba, junto à divisa deste com os municípios de Pinhais e São José dos Pinhais. O curso desse rio segue o sentido geral leste a oeste com algumas partes servindo de divisa natural entre o Paraná e Santa Catarina, bem como em certo trecho do seu baixo curso faz a fronteira entre o Brasil e a Argentina. Seu ponto negativo é que no ano 2008 foi considerado o segundo rio mais poluído do Brasil, superado apenas pelo rio Tietê. O trecho aproximado do rio Iguaçu é de 910 km.
Visão aérea das Cataratas do Iguaçu
  Os principais afluentes do rio Iguaçu são os rios: Potinga, Claro, Cavernoso, Guarani, Adelaide, Andrada, Gonçalves Dias, Floriano, Jangada, Iratim, Capanema, Santo Antônio, Jordão, Areia, Chopim e Negro. Entre as principais usinas hidrelétricas instaladas na bacia do rio Iguaçu, destacam-se as usinas hidrelétricas de: Foz de Areia, no município de Pinhão; Governador Ney Aminthas de Barros Braga, no município de Mangueirinha; Salto Santiago, entre os municípios de Saudade do Iguaçu e Rio Bonito do Iguaçu; Salto Osório, entre os municípios de Quedas do Iguaçu e São Jorge d'Oeste; e Salto Caxias, no município de Capitão Leônidas Marques, todas localizadas no estado do Paraná.
Usina Hidrelétrica de Salto Santiago
Unidade Hidrográfica do Rio Paranapanema
  O rio Paranapanema é um dos rios mais importantes do estado de São Paulo. Possui uma extensão total de 929 km e suas nascentes estão localizadas na serra Agudos Grandes, no município de Capão Bonito. É considerado o rio menos poluído do estado de São Paulo.
  O rio Paranapanema divide-se em três trechos principais: Baixo Paranapanema, Médio Paranapanema e Alto Paranapanema. Além de ser a divisa natural entre os estados de São Paulo e Paraná, esse rio é um eixo de integração entre duas regiões muito homogêneas: as vertentes paulista e paranaense, que apresentam grande identidade, tanto social, quanto cultural e, principalmente, econômica. A região da bacia do Paranapanema é considerada uma Região de Conservação por possuir um importante acervo ambiental preservado, sobretudo nas porções de cabeceiras dos rios que fazem parte do Paranapanema.
Mapa da Bacia Hidrográfica do Rio Paranapanema
  Na região hidrográfica do Paranapanema desenvolve-se uma agricultura de ponta e um extraordinário potencial para a agricultura irrigada, tanto pela excelência dos seus solos, quanto pela enorme disponibilidade hídrica.
  Os principais afluentes do rio Paranapanema são os rios: Itararé, das Cinzas, Tibagi, Pirapó, Norte Pioneiro, Piraponema, Capivara, Pardo, entre outros. Dentre as hidrelétricas instaladas na bacia do Paranapanema, destacam-se as usinas hidrelétricas de: Jurumirim, no município de Cerqueira César (SP); Paranapanema, no município de Piraju (SP); Chavantes, entre os municípios de Chavantes e Ribeirão Claro (SP); Ourinhos, no município de Jacarezinho (SP); Salto Grande, entre os municípios de Salto Grande (SP) e Cambará (PR); Canoas I, localizada entre os municípios de Itambaracá (PR) e Cândido Mota (SP); Canoas II, entre os municípios de Palmitá (SP) e Andirá (PR); Capivara, entre os municípios de Porecatu (PR) e Taciba (SP); Taquaruçu, entre os municípios de Sandovalina (SP) e Itaguaré (PR); e Rosana, entre os municípios de Rosana (SP) e Diamantina do Norte (PR).
Usina Hidrelétrica de Jurumirim
Unidade Hidrográfica do Rio Tietê
  O rio Tietê é conhecido nacionalmente por atravessar, em seus 1.136 quilômetros, praticamente todo o estado de São Paulo, no sentido leste-oeste, e por banhar a maior cidade a América do Sul, São Paulo. Esse rio nasce na Serra do Mar, no município de Salesópolis, no Parque Nascentes do Rio Tietê, a 1.120 metros de altitude e, apesar de estar há apenas 22 quilômetros do litoral, as escarpas da serra obrigam-no a caminhar no sentido inverso, rumo ao interior, atravessando o estado paulista de sudeste a noroeste até desaguar no lago formado pela barragem Jupiá, no rio Paraná.
  O rio Tietê sempre foi um rio de meandros e devido a construção de avenidas marginais, foi necessário fazer uma mudança brusca no seu curso natural, além da sua canalização, na capital paulista.
Rio Tietê, na cidade de São Paulo em 1900
  Após a expansão urbana provocar a ocupação das áreas de várzea, o crescimento desordenado da cidade fez com que o solo da bacia do Tietê na região da Grande São Paulo fosse sendo impermeabilizado: asfalto, telhados, passeios e pátios foram fazendo com que a água das chuvas não mais penetrasse no solo, impedindo a retenção da mesma. Uma grande porcentagem da precipitação corre imediatamente para as galerias de águas pluviais e dali para os córregos e depois para o Tietê, que não consegue absorver toda a água, provocando constantes alagamentos na cidade de São Paulo. Além dos prejuízos e transtornos sofridos pelas pessoas diretamente atingidas (doenças transmitidas pela água - como tifo, hepatite e leptospirose -, residências, móveis, veículos e documentos destruídos, entre outros), as inundações nas marginais do Tietê acabam atingindo não só a economia da região, mas também a economia do estado e do país.
Transbordamento do rio Tietê após uma chuva caída na capital paulista
  Pelas marginais do rio Tietê, incluindo as do rio Pinheiros, passam a ligação Norte-Sul do Brasil, o acesso a várias rodovias (Presidente Dutra, Ayrton Senna, Fernão Dias, Raposo Tavares, Régis Bittencourt, dos Imigrantes e Anchieta), aos aeroportos de Congonhas e Cumbica e ao Porto de Santos, o mais importante do país.
  O rio Tietê cruza a Região Metropolitana de São Paulo e percorre 1.136 quilômetros ao longo de todo o interior do estado. Logo após sair do município de São Paulo, o rio Tietê encontra, no município de Santana de Parnaíba, a Usina Hidrelétrica de Edgard de Sousa, um pouco mais adiante a Hidrelétrica de Rasgão e, entre estas duas, encontra-se a Barragem de Pirapora do Bom Jesus.
Rio Tietê em Pirapora do Bom Jesus - SP
  O Rio Tietê drena uma área composta de seis sub-bacias hidrográficas (Alto Tietê, Sorocaba/Médio Tietê, Piracicaba-Capivari-Jundiaí, Tietê/Batalha, Tietê/Jacaré e Baixo Tietê) em uma das regiões mais ricas do hemisfério sul e, ao longo de sua extensão, suas margens banham 62 municípios ribeirinhos.
  Os principais afluentes do rio Tietê são os rios: Pinheiros, Aricanduva, Piracicaba, Sorocaba, Jacaré-Pepira, Jacaré-Guaçu, Ribeirão dos Porcos, Batalha, Dourado, Ribeirão Santa Bárbara, Ribeirão Três Irmãos, Ribeirão Água Fria, Tamanduateí, Juqueri, Jundiaí, entre outros.
Rio Tietê entre os municípios de Barra Bonita e Igaraçu do Tietê - SP
  As principais usinas hidrelétricas instaladas no rio Tietê são: Barragem da Usina Parque de Salesópolis (Salesópolis), Usina Hidrelétrica Edgard de Sousa (Santana de Parnaíba), Barragem de Pirapora do Bom Jesus e de Rasgão (Pirapora do Bom Jesus), Barragem Laras (Laranjal Paulista), Barragem Anhembi (Anhembi), Barragem Barra Bonita (Barra Bonita), Barragem Bariri (Bariri), Barragem Ibitinga (localizada entre Borborema, Ibitinga e Iacanga), Usina Hidrelétrica Mário Lopes Leão (entre Promissão e Avanhandava), Barragem Três Irmãos (Pereira Barreto) e Usina Hidrelétrica de Nova Avanhandava (Buritama).
Usina Hidrelétrica Edgard de Sousa, em Santana de Parnaíba - SP
  Em diversas barragens foram implementadas sistemas de eclusas que viabilizaram a manutenção da navegação fluvial. Muitas barcaças fazem o transporte da produção da região a baixo custo. A hidrovia Tietê-Paraná permite a navegação numa extensão de 1.100 quilômetros entre Conchas, no rio Tietê, em São Paulo, e São Simão, em Goiás, no rio Paranaíba, até Itaipu, atingindo 2.400 quilômetros de via navegável.
Nascente do Rio Tietê, em Salesópolis - SP
Unidade Hidrográfica do Rio Grande
  O Rio Grande nasce no Alto do Mirantão, na Serra da Mantiqueira, no município mineiro de Bocaína de Minas, a uma altitude de 1.980 metros e percorre 1.360 km até encontrar o Rio Paranaíba, no município de Carneirinho, em Minas Gerais, quando ambos formam o rio Paraná. A partir dos municípios de Claraval (MG) e Ibiraci (SP), o rio forma a divisa natural do estado de Minas Gerais com São Paulo.
  A partir da nascente, seu curso tem uma orientação sudoeste-nordeste até a divisa dos municípios mineiros de Lima Duarte e Bom Jardim de Minas, onde deste ponto parte para a direção sul-norte, servindo de divisa entre estes dois municípios e entre Lima Duarte e Andrelândia. Mais a jusante, o rio passa a correr para o sul, e se mantém nesta direção até a barragem de Jaguara, em Sacramento (MG). A montante de Jaguara, à altura do reservatório de Estreito, no município de Pedregulho (SP), passa a receber as águas dos rios do estado de São Paulo, servindo de divisa entre este estado e Minas Gerais. A partir dessa cidade, o rio muda seu curso e passa a correr no sentido leste-oeste até sua confluência com o rio Paranaíba.
Cânion do Rio Grande, em Ibiraci - MG
  Os principais afluentes do Rio Grande são os rios: Aiuruoca, Lourenço, Velho, das Mortes, Jacaré, Verde, Sapucaí, Canoas, Pardo e Turvo. As principais usinas hidrelétricas instaladas na bacia do Rio Grande são: Anil (Santana do Jacaré - MG), Camargos e Itutinga (Itutinga - MG), Funil (entre Lavras e Perdões - MG), Furnas (entre São José da Barra e São João Batista da Glória - MG), Marimbondo (entre Icém e Fronteira - MG), Mascarenhas de Morais (Ibirací - MG), Jaguara (Sacramento - MG), Luiz Dias (Itajubá - MG), Poço Fundo (Poço Fundo - MG), Igarapava (Igarapava - SP), Luis Carlos Barreto (Estreito - SP), São Bernardo (São Bernardo - MG), Volta Grande (Conceição das Alagoas - MG), Jacutinga (Jacutinga - MG), Porto Colômbia (entre os municípios de Planura - MG e Guaíra - SP) e Xicão (Campanha - MG).
Usina Hidrelétrica de Volta Grande, em Conceição das Alagoas - MG
Unidade Hidrográfica do Rio Paranaíba
  O rio Paranaíba nasce no município de Rio Paranaíba (MG), na Serra da Mata da Corda, a uma altitude de 1.148 metros e, após percorrer 1.170 km, junta-se ao Rio Grande para formar o rio Paraná. A partir dos municípios de Coromandel e Guarda-Mor, o rio Paranaíba forma a divisa natural entre Minas Gerais e Goiás, e já próximo à sua foz, de Minas Gerais com o Mato Grosso do Sul. O Rio Paranaíba é conhecido principalmente pela sua riqueza diamantífera e pelo grande potencial que apresenta.
Rio Paranaíba, na divisa entre os municípios de Araporã (MG) e Itumbiara (GO)
  Os principais afluentes do rio Paranaíba são os rios: São Marcos, Corumbá, Meia Ponte, Perdizes, Veríssimo, Santa Maria, Jordão, Araguari, Ribeirão da Piedade, dos Bois, Claro, Verde, Corrente, Aporé, Bagagem, Dourados, Araguari e Tejuco. As principais usinas hidrelétricas instaladas na bacia do rio Paranaíba são as usinas hidrelétricas de: Itumbiara (entre os municípios de Itumbiara - GO e Araporã - MG), São Simão (entre São Simão - GO e Santa Vitória - MG), Emborcação (entre Araguari - MG e Catalão - GO), Cachoeira Dourada (entre os municípios de Cachoeira Dourada e Itumbiara - GO e Araporã, Cachoeira Dourada, Capinópolis, Canápolis e Centralina - MG), Corumbá (Caldas Novas - GO), Caçu (Caçu - GO), Barra dos Coqueiros (entre Cachoeira Alta e Caçu - GO) e Salto Rio Verdinho (entre os municípios de Caçu e Itarumã - GO).
Usina Hidrelétrica de São Simã, em São Simão - GO
FONTE:Araújo, Regina. Observatório de geografia / Regina Araújo, Ângela Corrêa da Silva, Raul Borges Guimarães. - 1. ed. - São Paulo: Moderna, 2009.

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