sábado, 8 de junho de 2013

A ABDICAÇÃO DE DOM PEDRO I

  Diante do quadro crítico da década de 1820, repleto de tensões políticas e problemas econômicos, em razão do processo de independência e de construção de nosso Estado nacional, a autoridade e mesmo a popularidade de D. Pedro I foram enfraquecidas. No fim dessa década, a divisão política no campo governista tornou-se mais evidente. Os brasileiros reuniram-se no grupo liberal, e os portugueses juntaram-se aos conservadores. Gradativamente, os liberais afastaram-se do imperador, o que fortaleceu a posição dos portugueses/conservadores junto ao governo.
Exército do Imperador enfrentando a Confederação do Equador em 1824
  Um fato que reforçou essa postura foi a luta pela sucessão do trono  português em razão da morte de D. João VI, em 1826, o que possibilitaria a ascensão de D. Pedro I como rei de Portugal. Ele preferiu abdicar em favor de sua filha Maria da Glória, menor de idade, afastando os temores dos brasileiros de um possível restabelecimento de laços políticos entre os dois países. Seu irmão, D. Miguel, em 1828 deu um golpe e proclamou-se rei de Portugal, desencadeando uma verdadeira guerra sucessória. D. Pedro envolveu-se na disputa e gastou nela volumosas verbas do tesouro nacional brasileiro. Ao mesmo tempo, tentando fortalecer-se internamente, buscou mais apoio entre os membros do "partido português". Todos esses fatos fizeram crescer o sentimento antilusitano em setores do governo e sobretudo na imprensa.
Maria da Glória em 1826
  No início da década de 1830, o desgaste político do Imperador tornou-se irreversível. O assassinato do jornalista oposicionista Líbero Badaró, no dia 20 de novembro de 1830 e os confrontos entre portugueses e brasileiros contribuíram para o agravamento da situação, que culminaria nas ruas do Rio de Janeiro com a Noite das Garrafadas, quando os conflitos se tornaram abertos.
  A Noite das Garrafadas foi um episódio que envolvia os portugueses que apoiavam D. Pedro I, e os brasileiros que faziam oposição ao imperador.
  Em fevereiro de 1831, D. Pedro I viaja para Minas Gerais, sendo hostilizado pelo povo mineiro. No dia 11 de março ele retorna ao Rio de Janeiro, onde volta a encontrar oposição aberta nas ruas da cidade. O conflito culminou no dia 13, quando os portugueses organizavam uma grande festa para recepcionar o governante, mas os brasileiros revoltosos atacaram com pedras e garrafas. Esse episódio teve uma importância primordial na crise política, pois levaria D. Pedro a tomar medidas que iriam mudar a história do Brasil.
Paço Imperial por volta de 1820. Aqui aconteceu a Noite das Garrafadas
  D. Pedro I tentou ainda resolver os problemas nomeando um novo ministério, mas não obteve sucesso. Rapidamente, estabeleceu-se uma crise de governo, com alguns militares aderindo às insatisfações populares. O insustentável quadro político impôs a abdicação de D. Pedro I em 7 de abril de 1831. O imperador deixou o trono para seu filho Pedro de Alcântara, então com 5 anos de idade, e partiu para a Europa a fim de recuperar o trono português, ocupado por seu irmão.
D. Pedro I entrega ao Major Frias a carta de abdicação do trono brasileiro
  O fim do Primeiro Reinado significou o término da primeira etapa de constituição do Estado nacional. Os conflitos diretos entre brasileiros e portugueses, a velha e a nova burocracia, etc., desapareceram parcialmente, dando lugar a outros tipos de confrontos. Durante as Regências, as crises sociais e políticas permaneceram, e algumas delas tornaram-se ainda mais radicais, demonstrando que a independência política não era suficiente para construir uma nação, organizar a sociedade e pôr fim aos conflitos de interesses existentes.
Dom Pedro I e a coroa imperial do Brasil, de Henrique José da Silva
FONTE: Moraes, José Geraldo de, 1960 - História: geral e do Brasil: volume único / José Geraldo Vinci de Moraes. - 2. ed. - São Paulo: Atual, 2005. - (Coleção Ensino Médio Atual)

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