sexta-feira, 26 de julho de 2013

O IMPÉRIO BIZANTINO

  O Império Bizantino ou Bizâncio, foi o Império Romano do Oriente durante o fim da Idade Antiga e a Idade Média, centrado na sua capital, Constantinopla.
  No século IV, o Império Romano dava sinais claros da queda do seu poder no Ocidente, principalmente em decorrência das invasões bárbaras. Diante disso, o Imperador Constantino transferiu a capital do Império Romano para a cidade oriental de Bizâncio, mudando o seu nome para Constantinopla. Essa mudança, ao mesmo tempo que significava a queda do poder no ocidente, contribuiu para aumentar o comércio, graças a localização de Constantinopla, que ficava entre o Mar Negro e o mar Egeu, onde no meio desses mares há o Mar de Mármara, separada pelo Estreito de Bósforo.
UMA CIDADE ENTRE DOIS CONTINENTES
  Por ficar numa área estratégica, que separa a Europa da Ásia, Bizâncio foi uma importante rota comercial da época. Aliada à sua posição estratégica, outro elemento favorável a Bizâncio era a sua topografia, que facilitava a defesa, junto com a construção de muralhas e outras obras.
Fotografia aérea do estreito de Bósforo
  Em 324, por ordem do imperador, foram reunidos arquitetos, engenheiros, artesãos e muitos outros trabalhadores para reformar a cidade e prepará-la para sua nova função. Construíram-se novas estradas, casas, igrejas, muralhas e outras edificações.
  As obras foram inauguradas em 330 por Constantino I com o nome de Nova Roma. Após essas obras, durante a Idade Média, Bizâncio passou a ser chamada de Constantinopla (ou Cidade de Constantino).
Mosaico de Constantino
A RECRIAÇÃO DE UM IMPÉRIO
  Após a morte do Imperador Teodósio I, em 395, o Império Romano foi dividido em duas partes. Constantinopla tornou-se a capital do Império Romano do Oriente, e Roma ficou como capital do Império Romano do Ocidente.
  Após a divisão do Império, Roma foi sofrendo sucessivas invasões de povos germânicos, levando a sua fragmentação e dissolução final. Já na parte oriental, o progresso foi tomando conta do império. Lá se encontravam algumas das maiores cidades da época, o comércio era dinâmico e havia muitas terras férteis para o cultivo. Constantinopla crescia, e em 412 chegou a contar com 250 mil habitantes.
Mapa de Constantinopla
  Ao longo dos séculos seguintes, o Império Romano do Oriente acumulou muitas riquezas, seus habitantes conseguiram resistir às invasões estrangeiras por muito tempo, levando os governantes a ampliar seus domínios.
  Assim, houve uma recriação do Império Romano durante a Idade Média, porém, centrado mais ao leste e com elementos culturais distintos do império localizado a oeste. Para separar essa distinção, o Império Romano do Oriente passou a se chamar "Império Bizantino".
A divisão do império após a morte de Teodósio I
  Império Romano do Ocidente

  Império Romano do Oriente
O CRESCIMENTO COMERCIAL E URBANO
  A localização de Constantinopla, favoreceu a atividade mercantil e o desenvolvimento econômico do Império Bizantino.
  Por meio de seus funcionários, o governo central controlava todas as atividades econômicas, fiscalizando a qualidade e a quantidade dos produtos. O próprio Estado bizantino era dono de negócios de pesca, metalurgia, armas e tecelagem.
  Nas cidades, as oficinas particulares de artesanato organizavam-se em corporações de ofícios, formadas por oficinas de um mesmo ramo, como carpintaria, tecelagem e sapataria.
Corporações de ofício - inicialmente adotadas na Europa, se expandiu no Império Bizantino
  O comércio com outras regiões gerou grandes lucros para os negociantes de Constantinopla. Entre os principais produtos comercializados, destacavam-se:
  • artigos de luxo - perfumes, tecidos de seda, peças de porcelana e vidro, feito por artesãos chineses, árabes, persas ou indianos e revendidos aos europeus mais ricos;
  • produtos agrícolas - trigo, especiarias, vinho e azeite, produzidos no norte da África, na Grécia e na Síria;
  • produtos artesanais das cidades do Império - joias, tecidos e artigos de ouro e marfim.
  A intensa e lucrativa atividade comercial contribuiu para movimentar a vida urbana no Império. A principal cidade era a capital, Constantinopla, que no século X chegou a ter um milhão de habitantes. Outras cidades também foram importantes no Império, como Tessalônica, Niceia, Edessa, Trebizonda e Tarso.
Muralhas bizantinas na cidade de Tessalônica - Grécia
A VIDA NAS CIDADES
  Nas maiores cidades do Império Bizantino viviam grandes comerciantes, donos de oficinas e manufaturas, membros do alto clero e altos funcionários do governo. Eles consumiam artigos de luxo, como roupas de lã e seda bordadas com fios de ouro e prata, vasos de porcelana e tapeçarias. Essas pessoas compunham a elite das cidades bizantinas.
  Também viviam nas cidades do Império escravos, artesãos, empregados de oficinas e manufaturas, funcionários do governo de médio e baixo escalão e pequenos comerciantes. Eram a maioria das populações urbanas.
Arte bizantina
  A vida em Constantinopla era considerada mais confortável do que em outras partes do Império, mas nem todos tinham acesso a seus bens e confortos. Para os trabalhadores livres que ganhavam pouco, era muito difícil comprar roupas e pagar por uma moradia. Por isso, muitos deles viviam nas ruas da cidade.
  Quem não tinha trabalho recebia alimentos gratuitamente. Cada cidadão livre tinha direito a receber seis formas de pão por dia.
A vida numa cidade bizantina
A VIDA NO CAMPO
  A maior parte da população do Império Bizantino era formada por trabalhadores pobres e a maioria deles vivia no campo. Eram os servos das grandes propriedades rurais (os latifúndios) e os escravos (prisioneiros de guerra) que trabalhavam nos serviços domésticos, nas minas, nas pedreiras e nas construções.
  Os latifúndios predominavam na Ásia Menor. Os maiores proprietários de terra eram os mosteiros e os nobres - militares que tinham recebido terras como recompensa pelos serviços prestados aos imperadores. Mas quase todo o trabalho nos latifúndios era feito pelos servos, que dependiam da terra para viver.
  Assim, a agricultura era uma atividade fundamental na economia bizantina, pois dela dependia a maior parte da alimentação do Império. Apesar de produzir mais que o Ocidente, o Império Bizantino nunca teve um grande excedente de alimentos. Sua produção chegava a ser insuficiente para abastecer todos os habitantes do Império.
Maquete de Constantinopla
OS PARTIDOS VERDE E AZUL
  Os dois principais partidos ou facções políticas do Império Bizantino eram os Verdes e os Azuis. Eles reuniam trabalhadores e moradores dos bairros da capital. Eram comandados por membros da elite bizantina, como grandes proprietários de terra, líderes do exército e autoridades da Igreja.
  Em Constantinopla, o principal local de concentração política era o hipódromo. Lá os partidos atuavam como torcidas organizadas das equipes de corrida de cavalos, mas também aproveitavam esses eventos para apresentar suas reivindicações ao imperador.
  As reivindicações dos partidos políticos podiam ser religiosas, sociais ou militares e geralmente visavam garantir privilégios. Os imperadores atendiam a muitas das reivindicações, pois precisavam do apoio dos partidos para governar.
Hipódromo de Constantinopla
O GOVERNO JUSTINIANO
  Justiniano (527-565) foi um dos mais importantes imperadores bizantinos. Durante o seu reinado, foram empreendidas guerras para conquistar territórios que haviam pertencido ao Império do Ocidente, numa tentativa de restaurar o antigo Império Romano.
  Além de enfrentar os germanos no Ocidente, os bizantinos tiveram de combater os persas no Oriente e os povos eslavos, que tentavam invadir o Império a partir da Europa Oriental.
  Todas essas guerras acarretaram enormes despesas com o pagamento de soldados, armas, transporte e abastecimento. Para cobrir esses gastos, os governantes bizantinos cobravam elevados impostos da população.
Imperador Justiniano e sua corte
O CÓDIGO DE JUSTINIANO
  Durante o reinado de Justiniano, o ireito romano foi reunido e revisto por juristas bizantinos, que buscaram adaptá-los às necessidades de uma nova sociedade cristã.
juris civilis (corpo das leis civis, em latim), uma extensa obra constituída de leis e normas, com destaque para o Código Justiniano.
  Posteriormente, essa obra serviria de base para as leis de muitos países ocidentais, como França, Alemanha, Portugal, Brasil, entre outros. 
  As modificações efetuadas pelos juristas bizantinos também ampliaram o poder do imperador e garantiram a manutenção das propriedades da Igreja e dos latifundiários. Os camponeses, por sua vez, continuaram sem direito à terra.
Expansão do Império Bizantino
A REVOLTA DE NIKA
  Em 532, a capital do Império foi palco de uma violenta revolta, fruto da insatisfação popular contra os altos impostos e a opressão pelo imperador e funcionários do governo. A revolta começou no hipódromo, um dos poucos locais públicos onde a população tinha contato com as maiores autoridades do governo. Terminada uma disputada corrida de cavalos, houve dúvida sobre quem teria vencido. O imperador Justiniano, que estava no hipódromo, quis escolher o vencedor. Mas as torcidas verde e azul estavam divididas entre os dois competidores e passaram a gritar: Nika! Nika! ("Vitória! Vitória!").
  As tensões sociais, até então contidas, transformaram-se em protesto popular. O imperador retirou-se para o palácio. Do hipódromo, o conflito ganhou as ruas de Constantinopla e tornou-se uma rebelião contra o soberano.
Mapa do Palácio de Constantinopla, onde teve início a revolta
  Justiniano teve a intenção de fugir da cidade, mas foi convencido por sua mulher, Teodora, a permanecer. A imperatriz foi dura com seu marido, fazendo com que o imperador desistisse da fuga. Seus generais organizaram as tropas, que reprimiram a revolta. O resultado dessa revolta foi um saldo de 35 mil mortos.


  A Igreja católica teve uma grande influência sobre a sociedade bizantina. O cristianismo era a religião oficial do Império e o principal elemento unificador entre os distintos povos que compunham seu universo, como gregos, egípcios, sírios, povos da Mesopotâmia, entre outros.
O CESAROPAPISMO
Os imperadores bizantinos, usando a religião para alcançar mais poder e manter a unidade do Império, assumiram o papel de "representantes de Deus" na Terra. Assim, eles deveriam governar tanto para os assuntos políticos (do Estado) como religiosos (da Igreja católica).
  Esse sistema ficou conhecido como cesaropapismo ou cesaripapismo: os poderes imperial (césar) e papal estavam concentrados na figura do imperador.
  O cesaropapismo foi um sistema de relações entre a Igreja e o Estado em que, ao chefe do Estado, cabia a competência de regular a doutrina, a disciplina e a organização da sociedade cristã, exercendo poderes tradicionalmente reservados à suprema autoridade religiosa, unificando tendencialmente as funções imperiais e pontificiais em sua pessoa. Um dos primeiros imperadores a adotar o cesaropapismo  cristão foi Constantino.
Conversão de Constantino - pintura de Peter Paul Rubens
  No Império Bizantino, o imperador adotava o título de basileu, palavra de origem grega que significa "aquele que tem autoridade suprema". Assim, ele não apenas comandava o Império, mas também submetia a principal autoridade religiosa - o patriarca - que era o chefe da hierarquia eclesiástica na região.
  Essa concentração de poderes, porém, não foi pacífica, pois os patriarcas não aceitavam o domínio dos imperadores sobre os assuntos religiosos sem reagir.
Mosaico do imperador Justiniano

O MONOFISISMO E A INOCLASTIA
  A história bizantina foi marcada por diversas polêmicas e movimentos religiosos. Um deles foi o monofisismo.
  Os membros do movimento monofisista - concentrados principalmente na Síria e no Egito - defendiam que Cristo tinha apenas uma natureza, a divina. Negavam que ele fosse humano e divino ao mesmo tempo, como estava estabelecido na doutrina da Santíssima Trindade (na qual Deus seria, simultaneamente, o Pai, o Filho e o Espírito Santo).
  Outro movimento religioso importante surgido no Império Bizantino foi a inoclastia (ou inoclasmo), palavra que significa "quebra de imagens". Seus seguidores eram contrários ao culto das imagens dos santos, surgido entre os séculos VI e VII. Por isso, pregavam a destruição das estátuas das igrejas, para impedir que elas fossem idolatradas.
Página do Saltério Chludov criticando a inoclastia. No fundo há uma representação da crucificação de Jesus no Gólgota. O artista compara os soldados romanos maltratando Jesus com os patriarcas inoclastas destruindo o ícone de Cristo.
  As questões religiosas muitas vezes estiveram relacionas também com disputas econômicas e políticas. No caso do movimento inoclasta, havia uma briga entre os imperadores e os monges que chefiavam os mosteiros. Muitos mosteiros fabricavam e vendiam imagens de santos e relíquias religiosas. Assim, para controlar o poder desses monges, em 726 o imperador Leão III proibiu a adoração de imagens.
  Essa proibição foi também uma tentativa de unir os habitantes do Império contra os inimigos externos.  Nesse período, os árabes já haviam conquistado vários territórios do Império Bizantino na Ásia e tentavam dominar também a capital do Império, Constantinopla. Povos eslavos, originários da região central da Ásia, também lutavam contras os bizantinos na Europa Oriental.
  Durante mais de um século, os inoclastas destruíram uma enorme quantidade de esculturas e pinturas religiosas. Mas isso não garantiu a unidade dos bizantinos, nem os inimigos foram derrotados. A partir de 843, as pinturas voltaram a aparecer nas igrejas e a ser cultuadas pelos cristãos bizantinos.
Pintura do século XIII, de João Skylitzes, mostrando a execução de monges
A CISMA DO ORIENTE
  Os problemas gerados pelo movimento inoclasta ultrapassaram o limite do Império. Em 731 o papa Gregório III reuniu autoridades católicas para protestar contra as novidades que os bizantinos estavam promovendo - como a proibição e a quebra das imagens dos santos.
  Ao longo dos séculos seguintes, houve diversos conflitos entre os papas e os imperadores e patriarcas bizantinos. Essas diferenças acabaram levando a uma divisão da Igreja católica, em 1054, episódio que ficou conhecido como Cisma do Oriente. A partir de então, o mundo cristão separou-se em duas partes:
  • Igreja Católica do Oriente - conhecida como Igreja Católica Apostólica Ortodoxa, com sede em Constantinopla, continuou a ser comandada pelo patriarca da cidade. Este era nomeado pelo imperador bizantino, a quem se subordinava;
  • Igreja Católica do Ocidente - conhecida como Igreja Católica Apostólica Romana, com sede em Roma, era comandada pelos papas.
Pintura retratando da divisão da Igreja católica (Cisma do Oriente)
  O Cisma do Oriente ocorreu num momento em que o comércio bizantino perdia parte de seus mercados para os comerciantes de cidades como Gênova e Veneza, que tinham relações estreitas com o papa, em Roma. Além disso, estes era apoiado pelos soberanos e nobres católicos da Europa Ocidental que lutavam nas Cruzadas.
  Foi nesse cenário que, em 1204, os comandantes e soldados de uma das Cruzadas ocuparam e saquearam Constantinopla, criando o chamado Império Latino do Oriente.
  A capital do Império Bizantino foi então transferida para Niceia, na Ásia Menor (atual Turquia), até 1261. Nesse ano, os bizantinos conseguiram derrotar os ocidentais e reconquistar sua antiga capital. O ataque dos cruzados consolidou a separação entre cristãos ocidentais e orientais.
Império Bizantino após a Quarta Cruzada
A RELIGIOSIDADE POPULAR
  Apesar da força da Igreja católica ortodoxa e do cristianismo, as populações do Império Bizantino mantiveram, muitas vezes, práticas religiosas proibidas pelas autoridades. Entre elas estava a adoração de deuses pagãos das antigas tradições gregas e romanas.
  Em festas populares, era comum o culto a Dionísio, deus do vinho e da aventura entre os antigos gregos. Para a Igreja cristã medieval, Dionísio era uma espécie de demônio do riso e da embriaguez. Apesar disso, nos carnavais bizantinos, homens e mulheres saíam às ruas mascarados, dançando, cantando e rindo em comemoração à renovação da vida na época das colheitas.
Estátua romana do século II representando Dionísio de acordo com um modelo helenístico
  A religiosidade popular também incluía a devoção aos ícones (pinturas representando santos ou Cristo) e às relíquias dos santos. Todas essas divergências criavam um confronto do mundo oficial do imperador, da corte e da Igreja com as vivências religiosas das pessoas comuns.
ARQUITETURA: IGREJAS E MOSTEIROS
  Na arquitetura bizantina destacaram-se as igrejas e os mosteiros, que expressavam o domínio do Estado sobre os assuntos religiosos. Pouco sobrou dos palácios, aquedutos e outros tipos de construções civis erguidas durante o Império Bizantino.
  O exemplo mais marcante da arquitetura bizantina é a igreja de Santa Sofia ("sagrada sabedoria", em grego). Ela foi construída no século IV e reconstruída entre 532 e 537, logo depois do incêndio que sofreu durante a Revolta de Nika.
  O projeto arquitetônico da igreja de Santa Sofia serviu de modelo para a construção de muitas igrejas no Ocidente e no Oriente.
Basílica de Santa Sofia, em Istambul - Turquia. Um dos exemplos da arquitetura bizantina
  Sua cúpula tem 34 metros de diâmetro, 56 de altura e parece flutuar sobre sua base quadrada. Suas fachadas são relativamente simples, como a maioria dos templos bizantinos, mas toda a parte interna é luxuosamente decorada. Marfim, pedras preciosas e mosaicos cobrem suas paredes, seu teto e seus vitrais. Na sua decoração, foram utilizados cerca de 18 toneladas de ouro.
  Depois da conquista de Constantinopla pelos turcos otomanos no século XV, a igreja de Santa Sofia foi transformada em um templo muçulmano e recebeu quatro minaretes. Os mosaicos bizantinos foram cobertos com uma camada de cal. No século XX, porém, esses mosaicos foram restaurados, assim como o restante do antigo templo ortodoxo, que se tornou um museu.
Interior da Basílica de Santa Sofia
OS AFRESCOS E ÍCONES
  Os afrescos representando anjos, santos e autoridades religiosas foram um tipo de pintura decorativa frequente no Império Bizantino. Quase todos eles encontram-se em igrejas, mas também eram feitos nas casas das pessoas mais ricas.
  Também foram muito apreciados os ícones, pinturas feitas sobre painel de madeira representando imagens sagradas, como santos ou Cristo. Acreditava-se na época que eles não eram simplesmente pintados por mãos humanas, mas que o pintor atuava como um instrumento da revelação divina.
Afresco do Cristo Pantocrator, localizado no Mosteiro de Dafne - Grécia
MOSAICOS E ESCULTURAS
  Na arte bizantina, também se destacaram os mosaicos - obras feitas com pedaços de pedras e vidros coloridos, que eram colados sobre um vidro claro e recobertos por folhas de ouro. Os mosaicos bizantinos geralmente representavam animais, plantas e figuras religiosas ou da política.
  A escultura bizantina serviu principalmente aos ideais religiosos. Feitas em ouro, marfim ou vidro, eram obras com baixos-relevos e podiam ser usadas tanto em edifícios como em capas de livros.
Mosaico de João Batista - localiza-se no interior da Basílica de Santa Sofia
O GREGO E A LITERATURA
  Inicialmente, as obras literárias bizantinas eram escritas em latim, mas, com o tempo, a língua grega tornou-se mais importante. O grego era falado na capital e em outras regiões do Império, mas depois passou a ser utilizado nos textos dos escritores e das autoridades da Igreja e do governo.
  Assim como no Ocidente, as obras literárias em prosa ou poesia, eram manuscritas e depois recebiam ricas decorações, chamadas de iluminuras.
  Entre os gêneros literários desenvolvidos pelos autores bizantinos encontram-se hinos e textos sobre a vida dos santos, a guerra e a diplomacia, poesias líricas e romances épicos. Na escrita da História, destacaram-se Procópio de Cesareia (500-565) e Ana Comnena (1083-1148).
Afresco de Ana Comnena
  Além de escreverem textos originais, muitos autores reuniram, copiaram e traduziram textos da Antiguidade. Trabalhando nos mosteiros ou nas bibliotecas dos imperadores, ajudaram a preservar a cultura dos antigos gregos e romanos. Desse modo, ela pôde ser transmitida aos ocidentais quando Constantinopla passou para o domínio dos turcos otomanos.
A EDUCAÇÃO
  A maior preocupação do ensino bizantino era transmitir a fé cristã e a cultura helenista.
  Essa cultura integrava gregos, egípcios, persas e outros povos do Oriente. Os bizantinos acrescentaram a ela elementos culturais romanos, como o cristianismo e o latim.
  A boa formação educacional era valorizada principalmente entre os mais ricos. Desde os seis anos de idade, os meninos aprendiam a ler e a escrever e começavam a comentar textos de autores gregos como Homero e Platão.
  Mais tarde, os jovens tinham aula de retórica, filosofia, aritmética, música e astronomia. Em algumas escolas os professores também ensinavam direito, medicina e física. Os sacerdotes ensinavam os princípios da religião.
  As meninas de famílias ricas normalmente estudavam em casa, com professores particulares. Os filhos de artesãos, comerciantes e das famílias mais pobres estudavam só até se alfabetizarem.
A Academia de Platão - era uma das inspirações na educação dos bizantinos
 O DECLÍNIO DO IMPÉRIO BIZANTINO
  A história bizantina teve altos e baixos. Uma série de ataques externos enfraqueceu lentamente o Império. A partir do século VII, muitos territórios conquistados pelos bizantinos foram sendo perdidos para os inimigos.
  Seus principais adversários foram os árabes, tanto no aspecto militar quanto no cultural, pois estes conquistaram áreas do Oriente que haviam estado, até então, sob o domínio do Império Bizantino.
  Entre os séculos IX e XI, os bizantinos sofreram novas derrotas militares. Apesar disso, Constantinopla voltou a ser, nesse período, um importante centro de comércio no mundo mediterrâneo e a cultura bizantina alcançou momentos significativos. A administração tornou-se mais eficiente, a economia se estabilizou e as fronteiras na Europa, na Ásia e no norte da África foram reforçadas com tropas militares.
Perdas do Império Bizantino
A QUEDA DE CONSTANTINOPLA
  A prosperidade durou séculos, até que, em meados do século XV, ocorreu a crise que determinaria o declínio do Império Bizantino: em 1453, Constantinopla acabou sendo conquistada pelos turcos otomanos, após sucessivas tentativas de invasões derrotadas pelas forças militares bizantinas.
  Essa conquista é o marco mais comum utilizado para indicar o fim da Idade Média, pois desestruturou o Império Bizantino e desencadeou outros processos históricos.
  Uma das principais consequências do domínio turco otomano foi a mudança de intelectuais bizantinos para a península Itálica. Eles levaram consigo muitos conhecimentos da cultura clássica greco-romana, que havia sido preservada em Constantinopla. Isso teve grande influência na criação do movimento cultural conhecido como Renascimento.
O cerco de Constantinopla - pintado em 1499
  O domínio turco otomano também levou a um aumento no preço dos produtos e nos impostos cobrados dos comerciantes europeus que compravam em Constantinopla as mercadorias feitas na Ásia. Com isso, os produtos asiáticos se tornaram mais caros e difíceis de encontrar nas cidades da Europa Ocidental.
  Outra mudança do domínio turco, foi a transferência da rota marítima do Mediterrâneo para o Atlântico, que provocou a descoberta de novas terras. Esse episódio foi denominado de Grandes Navegações.
  Apesar dessas transformações, ao longo dos séculos seguintes foram mantidos muitos aspectos da cultura, da religião, da arte e do poder dos comerciantes bizantinos, especialmente na península Balcânica e na Rússia.
Restos da muralha de Constantinopla
FONTE: Cotrim, Gilberto, 1955 - Saber e fazer história, 6º ano / Gilberto Cotrim, Jaime Rodrigues. - 7. ed. - São Paulo: Saraiva, 2012.

Um comentário:

  1. Parabéns professor, ótimo artigo. Além de mto completo e interessante me ajudou de mais.

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