A fronteira agrícola é o avanço da unidade de produção capitalista sobre o meio ambiente, terras cultiváveis e/ou terras de agricultura familiar. A fronteira agrícola está ligada à necessidade de maior produção de alimentos e a criação de animais sob a demanda internacional de importação destes produtos. Além disso, seu crescimento acelerado também está ligado pela ausência de políticas públicas eficazes onde a terra acaba sendo comprada barata e o controle fiscal é inoperante.
O Brasil possui 850 milhões de hectares em seu território. Estima-se que 350 milhões são de terras agricultáveis. A cana-de-açúcar, com 22 milhões, e a soja, com 8 milhões, são os produtos agrícolas com maior área plantada no país. Já para a criação de gado, cerca de 211 milhões de hectares são destinados para a pastagem extensiva. Apesar do grande espaço utilizado para a produção de soja, cana-de-açúcar e criação de animais, a produtividade por cabeças de boi por hectare é baixa. Para aumentar a produção de cereais e carne, agricultores e pecuaristas estendem a fronteira de suas fazendas, adquirindo cada vez mais terras, a chamada fronteira agrícola. Esse processo contribui para o aumento da concentração fundiária no país.
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Plantação de soja em Goioerê - PR |
As áreas que correspondem aos domínios naturais do Cerrado e da Amazônia, estavam relativamente pouco alteradas até meados da década de 1970, uma vez que as atividades econômicas praticadas pelas populações locais eram desenvolvidas em pequena escala e de modo tradicional. Até então, as técnicas empregadas eram transmitidas ao longo dos tempos pelas gerações, como o caso dos povos indígenas, das populações ribeirinhas e dos grupos que habitavam o Sertão. Atividades como o extrativismo vegetal, a caça, a pesca e a agricultura em pequenas áreas já eram praticadas secularmente na região sem, no entanto, afetar intensamente o equilíbrio ambiental.
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Mapa do desmatamento na Amazônia |
A expansão agrícola no território brasileiro em áreas das regiões Norte e Centro-Oeste foi incentivada por planos governamentais a partir da década de 1970. Tal expansão foi facilitada pela construção de extensas rodovias - tais como a Transamazônica, Belém-Brasília, Cuiabá-Santarém e Cuiabá-Porto Velho - contribuindo, assim, para que migrantes de outras partes do país ocupassem terras nessas duas regiões. Por meio dos projetos de colonização, a migração avançou floresta adentro, efetivando a ocupação da terra com o cultivo de arroz, milho, feijão e cacau, diferentemente da prática agrícola tradicionalmente organizada pelos povos indígenas e pela população local.
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Mapa da produção agropecuária no Brasil |
A partir da década de 1970, o Governo Federal, por meio do Incra (Instituo Nacional de Reforma Agrária), criou alguns programas de colonização e desenvolvimento regional, incentivando a ocupação territorial das regiões Centro-Oeste e Norte. Dentre eles, destaca-se o Programa de Integração Nacional (PIN), que se caracterizou pela abertura de grandes rodovias e pela instalação de agrovilas em meio à Floresta Amazônica. O fracasso do modelo veio à tona, pois as famílias não foram assentadas em áreas que dispusessem de infraestrutura de energia, transportes e serviços públicos de educação e saúde. Além disso, os locais não ofereciam condições de comercialização viável da produção.
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Tratores fazem terraplenagem em trechos da Transamazônica na década de 1970 |
Ao longo do tempo, os projetos de colonização e, mais tarde, os grandes latifúndios agropecuários, ligados a empresas que cultivam soja e introduzem pastagens, desmataram extensas áreas do Domínio Amazônico e do Cerrado. O resultado foi um grande impacto ambiental, com a perda de recursos vegetais e animais originalmente presentes nesses domínios naturais.
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Mapa dos animais ameaçados de extinção no Brasil |
Nas áreas de floresta, a ocupação agropecuária tem provocado a deterioração do solo, em virtude das constantes queimadas para a retirada da vegetação. Com as frequentes chuvas, características do clima equatorial, ocorre a perda de nutrientes no solo. Assim, as terras ficam inférteis e inadequadas para a prática de atividades agropecuárias após uma década de uso.
A degradação ambiental provocada por práticas agropecuárias inadequadas em áreas do Domínio Amazônico tem agravado as condições de vida da população residente na região.
Contribuem para agravar os problemas sociais e ambientais na região a dificuldade de obter meios de transporte e comunicação e a precária condição de vida nas cidades por causa da má qualidade dos serviços urbanos, como educação, tratamento de esgoto e moradia.
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Imagem de satélite mostrando queimadas e desmatamento em Rondônia |
No Domínio do Cerrado, as monoculturas extensivas, intensamente mecanizadas, empregam a técnica de nivelamento do solo. O nivelamento facilita o trabalho de semear a terra com as máquinas.
Essa prática agrícola de preparo do solo com o nivelamento faz com que as chuvas no verão atinjam a superfície com mais intensidade, provocando perda maior de nutrientes e sedimentos. Assim, o solo fica mais sujeito à erosão, além de aumentar o assoreamento dos rios, uma vez que grande quantidade de sedimentos é transportada pela água das chuvas para os leitos dos rios.
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Mapa do desmatamento no Cerrado |
FONTE: Giardino, Cláudio. Geografia nos dias de hoje, 7° ano / Cláudio Giardino, Lígia Ortega, Rosaly Braga Chianca. - 1. ed. - São Paulo: Leya, 2012.- (Coleção nos dias de hoje)
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