domingo, 23 de março de 2014

SUÉCIA: O PAÍS DOS VIKINGS


  Localizada na península da Escandinávia, a Suécia é o país nórdico com o maior número de habitantes. A maior parte de sua população localiza-se no sul do país, onde se concentra a maior parte das indústrias e da agricultura. No norte, de clima mais rigoroso, predomina a exploração florestal, com um número menor de pessoas.
  A Suécia chegou a ser um dos Estados mais poderosos da Europa no século XVIII. É uma democracia parlamentar e tem sido um país neutro, não participando nem da Primeira Guerra nem da Segunda Guerra Mundial. Desempenha papel importante na política mundial, como negociadora em disputas internacionais.
  Foi o país que teve o modelo mais radical de Estado do bem-estar social, sendo considerada uma via intermediária entre o socialismo e o capitalismo.
  Seus grandes bosques são a base da indústria papeleira e madeireira, responsável por mais de 20% de suas exportações. Mesmo com o desemprego elevado, seus habitantes têm um dos níveis de vida mais elevados da Europa, pois ainda possuem um amplo sistema de proteção social e serviços públicos.
Representação dos vikings
HISTÓRIA DA SUÉCIA
  A Suécia tem uma das histórias mais extensas e interessantes da Europa. A sua história se remonta a 14.000 anos atrás. Descobertas arqueológicas comprovam que a área hoje compreendida pela Suécia já era povoada durante a Idade da Pedra, quando o gelo resultante da última glaciação recuou. Aparentemente, os primeiros habitantes eram povos caçadores e coletores que viviam da pesca no Mar Báltico. Algumas evidências apontam que o sul da Suécia era densamente povoado durante a Idade do Bronze, pois aí foram encontradas ruínas de grandes comunidades comerciais.
  No ano 12.000 a.C., estabeleceram-se os primeiros momentos desta região que são conhecidos, com a chegada dos caçadores durante o Paleolítico Superior. Nos anos subsequentes, a resolução de muitas tribos desta região foi crescendo, levando ao desenvolvimento de muitos núcleos de populações, que contribuíram para a construção de megalíticos, como as famosas Pedras de Ale. Durante a Idade do Bronze, a Suécia foi um grande exportador de bronze para a Europa.
Ales Stenar ou Pedras de Ale, na Suécia
  Durante o auge do Império Romano, a região da Suécia foi ameaçada de invasão pelos romanos, mas as emboscadas dos suecos e o clima dificultaram a invasão romana.
  No século II d.C., a agricultura e a pecuária foram as principais atividades econômicas desenvolvidas na Suécia, principalmente no sul, onde o clima era mais propício para essas atividades.
  No século VIII, os suecos passaram a ser conhecidos como os vikings da Europa do Norte, um povo feroz que estendia seu império da península da Escandinava até a direção dos países do Báltico, Rússia e do Mar Negro. Durante os séculos IX e X, a cultura viking prosperou na Suécia, principalmente por meio do comércio.
Cidades vikings da Escandinávia
  No século XIV, os três estados escandinavos (Noruega, Suécia e Dinamarca) se uniram sob um único monarca. Essa união ficou conhecida como União de Kalmar, que começou com uma união pessoal, quando o rei Valdemar IV da Dinamarca, resolveu casar sua filha Margarida com o rei Haquino VI da Noruega. Essa união dos três estados escandinavos ocorreu em 1397, com a morte de Haquino e a vitória da Noruega e da Dinamarca sobre a Suécia, ficando esses três reinos sob a hegemonia dinamarquesa, tendo como soberana a rainha Margarida I.
União de Kalmar
  Em 1523, após longas lutas pela independência, a Suécia separou-se da União de Kalmar e elegeu como soberano Gustavo I, líder da luta antidinamarquesa, deixando essa união sendo composta apenas por Noruega e Dinamarca. Em 1814, a Noruega separou-se da Dinamarca e passou a pertencer à coroa sueca até 1905, quando declarou sua independência.
  No século XVI, nasce o conhecido Império Sueco, transformando o país numa potência europeia. Era um país pobre, escassamente povoado, mas mesmo assim conseguiu ter um grande crescimento econômico e militar. Esse império surgiu após a assinatura do Tratado de Roskilde, em 26 de fevereiro de 1658, quando a Suécia derrotou as tropas do rei Frederico III da Dinamarca e Noruega.
O Império Sueco após a assinatura do Tratado de Roskilde, em 1658
  Suécia
  Condado de Kexholm
  Ingria Sueca
  Estônia Sueca
  Livônia
  Domínios alemães
  Scania, Gotland, Bohuslän
  Tromdheim
  Härjedalen
  No século XVII a Suécia tornou-se uma das principais potências europeias devido a participação na Guerra dos Trinta Anos, iniciada pelo Rei Gustavo Adolfo II. A Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), foi uma série de guerras que diversas nações europeias travaram entre si, especialmente na Alemanha, por causa de rivalidades religiosas, dinásticas, territoriais e comerciais.
   As rivalidades entre católicos e protestantes e assuntos constitucionais germânicos foram gradualmente transformados numa luta europeia. A Suécia e a França buscavam diminuir a força da dinastia dos Habsburgos, que governavam a Áustria. As hostilidades entre os países causaram sérios problemas econômicos e populacionais na Europa Central. Essa guerra chegou ao fim após a assinatura de alguns tratados, no ano de 1648, que ficou conhecido como Paz de Vestfália.
Mapa da Europa em 1648, após o Tratado de Vestfália
  No século XVIII, a posição de potência europeia sueca começou a desmoronar após a derrota na Grande Guerra do Norte. Essa guerra foi travada entre uma coligação composta pelo Império Russo, Reino da Dinamarca e Noruega e a Saxônia-Polônia, de um lado, e o Império Sueco, do outro. A guerra começou após um ataque coordenado pela coligação anti-sueca em 1700 e teve fim em 1721 com a assinatura dos Tratados de Nystad e de Estocolmo. Essa guerra provocou o fim do Império Sueco, com a separação, em 1809, da parte oriental da Suécia e a criação da Finlândia, como um grão-ducado russo.
  No século XIX, a Suécia renunciou de suas províncias do norte da Alemanha a favor do país em troca de parte da Noruega por meio do Tratado de Kiel. De acordo com esse tratado, o reino dinamarquês, que foi um dos grandes perdedores nas Guerras Napoleônicas, cedeu o Reino da Noruega para a Suécia em troca dos territórios suecos na Pomerânia. A soberania sobre a Pomerânia passou para a Prússia, e a Noruega declarou-se independente. Esse tratado não incluiu as possessões ex-norueguesas da Groenlândia, da Islândia e da Ilhas Faroe, que permaneceram sob o controle dinamarquês.
Divisão do antigo reino da Dinamarca pelo Tratado de Kiel
  Na época contemporânea, a paz proporcionou um grande desenvolvimento econômico no país. No século XIX, surgiu vários movimentos sociais e sindicais na Suécia, processo este ligado ao desenvolvimento industrial e a proliferação de fábricas.
  Durante a Primeira e Segunda Guerras Mundiais, a Suécia manteve-se neutra, bem como durante a Guerra Fria, não participando de alianças militares. Essa neutralidade beneficiou o país, principalmente por causa da procura por aço, rolamentos, fósforo e pasta de papel. A prosperidade pós-guerra possibilitou a implementação de políticas de proteção social na Suécia moderna.
  A Suécia continua a ser um país não-alinhado militarmente, apesar de participar de alguns exercícios militares conjuntos com a Otan e alguns outros países, além de cooperar com países europeus na área de tecnologia de defesa.
  Mais recentemente, participou de operações militares no Afeganistão e em operações de paz em Kosovo, Bósnia-Herzegovina e no Chipre.
  Em 13 de novembro de 1993, após um referendo aprovado por 52% da população, a Suécia aderiu à União Europeia, ingressando nesse bloco econômico no dia 1º de janeiro de 1995.
Países que ingressaram na União Europeia em 1995
GEOGRAFIA DA SUÉCIA
  Geograficamente, a Suécia está tradicionalmente dividida em três regiões: Norrland, Svealand e Götaland.
  A região de Norrland localiza-se no centro-norte da Suécia. É  uma área de montanhas e florestas que cobre cerca de 59% do território sueco. Essa região está localizada na metade norte da Suécia, fazendo divisa ao sul com a região histórica de Svealand, a oeste e a noroeste com a Noruega e no nordeste com a Finlândia.
  Com exceção das áreas costeiras, Norrland é pouco povoada, abrigando apenas 12% da população da Suécia. Norrland é conhecida por sua natureza: grandes florestas, rios, e áreas intactas, sendo a principal reserva de recursos vegetais do país. A maioria da população vive em áreas rurais e pequenas vilas.
Paisagem de Norrland
  A região de Svealand encontra-se no centro-sul da Suécia. É uma extensa zona plana na parte oriental e de terras altas no setor ocidental, é arenosa e contém mais de 90 mil lagos. A paisagem é bastante diversificada, com a presença de florestas de faias e carvalhos no sul e áreas quase desprovidas de árvores no norte da região. Durante o verão há uma sinfonia de cores na paisagem, com brejos, liquens e musgos. Nas áreas selvagens aves migratórias disputam o espaço com alces, veados e renas.
Paisagem de Svealand
  A região de Götaland está localizada no sul da Suécia. É composta por florestas profundas e suas áreas costeiras são relativamente planas, consistindo de arquipélagos e praias arenosas. As duas maiores ilhas da Suécia (Gotland e Öland) estão incluídas nessa região, bem como os dois maiores lagos do país (Värnern e Vätern).
Paisagem de Götaland
  Apesar de sua latitude setentrional, grande parte da Suécia possui um clima temperado, influenciado principalmente pela corrente do Golfo. Nas montanhas do norte da Suécia predomina um clima sub-ártico. Ao norte, área do Círculo Polar Ártico, o clima predominante é o polar, caracterizado por temperaturas baixíssimas durante o inverno e temperaturas que não ultrapassam os 10°C no verão. Durante o verão nessa parte do país ocorre o chamado "sol da meia-noite", onde o Sol não se põe no horizonte durante grande parte do verão. Já durante o inverno ocorre o contrário, onde o Sol não aparece em grande parte dessa estação.
Fenômeno do sol da meia-noite em Kiruna, Suécia
  A leste da Suécia, estendem-se o mar Báltico e o golfo de Bótnia, aumentando a linha de costa do país e contribuindo para amenizar o clima. No oeste surge a cadeia montanhosa dos Alpes Escandinavos, barreira natural entre a Noruega e a Suécia. No país existe muitos lagos, muitos deles, principalmente no oeste, são na forma de fiordes. Os fiordes são entradas de mar entre as montanhas. O ponto culminante do país é a montanha Kebnekaise, com 2.117 metros acima do nível do mar.
Monte Kebnekaise - ponto culminante da Suécia
ECONOMIA
  A economia da Suécia é uma das que mais se destacam na Europa. Após um período de recessão, aumento do desemprego e altas taxas de inflação no início da década de 1990, a Suécia retomou o seu crescimento por meio de ajustes fiscais e dinamização da economia. Atualmente, o país ocupa a terceira posição no ranking de competitividade do Fórum Econômico Mundial.
  A economia sueca é mista, orientada para a exportação com um sistema de distribuição moderno, excelente comunicação interna e externa e uma força de trabalho bastante qualificada. O principal setor econômico do país é o de serviços, principalmente de telecomunicações e tecnologias da informação. Os seus principais recursos naturais de exportação são a hidreletricidade, a madeira e o minério de ferro. As indústrias de telecomunicações, automobilísticas e farmacêuticas são de grande importância para a economia do país. Devido grande parte de suas terras serem impróprias para a agricultura, esse setor representa apenas 2% do PIB.
Arranha-céu na cidade de Malmö - símbolo de modernidade do país
  Em termos de estrutura, a economia sueca é caracterizada por uma grande indústria transformadora intensiva em conhecimento e orientada para a exportação. O país é sede de importantes empresas transnacionais. Dentre as transnacionais suecas destacam-se: Atlas Copco (produtora de compressores e equipamentos de mineração e da indústria de automóveis), H & M (loja de roupas e cosméticos), Ericsson (equipamentos de telefonia fixa e móvel), Electrolux (eletrodomésticos), Scania (caminhões, ônibus e motores diesel), Volvo (ônibus e caminhões) e SAAB (aeroespacial e defesa militar).
Sede da Ericsson em Estocolmo - Suécia
  O Fórum Econômico Mundial classificou a Suécia em 2013-2014 como a 6ª economia mais competitiva do mundo no Índice de Competitividade Global. Os principais parceiros comerciais da Suécia são: Alemanha, Estados Unidos, Noruega, Reino Unido, Dinamarca e Finlândia.
  A Suécia dispõe hoje de um extensivo programa de bem-estar social. Os serviços públicos como saúde e educação estão entre os mais elogiados do planeta. A sociedade sueca é a mais igualitária do mundo. Consequência disso é o fato do país a ter um dos IDHs mais elevados do planeta.
A população da Suécia desfruta uma das melhores qualidade de vida do planeta
DESAFIOS DA SUÉCIA
  Embora ocupe uma situação privilegiada no cenário internacional, a Suécia tem alguns obstáculos a enfrentar para continuar em crescimento e manter o bem-estar de sua população.
  A população da Suécia está em processo contínuo e profundo de envelhecimento. Os gastos com saúde e previdência, que já são altos, tende cada vez a aumentar. Uma elevação das taxas de impostos, opção teórica para solucionar o problema, é considerada inoportuna, pois a Suécia já possui uma das maiores cargas tributárias do mundo.
Assim como em várias partes do mundo, o envelhecimento da população está trazendo sérios problemas para a Suécia
  Apesar das reformas na década de 1990, a política fiscal sueca ainda não é considerada ideal. O governo tem ampla participação na economia e os serviços públicos exigirão mais recursos para os idosos no futuro. Contenção de gastos, privatizações, aumento da produtividade e da eficiência governamental são algumas das possibilidades para a superação deste problema. Mas a Suécia é um país que empenha em manter o bem-estar social e a proteção dos trabalhadores que foi historicamente conquistada.
  Para isso, o governo busca constante diálogo com a população para que todos os setores saiam ganhando e o conjunto social continue sendo prioridade e exemplo para os demais países que pensam em construir uma nação autossuficiente.
  Com o envelhecimento da população, o mercado de trabalho sueco enfrenta problemas por falta de oferta de mão de obra. Para tentar resolver esse problema, o governo sueco vem dando apoio e incentivo aos estudantes imigrantes para manter a estabilidade social e a garantia de crescimento.
Em algumas cidades da Suécia, as crianças suecas já são minoria em relação às crianças imigrantes
ALGUNS DADOS DA SUÉCIA
NOME: Reino da Suécia
CAPITAL: Estocolmo

Gamla stan - a cidade velha de Estocolmo
LÍNGUA OFICIAL: sueco
GOVERNO: Monarquia Constitucional
FORMAÇÃO:

Consolidação: Pré-história
GENTÍLICO: sueco
LOCALIZAÇÃO: Península Escandinava - Europa Setentrional
ÁREA: 450.295 km² (55º)
POPULAÇÃO (ONU - Estimativa 2013): 9.045.389 habitantes (86º)
DENSIDADE DEMOGRÁFICA: 20,08 hab./km² (164º)
MAIORES CIDADES (Estimativa 2013): 
Estocolmo: 1.423.213 habitantes

Estocolmo - capital e maior cidade da Suécia
Gotemburgo: 564.921 habitantes
Gotemburgo - segunda maior cidade da Suécia
Malmö: 304.322 habitantes
Malmö - terceira maior cidade da Suécia
ÍNDICE DE COMPETITIVIDADE GLOBAL (Fórum Econômico Mundial2013-2014): 5,42 (6º)
PIB (FMI - 2013):
 U$ 520,256 bilhões (21º)
IDH (ONU - 2012): 0,916 (7º)
EXPECTATIVA DE VIDA (ONU - 2005/2010): 80,88 anos (8º)
CRESCIMENTO VEGETATIVO (ONU - 2005-2010): 0,45% ao ano (168º)
MORTALIDADE INFANTIL (
CIA World Factbook - 2012): 2,56/mil (4º)
TAXA DE URBANIZAÇÃO (CIA World Factbook - 2011): 85% (25º)
TAXA DE ALFABETIZAÇÃO (Pnud - 2009/2010): 99% (19º)
PIB PER CAPITA (FMI - 2011): U$ 56.956 (8º)
MOEDA: Coroa Sueca

RELIGIÃO: até 1 de janeiro de 2000 a Igreja foi parte do Estado da Suécia e até essa data todos os suecos eram considerados membros da Igreja Luterana. Em 2012, cerca de 84,5% dos suecos pertenciam a Igreja Luterana da Suécia, 2,5% de católicos, 1% de cristãos evangélicos pentecostais, e 12% praticavam outras religiões.

Catedral de Uppsala
DIVISÃO: a Suécia está dividida em três grandes regiões históricas: a Götland ao sul, a Svealand na parte central, e a Norrland, ao norte. Cada uma dessas três partes é subdividida em regiões menores chamadas landskap - províncias históricas. As landskap não têm mais significado administrativo, sendo apenas um termo histórico. Atualmente, os län - províncias administrativas modernas, também chamadas de condados - são os equivalentes ao landskap e com significado administrativo aproximado dos antigos landskap. A letra corresponde ao condado no mapa. Blekinge (K), Dalarna (W), Estocolmo (AB), Götland (I), Gäyleborg (X), Halland (N), Jämtland (Z), Jönköping (F), Kalmar (H), Kronoberg (G), Norrbotten (BD), Skäne (M), Södermanland (D), Uppsala (C), Värmland (S), Västerbotten (AC), Västernorrland (Y), Västmanland (U), Västra Götaland (O), Örebo (T) e Östergötland (E).
Condados da Suécia
FONTE: Sampaio, Fernando dos Santos. Para viver juntos: geografia, 9º ano: ensino fundamental / Fernando dos Santos Sampaio, Marlon Clóvis de Medeiros. - 3. ed. - São Paulo: Edições SM, 2012. - (Para viver juntos).

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